The Hellacopters empolga com nono álbum de estúdio; ouça Overdriver

A banda sueca The Hellacopters lançou Overdriver, o seu nono álbum de estúdio. O sucessor de Eyes of Oblivion (2022) tem 11 músicas distribuídas em 40 minutos. Overdriver está repleto de guitarras estrondosas e grooves arrebatadores, além de refrões marcantes e fáceis de cantar junto. O álbum tem albuns highlights como os singles Leave A Mark, (I Don’t Wanna Be) Just A Memory e Do You Feel Normal. Não menos importante, Wrong Face On e Faraway Looks também facilmente ficam na cabeça. Ouça o álbum abaixo.
Entrevista | Circa Waves – “Conforme você envelhece, se torna sentimental”

Death & Love Pt.1, o sexto álbum de estúdio da banda inglesa Circa Waves, já está disponível nas plataformas de streaming. O primeiro volume conta com nove faixas de guitar pop catártico. De acordo com a banda, o disco é um poderoso mecanismo de enfrentamento para processar a experiência de quase morte do vocalista Kieran Shudall. A segunda parte será lançada ainda este ano. No início de 2023, Kieran recebeu uma ligação dos médicos informando que sua artéria principal estava severamente bloqueada. Dois dias depois, ele estava deitado em uma mesa de cirurgia, assistindo um fio ser inserido em seu coração para corrigir o problema. O que se seguiu foi o cancelamento de vários shows do Circa Waves, o ajuste a uma rotina de medicação e, mais crucialmente, a necessidade de aprender a viver de uma nova maneira. E o resultado é simplesmente impressionante. Autoproduzido por Kieran, com engenharia de som de Matt Wiggins (Adele, Lana Del Rey, Glass Animals), as nove faixas de Death & Love Pt.1 exalam nostalgia e remetem aos sons e temas que fizeram Shudall querer pegar uma guitarra pela primeira vez. Shudall conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom, sobre o novo álbum, a recuperação após o problema médico, além da possibilidade do Circa Waves vir ao Brasil. Confira abaixo. Death & Love Pt. 1 parece um álbum profundamente pessoal e intenso sobre uma experiência de quase morte. Trouxe uma nova perspectiva para o trabalho da Circa Waves? Sim, acho que, no final das contas, quando algo louco acontece contigo e você tem emoções intensas, é como se novos tipos de melodias surgissem. Acho que naturalmente temos melodias de amor, medo, ódio ou algo assim como a ideia de desaparecer e ou morrer ou o que quer que seja. Isso criou um novo tipo de melodia que era interessante. O primeiro single que fizemos já transmite uma energia de superação. Qual foi a inspiração por trás de We Made It e como ela se conecta ao tema geral do álbum? Escrevi sobre um amigo que estava passando por um momento difícil e era eu meio que dizendo: “apesar de todos os momentos difíceis que passamos, ainda estamos aqui, nós conseguimos”. Queria que fosse bem aberto e relacionável para qualquer um, então se você estiver no meio da multidão, você pode sentir que é a pessoa que conseguiu, porque acho que todo mundo já passou por algo difícil, seja um término de relacionamento, perda de emprego ou a morte de um membro da família. Todo mundo precisa sentir esse otimismo de que a vida continua e você consegue. Isso é algo que você acha que teria escrito antes ou é por causa da sua experiência que começou a pensar mais sobre esses assuntos? Acho que é como a idade avançada. Conforme você envelhece, se torna sentimental e começa a pensar sobre a vida que você viveu e a mortalidade, além de todos esses tipos de coisas mórbidas. É o processo real de transformar uma experiência tão aterrorizante em um processo de cura através da música, porque você disse que era uma carta para dizer a si mesmo que você sobreviveria. Isso é algo fácil? Como foi a experiência real? Bem, acho que queria me esforçar para escrever músicas que fossem mais pessoais e que fossem sobre o assunto. Poderia escrever músicas que não fossem sobre isso, mas simplesmente saiu