O segundo dia do Oxigênio Festival foi uma verdadeira maratona. A Audio Club, local escolhido para abrigar o evento no domingo, foi palco para 12 bandas nacionais e internacionais, com destaque para Nitrominds, Sugar Kane, Chuck Ragan e The Get Up Kids, o headliner da noite.
A ideia de distribuir as atrações em dois palcos foi muito acertada, garantindo o retorno do inovador projeto Karaokillers, Swave, Deb e Faca Preta, que haviam ficado de fora após o Oxigênio Festival ser deslocado do Campo de Marte de última hora.
O trânsito intenso na Imigrantes me fez perder os primeiros shows do dia. Dessa forma não pude acompanhar Karaokillers, Join The Dance, December, Swave e Deb.
Cheguei no finalzinho da apresentação do Nitrominds. Que coisa linda esse trio pesadíssimo fechando o show com Fire and Gasoline, música autoral e atemporal sobre os conflitos no Oriente Médio.
FACA PRETA
Integrante do cast da Repetente Records, a banda de street punk Faca Preta foi um dos destaques do palco secundário do Oxigênio Festival. Por lá, aproveitou o evento para captar imagens para um videoclipe e ainda promoveu a “estreia” de um vocalista mirim. Breno, filho do vocalista, Fabiano Santos, assumiu o vocal por uma música, mostrou muita personalidade e ainda encerrou a apresentação com um mosh.
SUGAR KANE
Uma das maiores bandas de hardcore do Brasil, o Sugar Kane subiu ao palco principal do Oxigênio com motivos de sobra para comemorar. Em outubro, a banda lançará o primeiro álbum por uma gravadora. Após lançar discos clássicos pela Urubuz Records e Barulho Records, o grupo agora faz parte da Deck.
No palco, Capilé celebrou o novo momento: “Chegamos no estúdio com 35 músicas, escolhemos 12 para gravar, mas quem sabe não tenha mais para depois”.
Apesar da sinalização por faixas novas, o grupo levantou o público na reta final com três canções do álbum Continuidade da Máquina (2003), com destaque para Despedida e Janeiro.
Medo, do álbum Por Nossa Paz (2001), foi outro grande momento da banda no Oxigênio.
MAGÜERBES
Performático ao extremo, o vocalista Haroldo Paranhos roubou a cena no show do Magüerbes. Ele ficou o tempo todo na plateia, distribuiu muitas mensagens motivacionais e abraços no público.
O grupo de Americana, que completa 30 anos de estrada em 2024, aproveitou o evento para divulgar o seu álbum mais recente, Rurais, lançado no ano passado pela Repetente Records. Além disso, incluiu queridinhas dos fãs como Saudade e Obrigado Vida.
ADITIVE
Nostalgia pura resume bem o show do Aditive no Oxigênio. Veterana do hardcore paulista, a banda não poupou energia, muito menos sons mais antigos para os fãs.
Aliás, quem ficou com saudade do show do Aditive pode ouvir o álbum Maioridade – Ao Vivo no Hangar 110, disponível no streaming desde o último dia 12. Foi essa energia com boas doses do álbum que o grupo entregou na Audio.
CHUCK RAGAN
Não bastava ter entregue um show incrível na noite anterior com o Hot Water Music, Chuck Ragan voltou ao Oxigênio no segundo dia para mais um set emocionante, desta vez apenas acompanhado do violão e da guitarra acústica.
Abriu a apresentação com Nothing Left to Prove, incluiu canções lindas como Revved e Bedroll Lullaby. Aliás, antes de Bedroll Lullaby, o músico fez um bonito discurso em homenagem aos organizadores do festival e ao público por conta de todas as mudanças em cima da hora.
“Quero agradecer a todas as pessoas maravilhosas por colocarem isso junto. Foi uma grande mudança, mudanças de locais e tudo. A quantidade de trabalho necessária para tornar isso possível é surpreendente. Vamos aplaudir todos por fazerem tudo funcionar ontem à noite e hoje à noite”.
Encerrou o show com uma versão muito especial de State of Grace, um dos principais sons do Hot Water Music. Showzão!
THE GET UP KIDS
O que o Oxigênio Festival conseguiu com The Get Up Kids é algo que certamente ficará marcado na memória por muitos anos. Headliner da noite, a banda simplesmente trouxe o seu maior álbum para ser tocado na íntegra e na ordem original. Sim, Something To Write Home About foi apresentado dessa forma.
Aliás, a turnê comemorativa de 25 anos do lançamento do álbum vai rodar Estados Unidos e Canadá nos próximos meses, mas os primeiros shows foram no Rio de Janeiro e em São Paulo.
Matt Pryor, que veio acompanhado de sua formação clássica com Jim, Suptic, Rob Pope e Ryan Pope, não estava tão bem. Se queixou de dor de garganta, pediu desculpa por não estar com a voz 100%, mas o público ajudou do início ao fim na cantoria.
O início com Holiday, Action & Action, Valentine, Red Letter Day, Out of Reach e Ten Minutes botou muito marmanjo para chorar na frente do palco. Muito justificado! O início de Something To Write Home About é uma das coisas mais especiais nesse meio emo hardcore.
E se não bastasse tocar Something To Write Home About na íntegra, o Get Up Kids ainda emendou mais oito faixas bônus, com destaque para Don’t Hate Me e Shorty, ambas do debute Four Minute Mile.
Show impecável, mesmo com a dificuldade de Matt Pryor manter o vocal redondo durante o show de quase 1h20, um tempo elevado para os padrões de bandas emo e hardcore.