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O que esperar do novo show solo do Slash

CAMILA CURCIO
De Los Angeles

Pouco mais de um mês atrás em Los Angeles, Califórnia, acontecia o evento que enfrentei horas de fila e meses antes para comprar o ingresso e quase não fui. Depois de muita insistência no trabalho, consegui alterar minha agenda e pude assistir ao show do “solo” do Slash. Foi uma das melhores noites do meu intercâmbio por uma série de fatores, mas com absoluta certeza, a apresentação do lendário guitarrista e co-fundador do Guns n’ Roses contribuiu com a maior parte disso – poderíamos dizer cerca de 80%?.

A apresentação em questão aconteceu dia 16 de outubro, no Hollywood Palladium, uma popular e não tao grande arena no coração de Hollywood, que já serviu de palco para nomes como Alice in Chains e Nine Inch Nails, nos últimos meses.

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Essa, porém, não foi a única apresentação do guitarrista na cidade. Poucos dias antes, Slash (feat. Myles Kennedy & The Conspirators) tocaram para 500 sortudos na minúscula e absurdamente famosa casa de shows Whisky a Go-Go, localizada na Sunset Boulevard.

O fato de um dos mais importantes guitarristas da história se apresentar num ambiente tão pequeno – muitas chances de conhece-lo e com certeza perto do palco! – já seria o bastante para atrair muitas pessoas, mas, tudo se potencializa se considerarmos que foi justamente nesse pequeno estabelecimento, nos anos 1980, que a banda composta por cinco garotos bagunceiros, estilosos e sem um pingo de juízo, Guns n’ Roses, se apresentava no começo de sua carreira.

Apesar de ser apenas um dos membros, era pura nostalgia, e todos nós sabíamos disso. Os ingressos esgotaram em menos de 1 minuto (eu entrei na fila meia hora antes da venda oficial e não consegui comprar. Acontece).

Slash é um monstro. Com seus cheios cabelos cacheados caindo sobre o rosto, óculos aviador e a icônica cartola, Saul Hudson criou uma lenda. O co-fundador do Guns n’ Roses, agora aos seus 53 anos, é considerado um dos melhores guitarristas da história e um dos únicos artistas dos anos 1980 que se mantém no topo ainda levando multidões a estádios ao redor do planeta. Sabendo disso, pensar no qual grandioso Slash é chega a ser intimidador, você quase esquece que é um ser humano real. E seu show solo faz com que nos lembramos disso.

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Hollywood Palladium fica na Sunset Boulevard – não tao perto do Whisky a Go-Go, mas ainda em West Hollywood – foi construído por volta de 1940 e é uma das mais importantes arenas de shows em Los Angeles, apesar de sua capacidade ser apenas para 5 mil pessoas e “general admission” (quando não há divisão de setores, todos pagam o mesmo preço e quem chegar primeiro fica com os melhores lugares – salvo o ainda menor setor vip. Justo!), o lugar exibe bandas e artistas relevantes mensalmente, e talvez, justamente por ser um pequeno espaço sem divisão de categorias, é que sentimos essa proximidade, esse senso de realidade com quem está no palco.

Minha primeira vez lá foi na verdade no estacionamento, numa tarde de agosto, aonde aconteceu um show surpresa do Foo Fighters, e três dias depois, na parte de dentro (haa!) para prestigiar o Alice in Chains.

Sendo o Hollywood Palladium uma arena pequena e Los Angeles a cidade aonde os membros do Guns n’ Roses moram, eu decidi que seria uma boa ideia pagar US$ 20 a mais pelo ingresso VIP – mais tarde, o show estava tão divertido que desci e fiquei junto de todo mundo – e ter a chance de poder conhecer um deles. Minha intuição estava certa e logo no começo, Duff McKagan, baixista e também co-fundador do Guns n’ Roses e sua esposa, a modelo Susan Holmes se sentaram a minha frente para prestigiar Slash. Para mim, como mencionado anteriormente, um monstro; para eles, um amigo legal que manda muito bem na guitarra. E foi essa a impressão que eu tive assim que a icônica figura de cartola entrou no palco com os riffs iniciais de The Call of the Wind.