naturalmente. Senti a necessidade de escrever sobre isso, quase como quando alguém tem um diário e quer escrever sobre algo que o irritou ou algo triste, simplesmente saiu naturalmente e é meu tipo de catarse. Foi o meu jeito de superar isso. Isso ajuda já que escrevi músicas, sinto que é uma terapia para mim. Quais bandas ou artistas do passado mais inspiraram nessas composições? Consegue identificar? É muito parecido com aquela cena inicial de Nova York, os anos 2000, com o The Walkmen, Yeah Yeah Yeahs, The Strokes, The National e LCD Soundsystem. Essa energia bruta e o tipo de guitarras corajosas com a bateria estridente, os vocais distorcidos e tudo mais. Por algum motivo, sempre fui loucamente apaixonado por esse som, o que realmente não sei por quê. Porque muitas bandas de Liverpool só querem soar como os Beatles, mas sempre fui apaixonado pelos artistas de Nova York. Você pode mencionar dois ou três álbuns que o inspiraram muito na sua vida? Bows + Arrows, do The Walkmen, certamente Is This It, do The Strokes, além do Alligator, do The National, que foi uma grande inspiração para mim. E você e a banda têm um histórico de criar música que ressoa fortemente com o público ao vivo. Como você imagina que faixas como Let’s Leave Together e Like You Did Before impactarão os fãs nos shows? Acho que a letra é um pouco mais direta do que escrevi no passado. Escrevi muito pop ao longo dos anos com vários artistas fora da banda. E há algo sobre a simplicidade de um refrão pop que amo, e a letra é sempre tão direta. O primeiro disco que fizemos, Young Chasers, era melodicamente bastante pop, mas as letras eram meio vagas. E elas eram um pouco mais misteriosas, acho. Os refrões que escrevi neles ainda são bastante pop, mas acho que a letra é um pouco mais direta e sucinta. Então espero que o público sinta a necessidade de gritar de volta para mim agora. O álbum foi mixado por Matt Wiggins, que trabalhou com artistas como Adele e Glass Animals. Como foi essa colaboração? E o que ele trouxe para o som final do Circa Waves? Eu amo Matt, ele é simplesmente incrível, um engenheiro incrível. Ele grava as coisas com extrema proficiência. Ele é uma pessoa tão legal, é ótimo para trocar ideias e me deixa meio que “podemos tentar isso? Podemos tentar isso? Podemos tentar isso? E ele responde sempre positivamente. Ele nunca impede a banda de tentar nada. Ele é muito aberto e nos permite ser quem queremos ser. Como você
The Main Squeeze lança o incrível álbum Panorama

Após estrear uma apresentação ao vivo do novo álbum, a banda The Main Squeeze, conhecida por desafiar gêneros musicais, revelou seu sétimo álbum, Panorama, uma obra infundida com psicodelia e rock. Um trabalho que destaca a química única da banda, Panorama (produzido por Caleb Nelson) é uma impressionante vitrine do motivo pelo qual eles se tornaram um fenômeno de turnês nos EUA e conquistaram uma base de fãs apaixonada. Panorama é o álbum mais ambicioso do grupo até então. Seguindo com suas influências do soul, funk e rock, a banda também explorou novas sonoridades e texturas modernas, e o resultado é o disco mais forte deles até hoje. O álbum ainda é acompanhado de um material audiovisual gravado no deserto de Mojave, na Califórnia, em que a banda gravou uma performance ao vivo que se destaca pelas paisagens deslumbrantes do deserto. Tendo ganhado reconhecimento em veículos como NPR, Rolling Stone e Wonderland, colaborado com 6LACK, Gallant e Felly e regularmente realizado shows com presença de celebridades na cada vez mais famosa Squeeze House, a banda está criando um nicho único para si. The Main Squeeze é uma banda de cinco integrantes cuja história começou há uma década no campus da Universidade de Indiana. O grupo, que já saiu em turnê com nomes como George Clinton & The Parliament Funk, String Cheese Incident e Umphrey’s McGee, é amplamente reconhecido no circuito de música ao vivo da América do Norte.
