O supergrupo The Dead Daisies lançou, recentemente, o sexto álbum de estúdio, Radiance, com dez faixas autorais. O disco, com produção de Ben Grosse, marca o retorno do baterista Brian Tichy.
Atualmente, além de Brian Tichy, The Dead Daisies conta com David Lowy (guitarra), Doug Aldrich (guitarra) e o lendário Glenn Hughes (vocal e baixo).
Com um olho na Copa do Mundo do Qatar e outro na divulgação do novo álbum do The Dead Daisies, o guitarrista Doug Aldrich conversou com o Blog n’ Roll sobre a mais nova produção, entre outros assuntos. E Copa do Mundo, claro.
Está acompanhando a Copa do Mundo? Confiante com a seleção dos EUA? (logo após a primeira rodada)
O EUA não é o favorito, então é só realmente assistir aos jogos e me divertir. Minha esposa, na verdade, é alemã, então também estamos torcendo pela Alemanha.
Eu amo o time brasileiro, argentino, não acredito que perderam na primeira rodada (contra a Arábia Saudita). Tenho amigos na Espanha, México, Inglaterra, não consigo escolher apenas um time.
Em uma final ideal, acho que escolheria Brasil e Alemanha, não sei se isso é possível.
Não! Isso é traumatizante para o Brasil. Risos.
Ok (risos). Que tal Brasil e Argentina, como seria? Não sei, tem muitos times europeus que são bons, talvez Inglaterra e Brasil.
Quando surgiu esse interesse pelo futebol?
Comecei a me interessar por futebol quando tocava no Whitesnake, e muitos amigos ingleses da equipe torciam pela seleção inglesa. Comecei a me interessar, não entendia tudo, mas era divertido ir ao bar assistir aos jogos. E com a Copa comecei a ver por Los Angeles, bandeiras do México, do Brasil, e fui me interessando mais.
Há alguns anos, meu filho estava com 10 ou 11 anos, e o time de futebol dele precisava de um técnico. Eu virei o técnico sem saber nenhuma regra, sem saber o que era impedimento. Então teve uma seletiva, com vários técnicos observando os jogadores. Minha esposa falou de um menino que era o melhor jogador da Liga, e eu selecionei. O pai dele foi meu assistente, e eu o técnico principal, fomos até a fase de mata-mata. Foi uma experiência incrível, e aprendi as regras consequentemente.
Como tem sido o retorno do público com Radiance?
A resposta do público tem sido muito boa, estamos muito felizes com ela. Acho que não esperavam esse álbum tão cedo. Nós tínhamos músicas que fizemos durante a pandemia, e deixamos elas um pouco de lado.
Fizemos uma pequena turnê ano passado, e estávamos prontos para fazer outra em fevereiro, mas foi adiada para junho. Foi quando pensamos em pegar essas músicas e fazer um disco novo, e deu certo. Tínhamos por volta de 15 músicas, colocamos dez no álbum, e há mais três que vão sair ano que vem.
Você já disse em outras entrevistas que o novo álbum é o seu favorito? Por que?
Acho que o último é sempre o favorito. Mas amo a música-título, amo músicas com um groove pesado, amo o jeito que Glenn canta os versos. Tem muitas músicas boas, Not Human é uma música muito intensa e pesada.
Acho que a principal razão é que fomos mais honestos um com o outro, dizendo quais partes amavam, e outras falávamos abertamente sobre tentar fazer de outro jeito, mudar o arranjo, fazer cortes, adições. Fomos honestos, vinham me dizer que não gostavam da guitarra de tal forma, e eu perguntava como achavam que deveria ser, e seguíamos.
Muitos vocais foram gravados na minha casa, em demos, e estavam ótimas, não havia motivo para refazer. Dizia a ele (Glenn) que o que fez estava ótimo, e ele pedia para fazer novamente, e eu perguntava se ele podia tentar fazer de tal modo, e ele tentava.
