DANIELLE CAMEIRA
Uma das melhores sensações de curtir muito o trabalho de uma banda é acompanhar seu desenvolvimento através do tempo. Na verdade, há controvérsias. Há quem prefira que as bandas mantenham seus estilos musicais e apresentem sempre “mais do mesmo”. Fato é que o som de todas elas evolui, mas nem sempre para a direção onde todos gostariam.
Coisa parecida está acontecendo com a banda americana de metalcore The Word Alive. Como esse espaço é uma coluna semanal, abro mão da neutralidade para afirmar que é uma das minhas favoritas, com músicos incríveis e está sempre pronta para me surpreender. Na semana passada, o quinteto lançou sua nova música Misery e dividiu a opinião dos fãs.
O lançamento, segundo eles, representa uma nova fase da banda e tem o objetivo de preencher um vazio entre o último álbum de estúdio (Dark Matter, lançado em março do ano passado) e o próximo, que ainda não tem previsão de lançamento.
Mais melódica e menos gritada do que o normal, a banda declarou que a música é muito pessoal e fala sobre um tipo de pessoa que todo mundo já conheceu durante a vida, aquela tóxica, capaz de se disfarçar no início de um relacionamento e que depois deixa transparecer suas “verdadeiras cores”.
Seja pela música mais tranquila ou a identidade mais colorida da banda, vale a pena ouvir a música e conhecer um pouco do trabalho do The Word Alive. Só lembrando: eles vêm ao Brasil em junho deste ano para apresentações em Curitiba e São Paulo, junto da Silverstein e For The Fallen Dreams.
Dança das cadeiras
Formada atualmente por Telle Smith (vocal), Zack Hansen (guitarra e backing vocal), Tony Pizzuti (guitarra e backing vocal), Daniel Shapiro (baixo e backing vocal) e Matt Horn (bateria), a The Word Alive nasceu em 2008, na cidade de Phoenix, no Arizona.
Mas a banda já sofreu uma boa dança das cadeiras desde seu início. Em uma das últimas colunas, em que falei sobre o início da Blessthefall, comentei que a banda havia sido fundada por Craig Mabbit, que acabou deixando a banda por problemas pessoais. Com o The Word Alive a história é parecida. Ela foi criada como um projeto paralelo de Mabbit, que já fazia parte do Escape The Fate. Em 2008, aconteceu algo parecido. Enquanto Mabbit estava em turnê com o ETF, foi substituído por Telle Smith, porque a banda queria seguir em frente com seu projeto e não poderia esperar por ele. O primeiro baterista da banda, Tony Aguilera, também saiu da banda ainda em seu primeiro álbum.
Já com bom entrosamento, lançaram em 2009 o álbum/EP Empire, com seis músicas. Muito mais gritado e com pouca pegada eletrônica – que é uma característica marcante da banda -, o álbum nos presenteou com músicas como The Only Rule is There Are No Rules.
Deceiver (2010)
Muito aguardado pelos fãs da banda, o primeiro álbum completo saiu do forninho em abril de 2010. Nele que, para mim, é um dos melhores trabalhos da banda não faltam gritos, breakdowns, riffs rápidos, samples eletrônicos e algumas músicas mais calminhas também.
A proposta do álbum era justamente esse: ser pesado e trazer músicas mais calmas e bonitas nas horas certas. E conseguiram. Entre as melhores, estão Battle Royale, 2012, Epiphany e You’re All I See.
Em 2010, a banda sofreu mais uma substituição: o baixista Nick Urlacher deixou a banda e foi substituído por Daniel Shapiro.
Life Cycles (2012)
Depois do sucesso do Deceiver, a banda saiu em turnê e, no final de 2011, entrou em estúdio para gravar um novo álbum. Enquanto o Life Cycles era gravado, a ideia era apresentar 17 músicas, mas a dança das cadeiras mudou o rumo da banda outra vez. O tecladista Dusty Riach e o baterista Justin Salinas deixaram o grupo e para finalizar o álbum convidaram Matt Horn (ele mesmo, novo baterista da banda). Em seguida, Luke Holland entrou como baterista já nas primeiras aparições ao vivo, sem ter participado do trabalho em estúdio.
Na época, Holland tinha apenas 19 anos, chamava muita atenção pela destreza na bateria em seu canal no YouTube e logo virou “a cara” do The Word Alive.
Muito pesado e gritado, a banda caprichou nos refrões mais melódicos – do tipo que dá vontade de cantar em coro sempre -, nos trechos eletrônicos e também na qualidade do som, mais maduro que os álbuns anteriores. Destaque para músicas como Bar Fight, Dragon Spell, Live a Lie e Life Cycles com seu coro I rather die for what I believe, than live a life without meaning.
Real (2014)
Se você pensa que as músicas que começam com gritos em coro terminaram, esqueça. Esse álbum é considerado como o mais “pessoal” do The Word Alive, com letras mais motivacionais e uma pegada mais leve em algumas músicas, mais melódicas do que em álbuns anteriores.
Não à toa, o álbum foi recebido com muito carinho pelos fãs. As músicas mais significativas do álbum, na minha opinião, são: Lighthouse, Runaway e Never Forget.
Prova de como esse álbum se apresenta mais pessoal, com letras positivas e mensagens motivacionais para os fãs, Lighthouse tem o seguinte coro: “We stand up tall / Even in the dark / Never forget we are a lighthouse burning all / They can’t hold us back / Never forget we are a lighthouse burning all / We will shine on / To bring us back home”.
Dark Matter (2016)
Letras mais profundas e músicas mais dinâmicas. Essa foi a proposta do último álbum de estúdio da banda, que queria presentear sua fã base com algo que representasse sua identidade. Não tem como não curtir o som de músicas como Trapped, Sellout e Made This Way.
O álbum marcou mais uma mudança na banda. Cinco anos após ter assumido as baquetas no The Word Alive, Luke Holland decidiu deixar o grupo por motivos pessoais em novembro do ano passado. Embora tenha deixado claro que não tinha qualquer outra banda em mente, estava decidido a continuar com sua produção musical e seu canal no YouTube (LukeHollandDrums). O canal, inclusive, é uma boa pedida para quem quer conhecer mais o trabalho flexível do baterista.