MÁRIO JORGE
Foto: Isabela Carrari
Como já falei em artigos anteriores, não dá pra reclamar das bandas que tocaram ou tocarão por aqui nos últimos anos. E neste mês, além do famigerado Rock In Rio, com atrações que dá pra pincelar, há outras oportunidades com quilate equivalente. Em setembro, por exemplo, duas lendas do rock aterrissam em São Paulo.
Uma é o The Who, a banda que emergiu para o público em meados dos anos 1960, em Londres, enquanto o mundo ainda era aturdido pelos ecos da Guerra Fria, a ascensão dos Beatles e as remadas furiosas dos Stones.
Pete Townshend (guitarra), Roger Daltrey (vocais), John Entwistle (baixo) e Keith Moon (bateria) deram os primeiros acordes de um rock que saía do fase iêiêiê. Para variar, britânicos, os quatro signatários dessa trupe já comia pelas bordas na esteira de seus compatriotas mais famosos. E foi crescendo, passeando pelo conceito Mod (turmas que se vestiam de acordo com suas preferências musicais), até desembocar num certo festival em terras americanas.
O Woodstock, em 1969, meio que apresentou o quarteto à fina flor do consumismo. Apesar da efervescência e do momento histórico (a cultura do paz e amor em oposição à guerra do Vietnam), Daltrey não curtiu a apresentação da banda. Disse, tempos depois, que a espera para subir ao palco levou em torno de sete horas, com seus membros já extenuados. Mas foi só um capítulo.
Ainda nos anos 1960, o Who lançou My Generation, com a carga poética, experimentalismos polêmicos e uma premonição de Keith Moon na música I hope I die before I get old (espero morrer antes de envelhecer). Ele morreu em setembro de 1978 após uma overdose de medicamentos contra o alcoolismo. A banda sofreria outro golpe fatal em 2002, com a morte de John Entwistle, antes do início de uma turnê nos EUA. Causa: ataque cardíaco provocado por uma quantidade não determinada de cocaína.
Enfim, tragédias à parte, o The Who produziu trabalhos memoráveis que os roqueiros de hoje deveriam conhecer. Além do fundamental My Generation, vale Quadrophenia, Tommy (opera rock), Who Are You e Endless Wire. E tem um filme imperdível que mergulha nos primórdios do grupo: Amazing Journey: The Story of The Who.
My Generation
Pinball Wizard (Tommy)
O filme recria a atmosfera londrina pós Segunda Guerra, recolhendo quase que literalmente os cacos gerados pelos bombardeios alemães em meados dos anos 1940. O resto, com a reconstrução do que foi devastado, passeia pela nova ordem que a Inglaterra (uma das vencedoras do conflito) passa a encarar. Tendências, músicas, moda, enfim… Veja lá!
Outro monstro sagrado é Alice Cooper. Pra falar a verdade, comecei a gostar de rock ouvindo o cara nos bailinhos que minha irmã organizava em casa e curtindo performances em programas de TV destinados ao gênero, ainda nos anos 1970.
Era um garoto ainda, nos meus 8 para 9 anos, quando ganhei um compacto simples (muita gente vai estranhar o termo, mas é o disquinho de vinil com duas faixas, uma de cada lado). As músicas eram Elected e Billion Dollar Babies. Era o máximo. Mais tarde, já com um LP nas mãos, difícil acreditar que não furei o disco de tanto ouvir.
Alice reinou (entre tantos monarcas) nos anos 70, com os olhos e a boca pintada em tons dramáticos e performances marcantes, com uma serpente. Depois, seguiu-se uma fase um tanto romântica do cantor, onde destilava canções mais suaves, como How You Gonna See Me Now e I Never Cry.
Alice Cooper seguiu seu caminho natural, atravessou décadas e voltou a abrir, nos tempos atuais, as cortinas de seu circo de horrores, onde não faltam decapitações, e, claro, muito hard rock. Pelos últimos vídeos que vi, o cara está em forma. Confere!
Elected
School’s Out
Serviço:
21 de setembro, Allianz Parque: The Who, mais The Cult e Alter Bridge
26 de setembro, Allianz Parque: Alice Cooper, mais Guns N’ Roses
