2º Festival Hip House foca em representatividade feminina

A ideia de que só os homens habitam o rap já é coisa do passado. Hoje, as mulheres estão mais presentes do que nunca; prova disso é o Festival Hip House, que em sua segunda edição on-line, conta com várias mulheres poderosas no line-up. O festival acontece entre este sábado (10) e 18 de outubro, contando com muita música, oficinas e palestras relacionados à cultura hip hop. O evento será transmitido pelo YouTube e Instagram oficiais. O festival foi idealizado pelos produtores Vitor Gonzaga, Luan Lima, Wesley Castro e Letícia Fox, que atuam no setor cultural de Minas Gerais. Portanto, as rodas de conversa abraçam especialmente o mercado cultural de Belo Horizonte. Entre os destaques da programação, está Nega Thé, empreendedora e militante da cultura hip hop e integrante do Coletivo Matriarcas Mob, em BH. Ela também é proprietária da Preta Produtora, que será representada no dia 10 durante a palestra “As mulheres, o empreendedorismo e o hip hop”. Outro grande nome da programação é Amazonita, ou Ágata de Oliveira, criadora da produtora NuTrilhar e da III Mostra Brasil AfroModa, em Belo Horizonte. A empreendedora, entusiasta da participação da juventude negra e feminina no hip hop, integra a palestra “Gestão e sustentabilidade de projetos e eventos”. A cantora e compositora Laura Sette garantirá que as energias fiquem lá em cima, apresentando seu primeiro EP, Corpo, Alma e Consequência (2019). Seu projeto foca no dualismo de sentimentos que as mulheres enfrentam. Douglas Din, Tchouzen NS e Samora N’Zinga completam as apresentações musicais, junto ao DJ residente, DJ Pooh. O Festival Hip House ainda conta com oficinas de graffiti virtual, competição online de DJ’s e danças urbanas, e muito mais.
Entrevista | 2DE1 – “Precisamos nos unir para construir uma rede de apoio”

