Nostalgia pura domina apresentação do Judas Priest no Knotfestival

Não deu nem tempo de digerir a apresentação do Bring Me The Horizon no Knotstage, quando Rob Halford, o Metal God, subiu ao Carnival Stage com o Judas Priest. E veio com a nostalgia lá em cima. Tocou apenas três músicas dos álbuns dos anos 1990 para cá, sendo duas do Painkiller (1990) e a faixa-título de Firepower (2018). Para quem é fã, já era esperado um repertório mais calcado nos clássicos. Recentemente, em entrevista ao programa The Best Show With Tom Scharpling, Halford falou da relação com as músicas mais antigas. “Quando você vai ver o Judas Priest e tocamos Breaking The Law ou Living After Midnight, não é 2022, é 1980. Você está com sua namorada, seu namorado, seu parceiro, quem quer que seja, ou sozinho, você ouve essas músicas e se lembra de quando estava na faculdade, na escola, na parte de trás do ônibus ou de carro, de férias, todos esses belos sentimentos e emoções irrompem nesta palavra, nostalgia”, afirmou o Metal God, em transcrição publicada pelo site Brave Words. Não à toa, Breaking the Law e Living After Midnight foram as responsáveis por fechar a apresentação. Poucos artistas conseguiriam arrastar público para o palco secundário antes do Slipknot. O Judas conseguiu. Os menos apaixonados deixaram o palco um pouco antes do fim. Setlist Electric Eye Riding on the Wind You’ve Got Another Thing Comin’ Jawbreaker Firepower Devil’s Child Turbo Lover Steeler Between the Hammer and the Anvil Metal Gods The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (Fleetwood Mac cover) Screaming for Vengeance Painkiller Bis Hell Bent for Leather Breaking the Law Living After Midnight

Bring Me The Horizon transforma Anhembi em lata de sardinha

Após surpreender os fãs com uma jam com Pabllo Vittar na sexta-feira (16), no Vibra SP, a banda inglesa Bring Me The Horizon entregou mais um show divertido e empolgante no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. A apresentação do Bring Me The Horizon foi a primeira a realmente transformar a pista do Anhembi em uma lata de sardinha. A cada pedido do vocalista, Oli Sykes, por circle pits, o desespero tomava conta de quem estava na grade. E Oli, que é casado com a modelo brasileira Alissa Salls e tem casa em Taubaté, no interior de São Paulo, diverte o público o tempo todo. Conversa em português em todos os momentos, pede para os fãs avaliarem a pronúncia das palavras e comanda os movimentos dos apaixonados pela banda. O setlist foi feito para entreter do início ao fim. Can You Feel My Heart, Happy Song, Teardrops e MANTRA em sequência, logo no início, incendiou o público, que até então estava bem tranquilo. Antes de tocar Dear Diary, faixa do EP Post Human: Survival Horror, que domina toda a temática do telão do show, a banda fez uma pequena cena, correndo para o backstage, como se tivesse dado uma pane elétrica. Tudo encenação, mas enganou uma parte do público. Sempre atento no que os fãs estão gritando, Oli promoveu uma pequena mudança no repertório. Tirou Follow You, incluiu Sleepwalking. A reta final guardou outra trinca especial para o público: Drown, com Oli indo cantar no meio da galera, Obey, principal som do EP Post Human: Survival Horror, que tem a participação de Yungblud no telão, além do hit Throne. A lamentar apenas a falta de destaque para o álbum amo, que foi sucesso comercial. Mas é compreensível. Quando veio ao Brasil pela última vez, em 2019, amo teve cinco faixas tocadas. Agora, com Post Human ainda fresquinho, foram cinco do novo EP e apenas uma do último disco. Setlist Can You Feel My Heart Happy Song Teardrops MANTRA Dear Diary, Parasite Eve sTraNgeRs Shadow Moses Itch for the Cure (When Will We Be Free?) Kingslayer DiE4u Sleepwalking Drown Obey Throne

