Fotos: Isabela Carrari
Futebol pode ser um assunto um pouco espinhoso para a icônica cantora italiana Rita Pavone, se levarmos a tradução do sucesso La Partita Di Pallone ao pé da letra. Na canção, ela fala da desconfiança que sente pelo marido que usa a desculpa para ver o seu time de futebol, mas talvez esteja fazendo outras coisas.
Mas é justamente no futebol que encontrei um paralelo para a apresentação de Rita, na última quinta-feira, no Tom Brasil, em São Paulo. De volta a São Paulo depois de 31 anos, ela conseguiu somar técnica e raça para manter o seu show intacto do início ao fim. Quem não gostaria de ter uma jogadora assim em sua equipe?
Se em boa parte ela mostrou muita potência no vocal, alcance invejável e disposição para dançar bastante, Rita deu um susto nos fãs na reta final. Tamanha dedicação, aos 72 anos, cobrou um preço alto. A cantora teve uma queda de pressão e deixou o palco carregada pelo filho. Ainda tentou retornar para encerrar o bis, mas o público entendeu que não precisava fazer aquele esforço. Foram mais de 20 canções durante 1h30, além de muita conversa com os fãs, sempre em italiano.
Em uma dessas conversas, ela revelou que manteria o show pelos fãs, mas que havia enfrentado uma febre alta na apresentação de Porto Alegre, no sábado. A última apresentação, hoje, no Rio de Janeiro, está mantida, segundo a assessoria de imprensa da artista.
O repertório, bem equilibrado, trouxe sucessos dos anos 1960 e 1970, como Fortissimo, Sapore di Sale, Como te non c´e´nessuno, La partita de pallone, Datemi un martelo, Se potessi amarti ancora, Ill ballo de mattone, Amore Twist e Cuore. Ainda teve espaço para uma sequência de canções de Bobby Darin, gravadas em seu último disco de estúdio, Masters (2013), além de uma homenagem para Roberto Carlos e Elis Regina, ambos muito elogiados por ela. Vale destacar ainda a grande banda, com baixo, guitarra, bateria, trio de metais e uma backing vocal.
Sempre de bom humor, Rita soube lidar bem com os problemas técnicos, na reta final. Renato, o roadie, teve trabalho para arrumar tudo.
Na plateia, o público demonstrou apoio à cantora. Fosse para cantar junto, gravar vídeos nos smartphones, dançar (apesar das mesas) ou pedir para ela descansar depois do susto.