Conhecendo o Blues #03 – Lightnin’ Hopkins

Quando falamos no Blues do Texas, principalmente tocado no violão, impossível não nos lembrarmos do lendário Lightnin’ Hopkins. Nascido em 1912 na pequena cidade de Centerville, o jovem Sam Hopkins iniciou sua longa jornada musical quando conheceu o maior bluesman texano da época: Blind Lemon Jefferson. Com a influência de Jefferson, ele adquiriu experiência em shows e aprendeu muito no violão, antes mesmo de completar 20 anos. Sua primeira sessão de gravação ocorreu em 1946 para a gravadora Aladdin, em Los Angeles. Com as primeiras músicas lançadas, Hopkins ganhou fama e fez muito mais shows pelo Sul do Texas. Nos anos seguintes ele gravou mais de 200 músicas (para diversas gravadoras) e ficou conhecido por adorar gravar álbuns! Pesquisadores e fãs estimam que o bluesman tenha gravado entre 800 e 1000 músicas entre 1946 e o início dos anos 1970. Ele ainda tocava piano e era dono de uma voz profunda e marcante. Lightnin´ Hopkins era um contador de histórias, improvisador criativo e confiante, músico livre e com muita personalidade, que se tornou um dos maiores nomes da história do blues. Sua obra e estilo influenciaram músicos como Freddie King, os irmãos Vaughan e bandas como Grateful Dead e ZZ Top. Morreu em 1982, em Houston, em decorrência de um câncer no esôfago. Deixo aqui cinco álbuns e cinco músicas que considero essenciais para quem está começando a ouvir Lightnin’ Hopkins. Álbuns de Lightnin’ Hopkins Lightnin’ Hopkins (1959) Blues In My Bottle (1961) Last Night Blues (1961) – com Sonny Terry Lightnin’ Strikes (1962) Soul Blues (1965) Músicas Baby Please Don’t Go Mojo Hand Moanin’ Blues Sail On Little Girl, Sail On Shaggy Daddy
Leo Maier retorna mais intimista com o álbum Distant Tones

Quando lançou I Choose the Blues, seu álbum de estreia, em 2017, o guitarrista catarinense Leo Maier já apresentou um cartão de visita impressionante. No Blog n’ Roll, Nuno Mindelis festejou a estreia do blueseiro: “pessoas nascem, se apaixonam pelo blues nos moldes tradicionais e, principalmente, respeitam com sabedoria os seus mestres. Seria ótimo se todos aprendessem com as raízes como este grupo fez”. Agora, três anos após essa estreia, Leo Maier disponibiliza Distant Tones, seu segundo disco de estúdio nas plataformas de streaming. Mais intimista, acústico e reflexivo, o álbum carrega influências marcantes, como Blind Willie Johnson, Lightnin’ Hopkins, Big Bill Broonzy, Tampa Red, entre outros. Mas não para por aí. Quando lançou I Choose the Blues, seu álbum de estreia, em 2017, o guitarrista catarinense Leo Maier já apresentou um cartão de visita impressionante. No Blog n’ Roll, Nuno Mindelis festejou a estreia do blueseiro: “pessoas nascem, se apaixonam pelo blues nos moldes tradicionais e, principalmente, respeitam com sabedoria os seus mestres. Seria ótimo se todos aprendessem com as raízes como este grupo fez”. Agora, três anos após essa estreia, Leo Maier disponibiliza Distant Tones, seu segundo disco de estúdio nas plataformas de streaming. Mais intimista, acústico e reflexivo, o álbum carrega influências marcantes, como Blind Willie Johnson, Lightnin’ Hopkins, Big Bill Broonzy, Tampa Red, entre outros. Mas não para por aí. “Fui influenciado por outros estilos acústicos como a música caipira e o folk. Não que eu tenha pensado nisso durante o processo de composição, mas tive essa impressão ouvindo o disco depois. Nas instrumentais com o slide, por exemplo, ficou claro a influência do David Gilmour e do Ry Cooder na minha música”, destrincha o músico. Influência da pandemia em Leo Maier Em suma, a sonoridade mais acústica e intimista está relacionada com a pandemia, garante Maier, que escreveu o álbum no segundo mês do isolamento social. “Estava sozinho no meu apartamento expressando meus sentimentos e minhas impressões em forma de música. Lembro de ter pensado em gravar um disco acústico, mas isso era plano para o futuro. A pandemia veio e mudou tudo. Acabei optando por não gravar com a banda em função do distanciamento social e falta de ensaios para essa novas composições. Tive dois músicos convidados apenas: Fernando Santos na gaita e Alexandre Green no piano”. Minimalista, Distant Tones aborda saudade, esperança e solidão. Todavia, para o catarinense, Better Times é o grande retrato do atual momento para ele. “Ela fala da esperança por tempos melhores. Estamos presenciando uma fase complexa e única na história da humanidade e nos perguntamos quando isso vai passar. Nessa letra eu começo com a frase Hey, meu querido(a) amigo(a), logo tudo ficará bem…. Pensei em todas as pessoas aflitas, sem esperança e que estavam se sentindo sozinhas naquele momento. Foi uma forma de comunicar e musicar, mesmo que distante”. Em resumo, Distant Tones conta com dez canções, sendo cinco instrumentais e outras cinco com vocais.
Eddie Van Halen: um legado eterno para os guitarristas