Elton John e Brandi Carlile anunciam álbum de estúdio, Who Believes In Angels?

Elton John e Brandi Carlile anunciaram os detalhes de seu álbum de estúdio colaborativo Who Believes In Angels?, que será lançado em 4 de abril pela Island EMI Records. A novidade veio acompanhada do primeiro single do trabalho, a faixa-título Who Believes In Angels?. O conceito de Who Believes In Angels? foi desenvolvido por amigos íntimos e colaboradores regulares de Elton John, Brandi Carlile, além do produtor e compositor Andrew Watt. Eles se propuseram a criar um álbum de estúdio genuinamente colaborativo entre Elton e Brandi. O álbum misturaria músicas de Elton e músicas de Brandi, com contribuição de Bernie Taupin (colaborador de longa data de Elton) e Brandi nas letras, e Andrew Watt, produtor e parceiro, atuando como produtor, mediador e condutor criativo. Depois de entrarem no Sunset Sound Studios, em Los Angeles, em outubro de 2023, com uma folha de papel totalmente em branco, eles saíram de suas zonas de conforto para escrever e gravar um álbum totalmente do zero em apenas 20 dias. Foram apoiados por uma banda de músicos de primeira classe composta por Chad Smith (Red Hot Chili Peppers), Pino Palladino (Nine Inch Nails, Gary Numan e David Gilmour) e Josh Klinghoffer (Pearl Jam, Beck). Esta é a primeira vez que Elton permite que câmeras filmem suas sessões de composição e gravação. Câmeras estáticas posicionadas pelo estúdio captaram milhares de horas de imagens brutas e documentaram todo o processo criativo — colapsos, descobertas, lágrimas, folhas de letras rasgadas e tudo mais. As filmagens espontâneas oferecem aos fãs uma visão sem precedentes e extremamente honesta do processo criativo emocionalmente turbulento de Elton, Brandi e o restante da equipe. Os resultados dessa fricção criativa são impressionantes; o escopo caleidoscópico de Who Believes In Angels? gera comparações a alguns dos melhores trabalhos de Elton. As baladas coexistem com o rock and roll cru, as canções pop e a música de raiz americana em tons de country se misturam com a psicodelia de sintetizadores. É um álbum tão inesperado quanto triunfante. Elton parece totalmente revitalizado. Brandi soa como uma cantora e compositora no auge absoluto de seu talento, sua voz se encaixa com a de Elton como uma mão em uma luva. As músicas resultantes conseguem, de alguma forma, ser inequivocamente o trabalho de Elton John e Brandi Carlile, ao mesmo tempo em que soam diferentes de qualquer álbum que ambos tenham feito antes. “Este disco foi um dos mais difíceis que já fiz, mas também foi uma das melhores experiências musicais da minha vida. Ele me deu um lugar onde sei que posso seguir em frente. ‘Who Believes In Angels?’ é como entrar em outra era, estou abrindo a porta para o futuro. Tenho tudo o que fiz por trás de mim e tem sido brilhante, incrível! Mas este é um novo começo para mim. No que me diz respeito, este é o início da fase 2 da minha carreira”, comenta Elton. “Ainda estou me recuperando do fato de ter feito isso. Acho que tudo se eleva com os padrões de composição de Elton John. Foi um ambiente incrivelmente desafiador e inspirador para se trabalhar, todo mundo dando ideias e ouvindo as ideias dos outros. Parecia uma família. O mundo é um lugar selvagem para se viver neste momento. É difícil encontrar paz e triunfo. É um ato radical buscar acontecimentos alegres e eufóricos. E é isso que esse álbum representa para mim”, finaliza Brandi. Lista de faixas de Who Believes In Angels?
