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Entrevista | Hollywood Undead – “Ver o punk de volta é refrescante”

A banda norte-americana Hollywood Undead lançou, recentemente, o álbum Hotel Kalifornia, que traz muitas críticas sociais e políticas, embalado com o peso característico do grupo.

O vocalista e baixista do Hollywood Undead, George “Johnny 3 Tears” Ragan, conversou com o Blog n’ Roll sobre o novo álbum, influências, shows no Brasil, entre outros assuntos. Confira abaixo.

Hotel Kalifornia trata muito da desigualdade social presente na Califórnia. Queria que você falasse um pouco sobre essa percepção do Hollywood Undead sobre o Estado.

A música se trata da Califórnia, mas é um problema que ocorre há muito tempo ao redor do mundo. Porém, agora, está muito forte na Califórnia. Acho que crescendo lá, e vendo como o mundo socioeconômico funciona, quando era mais novo havia uma separação entre as pessoas ricas e as pobres, sempre foi assim.

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Agora está mais prevalente e notável, onde basicamente se tem as pessoas ricas e as pessoas que trabalham para elas, o restante foi embora.

Isso acarreta em vários problemas, é por isso que vivemos tamanha crise humanitária, com uso de drogas, e todas as coisas que acompanham isso. E quando você está lá, e isso faz parte da sua vida, você tenta abordar isso de certo grau.

As coisas que acontecem nos outros lugares, parte de mim pensa, que a longo prazo, é uma coisa boa, pois talvez seja o que precisa acontecer para as pessoas perceberem que todos serão afetados. Coisas não apenas acontecem, sem que você possa ser atingido por isso.

Não pode se esconder, ou se abrigar dentro de cercas, ou isolar pessoas para fora de cercas, durante muito tempo, em algum momento todos terão que lidar com isso. Trazer atenção para isso tem o objetivo de fazer as pessoas conversarem sobre, e pensar sobre, para eventualmente fazer algo sobre isso.

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Como foi o processo de criação do Hotel Kalifornia? Eram canções que já estavam no rascunho antes de iniciar a gravação ou vocês trataram sobre isso durante o processo e compuseram juntos?

Existe uma parte pronta que levamos para o estúdio, mas a maior parte é orgânica, vamos para o estúdio e construímos a música de lá. Muda também de álbum para álbum, alguns construímos e montamos um esqueleto, e outros faríamos de maneira totalmente crua, e esse foi mais nessa vibe.

Não estávamos nos vendo muito, por causa do covid, então ficamos felizes de nos encontrar novamente em um estúdio, tinha muita energia acumulada, então aproveitamos para criar e aproveitar aquele momento.

Mas é diferente em cada álbum, especialmente nas músicas mais suaves, baladas, que costumam ser escritas antes, nesse caso como estávamos com tanta energia, sem trabalhar juntos a muito tempo, fizemos deste modo.

O punk rock está muito forte novamente, impulsionado principalmente por nomes tidos como pop punk. O que você acredita que foi fundamental para o punk se fortalecer nesse momento?

Quando eu era criança, o punk rock era muito grande. Nós íamos em shows em um lugar chamado Palace, e curtimos várias bandas lá, teve um grande momento, porém depois as coisas mudaram.

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Quero dizer, ainda há shows, ainda há público, e está voltando ao mainstream, mas o punk sempre foi uma resposta social, principalmente dos mais jovens ao que ocorre no mundo, é uma música rebelde. E acho que chegamos neste momento novamente onde as pessoas querem se manifestar contra algo.

E com o pop punk, acho que vem com esse crescimento, pois todo mundo quer escrever músicas sobre garotas ou garotos, essas coisas sempre terão seu lugar.

Para mim punk é sobre a contracultura, e ir contra a maré, e acho que as pessoas estavam se sentindo afogadas, querendo dizer algo, e acho que aí que está o motivo da volta do punk mais forte. Me faz feliz, pois a maior parte da música moderna não me agrada, então ver o punk de volta é refrescante.

