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Rolling Stones: o dia que a maior banda de todos os tempos conquistou Liverpool

Quem acompanha o Blog n’ Roll há anos já sabe o que pensamos: o Rolling Stones é a maior banda de todos os tempos e não tem discussão. Assistir Mick Jagger e companhia na cidade dos Beatles, a segunda maior da história, não tem preço.

Havia muita coisa por trás desse show, que aconteceu na última quinta (9), em Liverpool. Foi a primeira apresentação dos Stones na cidade em 51 anos! A estreia da banda no lendário Anfield, estádio do poderoso Liverpool. E também a primeira vez no Reino Unido sem Charlie Watts. Verdade que fizeram um pequeno tributo no acanhado Ronnie’s Scott, em Londres, recentemente.

A atmosfera da cidade parecia de clássico de futebol. Os fãs dos Stones estavam por todos os lados, inclusive em maior número na Mathew Street, a rua do Cavern Club e do quarteirão inteiramente dedicado ao Fab Four.

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Alguns desses fãs carregavam faixas e camisetas com mensagens provocativas aos Beatles, principalmente após Paul McCartney tentar criar uma rixa chamando o Stones de banda de covers de blues. Algo que nunca incomodou Jagger e Richards, que responderam sempre com respeito e educação ao trash talk do Beatle.

O ônibus que partiu da região central de Liverpool rumo ao Anfield estava lotado. Alguns cantavam trechos de músicas dos Stones, enquanto outros conversavam sobre possibilidades do que poderia entrar no set. Parecia uma reunião da ONU. Argentino, brasileiro, polonês, italiano, inglês, espanhol. Todos estavam na mesma trilha.

Na hora do ponto final, o motorista gritou: “esse é o ponto para o show do Stones”. Uma rápida caminhada e já estava em Anfield. Organização incrível para garantir a entrada rápida do público.

O estádio é grande, mas tem aquele aspecto de arena, o que aproxima fã e banda durante o show. Talvez as cadeiras inferiores não tenham uma visão tão legal, mas o restante do estádio garante uma experiência única. E o melhor de tudo: todo coberto nas cadeiras. Aberto apenas na pista e pista premium.

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Echo & The Bunnymen

Veterana da cena de Liverpool, a Echo & The Bunnymen foi quem abriu o evento no Anfield. Surgida em 1978, a banda teve grande alcance comercial nos anos 1980, mas perdeu força a partir da década seguinte.

Ian McCulloch e Will Sergeant, vocalista e guitarrista, respectivamente, são os remanescentes da formação original. Curioso notar como McCulloch, mesmo debaixo de forte calor e diante de uma multidão, se manteve intacto em sua presença de palco e com um visual bem característico do pós punk.

Sem muito tempo disponível, apenas 50 minutos, o Echo & The Bunnymen entregou um set calcado em sucessos. Foram nove faixas, incluindo Bring On The Dancing Horses, Seven Seas, The Cutter e The Killing Moon, que encerrou o show.

Em Nothing Lasts Forever, a banda fez um medley com Walk On The Wild Side, de Lou Reed.

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E com o estádio ainda sendo preenchido pelo público, Ian McCulloch agradeceu os Stones pelo convite, disse que tinha realizado um sonho e saiu de cena.

Rolling Stones

Enquanto o público retornava da pausa para a hidratação, o telão iniciou uma linda homenagem a Charlie Watts, eterno baterista do Stones, falecido em agosto do ano passado. Ninguém mais ficou sentado. O estádio inteiro, 50 mil pessoas, aplaudiu o tributo. Alguns se emocionaram bastante.

Street Fighting Man abriu a apresentação. Steve Jordan, que já convive e trabalha com alguns Stones há mais de 40 anos, está no lugar de Watts. E os fãs o receberam de forma muito respeitosa desde o início.

Logo de cara é extremamente necessário lembrar que Mick Jagger completará 79 anos no próximo mês. Sim, 79 anos!!! E a turnê Sixty, que já passou por Madrid, Munique e Liverpool, comemora os 60 anos de estrada do Stones.

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Pois bem, Jagger não mudou nada. A voz segue impecável, os passinhos de dança não mudaram. A energia no palco é a mesma da observada na última turnê no Brasil, em 2016. É impressionante!

Na frente do palco, duas pessoas acompanham atentamente Jagger: o coreógrafo, que depois chama a atenção para onde acertou e errou, além do filho mais novo, Deveraux Jagger, de cinco anos, que imita os passos do pai em vários momentos.