Rose Gray lança seu álbum de estreia Louder, Please; ouça!

O álbum de estreia de Rose Gray, Louder, Please, já está disponível no streaming via Play It Again Sam. O disco chegou acompanhado do single principal Everything Changes (But I Won’t), uma canção de amor reflexiva que serve como uma ode à resiliência e ao amor próprio. Um passo confiante para longe do som vibrante pelo qual Rose se tornou conhecida, o single é mais lento e suave, mas sentimental e tocante em sua essência. “Everything Changes (But I Won’t) é, no fundo, uma canção de amor. Acho que estar apaixonado pode parecer como estar no olho de um furacão, mas com força, você pode suportar o caos e transformá-lo em algo muito bonito. O verso I still feel that love é o meu favorito. É simples, mas transmite tudo o que quero expressar. Estou apaixonada pela mesma pessoa há muito tempo, e essa música reflete esse crescimento. Embora o resto do meu álbum tenha uma energia mais intensa, adoro a simplicidade dessa faixa. O sintetizador pulsante parece uma onda rolando, me colocando em um estado de transe e me trazendo de volta ao ponto onde parei.” O álbum Louder, Please foi introduzido com uma série consistente de singles que marcaram a segunda metade de 2024. Mais recentemente, Party People, um verdadeiro hino das pistas de dança — lançado estrategicamente na véspera de Ano Novo e no aniversário de Rose — foi o quinto e último single da campanha. Inspirado pela paixão da artista pela cultura dos clubes e pelas noites despreocupadas, a música foi escrita após uma sessão em Paris com Sega Bodega. Antes disso, Rose já havia entregado sucessos irresistíveis como Free, Angel Of Satisfaction, Switch e Wet & Wild. Além dessas faixas, 2024 foi um ano marcante para a cantora, que colaborou com Ben Hemsley (Tidal), Megra (Elixir) e TSHA (Girls), além de se apresentar no Glastonbury ao lado de Shygirl, lançar sua própria festa club (Rose presents Gray Selects), gravar uma sessão no Maida Vale para a BBC Sounds e anunciar sua primeira turnê como headliner no Reino Unido em março de 2025. Agora, com uma indicação ao prêmio MTV Push Artist de 2025, Rose Gray consolida seu status como uma estrela em ascensão na música e na moda. Desde seu título assertivo até seu som audacioso, Louder, Please apresenta Rose Gray reafirmando sua identidade com confiança — mas com a polidez britânica característica. O álbum é uma declaração de intenções refletida na diversidade de colaboradores, que vão desde os renomados produtores pop Justin Tranter (Lady Gaga, Chappell Roan) e Zhone (Troye Sivan) até nomes do underground eletrônico como Sega Bodega, Uffie e Alex Metric. O álbum combina verdades íntimas com hedonismo das pistas de dança, não apenas evocando uma noite transformadora — com novos rostos, amizades escolhidas, altos e baixos intensos — mas também contando a história de Rose Gray: uma vida vivida através da música club, sempre da maneira mais intensa possível. Essa visão e estética refinada alcançam um novo patamar em Louder, Please, álbum no qual Rose Gray controlou todos os detalhes, dos beats às visuais ensolaradas. “Sempre fui obcecada por música ALTA, desde viagens de carro tarde da noite com meu pai até passar minha adolescência grudada nas caixas de som dos clubes. O título do álbum nasceu espontaneamente no microfone — uma piada recorrente, porque eu sempre pedia para aumentarem o volume (louder, please). Passei dez anos escrevendo para mim e para outros artistas, explorando diferentes cidades e suas festas — mas sempre soube que estava trabalhando para criar um projeto que unisse tudo isso e representasse todas as minhas facetas. Tenho algo na minha personalidade que me leva a buscar novas experiências constantemente. Também tive meu coração partido, me apaixonei novamente e me tornei uma mulher nesse processo. Para mim, Louder, Please captura o rave, o etéreo, meus amigos e nossas histórias. É pop clássico, mas com raízes firmemente fincadas no underground. Seja na praia ou na pista de dança, quero que essas músicas encontrem um lar na vida de outras pessoas. Então aproveitem — mas não se esqueçam de tocar BEM ALTO, por favor”, reflete Rose.
