A dupla australiana Hollow Coves revelou, recentemente, Nothing To Lose, o segundo álbum da carreira, agora pela Nettwerk Music Group. Em suas 11 músicas, Nothing To Lose é um grito de guerra pela valorização do aqui e agora em meio à saturação excessiva e à efemeridade da era digital – juntamente com a ansiedade e o esgotamento que muitas vezes os acompanham.
Nothing To Lose sucede o EP Blessings (2021), o incrível álbum Moments (2019), além do EP Wanderlust (2017), todos com várias canções virais no Instagram, Spotify e TikTok, como Coastline, The Woods, Moments e Home.
Matt Carins e Ryan Henderson concederam uma entrevista ao Blog n’ Roll, na qual falaram sobre o novo álbum, os impactos da era digital nas pessoas, pressão por um single viral, além da possibilidade de vir ao Brasil.
A supersaturação da era digital tornou muitas coisas descartáveis para as pessoas. Como vocês lidam com isso?
Na verdade, é bastante assustador. A investigação demonstrou que a capacidade de atenção humana diminuiu drasticamente desde o início da era digital e é agora mais curta do que a de um peixinho dourado. Acho que estar ciente do problema é provavelmente o primeiro passo. Tentamos lutar contra isso. Passar um tempo em silêncio, sem redes sociais, sem barulho e apenas estando presente.
Isso também se aplica ao streaming de música?
Definitivamente se aplica ao streaming de música. A maioria das pessoas não tem capacidade de atenção para realmente sentar e ouvir um álbum completo hoje em dia. A forma como as pessoas consomem música mudou muito. Nós também somos culpados disso.
No entanto, ultimamente temos tentado resistir a isso, nos forçando a ouvir álbuns completos e tem sido uma experiência linda. Você realmente consegue ouvir a música da maneira que o artista pretendia que fosse ouvida e há tópicos que percorrem o álbum que acrescentam muito à experiência auditiva.
Vocês acreditam que as pessoas estão perdendo pequenos e importantes momentos por conta da ansiedade e da vontade de estar sempre atualizado com tudo o que acontece no ambiente digital?
Sem dúvida. Há uma letra de uma música de Phoebe Bridgers que diz “quando eu crescer, vou tirar os olhos do meu telefone e ver minha vida”. Me preocupo que isso seja verdade para muitas pessoas. Acredito que é pior do que isso também. É tão ruim para a nossa saúde mental.
Muitas músicas do Hollow Coves se tornaram virais nas redes sociais. Como é a sua relação com as redes sociais? Como equilibrar o tempo de lazer e o compromisso com os fãs online?
Sinceramente, às vezes acho bastante difícil. É definitivamente uma relação de amor e ódio. Estamos muito gratos por todos os novos fãs que puderam apresentar nossa música. No entanto, definitivamente não queremos gastar muito tempo nisso.
Existe pressão para você criar músicas que se tornem virais? Ou vocês deixam isso acontecer naturalmente?
Acho que no passado nós definitivamente esperávamos ser capazes de criar uma música que gerasse mais streams do que Coastline. No entanto, agora não nos importamos muito com essas métricas. Preferimos apenas nos concentrar em criar músicas que sejam boas e das quais nos orgulhemos.
Podemos sonhar com a a vinda da Hollow Coves ao Brasil? Vocês pretendem vir para cá?
É só uma questão de tempo. Estamos muito entusiasmados em ir ao Brasil.
Quais foram os três álbuns que mais te influenciaram?
Coldplay – Parachutes; Angus e Julia Stone – Down The Way; Bombay Bicycle Club – A Different Kind of Fix.