Do espanto à tristeza, a morte de Eddie Van Halen, terça-feira passada, mexeu com uma geração de fãs do rock. Vi a banda em 1983, por isso, fui instigado por Lucas Krempel a retomar os textos no Blog n’ Roll. Pensei melhor: convidar para a tarefa quem faz da guitarra seu instrumento de trabalho e, claro, objeto de adoração. Uma certa unanimidade sobre Eddie dá o tom dos depoimentos. E com toda a razão. Para completar, um ensaio sensível e preciso do repórter-fotográfico e também músico Matheus Tagé. Aciona o metrônomo… Matheus Tagé (guitarrista e fotógrafo de A Tribuna) Se Jimi Hendrix inventou experimentações sonoras que pareciam processos ritualísticos com o som da guitarra; Eric Clapton fez a guitarra elétrica falar – e até mesmo chorar também; Richie Blackmore trouxe referências de música clássica ao rock; podemos considerar que Eddie Van Halen fez a guitarra elétrica rasgar a estratosfera na velocidade da luz. O solo Eruption ilustra cientificamente essa constatação. É certo que muitos nomes foram responsáveis por construir a história do rock; mas Eddie foi um dos poucos que conseguiram transformá-la. A concepção da experiência estética da sonoridade da guitarra no rock, que é construída a partir da década de 1960 – evidentemente – passa pela textura sonora de nomes como Hendrix, Eric Clapton, George Harrison, Jeff Beck, David Gilmore, Duane Allman, Jimi Page, Richie Blackmore e Tony Iommi. Porém, o salto que acontece com a revolução do timbre que Eddie Van Halen formata no final da década de 1970 é algo extremamente complexo: ele revolucionou o que viria na década seguinte, e fez isso sozinho. O gosto que tinha pelo modelo de guitarras de seus ídolos fez com que criasse um modelo híbrido, a Frankenstrat. Uma guitarra – que assim como a cons- trução literária de Mary Shelley – era uma mistura de corpos. Moldou a revolução ao juntar o esqueleto do modelo Stratocaster da Fender, com um coração elétrico da Flying V, modelo da Gibson, ao injetar um captador duplo na madeira clássica. Além disso, utilizou uma ponte flutuante que através de uma alavanca hiper flexível permitiria modulações sonoras sem limites. Futurista Para complementar, a pintura com os explosivos raios de luz que emanava uma atmosfera futurística daquele monstro que criara. Uma mistura do orgânico das guitarras clássicas com experimentações pós-modernas. Ele desenhou o futuro. A “criatura” que Eddie Van Halen forjou serviu como modelo para toda a nova onda do hard rock, estilo que ocupou o mainstream da década de 1980. Enquanto Hendrix atirava fogo na guitarra evocando espíritos ancestrais em suas lendárias performances ao vivo, penso que Eddie tenha sido um fruto dessas construções rituais, pois incendiava a guitarra com as próprias mãos, e inaugurou o padrão de solos em alta velocidade, tappings inimagináveis e alavancadas violentas, que foram assimiladas por toda uma geração de guitarristas. Nem David Lee Roth, nem Sammy Hagar, o Van Halen tinha uma única voz: a incrível guitarra de Eddie Van Halen. Essa coloração sonora tão marcante dividiu a atenção do público até mesmo quando flertou com a música pop, colaborando com o astro Michael Jackson, no solo de Beat it. Eddie é um ícone que tivemos a oportunidade de assistir durante muitos anos, mas, como todos os grandes nomes da cultura pop, será eternizado pelo seu registro, vivendo agora numa dimensão paralela, o eterno presente das lendas da música. O rock n roll deve a Eddie Van Halen o mesmo que deve a Hendrix: tudo. Milton Medusa (guitarrista) Eddie Van Halen se foi, mas se ele tivesse gravado somente a música Eruption, já teria cumprido sua missão por aqui, pois depois disso, tudo mudou no mundo da guitarra e da música! Tecnicamente, popularizou o uso do Two-Handed Tapping, técnica que consiste em tocar com a mão direita, martelando no braço da guitarra, e explorou como poucos o uso da alavanca de trêmolo, tanto que a indústria criou um sistema com travas no braço, para suportar esse tipo de técnica. Sua guitarra “Frankie Stein”, utilizando um captador do tipo Humbucking, típico da Les Paul, numa Fender Stratocaster, levou essa mesma indústria a fabricara Super Strat. Poderia citar muitos outros fatos em sua carreira, mas, seu legado principal, penso que foi a alegria que sempre conseguiu transmitir, tanto nas suas composições como em seus incríveis solos! Obrigado, obrigado e obrigado, Eddie. Mauro Hector (guitarrista) Quando escutei Eruption em 1985, a casa caiu!! Foi um impacto absurdo. Eddie Van Halen transformou a forma de tocar guitarra. A influência que Ed teve do Eric Clapton no Cream, mais a sua formação pianística erudita, mais o mestre do jazz Fusion Allan Holdsworth fizeram dele um dos melhores guitarristas que o mundo já ouviu. Grande improvisador, compositor, criador de riffs espetaculares, a sua guitarra rítmica também era impecável. Um gênio! Tenho uma grande influência dele! E o mais legal era ver sua alegria de tocar, como se fosse um moleque. Algo que só a música faz. Muito obrigado, Eddie! Ricardo Lima (guitarrista) EVH é sinônimo de tocar bem, futebol arte das seis cordas! Um cara que redefiniu a forma de como a guitarra seria encarada dali pra frente. Lembro de ter ouvido Jump e ter ficado curioso e extremamente feliz e é assim que me sinto quando escuto Van Halen!! Comprei alguns discos na época que saíram… sempre foi uma aula… dava um orgulho… eu pensava: “olha essa banda… como são fantásticos!” No início da minha carreira tive aula com professores que eram “alunos do Van Halen”… e quando aprendi Eruption me senti músico de verdade!! Nesse jogo de xadrez temos alguns reis ainda… mas esse golpe eu senti demais!!! Muito grato pela sua obra, para mim estará sempre vivo no meu coração! Luiz Oliveira (guitarrista) Eddie Van Halen se foi e deixou um legado de entrega ao instrumento e à música. Sua influência foi enorme para todos os músicos que vieram. Na fase de ouro da guitarra virtuosa, os anos 1980. Com uma chuva de guitarristas lendários aproveitando o caminho aberto pelo genial,
Conhecendo o Blues #02 – Koko Taylor

