O Cine Joia, na região central de São Paulo, tinha pouco mais de metade de sua capacidade quando soaram os primeiros acordes de Mundo Moderno. Eram os Autoramas dando início à festa de lançamento de seu disco O Futuro dos Autoramas que também marcava a estreia de Electromod, novo CD dos gaúchos Cachorro Grande. Se musicalmente, as duas bandas têm pouco em comum, as histórias são semelhantes – formados no final da década de 1990, os dois grupos estão constantemente na estrada e produzindo material novo.
O som extremamente alto – criando um eco infinito no antigo cinema paulistano – atrapalhou um pouco a banda liderada por Gabriel Thomaz. Em alguns momentos, como nos teclados da nova Quando a Polícia Chegar (tocada duas vezes, no início e no fim do show), os agudos ficavam bem desagradáveis para o público. Em cerca de uma hora, o quarteto cobriu quase toda a discografia do grupo (faltaram canções do disco Música Crocante) com grande apoio do público presente que dançou e cantou ao som de Nada a Ver, A 300 Km/h, Você Sabe e 1,2,3,4.
Além de Polícia… apenas O Que Que Você Quer e a instrumental Telecatch representaram o novo disco. Uma boa surpresa foi a presença de Resta Um, que não costuma fazer parte do repertório dos Autoramas, com vocais de Érika Martins, que também tomou a frente em Música de Amor. Perto da uma hora da manhã, enquanto o mundo assistia a abertura da Rio 2016, os Autoramas mostraram a instrumental Jogos Olímpicos.
Recentemente, o baterista Fred Castro (ex-Raimundos) deixou a banda e foi substituído por Fabio Lima (Violentures) que, na noite de ontem foi substituído por Marcelo Callado (ex-Canastra). Com tantas mudanças em tão pouco tempo, a insegurança era visível e ficou mais evidente na versão arrastada de Fale Mal de Mim.


Com tantas luzes e sintetizadores, poderia ser um show do Chemical Brothers, mas era a Cachorro Grande com Tarântula, que abre o novo CD e também a apresentação de ontem, seguida por Electromod. Ao contrário do que fizeram na turnê de Costa do Marfim, quando separavam as músicas entre “novas”(mais eletrônicas) e “clássicas”(fase mod), os gaúchos mesclaram faixas antigas como Hey Amigo e Deixa Fudê com músicas mais novas como Limpol no Astral e Como Era Bom.
Desentoa e Que Loucura!, da fase mais rock n’roll, ganharam releituras mais dançantes e barulhinhos de sintetizadores. Para fechar a noite, um bloco de hits da Cachorro Grande: Dia Perfeito (com vocal do guitarrista Marcelo Gross), Lunático e Sinceramente, que teve um coro tão forte que deixou o vocalista Beto Bruno só observando o público. O show terminou com Você Não Sabe O Que Perdeu que teve uma jam de encerramento que passou por The Who (com guitarras rodando pelo ar) e microfonias que deixariam o Prodigy orgulhoso.