“A banda vai voltar para o rock”, diz guitarra do Neighbourhood

A banda americana The Neighbourhood retornou a São Paulo pouco mais de um ano após sua primeira passagem pela cidade, onde se apresentou no Lollapalooza de 2018 e fez um show solo no Cine Joia, dias antes do festival. Agora, mais experiente e com um set mais desenvolvido, o grupo californiano se apresentou em duas noites do Tom Brasil e embalou a casa, que estava lotada nas duas apresentações.

Antes da primeira apresentação da banda, na quinta-feira, o baixista Mickey Margott e o guitarrista Jeremy Freedman conversaram com o Blog n’ Roll nos camarins do Tom Brasil e comentaram sobre a relação da banda com a cidade de São Paulo, sobre o futuro do grupo e sobre os trabalhos solo do vocalista Jesse Rutherford.

Inicialmente, The Neighbourhood tocaria apenas no dia 14 em São Paulo. No entanto, a alta procura por ingressos fez o grupo abrir uma nova data, no dia 13. As entradas se esgotaram em poucas horas para as duas apresentações.

SP é a maior ouvinte do Neighbourhood

A alta procura por ingressos tem explicação. De acordo com o Spotify, São Paulo é a cidade que mais escuta The Neighbourhood no mundo, com mais de 170 mil ouvintes mensais, seguida por Cidade do México e Los Angeles. Contudo, para Mickey Margott, a banda ainda não toca na capital paulista com a frequência que gostaria.

“Sabemos que Nova York, Los Angeles, São Paulo, Cidade do México e Chicago são as cidades que mais escutam a gente. Infelizmente, não temos uma relação bem estabelecida com a cidade de São Paulo ainda, porque é um esforço bem grande vir tocar na América do Sul. Gostaríamos de tocar aqui muito mais, especialmente por ser uma das principais audiências que temos. Mas, as vezes que tocamos aqui foram memoráveis e tivemos momentos maravilhosos”, diz.

Volta ao rock

Atualmente, The Neighbourhood está em turnê para divulgar seus últimos três EPs, que formaram um álbum. Hard To Imagine The Neighbourhood Ever Changing traz uma mistura de influências de rock alternativo, sintetizadores e hip hop. Com ele, o grupo norte-americano tem feito shows repletos de cores, intensidade e hits (leia mais abaixo).

Apesar da mistura de estilos, a tendência é que The Neighbourhood tenha um som mais natural e com uma pegada mais rock n’roll nos próximos álbuns. De acordo com Jeremy Freedman, as primeiras conversas do grupo indicam que os trabalhos devem se voltar para um som mais orgânico no futuro.

“Eu diria que a banda vai se voltar um pouco mais para o rock n’roll no futuro. Pelas conversas que tivemos recentemente sobre novas músicas, sempre comentamos sobre o “elemento” banda. Porque nós temos tocado como uma banda que tem batidas de hip hop, mas que também tem sintetizadores modernos. Vamos tentar focar mais em tocar nossos instrumentos e fazer nosso som de forma mais natural”, explica.

Carreira solo de Rutherford

Um fator que pode influenciar essa “volta às origens” da banda é o projeto solo do vocalista Jesse Rutherford. Em abril, o frontman do The Neighbourhood lançou o álbum GARAGEB&, que mostra um lado um pouco mais rap-pop do músico. Para seus colegas de banda, o trabalho extra de Jesse é bom, não só para ele, mas para o grupo, porque deixa o artista livre para criar coisas novas, sem interferir no estilo do quinteto.

“Somos melhores amigos e saímos juntos toda hora. Ele nos mandou o álbum antes de lançar e nós pudemos ouvir com ele. Acho que o álbum mostra o que ele tem de melhor. É bacana ver ele indo nessa direção. Ele passou a arriscar novos acordes de guitarra, passou a compor ainda mais. Isso tem ajudado ele a virar o músico que ele sempre quis ser. E isso também ajuda a banda, já que ele pode deixar seu processo criativo fluir. Ele não precisa se preocupar muito com isso. No passado, as coisas acabavam sendo um pouco forçadas para ele, porque ele queria fazer algo que não combinava com a banda. Agora, The Neighbourhood pode ser The Neighbourhood e ele pode se expressar melhor com seu projeto solo. Acho que é importante que todos façam e publiquem músicas a parte. É saudável”, explica Margott.

Margott só pensa no Neighbourhood

Mesmo com o discurso de Margott sobre a importância de um trabalho solo, Jeremy Freedman conta que não tem planos para isso.

“Já pensei em fazer, mas nunca fiz. O Mickey e o Zach já fizeram. Brandon também tem bastante coisa a caminho. Já pensei em fazer algumas parcerias, mas não sou o tipo de pessoa que dirige algo assim. Faço muita música, mas acredito que tem muito mais para se fazer como um projeto a parte. Não sei se gostaria de ter todo esse trabalho”, conclui Freedman.