05 – Riot 99

Em 1999, a banda californiana Rancid divulgava o álbum Life Won’t Wait, o sucessor do badalado …And Out Come The Wolves. Em Santos, a “Califórnia Brasileira” dos anos 1990, como os músicos se referiam, duas bandas despontavam com forte influência de Tim Armstrong e companhia: The Bombers e Riot 99.

A segunda, além de receber influência direta no som, virou a grande representante dos SHARP (Skinheads Contra o Preconceito Racial, na tradução do inglês) na Baixada Santista. A Riot 99 fez muita gente, além dos skinheads, gritar Oi! em suas músicas.

Resumir a importância da Riot 99 apenas a sua ligação com os skinheads, entretanto, seria uma tremenda sacanagem com os caras. Fabiano Riot, vocalista e baixista, se destacava com a habilidade nas cordas. Seus solos de baixo deixavam muitos moleques doidos na frente do palco.

A Riot contava ainda com os guitarristas Jean Marcel e MacCoy e o baterista Falcão, sim, o mesmo do Drop Your Guns e mais umas “trucentas” bandas (ele terá um post sobre a participação dele no cenário santista). Gilmar Carrasco e Moloko (Big Nitrons) também passaram pela formação.

O que muita gente não sabe é que a Riot 99 nasceu de uma outra banda. “Tocava com o Jean Marcel nos Atiradores, que tinha uma pegada mais pop e ska. Sempre tive bastante influência de ska, mas tinha uma pegada street punk, hardcore e hard rock, que precisava ser exteriorizada, por isso montei o Riot 99”, conta Fabiano. “O objetivo era expressar alguns sentimentos que tinha na época. Pode-se dizer até mesmo uma rebeldia pós adolescente, com menos senso de humor”, completa.

Fabiano em ação. Crédito: Isabela Carrari

Apesar de ser constantemente chamada como uma das versões caiçaras do Rancid, a Riot 99 tinha outras influências como Operation Ivy, Agnostic Front e até Guns n’ Roses. Se Fabiano tinha um visual totalmente skinhead, Jean já era mais puxado para o Green Day. MacCoy era cabeludo e barbudo, que parecia ter saído de uma banda de black metal.

Uma característica dos shows da Riot 99 é que quase sempre vinha acompanhada do Bombers e as cariocas Carbona e HillValleys. Mas Fabiano tem outras lembranças das apresentações. “Teve um show chamado Horrror Beach Party, um dos últimos com Soldados do Asfalto, Amaldiçoados e outras bandas. Foi a melhor vibe ao vivo, Praia Sport Bar lotado. Foda!”, relembra Fabiano.

Em pouco mais de quatro anos (1999 até 2003), foram duas demos gravadas: Riot 99 (2000) e Rock n’ Roll Alleyway (2002), além de participações nas coletâneas Hey Punk Rockers, da Barulho Records, e Urban Noise 3, da Rotten Records.

Foram desses trabalhos que saíram músicas marcantes para o público santista como Everybody’s Gonna Die, com uma pegada mais oi! e Arabian Warehouse, preferida de grande parte das pessoas. “Eu sempre curti muito Heart of Stone, cuja letra é de autoria do Matheus Krempel (Bombers). Ele jogou fora, a gente recriou”, diz, aos risos, Fabiano.

E mesmo com a memória marcante do show Horror Beach Party, no Praia Sport Bar, Fabiano lembra com carinho mesmo é do Armazém 7. “Para a nossa geração nem precisa explica o porque”, diz o ex-frontman da banda.

Hoje, os integrantes estão mais dedicados às suas famílias e carreiras profissionais. Quase todos casados e com filhos. Reunião? Fabiano não descarta, mas acha muito difícil de acontecer. “Além da distância, as ideias são muito diferentes hoje. Melhor deixar na história. Foi bom, mas fica na lembrança. De repente uma gravação aqui ou ali, com outra formação”, encerra.

Ouça abaixo Arabian Warehouse e a segunda demo da Riot 99, Rock n’ Roll Alleyway

That’s Your Life

Differences

Everybody’s Gonna Die

There Comes The Riot

Heart of Stone

Arabian Warehouse