Em Born to Fly fizemos isso, ele não gostou muito, mas disse que iria deixar por enquanto, e deixamos. Foi legal, uma vibe bem banda.
Qual faixa você considera o carro-chefe do disco? Por que?
É bem difícil. Acho que Radiance, nosso primeiro single. É uma coisa diferente, Glenn tinha o riff principal, e eu tinha uma parte minha. A música não estava finalizada, e não tínhamos certeza se entraria no disco, até que o produtor ligou e falou que o refrão precisava ser trabalhado.
Eu tive uma ideia, trabalhei nela e acabou virando o single. Outra que se destaca pra mim é Hypnotize Yourself. É bem simples, destaca muito bem os vocais do Glenn.
O Dead Daisies é um verdadeiro dream team do rock. Como é a relação entre vocês? Vocês pensam muito parecido?
Nossa relação é ótima, somos amigos há muitos anos. Tenho o Glenn como um irmão mais velho, aprendi muito com ele, e respeito muito ele. É uma lenda viva.
David é um cara muito simples, pé no chão, ele dá à banda uma coisa única. Brian é um dos meus melhores amigos, ele toca tão bem nesse álbum, e é um dos motivos por gostar tanto desse álbum.
E, honestamente, durante a gravação, houveram momentos que tivemos que impulsionar o outro a fazer coisas diferentes. Como disse, as coisas ficaram tensas às vezes, mas acho que é bom, é quando se extrai o melhor das coisas.
É uma banda de verdade quando se pode falar abertamente para tirar o melhor um do outro. Em resumo, Glenn e eu nos impulsionamos muito.
O que Glenn Hughes trouxe para a banda? E como foi a adaptação dele ao som do Dead Daisies?
Glenn traz alguns elementos pesados à banda, em termos de riffs e letras profundas. Ele também traz inspiração, pois eu imediatamente comecei a escrever coisas que sabia que ele gostava. Além, claro, da voz dele.
Diferente do que a gente vê em boa parte das bandas atuais, o Dead Daisies segue apostando no disco cheio. Qual é a magia de gravar um disco cheio?
Esses dias estão acabando, se quer saber a verdade. Não direi que é o último álbum, mas álbuns sendo trocados pelo lançamento constante de singles, e por isso lançamos um disco para as pessoas ouvirem um grupo de músicas juntas.
Se você tem um grupo de músicas que ficam bem juntas, então deveria lançar um álbum. Mas eu ficaria feliz se fizessem como o Aerosmith, que fez e lançou uma música isolada. Poderia adicionar à minha playlist e não precisar esperar por outras músicas.
Vamos ver o que acontecerá no futuro, mas Radiance é um grupo de músicas que soam bem juntas, e ao final você irá querer ouvir novamente.
Pretendem vir ao Brasil com a turnê de divulgação do novo álbum?
Não temos um plano certo, mas o Brasil está na nossa cabeça faz tempo. Adoraria dizer que em 2023 vamos aparecer no final do ano. No começo do ano vamos tirar um tempo, mas adoraria visitar o Brasil e a América do Sul.
Consegue listar três álbuns que foram fundamentais para sua formação como músico? Por que?
Difícil, mas tentarei. Tem um que se destaca pra mim desde criança, The Blow by Blow, do Jeff Beck. Minha irmã tinha esse álbum. No passado tinha uns headphones gigantes que tocavam muito alto, era muito animador. Não tem vocais nesse disco, mas a guitarra é insana.
Led Zeppelin II. Aliás, Jimmy Page explodiu minha mente.
Esse será um pouco fora da curva, mas devo citar o rock americano sulista, Eagles, Allman Brothers, 38 Special, e os maiores, Lynyrd Skynyrd. Free Bird, Sweet Home Alabama, mas o que me pegou foi em 1977, quando lançaram Street Survivors. Foi o primeiro com Steve Gaines na guitarra, três guitarristas na banda, foi insano, então diria esse, Street Survivors.
*Entrevista por Isabela Amorim e tradução por Matheus Monteiro