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Rafael Strabelli / Espaço Unimed/ Instagram

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Sepultura começa longa despedida de São Paulo com show irretocável

Matheus Degásperi Ojea

O Espaço Unimed estava lotado para receber a primeira das três datas marcadas para São Paulo na turnê de despedida do Sepultura. A Celebrating Life Through Death (Celebrando a vida através da morte) foi anunciada como uma turnê de 18 meses para encerrar as atividades da maior banda brasileira de metal da história.

As outras duas datas em São Paulo, no mesmo Espaço Unimed, tiveram ingressos igualmente esgotados, além disso, a banda está confirmada na edição paulista do Lollapalooza 2025. A despedida é longa e pode reservar mais datas para a cidade no futuro, porém, o Sepultura está disposto a fazer valer cada momento.

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Alardeada como a maior turnê da história da banda, o que se vê no palco faz jus à expectativa, tanto na duração do show, que fica por volta das duas horas, quanto na produção. Nem durante o seu auge comercial, nos anos 90, o Sepultura teve a produção de palco que apresenta durante esta turnê, com telões tanto ao fundo quanto nas laterais do palco (estes em esquemas de ‘caixas’) e iluminação digna dos maiores shows de metal do mundo.

Crédito: Rafael Strabelli / Espaço Unimed/ Instagram

O setlist é certeiro em apresentar um passeio completo pela história da banda. Apesar de nem todos os álbuns estarem representados nas 25 músicas do repertório, ele inclui desde os primórdios da banda, com as canções Troops of Doom, Inner Self e Escape to the Void, passa pelo auge da popularidade e sucesso comercial, com canções obrigatórias do período do disco Arise até o Roots e destaca o trabalho de Derrick Green, vocalista da banda e integrante fundamental para a longevidade do Sepultura, que, além de estar se despedindo, também comemora 40 anos de carreira.

A maior duração do show traz a possibilidade da banda resgatar músicas que nem sempre eram escolhidas para compor os seus setlists, como Spit, do Roots (1996), ou Mind War, do Roorback (2003), canção que está entre as melhores da banda, mas que nunca recebeu o destaque merecido.

Fora as mencionadas, a escolha de setlist acertadamente coloca em lugar privilegiado as canções compostas durante o período em que Derrick Green esteve à frente dos vocais, época muitas vezes relegada pelos fãs mais radicais, apesar de ter durado mais da metade dos 40 anos que o grupo comemora.

Nada disso seria suficiente para um grande show sem uma grande banda. Quando a turnê foi anunciada, o guitarrista Andreas Kisser, que assume o papel de líder do grupo, declarou que a escolha era consciente para que o grupo parasse durante o seu auge. Pode até não ser o auge do Sepultura em toda a sua história, porém, é difícil argumentar que a banda não esteja em seu melhor momento em, no mínimo, dez anos.

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Crédito: Rafael Strabelli / Espaço Unimed/ Instagram

Isso se traduz tanto em estúdio, onde a banda vem lançado discos cada vez mais contundentes desde o Kairos (2011) até o Quadra (2020), e também ao vivo. Entrosada e intensa, o grupo não dá sinais de cansaço, seja tocando ou na interação com o público. No quesito interatividade, Derrick Green rouba a cena com o seu português aperfeiçoado desde 1997, enquanto o guitarrista Andreas Kisser divide o microfone para agradecer aos fãs.

Durante a música Kaiowas, que a banda apresentou em esquema de jam, o que não fazia desde a turnê do Chaos AD (1994), a banda contou com a presença do guitarrista Jean Patton (que substituiu Kisser quando ele teve que se afastar da banda para cuidar de sua esposa, Patrícia Kisser), João Barone, baterista do Paralamas do Sucesso, a banda Torture Squad, que abriu o show, Yohan Kisser, filho do guitarrista, e fãs.

No geral, o que se vê é uma banda disposta a encerrar com chave de ouro uma das mais belas e improváveis histórias da música brasileira e mundial: a banda de metal brasileira que virou um expoente do gênero no mundo, influenciando basicamente todos os grupos que vieram em sua esteira no planeta. Para descrever a importância do Sepultura para o Brasil, a América Latina e o mundo, não há superlativos.

Nekrutman

O novo baterista do Sepultura é Greyson Nekrutman e ele não tem tarefa fácil. Integrando a banda para esta turnê de despedida, ele foi convocado para a missão dias após a saída de Eloy Casagrande – um dos melhores bateristas de metal da atualidade, que foi se juntar ao Slipknot – e pouco antes do começo da turnê.

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Greyson foi muito bem recebido pelos fãs e já parece familiarizado com o repertório apresentado na turnê. A bateria do Sepultura é um instrumento de extrema importância pois é onde fica mais óbvia a tão alardeada mistura de metal com ritmos brasileiros, em grande parte por conta do trabalho de Iggor Cavalera no grupo.

Dos quatro bateristas que tocaram na banda, Greyson é, provavelmente, o único que não deixará registros contundentes no estúdio. Apesar disso, ele é provavelmente o mais versátil, tocando tão bem músicas complexas de jazz quanto as do Sepultura, não deixando espaço para o fã sentir falta dos seus antecessores, o que já é dizer muito.

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