A vida dos santistas Felipe e Fernando Soares se cruzou na barriga da mãe. Até o sétimo mês da gestação, ela acreditava que em seu ventre havia um único bebê. Os dois corações se sincronizavam, ecoando uma mesma batida. Com esta simbologia, surgiu assim o nome da dupla: 2DE1. A carreira começou no quadro infantil Novos Talentos, do programa televisivo de Raul Gil em 2007. Com 13 anos, os gêmeos cantaram a canção Que Nem Maré, de Jorge Vercillo. Retornaram ao programa com 15, fazendo várias aparições por um ano e meio e alcançando uma boa visibilidade. Posteriormente, em 2014, se lançaram como 2DE1 com um EP homônimo de seis faixas, que foi inserido na trilha sonora da websérie “O Lar de Todas as Cores”. Iniciaram seu som no black music e no R&B, mas foram se moldando com o tempo (e com os discos). Suas influências são Amy Winehouse, Silva, Tulipa Ruiz, The Weekend e Cauby Peixoto. Em seu perfil no Spotify, ainda criaram duas playlists recheadas de canções originais: Fazendo o secso com amorzinho e Lidando com a Ferida. No palco, os dois fazem uma bela apresentação performática. Fernando se torna a drag queen Triz e toca violão e sintetizador. Felipe também não deixa de lado a maquiagem e os figurinos exóticos, tocando vários intrumentos, como guitarra e piano. Ao lado de um baterista e backing vocals, o 2DE1 não desfoca o espetáculo visual. Transe Com o selo da produtora musical Freak, o disco de estreia foi lançado em 2017. Transe é composto por canções de autoaceitação, afeto, amor e liberdade, com um toque de eletrônica e pop. Sua divulgação foi criativa: a agência AKQA – SP, ao lado da dupla e da Freak, cuidou da identidade visual e da panfletagem de Transe. Nos folhetos, haviam trechos das canções do álbum e um link que levava o usuário a tirar uma selfie, podendo assim ouvir as canções e descobrir a fonte de inspiração para as frases da campanha. O sistema exibia uma imagem dividida com a foto de outro usuário que acessou a mesma mensagem. Para ressaltar o discurso do álbum, a ação atingia pessoas que se identificassem com o desejo de liberdade pessoal, incluindo no amor e no sexo. Como resultado, mostravam que independente de qual seja a sua orientação sexual, você nunca estará sozinho. Esqueça isso de que amor livre é putaria ou bacanal, a gente está falando da liberdade de amar, quem, como, quantas pessoas quiser. Liberdade de ser. 2DE1 Ferida Viva Influenciado ainda mais pelo R&B, o último álbum do 2DE1 foi lançado em 25 de outubro de 2019 e simboliza a nova fase da dupla. Com os sentimentos expostos, Ferida Viva traz mais do que nunca a conexão entre os irmãos. Suas canções abordam “do medo à ansiedade, dos romances à solidão”, sendo inteiramente produzido por Felipe. Já a direção criativa ficou por conta de Fernando. O disco conta com parcerias como Jup do Bairro na faixa Caju e Natália Noronha, vocalista da banda Plutão Já Foi Planeta, cantando na faixa Desencontro. Em entrevista ao Blog n’ Roll, o 2DE1 comenta sua evolução musical, principais desafios da carreira e sua participação no Juntos Pela Vila Gilda. Mesmo parecidos fisicamente, isso ocorre nos gostos e personalidade também? Quais as principais distinções entre vocês? Nós temos muito mais similaridades do que diferenças. Morar juntos, trabalhar juntos, sair juntos e a forma de enxergar a vida fazem com que nos pareçamos muito. De qualquer forma, temos sim nossas diferença. O Fernando por exemplo é o letrista da banda, o Felipe o produtor musical, a gente acaba dividindo bem as funções no que cada um faz melhor. Ou até mesmo a diferença na orientação sexual, por exemplo. Fernando é gay, Felipe hétero. Sentiram alguma dificuldade em crescer musicalmente na Baixada Santista? Se sim, qual? Santos é nossa cidade natal, onde aprendemos muito e crescemos como artistas, mas ainda assim é uma cidade com menos recursos e mais distante de lugares que precisamos conviver no dia-a-dia para a construção da nossa carreira. Por isso estamos em São Paulo. Por ser uma capital, permite um maior volume de contatos. A menor distância de estúdios, produtoras e eventos facilita que a gente more aqui. Durante a pandemia, vocês lançaram o clipe de Beijo Grego e Vício Desmedido em parceria com Ton Alves. Além disso, como têm se reinventado nesta época? Confessamos que está bem complicado lidar com a pandemia, não conseguimos tirar muita inspiração desse momento que é definitivamente ruim. Então temos nos dado um tempo pra produzir as coisas com calma e paciência, respeitando nosso tempo de criação. Mas o fato é que estamos em casa, juntos, e disso acabam surgindo algumas ideias, como o clipe de Beijo Grego, ou a série #BrisaNossaSessão. Tudo isso pra tentar desafogar um pouco dessa sensação ruim que a pandemia e o isolamento social proporcionam. O 2DE1 irá participar do Juntos Pela Vila Gilda. Como vocês enxergam a importância de projetos beneficientes para a Baixada Santista? A gente acredita que a pandemia acaba por acentuar as situações de vulnerabilidade das pessoas, e precisamos nos unir para construir uma rede de apoio, como o projeto Juntos Pela Vila Gilda. Projetos como esse permitem uma ajuda paliativa para esses momentos de aprofundamento da crise. Queremos sim falar sobre o futuro próximo, sobre mudanças no sistema, que é o que a gente vem bradando e lutando para, mas pra falarmos sobre futuro é preciso também estarmos vivos. Por isso esses projetos são tão relevantes em momentos como esse.
1975 só tocará em festivais com equidade de gênero no lineup, diz vocalista

Após criticar a falta de mulheres nos lineups do Reading e Leeds Festival, o frontman Matt Healy declarou que The 1975 só se apresentará em festivais com equidade de gênero no lineup. Ou seja, festivais que tenham a mesma proporção de artistas masculinos e femininos nos palcos. A decisão veio quando Healy respondeu à questão imposta pela editora de música do The Guardian, Laura Snapes. A editora sugeriu que a banda deveria “tocar apenas em festivais comprometidos a trabalhar com X% (idealmente, 50%) de mulheres e não-binários”. Em resposta, Healy disse que está pronto para assinar este ‘contrato’. “Eu já concordei com alguns festivais que podem não seguir esta premissa e eu não decepcionaria fãs que já compraram seus ingressos“. “Mas de agora em diante, eu irei cumpri-la. E acredito que é desta forma que artistas masculinos podem se tornar verdadeiros aliados”. O frontman concluiu sua decisão afirmando que as pessoas “precisam agir e não falar”. Dos 91 artistas anunciados no Reading, apenas 20 eram mulheres ou performances que incluíam mulheres. Apenas três dos 18 atos principais eram femininos. Laura Snapes afirmou que bandas em alta como The 1975 precisam usar seu poder para demandar equidade. Essa demanda é crescente, pois inclusão e representatividade são essenciais em festivais. Healy convidou outros homens a tomarem passos similares, porque é importante garantir a representatividade de artistas mulheres, não-binários e transgêneros. “É tudo sobre ação. Quando se torna uma grande questão sociopolítica e governos se envolvem, às vezes ações e protestos podem ser ignorados. Mas quando vêm à indústria da música, nós podemos mudá-la. Não é um pesadelo geopolítico: é a indústria da música, e é algo que se todos embarcarem juntos, nós podemos consertar”.