Pantera homenageia integrantes falecidos e relembra clássicos

Certamente o nome mais polêmico do lineup, o Pantera dividiu o público. À frente do Carnival Stage, onde se apresentou, comoção e circle pit o tempo todo. Já no Knotstage, que teve um telão disponível para exibir a apresentação, vaias, xingamentos e reclamações. Motivo? Phil Anselmo. Em janeiro de 2016, o vocalista do Pantera fez saudação nazista e gritou white power durante uma apresentação no Dimebash, na Califórnia. Cancelado por mídia, fãs e outras bandas, o músico ainda tentou voltar no que disse, mas foi em vão. Hoje, muitos músicos consagrados tentam integrar Phil Anselmo no cenário. Integrantes do Slipknot, Judas Priest e Sepultura comentaram ou convidaram o artista para uma jam. Em entrevista à Veja, por exemplo, Rob Halford falou porque aceitou dividir o palco com Anselmo. “Espelho-me no Papa João Paulo II, que foi até a prisão onde estava o homem que tentou assassiná-lo e o perdoou. Se você carrega negatividade e ódio, isso só lhe fará mal. Rejeito o nazismo, rejeito o antissemitismo e sei como é ser discriminado. Phil é um bom amigo, amoroso e apaixonado pela música”. E o show? Phil Anselmo veio acompanhado de um grande time. Além de Derek Engemann, que substituiu o baixista original, Rex Brown, que está com covid, contou com o incrível Zakk Wylde (Black Label Society e Ozzy Osbourne) e Charlie Benante (Anthrax) nos lugares dos falecidos Dimebag Darrell e Vinnie Paul. Os álbuns Vulgar Display of Power (1992) e Far Beyond Driven (1994), dois dos principais da discografia da banda, dominaram o setlist, com cinco e quatro faixas, respectivamente. O repertório do Pantera ainda incluiu Planet Caravan, do Black Sabbath, Cowboys From Hell e uma linda homenagem aos ex-integrantes da banda. Emocionado com o carinho dos fãs, Phil Anselmo agradeceu sempre ao término de cada canção. A imagem contrastava bastante com a reação do público do Knotstage. Por lá, só vaias e xingamentos. Setlist A New Level Mouth for War Strength Beyond Strength Becoming (com ‘Throes of Rejection’) I’m Broken (com ‘By Demons Be Driven’) 5 Minutes Alone This Love Yesterday Don’t Mean Shit Fucking Hostile Cemetery Gates Planet Caravan (Black Sabbath cover) Walk Domination / Hollow Cowboys From Hell

Mike Patton comanda dream team do Mr. Bungle com peso e piadas da Copa

O Mr. Bungle, que mais parecia um dream team, veio na sequência do Sepultura, no Knotstage. Liderado pelo maluco Mike Patton (Faith no More e um milhão de outros projetos), a banda reuniu ainda dois membros originais do projeto, Trey Spruance e Trevor Dunn, além de Scott Ian (Anthrax) e Dave Lombardo (Slayer). No palco, Mike Patton é o grande centro das atenções. Vestido com uma camiseta branca da seleção brasileira com um número 5 e “pentacampeão” nas costas, ele não deixou a Copa do Mundo passar em branco. “Estão felices pela Argentina? Si? No? Si? A França cagou”, disse em português, arrancando aplausos, vaias e risos. A apresentação do Mr. Bungle teve início com a versão de Won’t You Be My Neighbor (Fred Rogers), mas logo deslanchou com o hardcore de Anarchy Up Your Anus. Raping Your Mind e Bungle Grind vieram na sequência, garantindo que o público não ficasse parado. Boa parte dos fãs mais próximos ao palco eram novos e desconheciam a história dos lendários músicos que estavam ali. Mas eles retribuíram a energia despejada por eles com muito entusiasmo nos aplausos e circle pit. Antes de tocar Hypocrites, Patton voltou a falar em português com os fãs. “Quero dedicar essa música para o filho da puta do Bolsonaro”, arrancando gritos contrário ao quase ex-presidente. O set ainda incluiu uma pequena homenagem ao Slayer, com Hell Awaits tendo o seu início tocada pela banda, além de covers do Seals & Crofts, Stormtroopers of Death e Circle Jerks. No fim, Patton anunciou que cantaria uma canção muito especial chilena. Foi a deixa para iniciar Gracias a la vida, de Violeta Parra. O set ainda guardou uma surpresa na última música. Com as participações de Andreas Kisser e Derrick Green, o Mr Bungle tocou a clássica Territory, do Sepultura, com Patton e Green dividindo os vocais. Setlist Won’t You Be My Neighbor (Fred Rogers cover) Anarchy Up Your Anus Raping Your Mind Bungle Grind Eracist Spreading the Thighs of Death Glutton for Punishment Hell Awaits (Slayer cover, apenas a introdução) Summer Breeze (Seals & Crofts cover) Hypocrites Speak English or Die (Stormtroopers of Death cover) World Up My Ass (Circle Jerks cover) Sudden Death Gracias a la vida (Violeta Parra cover) Territory (Sepultura cover, com Derrick Green e Andreas Kisser)

Knotfestival: Sepultura faz “Sepulquarta” com Scott Ian, Phil Anselmo e Matt Heafy