Depois de tanto tempo longe dos palcos, em função da pandemia, qual é a sensação de ver o público ativo, cantando músicas novas do Hollywood Undead? É um sentimento diferente para vocês?

Incrível, depois de um tempo eu comecei a pensar se iríamos voltar realmente. No começo iria durar apenas um mês, depois dois, e foi se estendendo. Eu lembro do nosso primeiro show depois de dois anos, eu estava nervoso de fazer tudo novamente pela primeira vez, sem saber o que esperar.

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Você retoma o ritmo, sente a energia, e a adrenalina de tocar para as pessoas, você não sabe o valor que isso tem até perder, pois acredita que é algo que pode fazer quando quiser, e de repente é tirado de ti, e percebe o quão importante é essa relação como artista, e como fã também, eu sinto os dois lados, pois frequento muitos shows.

Eu acredito que a música é uma terapia grupal para muitas pessoas, e isso fez muita falta durante esse período. As pessoas poderem sentir isso novamente, na minha perspectiva, acabei de ver os Deftones aqui, e fui em outros shows, é muito bom estar de volta, e espero retomar o ritmo de antes.

A pandemia também levou muitos artistas a investirem em um volume maior de singles, alguns inclusive abrindo mão de álbuns cheios. Como você avalia essa mudança de comportamento? Acredita que o disco cheio pode estar com os dias contados?

Sim, isso vem acontecendo faz um tempo, e está cada vez mais constante. Nós vimos essa tendência há quatro ou cinco anos atrás, por isso começamos a gravar EPs e coisas assim, e agora os singles.

Comprei um carro há quatro meses e nem tem toca discos nele. Sempre haverá as pessoas old school, como eu, que sempre irão querer o disco físico, mas os mais jovens hoje nem sabem mais o que é.

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O fortalecimento dos streamings acarreta no fortalecimento dos singles, e oposição aos discos, o que é triste, pois se perde todo trabalho de arte, e as informações da contra capa, os engenheiros, se perde o momento mágico de se abrir o disco. Mas é como as coisas são, e acabou. Haviam lojas especializadas em música, discos, e hoje em dia estão todas fechadas.

E isso muda também a nossa percepção da música, pois você consegue ouvir a música que quiser a hora que quiser, não se dá tanto valor, só Deus sabe quantas músicas são lançadas todo dia nessas plataformas, não é mais um evento, se tornou mais cotidiano, não é tão mágico mais.

O Hollywood Undead tocou no Brasil, em 2016, dentro do Maximus Festival. Guarda boas lembranças e histórias daquele show?

Uma memória que tenho é que pudemos sair com o Till do Rammstein, que também tocaram. E eu escuto eles desde que tenho 16 anos, então foi um dos momentos mais legais.

E também foi a primeira vez que fomos para lá, é estranho, pois nunca pensamos que teríamos essa oportunidade, mas nunca voltamos desde então.

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Sei que deveríamos ter ido dois anos atrás mas teve o covid. Mas o ponto alto foi sair com Till, e é um lugar muito bonito.

O Hollywood Undead pretende vir ao Brasil para divulgar o Hotel Kalifornia? Existe alguma previsão?

Eu não sei o que eles estão preparando. É sempre difícil para uma banda planejar esse tipo de coisa, eu não me envolvo tanto pois faz eu querer estourar os miolos, mas eu sei que planejam ir para a América do Sul ano que vem, espero que consigamos.

Consegue listar três álbuns que impactaram a sua formação como músico? Quais? Por que?

Diria Green River, do Creedence Clearwater Revival, White Album, dos Beatles, além de Sea Change, do Beck.

Amo rock clássico, mas também The Downward Spirals, do Nine Inch Nail, que nos influenciou muito; os Beastie Boys com Paul’s Boutique; Eminem com The Marshall Mathers LP.

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Três é muito difícil, seria mais fácil 100. Todos aprenderam com Beatles e John Forgety, mesmo hoje, as progressões de acordes utilizados vieram de lá, mesmo no metal.

Sou esse cara velho escutando música dos anos 1960, enquanto bebo cerveja no quintal.

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