Keith Richards (78 anos) perdeu um pouco a mobilidade. Não anda mais pelo palco como antes, mas Ronnie Wood (75) segue acompanhando Jagger nos passeios pela passarela e laterais do palco.

O início da apresentação seguiu bem nostálgico, com dois resgates incríveis dos tempos em que o Stones se apresentava no Empire Theatre, em Liverpool: 19th Nervous Breakdown e Get Off of My Cloud, essa substituindo Rocks Off, tocada em Munique.

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“Em 1962 nós conhecemos um baterista chamado Charlie Watts. Essa é a nossa primeira turnê na Inglaterra sem ele. Então nós queremos dedicar esse show para ele”, disse Jagger, em sua primeira comunicação com o público.

Tumbling Dice veio logo depois. Não sei explicar, mas simplesmente chorei. Stones é a trilha da minha vida. Ouvi pela primeira vez em 1989, quando tinha 4 anos e imitava Mick Jagger no histórico show de Atlantic City, que foi exibido na TV, repleto de convidados.

Stones também foi o primeiro grande show da minha vida, em 1995, no estádio do Pacaembu, em São Paulo. E as lembranças se seguiram por toda vida. Impossível explicar o que sinto. Em 1995, com 10 anos, lembro de ter chorado ouvindo Out of Tears no Pacaembu. Tumbling Dice foi quem conseguiu esse feito agora.

Ao término de Tumbling Dice, Jagger fez uma confissão. Disse que a banda havia pensado em tocar You’ll Never Walk Alone, famosa na voz do Gerry & The Pacemakers e na torcida do Liverpool. No entanto, optaram por algo que também seria incrível: I Wanna Be Your Man, faixa composta pelos Beatles, mas lançada pelos Stones em 1963. Foi a primeira vez que a música foi lembrada em um show deles em dez anos.

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E, como se tivéssemos sido transportados para os anos 1960, Jagger e companhia seguiram explorando o repertório dessa fase, com Out of Time e You Can’t Always Get What You Want.

Comunicativo, Jagger brincou com os fãs no intervalo de uma das músicas. Perguntou se tinham pessoas de várias cidades da região sul e norte da Inglaterra, sempre sendo respondido de forma animada pela plateia. A exceção foi a vizinha Manchester, muito em função da rivalidade futebolística entre os times das duas cidades. Nesse caso, a vaia foi ensurdecedora. “Eu deveria saber que isso poderia acontecer”, brincou Jagger.

Living in a Ghost Town, lançada durante a pandemia, funcionou muito bem ao vivo, acompanhada de imagens do videoclipe. No entanto, foi o único momento que consegui notar o público sentado nas cadeiras.

Antes de Keith Richards assumir os vocais, o Rolling Stones ainda mandou mais um clássico: Honky Tonk Women.

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Em seu momento, Richards escolheu duas faixas clássicas da banda, You Got the Silver e Connection.

Com Jagger descansado foi a vez da banda empilhar alguns de seus maiores hits em sequência: Miss You, Midnight Rambler, Start Me Up, Paint It Black, Sympathy for the Devil e Jumpin’ Jack Flash.

Antes, no entanto, ele falou brevemente sobre a alegria de estar em Liverpool. “Foi o mais perto do que já estive na vida real!”, disse sobre ter abraçado a estátua da cantora Cilla Black, na Mathew Street.

Olha, haja fôlego! Esses senhores beirando os 80 anos, com tanta disposição, fazendo tudo isso por mais de duas horas. Enquanto outros estão com turnês de despedida, seguindo carreira solo ou fazendo show de holograma ou avatar para os fãs.

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Antes de voltar para o bis, uma surpresa muito agradável do público. O estádio inteiro cantou You’ll Never Walk Alone para o Stones. Sim, Anfield lotado e homenageando Charlie com essa linda canção.

Com a energia renovada, a banda puxou Gimme Shelter. Aliás, enquanto Jagger cantava, o telão mostrou várias imagens tristes da guerra na Ucrânia, além de uma bandeira ucraniana, algo muito celebrado pelos fãs.

(I Can’t Get No) Satisfaction encerrou o show, com o estádio inteiro cantando junto. E fica o questionamento: quem pode parar os Stones. Ninguém nunca fez o que eles fizeram. Depois de 60 anos de história, a banda segue tendo uma das turnês mais rentáveis do mundo.

Foto: Scott Heppell / AP / Rolling Stones


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