O Knotfestival estreou no Brasil com um lineup de respeito, no último domingo (18), no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo. Além de nomes consagrados do metal, como Judas Priest, Pantera, Sepultura e os donos da festa (Slipknot), o evento ainda teve uma curadoria cuidadosa, que incluiu Bring Me The Horizon, Mr Bungle, Black Pantera e Oitão, só para citar alguns. Os primeiros shows tiveram a forte concorrência da final da Copa do Mundo, entre Argentina e França. O Sepultura, no meio da tarde, foi quem conseguiu ter o primeiro show com mais atenção do público. Em resumo, Derrick Green comandou o Sepultura numa apresentação curta, porém extremamente técnica e repleta de participações especiais, no Carnival Stage. Scott Ian (Anthrax e Mr. Bungle) entrou no palco para tocar Cut-Throat, do álbum Roots (1996). Depois, mais para o fim do show, foi a vez de Matt Heafy, vocalista e guitarrista do Trivium, aparecer para Slave New World, do Chaos A.D. (1993). Por fim, Phil Anselmo, vocalista do Pantera, cantou a clássica Arise, do disco de mesmo nome (1991). Os hits Ratamahatta e Roots Bloody Roots deram números finais ao show, que ainda trouxe três faixas do disco mais recente do Sepultura, Quadra (2020): Agony of Defeat, Isolation e Means to an End. Com um alcance internacional gigante, o Sepultura acabou sendo o headliner dos brasileiros. Aliás, antes deles, o público assistiu ótimos nomes nacionais, como Black Pantera, Project 46, Oitão e Jimmy & Rats. Setlist Isolation Refuse/Resist Means to an End Cut-Throat (com Scott Ian) Propaganda Dead Embryonic Cells Agony of Defeat Slave New World (com Matt Heafy) Arise (com Phil Anselmo) Ratamahatta Roots Bloody Roots

shame abre a roda e consolida relação com fãs em São Paulo

Matheus Degásperi Ojea No já longínquo ano de 2019, os londrinos da shame se apresentaram pela primeira vez no Brasil. Na época, eles vieram como parte do line-up do Balaclava Fest, festival organizado pelo selo independente de mesmo nome, e fizeram uma apresentação paralela, na extinta casa de shows Breve. Então com apenas um disco de estúdio lançado, a passagem da banda, principalmente o show na Breve, visto por algumas centenas de pessoas, rapidamente se tornou um dos eventos mais comentados daquele ano e serviu de carta de apresentação aos fãs brasileiros.  No último fim de semana, uma pandemia e um disco novo depois, a missão da banda, tocando sozinha na Fabrique, era avançar a relação para o próximo nível, o que conseguiu com maestria em um show explosivo. Parte de uma nova leva de bandas de punk e de pós punk surgidas na esteira do Brexit e dos sucessivos fracassos da condução do partido conservador inglês na política do país, o quinteto, no palco, parece aquela banda que os seus amigos formaram no ensino médio, se ela tivesse dado certo. Os integrantes, todos na casa dos 20 anos, aparentam ter recém saído da adolescência. O vocalista, Charlie Steen (rs), é o grande foco das atenções desde o primeiro momento, tanto pela sua altura quanto pelo carisma. Com uma performance magnética, ele conduz a pista (muitas vezes de dentro dela), que se transforma em um grande mosh pit durante a cerca de uma hora e meia do show. Pode até ser uma cartilha seguida por grande parte dos frontmen do estilo, porém é sempre satisfatório ver ela executada à perfeição e, principalmente, de maneira honesta. O restante da banda (Sean Coyle-Smith e Eddie Green, nas guitarras, Josh Finerty, no baixo, e Charlie Forbes, na bateria), apesar de mais discreta, não fica atrás. Bem entrosados, não só pelos ensaios, mas também por uma agenda lotada de shows pelo mundo, a banda dá o clima da festa sem deixar tempo para o público respirar. Pelo meio da apresentação, estão todos igualmente suados, público e artistas. Vale destacar o português macarrônico de Charlie Steen. O vocalista demonstrou um pouco mais de domínio na língua do que a média dos artistas internacionais que tocam no país. No meio do show explicou: “minha namorada é brasileira”. Disco novo, turnê nova do shame A responsável por trazer a banda ao Brasil é, novamente, a Balaclava Records, que comemora 10 anos em 2022. A turnê que passa pelo país é a do segundo disco de estúdio da banda, o ótimo Drunk Tank Pink, lançado em 2021 e composto durante a fase mais grave da pandemia de Covid-19. Mais sombrio que o seu antecessor (Songs of Praise, de 2018), o disco novo demonstra uma evolução da banda, porém não perde a essência do som levado por baixo e guitarras do primeiro registro. O disco, não por acaso, carrega uma ansiedade latente em boa parte de suas letras. No show, as faixas dos dois discos estão bem equilibradas, como a abertura, com Dust on Trial, do primeiro, e Alphabet, do segundo, já demonstra logo de cara. Tudo é bem recebido pelo público, que canta junto e, na falta da letra decorada, demonstra a sua satisfação na roda. O set é encerrado com Snow Day, uma das faixas mais interessantes do Drunk Tank Pink e que parece ser feita sob medida para finalizar apresentações.  No entanto, não foi o fim de verdade. Após vários gritos de “olê, olê, olê, shame, shame”, a banda voltou ao palco, visivelmente satisfeita, para um incomum bis, com Gold Hole, do disco de estreia, somente então o show se encerrou e os roadies puderam subir ao palco para retirar o equipamento. Uma das coisas que mais chama a atenção no show da shame é o quão urgente ele é. A banda está acontecendo agora. O que o futuro reserva não dá para saber, porém, fica a oportunidade de acompanhar o crescimento de um dos grupos mais interessantes do rock atual. Independentemente de qualquer coisa, a relação entre a banda e os fãs brasileiros parece assegurada. Ao fim do show, Charlie prometeu voltar ao país ainda no ano que vem, com um disco novo. Ficamos no aguardo do cumprimento da promessa. SETLIST Dust on Trial Alphabet Fingers of Steel Concrete Alibis The Lick Six Pack Tasteless Adderall Born in Luton 6/1 Burning By Design One Rizla Angie Water in the Well Snow Day  BIS: Gold Hole

