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Devil horn, dinheiro, polêmica e história no rock’n roll

MÁRIO JORGE

De vez em quando, surge uma polêmica no cenário do heavy metal. A mais recente foi protagonizada por Gene Simmons, baixista e vocalista do KISS. Ela envolve o tal símbolo do chifre (devil horn) feito por roqueiros pelo mundo afora. Pois é, já vi patentearem de tudo, mas esta doeu. Gene, ao que parece, quis registrar o chifre feito com as mãos como uma criação sua – o dele é um pouco diferente, pois também inclui o polegar. Pegou muito mal.

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A viúva de Ronnie James Dio, Wendy, logo tratou de relembrar que seu marido utilizava frequentemente o símbolo como reminiscências de uma tia italiana. Segundo a versão, era uma forma que a senhora usava para espantar maus espíritos. Feito o esclarecimento, sem meias palavras, Wendy mandou pau em Simmons.

“Não pertence a ninguém. É de domínio público”, afirmou Wendy, lembrando que o gesto já tinha sido exposto publicamente antes mesmo de Dio por John Lennon e a banda Coven, ambos no final dos anos 1960. Ela classificou o ato de Simmons como uma tentativa de fazer dinheiro, “algo nojento”. Por sinal, Gene e seus amigos de banda sabem muito bem como fazer dinheiro.

Sim, ao que consta, o chifre feito com a mão foi utilizado no rock em 1968/1969, com a banda Coven. A própria vocalista do grupo formado em Chicago, Jinx Dawson, também chiou com a intempestiva iniciativa do baixista do KISS e fez uma remissão ao álbum da banda, Witchcraft Destroys Minds & Reaps Souls. Na capa de uma das versões, dá pra ver os músicos expondo o devil horn.

Jinx estudou ópera e ocultismo. Por isso, quando formou a Coven, chamou quem tinha sintonia fina com os temas. Entre eles, o baixista Oz Osborne (não confundir com o Ozzy). A banda encerrava suas apresentações com o tradicional símbolo do metal, embora o peso das canções fosse mais na exploração de temas sombrios e psicodélicos. Aliás, o grupo também tinha uma música chamada Black Sabbath, outra coincidência com os rapazes de Birmingham.

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O que vale dessa polêmica, meio tosca, digamos, é que foi possível desencavar mais histórias do rock. Alguns blogs, mesmo nacionais, têm o condão de resgatar a existência de bandas como a Coven. Um deles, o Raridade Discos, conta boa parte da trajetória do grupo.

O criador do Blog’n Roll, Lucas Krempel, é outro que navega por esses mares esquecidos, trazendo para a superfície músicas/grupos que, por alguma razão, ficaram sem muitos registros históricos.

A Coven pode não ter se tornado uma banda de ampla repercussão, mas produziu trabalhos interessantes que influenciaram uma geração de outras bandas. Direta ou indiretamente, especialmente na linha do ocultismo, meio black ou death metal. Não somente pelas músicas, mas até pelas emblemáticas capas dos seus discos.

Vale conferir alguns trabalhos antigos e até os atuais da Coven:

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Witchcraft Destroys, de 1969

https://www.youtube.com/watch?v=nn31rnq8eTc

Roadburn Festival (Holanda) 2017

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Então, o linguarudo do Simmons pode ter errado no gesto (no sentido monetário, digamos), mas deu sua contribuição ao debate e à pesquisa. Yeah!

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