A cantora e compositora britânica Gabrielle Aplin segue aquecendo o público com singles de seu quarto álbum de estúdio, Phosphorescent, que tem previsão de lançamento para 13 de janeiro de 2023. Aliás, para se aproximar ainda mais dos fãs brasileiros, ela tem investido em lyric video com as músicas em português, como fez recentemente com a dançante e introspectiva Never Be The Same.
Never Be The Same é a síntese perfeita entre as duas faces do som de Gabrielle, misturando suas raízes no folk e uma sonoridade que se aproxima do pop alternativo. Ela é um dos destaques do novo álbum da artista, Phosphorescent, que não é necessariamente um produto da pandemia, mas é o da solidão e estranheza que a artista, como muitos de nós, experimentou ao longo desse tempo.
Após uma mudança para o interior, com maior conexão com a natureza, Gabrielle descobriu que estava escrevendo canções com uma libertação recém-descoberta.
Em entrevista ao Blog n’ Roll, Gabrielle Aplin conversou sobre o novo álbum, a pandemia e a ligação com o Brasil. Anteriormente, a artista participou da novela Totalmente Demais, da Globo, com música na trilha sonora e uma ponta na reta final.
Phosphorescent, seu novo álbum, será lançado em janeiro. Como está sua expectativa?
Eu espero que seja o maior álbum do mundo. Não diria que tenho expectativas disso, mas gostaria que fosse. Sem dúvida, o meu favorito de todos que fiz, acho que é o mais detalhista, o que mais coloquei carinho em tudo.
É meu quarto álbum, então sei do que gosto e não gosto, o que eu faria e o que não faria, então espero que isso transpareça também. Em resumo, é uma união de fatores, espero que pareça muito verdadeiro e tenha muito espaço físico. Então espero que isso apareça quando meus fãs o escutarem. E também terei que viajar por causa dele, então me levará a lugares.
Como foi o processo de criação desse trabalho? O que precisou fazer de diferente na comparação com os três primeiros?
Escrevi músicas no isolamento do lockdown. Estava apenas escrevendo por diversão, não tinha planos de fazer um álbum. Então meu amigo, Mike Spencer, que produziu o álbum, veio e me perguntou se queria fazer um álbum, e eu tinha todas essas canções que fiz.
Pareceu tão natural, tão real, e estava escrevendo canções apenas por diversão, como quando trabalhava em uma cafeteria e compunha, era a mesma vibe.
Fiz essas canções de maneira muito real, orgânica, mas também muito isolada. Eu queria que o processo de gravação fosse muito humano, com o máximo de instrumentistas possível, pelo menos para a gravação.
E tudo que não fosse real, como por exemplo um simulador de bateria, teria que sair por um alto-falante e uma sala, para dar ambiência, ter uma sensação de espaço físico, isso foi muito importante para mim.
Por fim, também queria uma conexão forte com a natureza, queria que tudo fosse muito natural e real. Me esforcei muito para ter certeza de que estava sendo eu mesma.
Esse tempo sem álbum novo, quase três anos, traz algum sentimento curioso para você?
Com certeza, me sinto como no meu primeiro álbum, English Rain, novamente. Só que com mais conhecimento, e confiança para dizer o que quero e o que não quero. Sinto a sensação de fazer um álbum pela primeira vez, mas já tendo feito antes.
Não teve ninguém da gravadora vindo falar comigo e perguntando se podem ouvir algo, mudar algo, se posso fazer uma música de um jeito para ser mais popular, não houve interferência, e não tive que pedir para ser desse jeito, apenas foi desse jeito. Artisticamente fiquei muito grata.
No Brasil, você conquistou um grande alcance quando teve o single Home na trilha sonora de uma novela. O que representou para você?
Foi muito divertido, eu amei. E tive a oportunidade de fazer uma participação no último episódio, foi doido. É a razão pela qual tenho que voltar para o Brasil, fazer shows, foi uma experiência incrível. Algo que eu nem sabia que existia, e de repente estou no meio de tudo isso.
Acho incrível a quantidade de maneiras que uma música pode estourar. Não temos nada equivalente a isso aqui, temos novelas, mas não é a mesma coisa. É muito único do Brasil o que vocês têm com as novelas. Pude ir até o estúdio e ver a gravação, foi uma experiência incrível.
Deu tempo de conhecer alguns lugares do Brasil?
Na verdade não, preciso voltar, preciso voltar. Foi muito rápido, fiz um show em São Paulo e passei no Rio onde ficavam os estúdios de gravação. Mas amo fazer shows para conhecer fãs, acho que música e fãs são as duas coisas mais importantes. Então adoraria voltar para fazer mais shows pelo país, e tiraria alguns dias para explorar também.
A pandemia aflorou muitos sentimentos nas pessoas. A solidão foi um dos mais impactantes. Você passou esse período em Brighton mesmo ou foi para outra região? Como lidou com esse período?
Poderia ter sido pior, tive muita sorte, não posso reclamar, mas encontrei muita dificuldade. Eu sofro de TOC, então na época minha pior sensação era de ser uma pandemia global respiratória, e eu pensava que meu pior pesadelo tinha se tornado realidade, então foi bem assustador.
Estava em Brighton e tinha acabado de lançar um álbum, e os outros artistas estavam pensando que ia ser um bom período para compor em nossas casas, e eu já tinha feito um álbum e não sabia o que fazer.
Então me mudei para uma área mais rural, me senti desanimada, era inverno também, e foi aí que comecei a compor, pois não tinha mais nada para fazer, e nesse ponto já me sentia pronta para compor novamente.
Obviamente, agora, estou feliz que fiz isso, mas na época me senti estranha. Foi uma época estranha para todos, tenho certeza que afetou meu álbum de uma maneira interessante, pois como disse, foi uma época onde estava muito isolada, que quando chegou a hora de gravar, eu queria humanos unidos em um espaço, o completo oposto do que era aquilo, queria contrastar, e foi isso que fizemos.
No início da carreira, você divulgou muitos covers. Qual foi o ponto de partida para investir nas canções autorais? E como você avalia essa trajetória até aqui?
Acho que foi um jeito bom de aprender a compor minhas próprias músicas, o que eu gosto e o que não gosto. Então estava aprendendo com essas músicas maravilhosas. Primeiramente foi legal pelos comentários do YouTube, onde as pessoas me sugeriram coisas novas, me dando dicas construtivas.
Na época, eu queria compor, e estava compondo, mas ao mesmo tempo era tímida, e isso me ajudou a ganhar confiança para apostar nas minhas próprias músicas.
Acho que fazer covers também é um jeito, especialmente se quer ser um compositor, de desenvolver suas habilidades. Adoro cantar músicas de compositores, mas também gosto de pop, dance, hip-hop, e é legal ser capaz de tocar esses diferentes estilos e agregar na sua composição.
Então foi muito importante para mim, para ganhar confiança e para a composição, e amo essas músicas. Algumas vezes quando não sei o que tocar e é me sugerido músicas de outras pessoas, é como provar a roupa de outras pessoas, testar suas músicas, e gosto disso.
Consegue listar três álbuns que ajudaram a te formar como artista?
Blue, da Joni Mitchell, Pink Moon, do Nick Drake, e Morning Phase, do Beck.