O fenômeno irlandês Gavin James lançou, recentemente, o seu terceiro álbum de estúdio, The Sweetest Part, que traz 13 canções inéditas. Aliás, fez um show exclusivo em São Paulo, em setembro, para divulgar o novo trabalho.
Explorando os altos e baixos do amor e dos relacionamentos, Gavin James escreveu e produziu em toda a sua extensão com alguns dos mais conceituados músicos da música pop, incluindo o single principal, Novocaine, que foi co-escrito por Ryan Tedder, vocalista da OneRepublic.
Em entrevista ao Blog n’ Roll, via Zoom, Gavin James falou sobre a gravação do novo álbum, lembranças do Brasil, turnê e processo de produção do disco. Além disso, Gavin James comentou as participações nas novelas Pega Pega (2017-2018) e Espelho da Vida (2018-2019), ambas da Globo. Confira abaixo.
Como foi o processo de produção de The Sweetest Part?
Foi muito diferente, pois grande parte fiz em minha casa, em Dublin. Passei os últimos dois anos em casa descobrindo como fazer as coisas por conta própria na cozinha, e isso levou algum tempo. O disco estava finalizado em janeiro de 2020, mas quando tudo fechou, decidi reescrever todas as músicas e mudar tudo, acabei me livrando de todas as músicas.
Provavelmente escrevi umas 110 com meus amigos, e também é um dos motivos pelo qual o disco se chama Sweetest Part, pois representa esse tempo livre que tive. Pude passar muito tempo com meus amigos, minha família, minha namorada, as pessoas que mais amo, e pude escrever músicas com meu melhor amigo. O álbum inteiro é sobre a melhor parte desses dois anos.
O que mudou para você com a pandemia?
Estou mais barbudo, certamente ganhei alguns quilos, mas ainda tô bem bonito. Comi muito churrasco brasileiro. Definitivamente estou bem mais relaxado do que era, não sou mais tão acelerado. Acho que é devido ao fato de eu ter aumentado meu tempo em casa, apenas relaxando.
Nunca havia feito isso, vinha fazendo turnês há dez anos, e tive dois anos de nada. Foi meio estranho, mas meio legal, bom e ruim ao mesmo tempo. Adorei estar com meus pais, sobrinhos, namorada, e agora penso em equilibrar essas duas coisas: estar no Brasil, viajar, trabalhar, mas também estar em casa relaxando.
Como nasceram as canções de The Sweetest Part?
Sempre escrevo músicas no piano e violão, e na produção, por outro lado, gosto de dar um aspecto menos acústico, apenas em algumas músicas o violão foi mantido. Gosto de som de sintetizadores, um dos meus preferidos é um dos anos 1970, e tentei criar algo que remetesse a essa vibe. E também há outros sons, com riffs de guitarra que não costumava fazer.
Tentei capturar bem aquele momento, para não perder a música ao longo do tempo, pois às vezes temos uma por tanto tempo e acabamos perdendo ela. Sentimos que ela está morta, mesmo que pareça igual ao longo dos meses, ela morre. Tentei manter a animação, e é mais divertido tocar ao vivo.
Como está a repercussão de The Sweetest Part com o público?
Está ótimo! Em algumas canções, as pessoas estão cantando de volta, como no Brasil. Tocamos em São Paulo esta semana, e as pessoas cantaram juntas I Got You, que é uma música muito alegre, perfeita para casamentos.
Compus com meu melhor amigo, e mandei um vídeo do show para ele, que está na Irlanda, e ele ficou impressionado. Tudo que lembramos sobre escrever essa música é de estarmos na cozinha, tomando café e algumas cervejas, pois não poderíamos ir a nenhum bar, e agora as pessoas cantando em São Paulo.
Acho bom, faz um mês agora que lancei o disco, quando voltar para Irlanda e tocar, verei como será a reação deles.
Suas canções falam muito de altos e baixos em relacionamentos amorosos. Você acredita que elas podem ajudar quem está passando por um momento assim?
Espero que sim, definitivamente escutaria músicas tristes se me sentisse triste, pois nos fazem sentir melhor, e você começa a refletir sobre o que te faz triste. Espero que as músicas façam as pessoas chorarem muito, beberem vinho, e gritarem. Espero que as faça melhor. Toda emoção é boa, tristeza é boa também, você não pode ser feliz o tempo todo, é necessário um pouco de tristeza também.
Qual conselho você pode dar para quem acabou de sair de uma relação?
Não sei, cara. Escreva uma música, seja você um cantor ou não. Se acabou de terminar um relacionamento, escreva uma música imediatamente.
Como é sua relação com o público brasileiro?
É o público com maior índice de reação no meu Instagram. Sei que há uma quantidade enorme de pessoas aqui. Mesmo lá em casa, às vezes parece que há mais brasileiros na Irlanda do que irlandeses. O que é ótimo, e muito parecido com irlandeses que também estão em todo lugar.
Sinto que é muito fácil me dar bem com as pessoas daqui, especialmente as que vão aos shows, encontrei com algumas depois do nosso show e foi muito bom. Mesmo não falando a mesma língua, em alguns momentos, nos entendemos de alguma forma.
Você pretende retornar ao Brasil para divulgar mais o Sweetest Part?
Com certeza, tentarei fazer uma turnê pelo país todo. Amo estar aqui, acho que só estivemos no Rio, São Paulo e Ribeirão Preto. Quero ir para mais lugares.
Você virou uma figura constante nas novelas da Globo, seja pelas trilhas sonoras ou participações. Como nasceu essa parceria entre vocês?
Nunca fez parte dos meus planos, apenas aconteceu e foi ótimo. A Globo me falou que iria utilizar, e pensei que seria ótimo. É um ótimo jeito de fazer as pessoas ouvirem a música, um programa assistido por tantas pessoas. Na Irlanda, não temos nada tão grande.
Se pudesse citar três álbuns que mudaram sua vida, quais seriam?
The Freewheelin’ Bob Dylan (1963), Ten (1991), do Pearl Jam, além do acústico do Nirvana (1994). Quando era mais novo, escutava música para dormir, e esses eram discos que ouvia muito. Também queria citar um do Counting Crows, This Desert Life (1999). Tenho até uma música deles no meu braço.
*Entrevista por Caíque Stiva / Tradução por Matheus Monteiro
