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Arkie do BRock #28 – Registro singular da setentista Moto Perpétuo chega às novas gerações

Antes de ser catapultado para o topo das paradas de sucesso com um dos temas da novela Anjo Mau (1976), Guilherme Arantes enveredou pelas complexas teias musicais do progressivo. O autor de diversos hits que dominaram as programações radiofônicas nos anos 80 foi o vocalista, tecladista e principal compositor da paulistana Moto Perpétuo. E a única odisseia da banda acaba de sair das prensas em caprichada reedição em CD, pela WEA.

A trupe surgiu na efervescente primeira metade da década de 1970, instantes após a explosão dos Secos e Molhados – meteoro multicolorido que mostrou aos engravatados das majores que o roque tupiniquim era comercialmente viável.

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E foi justamente o empresário da banda que fez surgir Ney Matogrosso o responsável por levar a Moto Perpétuo para a Continental, selo brazuca que ajudou a consolidar o underground roqueiro made in Brazil. O nome foi sacado de uma peça clássica composta pelo violinista italiano Niccolò Paganin (1782-1840); considerado uma das inspirações musicais de Johannes Brahms (1833-1897).

A banda se originou em 1973, nos corredores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. Ocasião que Guilherme Arantes se tornou amigo de Cláudio Lucci (violões, violoncelo, guitarra e vocais), com quem descobriu inúmeras afinidades musicais.

Logo chamaram para trupe Diógenes Burani (percussão e vocais), Gerson Tatini (contrabaixo e vocais) e Egydio Conde (guitarra e vocais) – esse, posteriormente,  viria a substituir o mago Manito, no Som Nosso de Cada Dia.

Moto Perpétuo (1974)

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No ano seguinte a sua formação, o quinteto lançaria o disco homônimo batizado apenas com o nome do grupo. Fortemente influenciado pelo progressivo inglês (Genesis, King Crimson,Yes) e, sobretudo, o italiano (Premiata Forneria Marconi, Le Orme, Banco Del Mutuo Soccorso, Alphataurus), o álbum contribuiria para a inventividade sonora e poética para a história do rock brasileiro.

Além dos ecos vindos do Velho Continente, as 11 faixas do trabalho homônimo carregariam ainda revérberos de Clube da Esquina (em especial o Som Imaginário), O Terço e a fase mais elaborada (e menos comercial) dos Mutantes. E traz nuances que acompanharia o compositor paulistano nos seus dois primeiros trabalhos solos pela Som Livre – antes de se enveredar de cabeça para o som mais comercial.

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O discaço não foge das regras que agradam os fãs dos som mais elaborados. E nada deve às melhores safras do progressivo mundial. Há no trabalho as sementes que Guilherme Arantes iria explorar mais à frente, já que ele compôs 9 das 11 faixas – as outras duas, Três E Eu e Seguir Viagem, são de Cláudio Lucci.

Após o lançamento, o grupo não foi muito longe. Cada um seguiu um rumo musical. Guilherme Arantes rumou para a Som Livre, casa a qual lançou a nata de sua discografia. Conde seguiu para o Som Nosso de Cada Dia, importantíssima banda do progressivo brasileiro.

São Quixote (1981)

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Já o núcleo do grupo paulistano manteve-se unido, lançando no começo da década seguinte o que muitos admiradores consideram o segundo volume do Moto. Sob o nome São Quixote, o novo grupo reuniu Lucci, Tatini e Burani (mais Monica Marsola, que se juntou ao bando e assumiu os vocais).

Já nacionalmente famoso, Guilherme Arantes deu uma canja, e participou da gravação, tocando moog e piano em cinco faixas do LP da São Quixote. Esse trabalho único faz uma interessante ponte entre a MPB e o progressivo. Vale a pena ouvir com atenção.

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