Twenty One Pilots rouba a cena no GP Week, em São Paulo

Durante o show no GP Week, em São Paulo, o vocalista do Twenty One Pilots, Tyler Joseph, confirmou o que os fãs já esperavam: era o último show da fase Scaled and Icy, álbum lançado em 2021. E o gran finale não poderia ter sido mais impactante. O Blog n’ Roll já havia acompanhado um dos shows da série de apresentações em Londres, no meio do ano, mas o que vimos no O2 Brixton Academy ganhou proporções épicas no Allianz Parque. Tyler Joseph fez coisas, no mínimo, inusitadas, como escalar uma alta torre de transmissão para cantar e tocar Car Radio e Stressed Out, lá do topo do estádio. As investidas no público, como cantar Ride nos braços dos fãs, foi algo improvisado por aqui. E foi com essa energia que a dupla mais badalada da atualidade fez um dos shows mais incríveis da temporada no Brasil. Aliás, mesmo que o repertório não mude tanto de um lugar para o outro, o Twenty One Pilots consegue aprontar algumas surpresas. Guns for Hands, por exemplo, abriu pela primeira vez um show da dupla. Morph e Holding on to You, com os dois integrantes ainda mascarados, encerram a abertura sem a presença dos músicos de apoio. Curioso notar que o baixista Skyler Acord (Issues) não foi tão festejado como ocorrera em Londres, no meio do ano. Aqui, coube o protagonismo para o guitarrista Dan Geraghty e o trompetista Jesse Blum (queridinho das bandas de pop punk americanas). Em seu momento solo, Blum tocou Aquarela do Brasil, arrancando muitos aplausos e gritos dos fãs. Em Mulberry Street, Tyler Joseph comandou um jogo de luzes dos fãs. E pareceu se divertir muito com a tradução de up e down. “Pra cima, baixo”, disse aos risos. Logo depois, os músicos improvisaram uma fogueira no palco para fazer um set acústico. Por lá, fizeram um medley das melhores músicas da dupla, incluindo The Judge, Migraine, Tear my Heart, House of Gold e We Don’t Believe Whats on TV. O que se viu após a Aquarela do Brasil, que veio na sequência do set acústico, foi um desfile de hits e invasões dos integrantes na plateia. Jumpsuit, Heavydirtysoul, Level of Concern, Ride, Shy Away, Car Radio, Stressed Out, Heathens e Trees. Não teve tempo para sair do palco esperando o pedido por bis. Foi uma porrada única. Emocionado com o apoio dos fãs, Tyler Joseph prometeu não demorar para retornar ao Brasil. Claro que a pandemia contribuiu, mas acredito que será difícil a dupla ficar mais quatro anos sem vir ao País. Setlist Guns for Hands Morph Holding on to You The Outside Lane Boy Chlorine Mulberry Street Set acústico The Judge / Migraine The Hype / Nico and The Niners / Tear my Heart House of Gold / We Don’t Believe Whats on TV Palco principal  Aquarela do Brasil/ Halo Theme Jumpsuit Heavydirtysoul Level of Concern Ride Shy Away Car Radio Stressed Out Heathens Trees