Crítica | Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe

Engenharia do Cinema Há alguns anos a Universal Pictures tentava realizar este longa, de diversas maneiras (inclusive dentro do próprio Dark Universe, que foi por água abaixo depois do fracasso de “A Múmia“). Após terem resolvido escalar Nicolas Cage para viver ninguém menos que o próprio Conde Drácula (personagem que o próprio almejava viver, ainda mais por ser fã de Béla Lugosi, intérprete original daquele), que inclusive, já havia se tornado meme na internet por conta de se assemelhar com a figura do próprio, o resultado não poderia ter sido outro. Mesmo não sendo o protagonista, “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” marcou como o grande retorno de Cage para Hollywood. Porém, ainda há algumas ressalvas.    Após anos servindo o Conde Drácula, seu fiel ajudante e servo Renfield (Nicholas Hoult) está cansado da função e da companhia tóxica do mesmo. Depois de um acidente ocasionar uma enorme fraqueza no primeiro, eles se mudam para Nova Orleans com o intuito do segundo procurar vítimas para estabelecê-lo. Só que ele percebe que pode ir contra as vontades do seu chefe, começado a viver sua própria vida.     Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Com roteiro escrito por Ryan Ridley e Robert Kirkman (criador da franquia “The Walking Dead”), fica nítido que a dupla tinha como propósito homenagear o legado de Béla Lugosi (tanto que a sequência de abertura, é uma notória homenagem ao longa de 1931). E mesmo sendo coadjuvante no longa, Cage conseguiu exercer uma interpretação tão natural e divertida, que ele literalmente faz um verdadeiro show quando aparece. Sua química com Hoult também é tão impactante (lembrando que eles já viveram Pai e filho em “O Sol de Cada Manhã“), que a atuação deste fica melhor em todos os sentidos. Seu desespero, medo, tristeza e ansiedade ficam cada vez mais explícitos quando está em cena com Cage.     Só que ele peca demais ao desenvolver subtramas envolvendo a policial Rebecca (Awkwafina) e o desastrado traficante Tedward Lobo (Ben Schwartz) que gerencia uma rede de crimes com sua mãe (Shohreh Aghdashloo). Facilmente estes dois arcos poderiam ser desligados (uma vez que não temos interesse algo por eles também), se resumindo à relação de Drácula e Renfield durante os anos, intercalando com as sessões de terapia grupal deste (que é um dos arcos centrais do próprio).    Apesar deste tópico, o diretor Chris McKay (“Batman Lego”) optou sabiamente por realizar efeitos práticos, colocando muita maquiagem, pouco CGI (que são executados nas horas certas) e muito sangue e uma certa violência cartunesca (que você dá risada, de tão bizarra). Mas nada disto justifica a censura branda de 18 anos que recebeu no Brasil.      “Renfield – Dando Sangue Pelo Chefe” mostra que mesmo com algumas ressalvas, consegue entreter por conta do ótimo talento de Nicolas Cage, em mais um papel que se casa com o seu perfil.

Crítica | O Peso do Talento

Engenharia do Cinema Certamente este projeto já nasceu sendo um marco na carreira do ator Nicolas Cage, pois estamos falando de um filme onde além dele interpretar ele mesmo, é feita uma sátira aos seus últimos anos na indústria do cinema. Desde seus tempos de auge em longas como “A Outra Face“, até aos dias atuais, onde ele faz diversas produções aleatórias apenas para pagar suas dívidas milionárias. “O Peso do Talento” trata-se deste escopo, onde certamente fará com que você se recorde dos clássicos como “Trovão Tropical“, “É o Fim” e até mesmo o recente “A Bolha“.    Tendo a premissa citada como ponto inicial, o empresário de Cage, Richard (Neil Patrick Harris) lhe consegue uma oportunidade de ouro: marcar presença no aniversário do magnata Javi Gutierrez (Pedro Pascal), na Espanha, com um cachê de US$ 1 milhão de dólares. Ao chegar no local, ele acaba sendo interceptado pelos agentes da CIA Vivan (Tiffany Haddish) e Martin (Ike Barinholtz), que lhe fazem se transformar em um agente e investigar um esquema de corrupção global e sequestro da filha de um candidato a presidência, ordenados pelo próprio Javi. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) É nítido que os roteiristas Tom Gormican (que também é responsável pela direção) e Kevin Etten são grandes fãs de Cage, pois realmente conhecem detalhes de sua carreira e tiques que poderiam ser explorados em cena (vide os diálogos “artísticos” executados de forma aleatória e até mesmo problemas com álcool, que fizeram o mesmo a terem cenas bizarras pela imprensa). E nitidamente o próprio Nick (como é citado no longa), aceitou entrar na brincadeira e realmente se divertiu durante a execução desta produção. Ainda mais quando ele acaba contracenando com Pascal (que também está bem à vontade no papel). Só que a produção começa a pecar demais, no quesito de “soluções rápidas demais”. Em determinado ponto, vemos que as sequências são aceleradas para chegar ao desfecho (principalmente no último ato), fazendo com que tudo ocorra com diversas pontas soltas (inclusive, alguns personagens somem e reaparecem do nada). Tanto que nomes como Neil Patrick Harris, Tiffany Haddish e Sharon Horgan (Olivia, a ex-esposa de Cage), são porcamente explorados. Mas o fator favorável para este estilo de filme é que em determinado ponto, Pascal e Cage começam a “encenar um filme”, e por isso, durante boa parte da metragem nos questionamos sobre tudo e todos os atos mostrados (se eles vão ser prejudiciais ou não). “O Peso do Talento” acaba sendo uma divertida homenagem satírica à carreira do grandioso ator Nicolas Cage, e nos faz refletir que realmente ele é um dos maiores atores da história do cinema.    

Crítica | Pig – A Vingança

Engenharia do Cinema Não é de hoje que o astro Nicolas Cage está envolvido em vários projetos aleatórios, onde alguns deles soam tão estranhos que acabam sendo realmente bons. O que é o caso deste Pig – A Vingança, que está trazendo seu nome de volta aos holofotes e inclusive às premiações (até mesmo sendo cotado para o Oscar de atuação). Mesmo com algumas pessoas vendendo o mesmo como uma espécie de John Wick, já alerto que o longa do cineasta Michael Sarnoski (que também assina o roteiro com Vanessa Block) é um forte drama sobre redescobertas.    No longa, Cage vive Rob, um homem que mora no meio de uma floresta e vive caçando trufas com seu porco de estimação. Então um dia ele é fortemente agredido e o mesmo é sequestrado. Ao acordar, ele nota que é a hora de voltar para a civilização após um longo período fora, e terá de encarar algumas pessoas de seu passado.     Imagem: MGM (Divulgação) Realmente o grande chamariz e diferencial no filme, é a atuação do próprio Cage. Sem emitir muitas palavras, suas atitudes chegam a ser uma verdadeira incógnita, pois ele não só transmite um semblante depressivo e triste, como também um ameaçador e que poderá fazer qualquer coisa grave para obter uma resposta. Isso já consegue captar a atenção do espectador até mesmo em uma simples cena onde ele prepara um frango cozido. Mas o cineasta Michael Sarnoski  também faz isso com o jogo de câmeras, pois como nesta cena citada, ele literalmente mostra o preparo desde a mutilação do animal, até levá-lo ao forno. Pig – A Vingança é uma grande surpresa que só um astro como Nicolas Cage poderia nos trazer. Por fim, felizmente consegue ser uma luz potente na carreira de um ator que é bastante querido por todos.