Álbum de estreia da venezuelana Joaquina chega ao streaming; ouça “al romper la burbuja”

O álbum de estreia da cantora venezuelana Joaquina, al romper la burbuja, apresenta um mundo de emoções à flor da pele e, no centro disso, está seu novo single, capricho. Esse hino pop de alta energia captura o caos emocional de um amor que é, ao mesmo tempo, tóxico e irresistível. Joaquina, de 20 anos, canta sobre a luta de se apegar a alguém que já não está mais presente, mesmo sabendo que isso não faz bem. “Odeio ser caprichosa”, ela confessa, enquanto continua sonhando com um pedido de desculpas que nunca virá. Capricho mistura desilusão com empoderamento, transformando a vulnerabilidade em força. É a música perfeita para quem já amou e perdeu, preparando o terreno para um álbum que explora as complexidades do coração. A faixa é a introdução ideal para al romper la burbuja, um conjunto de canções tão fortalecedoras quanto catárticas.
Após adiar por causa dos incêndios em Los Angeles, The Weeknd lança Hurry Up Tomorrow

The Weeknd lançou o álbum Hurry Up Tomorrow, via XO/Republic Records. O novo álbum segue um 2024 de discos, ano em que The Weeknd se tornou o primeiro artista da história a ter 27 músicas com mais de 1 bilhão de streams no Spotify. Hurry Up Tomorrow é o capítulo final e mais pessoal da aclamada trilogia do artista, iniciada com After Hours (2020) e Dawn FM (2022). O novo álbum conta com vários feats, como Justice, Anitta, Travis Scott, Florence + The Machine, Future, Playboi Carti, Lana Del Rey, entre outros. Originalmente programado para ser lançado em 24 de janeiro, seguido de um show de uma noite no Rose Bowl, Hurry Up Tomorrow foi adiado devido aos efeitos devastadores dos incêndios de Palisades e Eaton. Em relação às pessoas afetadas pela tragédia, The Weeknd optou por cancelar o show de lançamento do álbum marcado para o Rose Bowl de Pasadena e doou US$ 1 milhão para a LAFD Foundation, o Wildfire Relief Fund do GoFundMe e o LA Regional Food Bank. The Weeknd começou a criar expectativa para o projeto revelando a capa do álbum e anunciando um show especial de uma noite no Estádio MorumBis, em São Paulo. A apresentação, transmitida exclusivamente pelo YouTube, atraiu milhões de espectadores em todo o mundo e contou com participações surpresa de Playboi Carti e Anitta. O evento, com ingressos esgotados, tornou-se a apresentação musical mais comentada nos Estados Unidos e em outros 24 países, consolidando ainda mais o status de The Weeknd como ícone musical global. Mais tarde neste ano, The Weeknd também vai estrelar, ao lado de Jenna Ortega e Barry Keoghan, um longa-metragem inspirado em seu novo álbum. Hurry Up Tomorrow foi escrito e dirigido por Trey Edward Schults para a Lionsgate e será lançado em 16 de maio de 2025, exclusivamente nos cinemas. O thriller psicológico é inspirado e apresenta novas músicas de The Weeknd, que fez a trilha sonora do filme com Daniel Lopatin.
