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Gibson, um ícone em decadência?

Se você ama rock e todas as suas vertentes, você conhece a Gibson. Conhecer a marca dentro da música é algo tão natural quanto respirar e comer.

Ter uma Gibson sempre foi meu sonho. Não pela simples marca, não como alguém que compra um iPhone pra se sentir pertencente a um determinado grupo social na vã tentativa de se tornar diferente da realidade que lhe cerca. Não. Definitivamente não é por isso que sempre quis ter uma Gibson.

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Como músico amador ter uma guitarra interessante, bacana e que fosse dinâmica o bastante pra desenvolver vários tipos de timbres e pegadas era o meu sonho. Sempre foi. É impossível você não ouvir um B.B King e não perceber a particularidade do som do cara usando a Lucille, ou mesmo do Slash e seu timbre ultra característico.

Bons guitarristas desenvolvem timbres únicos e a Gibson tem presença constante na criação de cada timbre, na evolução de muitos guitarristas icônicos.

No último dia 1°, a marca anunciou sua falência. Ela deve cerca de US$ 500 milhões por conta de empréstimos que precisou pegar para conseguir segurar as contas.

Mas, por que isso aconteceu?

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Claro, a Gibson não vai parar (ainda) de produzir suas guitarras. A marca é poderosa demais para simplesmente sumir. Já deve existir vários empresários estudando a possibilidade de comprar a empresa.

A falência é um processo e como todo há um monte de etapas. Provavelmente, em alguma delas, a marca será comprada por uma outra empresa gigante ou por algum magnata que esteja a fim de ter um novo negócio.

Uma das grandes teorias da marca estar vivendo esse momento é justamente pelo motivo de que estamos parando de nos interessar por música no sentido ativo. A gente ouve bandas pra caramba – todos os dias descobrimos uma centenas de bandas novas -, mas a gente parou de tocar, de montar bandas para o fim de semana e ser mais ativo musicalmente falando.

Perdemos nossa habilidade de nos relacionarmos. A gente passa tempo demais nas redes sociais, passa tempo mais no Facebook, no Netflix, e isso mudou nossa forma de nos relacionarmos –  bandas foram, muitas vezes, a forma de relacionar as pessoas, era a conexão offline que ligava várias peças, que faziam as pessoas aprenderem instrumentos e a serem também mais criativas.

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Uma das decisões que pode ter influenciado essa atmosfera de falência da marca pode ter sido até mesmo o trabalho sob o seu posicionamento de marca, porque eles começaram a querer inovar demais a fim de atrair novos públicos e descaracterizou bastante a marca.

A gente sabe que a Gibson não é uma guitarra para iniciante, podemos ver isso pelo próprio preço. A rejeição de tecnologias que a Robotic trouxe, por exemplo, foi o starting para dizer que quem curte a marca curte o clássico e não tá procurando aplicativos para colocar no instrumentos além dos pedais e um bom amplificador.

Já um outro grande fator é simplesmente estarmos vivendo em uma sociedade sem profundidade no que faz. Nos dias atuais, temos nos tornado cada vez mais generalistas e isso influencia muito até nas vendas de guitarras: as pessoas pulam de instrumentos a instrumentos com o objetivo de conhecer de tudo um pouco, mas poucos se especializam em um. Logo, não faz sentido você pagar US$ 2 mil em uma guitarra que você mal sabe o que pode fazer.

Que marcas morrem por não inovar isso não é novidade. Vimos a Kodak morrer, o Yahoo, a Blockbuster e muitas outras marcas fortes que não conseguiram perceber a alteração que os novos comportamentos sociais estavam fazendo no mercado.

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Será que “gostar de música de forma ativa” não está caindo em decadência? Ou estamos criando outras formas de produzir música, mas substituindo elementos como guitarras?

Existe rock sem guitarra?

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