Vamos falar de uma mulher que é sem dúvidas uma das maiores vozes da história do blues e ainda carrega o título de “Rainha do Blues de Chicago”.Koko Taylor nasceu em Memphis, em 1935, mas foi em Chicago que construiu uma carreira baseada em shows eletrizantes e álbuns maravilhosos. Certa vez, ela declarou: “eu cresci cantando gospel e cantando blues também. Ouvia Memphis Minnie, Bessie Smith e Muddy Waters na rádio”. >> Conheça a história de Howlin’ Wolf Koko chegou em Chicago, em 1953, e com sua peculiar e poderosa voz foi chamando a atenção do grande público e também de músicos experientes como Muddy Waters e Willie Dixon. Foi o lendário contrabaixista Willie Dixon que viu o potencial da jovem cantora e produziu sua primeira sessão de gravação em 1963, pela USA Records. No ano seguinte assinou contrato com a Chess Records (sempre guiada por Dixon) e ali lançou seus dois primeiros álbuns, que são verdadeiras obras-primas! Em 1975, inicia uma longa trajetória com a Alligator Records, que durou mais de 30 anos. Koko Taylor morreu em Chicago, em 2009. Deixo aqui algumas dicas para quem está começando a ouvir blues e quer conhecer a obra de uma voz única, inspiradora e cheia de personalidade: Músicas de Koko Taylor Wang Dang Doodle (1965)I’m A Little Mixed Up (1965)*Fire (1967)Love You Like A Woman (1968)Let The Good Times Rool (1978)Stop Watching Your Enemies (1990) Álbuns Koko Taylor (1969)Basic Soul (1972)The Earthshaker (1978)*Deluxe Edition (2002)
Toots Hibbert, lenda do ska e reggae, morre aos 77 anos

Conhecendo o Blues #01 – Howlin’ Wolf (1910-1976)

O supertime que o Suicidal Tendencies trouxe a Santos em 2012

Seaweed no Brasil: girafas na Serra do Mar e um banho no José Menino

Fugazi em Santos: um marco na Cidade; Ouça o show!