Tátio estreia disco solo Contrabandeado com participações de Zeca Baleiro e Juliana Linhares

O que acontece na fusão da contradição? Qual o resultado do encontro entre o proibido e o desejado? Como expressar a dualidade das abstrações humanas? A ânsia pela liberdade sexual em meio a solidão nas metrópoles e o papel da utopia e da fé em contraponto ao desencanto da realidade moderna são algumas das questões que o cantor e compositor Tátio observou em viagens e transformou em seu primeiro álbum-solo, intitulado Contrabandeado. Com a participação de Zeca Baleiro e Juliana Linhares, e produção de Chico Neves, o disco já está disponível nas plataformas de streaming de áudio. Tátio é um artista mineiro que atua na música há mais de dez anos. Cantor do Carnaval de Belo Horizonte com o bloco Circuladô e com a Orquestra da Percussão Circular, ele foi o fundador da banda Caldêra e sua composição Longe de mim foi premiada, em 2020, com o primeiro lugar no Festival Nacional da Canção. Agora, a faixa integra seu novo álbum e se tornou um feat com Zeca Baleiro. Essa e outras letras foram construídas ao longo de três anos e meio, viajando de caminhão pelo Brasil e América Latina. “Muitas das canções foram feitas na estrada, com ideias erguidas nas vivências das andanças. A escolha do nome do álbum veio da vontade de expressar um contra fluxo de ideias que muitas vezes se esconde nos confrontos psicológicos e sociais que nos cerceiam”, explica o cantor. “O ‘contrabando’ está menos no sentido mercadológico e mais na transmissão de pensamentos e sensações que desejamos passar na poética e na musicalidade das canções”, complementa. Para além das composições, a sonoridade do disco, construída junto de Chico Neves, produtor conhecido por trabalhos com nomes como Los Hermanos, O Rappa e Os Paralamas do Sucesso, no Estúdio 304, traz um movimento antropofágico de unir arranjos de indie rock com uma “linguagem rítmica bem brasileira”. “Estamos fazendo uma experimentação estética, com canções muito brasileiras, mas com a utilização de sintetizadores e programações que dão essa cara mais ‘gringa’, mais associada ao indie rock”, descreve Tátio. “Contrabandeado é, com certeza, um dos melhores álbuns que já produzi e o Tátio é um artista nato, de uma voz potente, única, de fato. Foi lindo essa parceria ter acontecido e é um lindo disco, que todos merecem ouvir”, afirma Chico. Contrabandeado conta com nove músicas e começa com a canção Será que Eu Sou Louco, lançada como single em novembro de 2024. A letra, descrita pelo compositor como “um hino bissexual”, é também um registro utópico, onde todos têm acesso à terra e aos direitos fundamentais. Com uma sonoridade eletrônica, a faixa também reivindica uma reflexão irônica sobre as fronteiras entre o sonhar e a fantasia. Lançada em agosto do ano passado, Radar fala sobre a vivência em Belo Horizonte. Tátio faz uso de percussões programadas para criar um ritmo envolvente enquanto versa sobre vigilância e controle em uma cidade que tem olhos em todos os lugares, onde quase todos se conhecem. Longe de Mim, com Zeca Baleiro, vem na sequência. A música aborda o processo de desencanto com a pessoa amada e a vontade de se libertar de uma relação abusiva. Tátio e Zeca cantam sobre o desejo pelo fim e pelo distanciamento com uma abordagem melancólica, executada por um violão cadenciado e sintetizadores bem presentes no arranjo. Divulgada em setembro de 2024, Reza Milagreira, com participação de Juliana Linhares, foi escrita na divisa entre Paraguai e Bolívia. Tátio compôs sobre uma entidade que aparece no horizonte para anunciar o fim da tirania e da exploração sistêmica. “É como uma voz messiânica para anunciar o fim do terror naquela região”, segundo ele. Em seguida, Anhangabaú aborda de forma bem irônica e crítica a necessidade de estar sempre em evidência em um mundo teleguiado, de relações