MÁRIO JORGE
Beethoven, Bach, Mozart, Stravinsky, Brahms. Clássicos, históricos e autores de obras que atravessam o tempo, emocionam gerações e permanecem atuais. A sonoridade que não se finda, não vira cult, não é feita para uma única geração.
A epopeia desses grandes autores, tão viva séculos após séculos, guarda um parâmetro musical com o heavy metal. Não à toa, grandes bandas abrem seus shows com trechos clássicos. Algumas vão além, e tocam lado a lado com orquestras sinfônicas e seus músicos tão habituados a obras milimetricamente compostas.
O solo, a batida e o tom épico conduzem a uma viagem harmônica excepcional. É como se fosse o encontro de sons de duas épocas, com o retrato típico de fatos e influências, cada qual desnudando seu tempo.
O que dizer, por exemplo, de Yngwie Malmsteen e o concerto que realizou com a New Japan Philharmonic em 1998? Com forte influência da música clássica, o guitarrista sueco mostrou a simbiose perfeita ao tocar seu trabalho Suite for Electric Guitar and Orchestra in E flat minor Opus1 com a orquestra japonesa.
https://www.youtube.com/watch?v=7jdwjb9BUdk
A banda norueguesa Dimmu Borgir, de black metal, fez sua parceria com a Orquestra Sinfônica Nacional Tcheca. E apresentaram Mourning Palace, em 2012, como parte do álbum Forces Of The Northern Night. Isso em um dos principais festivais de metal do mundo, Wacken Open Air, na Alemanha. O grupo já havia feito exibição semelhante um ano antes, em Oslo, com a KORK (a Orquestra Norueguesa do Rádio) e o coral Schola Cantorum.
Wacken
https://www.youtube.com/watch?v=Z9ID0oxGqOg
Claro, que não estamos falando de nenhuma novidade. O Deep Purple já havia mergulhado nessa odisseia em ao menos três ocasiões: em 1969, com a Royal Philharmonic Orchestra, de Londres; em 2000, com a Orquestra Sinfônica de Londres; e em 2011 com a Neue Philharmonie Frankfurt.
O Kiss foi na mesma trilha e tocou à frente da Orquestra Sinfônica de Melbourne. Os músicos, não apenas os da banda, devidamente caracterizados executaram o Kiss Symphony Alive IV, em 2003.
Violinos, tambores, contrabaixos, violoncelos e até harpa. Sim, harpa para executar Batterry com o Metallica. A apresentação foi em 1999 ao lado da Sinfônica de San Francisco.
Uma das apresentações mais conhecidas traz Klaus Meine nos vocais. Era o Scorpions, em 2000, fazendo seus experimentos com a Berliner Philharmonicer Orchestra.
Metallica
https://www.youtube.com/watch?v=n5iMv_HVzqc
A versatilidade que uniu o metal ao clássico tem seus adeptos por aqui. Vale conferir a Enarmonika, banda catarinense que navega nesses mares turbulentos e cativantes das duas vertentes musicais.
Cada qual na sua época. Mas é a experiência é uma viagem sonora impressionante, que foge de parâmetros para reencontrá-los numa espécie de antropofagia cultural. Que rufem os tambores!