Desde a década passada, a banda gaúcha Fresno é presença constante na região. Os próprios integrantes já perderam as contas de quantas vezes se apresentaram por aqui, seja na fase mais underground ou no auge comercial. Praia Sport Bar e Capital Disco eram os principais espaços nesses momentos da carreira, respectivamente. Nos últimos três anos, no entanto, a Baixada Santista não entrou no radar deles.
Hoje, a partir das 23 horas, o público tem a chance de matar a saudade dos gaúchos, no Moby, em Santos. Na bagagem, a banda traz o novo álbum, A Sinfonia de Tudo Que Há, lançado no segundo semestre do ano passado.
O próprio disco chegou sem muito alarde, mas foi muito bem recebido por público e crítica. Uma das surpresas é a participação especial de Caetano Veloso em uma das faixas.
“Não foi nada pensado, uma estratégia de marketing e tal. Estávamos com uma turnê comemorativa de dez anos do álbum Ciano (o terceiro de estúdio, lançado em 2006) e não queríamos bagunçar a cabeça do fã. Então, deixamos para anunciar no momento certo. Alguns fãs até agradeceram por não ficarem meses na expectativa após o anúncio”, comenta o guitarrista Gustavo Mantovani, o Vavo.
Quanto ao encontro com Caetano Veloso, Vavo conta que a banda ainda não havia tido nenhum contato com o cantor, mas na hora de preparar a canção Eu Sou Trovão, não restava dúvidas de que o artista baiano cairia “super bem” na gravação.
“Entramos em contato com a Paula Lavigne (empresária e esposa do Caetano Veloso) e explicamos nossa ideia para ela, que pediu para mandarmos o som. Mas optamos por ir até o Rio e mostrar pessoalmente e ao vivo para ele. Tivemos um retorno positivo dele e voltamos para gravar no Rio de Janeiro”.
O retorno dos fãs também tem sido positivo, segundo o guitarrista. “No primeiro show que fizemos dessa turnê, no Rio de Janeiro, tocamos nove faixas do disco. E o público reclamou que não tocamos as outras duas. É uma situação curiosa. Muitas bandas optam por divulgar seus sucessos, mas não conseguem mostrar o que há de novo. No nosso caso, foi diferente”, comenta Vavo, que pretende manter a atual turnê até o final deste ano.
E a apresentação da Fresno em Santos não fugirá muito desse modelo. Metade do set deve priorizar o novo disco, enquanto o restante será dedicado aos sons mais antigos dos gaúchos.
O guitarrista conta que o comentário mais recorrente entre críticos e fãs é sobre o “amadurecimento” e “evolução” da banda.
“É natural. Quando lançamos o nosso primeiro álbum (Quarto dos Livros), em 2003, estávamos na faculdade, morávamos com os pais. Muita coisa mudou de lá para cá. Isso reflete na sonoridade e na mensagem que queremos passar”, avalia.
A trajetória da Fresno passou por várias provações. Na época em que o emo viveu um momento forte comercialmente no Brasil, os gaúchos passaram a ser vinculados ao gênero musical. Algo que foi difícil de deixar de lado.
“Não foi algo que atrapalhou a banda, mas incomodava. Esse comentário era feito por pessoas que nem escutavam o nosso som. Não tem problema algum a pessoa não gostar da nossa música, mas se for criticar, ouça e faça uma crítica construtiva. Quando estivermos em 2030, as pessoas podem até lembrar dessa fase, mas será algo muito pequeno dentro da nossa história. Não gostamos de gravar discos iguais. Dá a sensação que a vida da pessoa está estagnada. Não é o nosso caso”, comenta Vavo, que já viu sua banda gravar com nomes como Lenine e Emicida.
O ingresso para curtir o show do Fresno custa R$ 60,00 e está disponível para compra aqui. O Moby fica na Avenida Vicente de Carvalho, 30, no Boqueirão.