cada vez mais voláteis. Numa reflexão sobre a mercadorização do indivíduo na corrida pelo sucesso, a canção é construída em cima de linhas de flautas e sintetizadores. A atmosfera mística segue na faixa Seres Distantes, inspirada na relação do cantor com o esoterismo e com os estudos mediúnicos. “Fala sobre o lugar do invisível e espiritual, mas também sobre o medo de amar, se entregar, de reconhecer que o amor também está no ato de compartilhar as falhas”, afirma. Como Um Jogador é uma composição política sobre o poder de superação das adversidades da vida através da “ginga de um jogador”, reforçando a capacidade de se reinventar em ambientes hostis, preservando a utopia de um mundo justo, sem desigualdades. Sonho Antigo, a oitava canção, é autobiográfica. Tátio escreveu quando trabalhava como garçom em Belo Horizonte e sonhava trabalhar exclusivamente na sua própria música pelas estradas do país. A nona e última faixa leva o mesmo nome do disco e traz uma síntese estética do trabalho. Contrabandeado foi lançada em dezembro. A letra aborda a história de um jovem que, ao lado de seu melhor amigo, parte em busca de oportunidades, mas acaba confrontando a realidade brutal da marginalização e da exploração. Em um desabafo emocionante, a música é apresentada como uma carta do protagonista para sua mãe, expondo a solidão, o desespero e as memórias de um laço fraterno interrompido pela violência. “Contrabandeado é um disco irreverente, que prega uma revolução comportamental e questiona as relações líquidas na metrópole. O contrabandear, no sentido poético, é a reivindicação do risco, de entregar algo que não está tão disponível nas prateleiras da grande indústria. Na contra corrente, o disco é um experimento ousado, mas que não abandona a veia sensível e popular da canção”, conclui Tátio.
Entrevista | Rô Araújo – “Acho muito importante que a gente se una”

Unindo influências da MPB, do jongo, do funk, da bossa nova e da cumbia, o álbum de estreia da cantora carioca Rô Araujo, Afruturo, é um destaque no cenário musical. O disco aborda temas importantes como liberdade de expressão, ancestralidade e empoderamento feminino. Com 12 faixas que narram histórias marcantes, o álbum conta com as participações especiais das artistas Ananda Jacques, Aiane e Ju Santana, agregando vivências e perspectivas de uma mulher preta suburbana, nascida em Nova Iguaçu. A faixa de abertura, Nesse Som, ganha destaque com um clipe gravado na cidade natal da cantora. O vídeo inclui uma transcrição inédita em Libras e a participação de artistas independentes da Baixada Fluminense, reforçando o compromisso de Rô com a inclusão e a valorização de talentos locais. Em entrevista ao Blog n’ Roll, Rô Araujo falou sobre o processo de criação do álbum, suas inspirações pessoais, os desafios de ser mulher em uma sociedade desigual e a mensagem por trás do trabalho. Primeiro, queria que você falasse sobre o seu álbum como conceito, o nome Afruturo é bastante simbólico. Qual é o significado por trás dele e como ele reflete as mensagens que você quer transmitir? Esse álbum, na verdade, foi surgindo muito aos poucos. Cheguei a esse conceito quando comecei a juntar as peças do que queria transmitir através das músicas. Acho que é uma visão afrofuturista, tenho trazido esses conceitos, mas no sentido de que a gente poder se permitir projetar um futuro. Claro, que sem rejeitar o nosso passado, entendendo a nossa história. Acho que quando a gente está bem enraizado conseguimos nos posicionar e enxergar novas possibilidades. Então… por isso Afruturo. Que acho que se comunica bem com as músicas que já estava compondo. E aí depois fiz outras que acredito que complementam bem o álbum. Você já tinha mencionado que a ideia de fazer o álbum surgiu de um momento muito difícil da sua vida. Queria saber o que aconteceu, mas, acima de tudo, saber como isso impactou