Slash deixou o Guns n’ Roses em 1996 e retornou a banda exatos 20 anos depois, com apresentações em locais minúsculos, porém, extremamente simbólicos, como o The Troubadour, aonde começaram a carreira, e em um festival gigantesco, o Coachella, ambos na Califórnia. Apesar de ainda estar em turnê com o Guns n’ Roses – agora finalizando a Not in This Lifetime Tour na Ásia e encerrando de volta aos Estados Unidos, no Havaí, Slash alterna as apresentações com seus projetos pessoais, no caso o novo álbum, Living the Dream, com Myles Kennedy & The Conspirators.

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A presença do Guns n’ Roses é obvia e inegável – afinal, Slash é responsável pela criação das músicas deles também, não é mesmo? Minha memória mais forte e coincidentemente a minha primeira impressão, foi ver o lendário guitarrista tocando a primeira música do que viria a ser um setlist misturado com vários trabalhos de sua longa carreira. Ele mantinha seu estilo habitual com os itens recorrentes, como braceletes, camiseta e a cartola, mas parecia muito mais relaxado, divertido, humano.

Durante todo o show, Slash era só sorrisos e interação com o público, e eu fiquei muito impressionada de ver alguém com uma aura tão imponente e grandiosa parecer apenas um cara normal se divertindo e fazendo o que faz de melhor.

Me lembro perfeitamente de ter pensado com clareza: Slash está acostumado a tocar para multidões ao redor do planeta, mas hoje à noite, ele só esta em casa, tocando para uma galera legal que só se importa com música.

Ao decorrer da noite, ouvimos musicas como Rocket Queen, do Guns n’ Roses, e Fall to Pieces, do Velvet Revolver, seus mais impactantes projetos, mas também uma setlist que passeia entre os álbuns World on Fire e Apocalypse Now, e enquanto toca sua guitarra, Slash é todo pulinhos, palhetas, dancinhas, e muitos sorrisos e brincadeiras com a platéia. Nunca duvidei do fato de ele ser um cara legal. Mas nunca imaginei que ele seria tanto. Slash parecia verdadeiramente feliz e genuinamente interativo.

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Algum tempo depois, notei a ausência de Duff McKagan (meio difícil não notar uma vez que ele é um dos meus ídolos, levantou-se com sua esposa e dois enormes seguranças e também que ele estava literalmente na minha frente – tive que me esquivar para que eles pudessem passar e recebi um simpático sorriso e “thank you” de Susan – eu já havia a conhecido antes na grade do show do Alice in Chains, aonde sua filha Grace, com a the Pink Slips foi a banda de abertura, e ela pediu ajuda para filmar a vocalista), e tendo uma mínima sabedoria sobre apresentações ao vivo e amizade, eu imaginei que em algum ponto eles tocariam juntos. Fomos presenteados com It’s So Easy – música do Appetite for Destruction, comum abertura do Guns n’ Roses e com o baixo dominante.

Chegou a vez do Brasil
Slash com Myles Kennedy & The Conspirators acabou de confirmar oito (!) datas no Brasil, entre maio e junho, passando por Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba, São Paulo, Uberlândia, Brasilia, Recife e Fortaleza. Pela diversidade de lugares nem sempre tão explorados por artistas internacionais e principalmente tão grandiosos, você já consegue notar a personalidade de Slash, e isso é o que você vai encontrar ao assistir sua apresentação ao vivo: um cara muito gente boa, de All Star, cabelos bagunçados, brincando com a plateia, brincando consigo mesmo, com seus colegas de banda e com sua guitarra, fazendo o que mais ama e o que faz de melhor.

Quer acompanhar a cena musical de Los Angeles comigo? Conheça meu canal:

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