Foto: Ale Frata/Folhapress
Em 1977, o Brasil ainda não estava na rota dos shows internacionais. A presença dos grandes ídolos era algo raro. Somente Alice Cooper (1974), Santana (1971 e 1973) e Rick Wakeman (1975) haviam passado por aqui. Eis que o Genesis, já sem Peter Gabriel, veio para se apresentar em três capitais: Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. Phil Collins estava na linha de frente. Acompanhava ele em uma das guitarras Daryl Stuermer.
O Genesis ainda divulgou discos marcantes nos anos 1980 e 1990. Mas mais do que isso, Phil Collins se lançou como artista solo e ampliou o seu repertório de hits. Por diversos motivos, o Brasil nunca fez parte de suas seis turnês mundiais. Nos últimos dez anos, foram raras as apresentações do músico em qualquer parte do mundo.
No último sábado, no entanto, a espera de 40 anos chegou ao fim. Phil Collins retornou a São Paulo e com um status ainda maior. No lugar do Ginásio do Ibirapuera, local do show do Genesis no longínquo 1977, o britânico lotou o Allianz Parque, espaço mais nobre da Capital na atualidade. Eram mais de 45 mil vozes acompanhando ele.
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A entrada de Phil Collins, no entanto, chama a atenção. Aos 67 anos, ele se vê obrigado a andar com o apoio de uma bengala. Ao chegar no centro do palco, senta em uma poltrona de escritório e lá permanece até o fim. Só levanta para deixar e retornar ao centro, na hora do bis, cerca de 1h40 minutos depois do início.
A falta de mobilidade do músico está relacionada ao grave deslocamento das costas e quadril, que o levou a uma cirurgia de alto risco, em 2015. As sequelas permaneceram, mas, felizmente, a voz continua a mesma. Isso não teve alteração alguma.
O repertório de um hitmaker como Phil Collins não teria como ser diferente. Logo de cara, ele mandou dois sucessos dos anos 1980: Against All Odds (Take a Look at Me Now) e Another Day in Paradise. O suficiente para mostrar que a noite seria especial e saudosista.
Mas as baladas não dominam a setlist. Phil Collins consegue equilibrar bem a suas canções easy listening (a tal música de elevador) com a sua veia mais dançante, vide Sussudio, que colocou os fãs para dançar. E três faixas do Genesis também (Throwing It All Away, Follow You Follow Me e Invisible Touch).
Acompanhado de uma banda extremamente competente, com dois trompetistas, um saxofonista, um trombonista, além de quatro backing vocals, duas guitarras, baixo, teclado, bateria e percussão. E quando colocamos a lupa para ver integrante por integrante, temos várias surpresas agradáveis. Como está impossibilitado de tocar bateria, Phil Collins escalou o seu filho Nicholas Collins, de 16 anos, para assumir o instrumento. Na hora de apresentar sua banda, teceu um breve e divertido elogio: “é um bom menino”.
O guitarrista Daryl Stuermer, que acompanhou o cantor em várias turnês do Genesis, é o líder das cordas. E o que falar do baixista, Leland Sklar, que tem em seu currículo contribuições para Air Supply, America, Bee Gees, James Taylor, Crosby, Stills & Nash e mais uma infinidade de artistas.
Completam a lista de destaques o guitarrista Ronnie Caryl (Eric Clapton e Gary Brooker), o percussionista Luis Conte (James Taylor, Madonna, Eric Clapton, Carlos Santana) e o trombonista Luis Bonilla (Dizzy Gillespie, Astrud Gilberto, Tony Bennett e Diana Ross).
Ontem, Phil Collins fez mais uma apresentação no Allianz Parque. Durante a semana, ele fecha sua turnê pelo Brasil com um show em Porto Alegre. Quem não acompanhou a Not Yet Dead Tour (ainda não está morto, em tradução literal), que tem um nome bem sugestivo, é bom correr. Argentina, Uruguai, Chile e Peru também recebem o cantor nas próximas semanas. Com as turnês cada vez mais escassas, o investimento é válido.
Setlist
Against All Odds (Take a Look at Me Now)
Another Day in Paradise
I Missed Again
Hang in Long Enough
Wake Up Call
Throwing It All Away (Genesis)
Follow You Follow Me (Genesis)
Only You Know and I Know
Separate Lives (Stephen Bishop cover)
Something Happened on the Way to Heaven
In the Air Tonight
You Can’t Hurry Love (The Supremes cover)
Dance Into the Light
Invisible Touch (Genesis)
Easy Lover (Philip Bailey cover)
Sussudio
Bis:
Take Me Home