na sua vida pessoal e profissional. Há quatro meses, mais ou menos, tive uma gravidez ectópica, uma gravidez fora do útero. Então, foi um momento de muitas reflexões. Claro que foi um momento também pesado emocionalmente, mas acho que foi uma virada de chave para perceber outras coisas. Porque corri risco de vida também, por causa da gravidez. Acho que quando a gente está de frente para um momento tão difícil, começamos a nos questionar, né? Se eu morresse hoje, eu já fiz tudo o que queria? Me deu um estalo, assim, também, de pensar o que quero criar, o que quero trazer ao mundo, para além de uma gravidez e um bebê. Então, pensei, ‘nossa, quero criar músicas, quero colocar no mundo, dar luz às minhas ideias também’. E acho que foi o momento-chave, assim, de pensar em sair desse lugar de ficar o tempo inteiro pensando que sou uma artista independente e que não tenho dinheiro. Vou fazer do jeito que dá para fazer. E coloquei as ideias para frente, então, foi isso que aconteceu, que me deu uma virada de chave. Na verdade, a gente só tem uma chance na vida. Quando a gente leva um susto, acho que as coisas ficam mais claras. É realmente importante, vou levar à frente apesar dos medos, das inseguranças. Já tocando nesse assunto, duas músicas que me chamaram mais atenção foram Todo Mundo Vai Julgar e Egocêntrica, principalmente por abordarem temas como autocuidado e amor próprio. Como você define esses conceitos na sua vida? Na minha vida? É interessante você falar dessas músicas porque estava conversando com a minha mãe sobre elas. Ela disse: “Egocêntrica? Eu poderia ter feito essa música”. Acho que comecei a observar muito. Foi uma música que pensei bastante antes, no conceito, na ideia, no tema. E pensei: “poxa, eu queria tanto uma música que fosse como um mantra para me lembrar de me cuidar, sabe?”. Observo muito isso nas mulheres da minha família e nas minhas amigas, essa queixa e essa sobrecarga, sabe? De estarem sempre de olho nas necessidades dos outros, cuidando dos outros, mas pouco de si mesmas. Então acho que essa música me lembra de me cuidar, de me centrar em mim mesma, sem me sentir culpada por isso. Todo Mundo Vai Julgar reflete um incômodo que tenho. Não é porque escrevi essa música que estou isenta de preocupações estéticas. Acho que ser mulher e viver nesse momento é muito sobre isso: lidar com essas questões. Mas também é sobre o incômodo com as redes sociais, sabe? O fato de todo mundo estar o tempo inteiro usando filtro e o medo de se expor naturalmente. A comparação excessiva, os retoques, as cirurgias… E o quanto tudo isso demanda tempo, energia e dinheiro. Às vezes, vejo amigas jovens, de vinte e poucos anos, preocupadas em gastar dinheiro com essas coisas. Então penso: por quê? Como isso suga a nossa energia, assim como a demanda de cuidar das pessoas. Tudo isso me faz refletir muito. Queria expressar de alguma maneira essas minhas preocupações, questionamentos e incômodos. É isso. Bom, você fez algo totalmente voltado tanto para as mulheres negras quanto para as mulheres em geral. A parceria com outras mulheres no disco é algo muito marcante. Como foi construir esse “porto seguro” com elas? Com essas parceiras, especialmente, foi muito fácil e fluido, apesar de elas estarem envolvidas em outros projetos e, às vezes, não termos tempo para nos encontrar. A maior dificuldade foi mesmo parar e fazer acontecer, sabe? Acho que estamos em um ritmo de muitas demandas e pouco tempo para criar. Mas, quando decidimos tentar e criar, foi muito interessante. Com a Ju Santana, foi super natural. Ela é minha amiga há muitos anos, e há muito tempo queríamos compor juntas. A Yane conheci através do programa Mares, que foi uma residência artística só para mulheres, promovida pelo Movimento das Mulheres Sambistas, e desde então temos composto juntas. A Nanda Jacques conheci em um sarau só de mulheres,