Entrevista | Toquinho – “Gostaria de ter uma música minha cantada pelo Paul McCartney”

“Quando há dedicação e entusiasmo pelo que se faz, e amizade, contando com a ventura de uma condição física privilegiada, tudo é possível”. É dessa forma que Antonio Pecci Filho, o Toquinho, acredita ter chegado na marca dos 50 anos de carreira. Atualmente, com 69 anos de idade, ele celebra a sua história ao lado de outro grande nome da música brasileira: Ivan Lins, de 70 anos, sendo 46 de carreira. A dupla se apresenta hoje, a partir das 22 horas, no Mendes Convention Center, em Santos. Ainda há ingressos disponíveis. “Eu faço a minha parte, ele faz a dele, e depois cantamos juntos algumas canções”, adianta Toquinho, que deve incluir no repertório os seus principais sucessos: Aquarela, Tarde em Itapoã, Samba de Orly, entre outros. Ao longo de suas cinco décadas de serviços prestados à música brasileira, Toquinho dividiu o palco com vários artistas consagrados, tais como Vinicius de Moraes, Chico Buarque e Jorge Ben Jor. Com Ivan Lins, o paulistano acredita ter uma sincronia musical que os caracterizam. “(O encontro) resultou num show cuja dinâmica melódica se completa pelo bom humor alicerçado na longa amizade que nos une, com a mesma pulsação musical. Estar ao lado dele representa a renovação de experiências que nos amadureceram durante esses anos a ponto de podermos inventar ainda momentos criativos e intimistas capazes de atravessar gerações”. Sobre a emoção de ter compartilhado seu palco com vários amigos, o músico afirma que procura amigos que valorizam sua obra e complementam o show com suas características apropriadas às dele. “Principalmente com cantoras que também enfeitam o espetáculo”, comenta. “Estou sempre atento aos novos talentos, não me furto a convidá-los quando se adaptam aos meus traços musicais”, completa. Questionado sobre qual seria a sua principal marca artística, Toquinho afirma que é a “simplicidade com alguma sofisticação herdada da bossa nova”. “Jamais tive medo de usar o lugar comum, que torna minha música agradável aos ouvidos, completada por uma poesia suave e emocional”. As marcas de sua longa trajetória são expressivas: gravou 82 discos, compôs mais de 450 músicas e fez aproximadamente 10 mil shows pelo Brasil e exterior. O que falta para ele? “Gostaria de ter uma música minha cantada pelo Paul McCartney”, revela ao lembrar do ex-Beatles, que veio ao Brasil cinco vezes nos últimos anos. Toquinho afirma que não tem pressa para lançar material inédito. Isso, no entanto, não representa um fim de sua carreira nos estúdios. “Ao longo desses 50 anos, tenho me dedicado cada vez mais ao violão e procurado viver saudavelmente. Quanto a criar, não tenho pressa de lançar inéditas. Elas surgem em função do cotidiano inspirador”, argumenta. O compositor e violonista ainda comentou o afastamento da presidente Dilma Rousseff. Crítico declarado do governo, ele já havia falado sobre o assunto, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, em março passado. “Hoje tenho vergonha de ser brasileiro. É um país conturbado, movido pela corrupção, por escândalos. Esse não é o Brasil de que eu vim”, disse na ocasião. Toquinho acredita que o momento agora é de viver com mais felicidade e espera por uma retomada da confiança das pessoas. “Só posso adiantar que certamente encontraremos uma plateia mais aliviada e confiante no futuro. Isso já ajuda a realizar um show mais intimista e alegre”, comenta. Sem redes sociais No ano passado, o parceiro de Toquinho na apresentação de hoje declarou seu voto na candidata MarinaSilva, em sua página oficial no Facebook. Essa talvez seja uma das principais diferenças entre os dois: o uso das redes sociais. Enquanto Ivan Lins mantém um perfil ativo, com várias postagens sobre sua carreira e até posicionamentos políticos, Toquinho sequer tem uma página oficial na rede social. Para ele, existem outras formas de se comunicar com os fãs. “No meu site o público encontra as formas de se comunicar comigo e as poucas horas de folga que tenho procuro responder a essa procura”. O Mendes Convention Center fica na Avenida General FranciscoGlicério, 206. A casa abrirá as portas às 22 horas. A previsão para o início da apresentação de Toquinho e Ivan Lins é 23 horas.

Entrevista | Nando Reis – “Gosto muito de tocar só com o meu violão”

Desde o início dos anos 2000, todos os shows do roqueiro Nando Reis em Santos tiveram a companhia da banda Os Infernais. Antes disso, Nando também veio muitas vezes com o Titãs, banda da qual fez parte por 20 anos. Hoje, a partir das 22 horas, no Mendes Convention Center, a proposta é diferente. O músico estará sozinho no palco, apenas com o seu violão, tocando seus maiores hits, além de canções que compôs para grandes artistas. O show faz parte da turnê Nando Reis – Voz e Violão – No Recreio, Vol. 1 (Ao Vivo), lançado no final do ano passado. “Gosto muito de tocar só com o meu violão. Na verdade, é o que faço há mais tempo. Toco violão desde os 7 anos, e muito antes de ter banda, passava o dia tocando violão. Mas são duas coisas completamente distintas. Não dá pra comparar (tocar com Os Infernais)”. No álbum ao vivo, Nando Reis incluiu faixas como Sutilmente, Relicário, All Star e Por Onde Andei. O repertório do show em Santos, no entanto, não necessariamente seguirá a relação do disco. “Vocês vão ver. Decido o repertório na hora. Leio dois poemas. A luz e o cenário são lindos. Adoro esse show!”, resume o músico, que não chegará com set pronto, como muitos artistas fazem ultimamente. Na gravação de Voz e Violão – No Recreio, Vol. 1, décimo segundo álbum solo de sua carreira, Nando contou com um apoio de peso, o amigo Jack Endino, conhecidopor trabalhar com ele no segundo álbum solo (Para Quando o Arco-Íris Encontrar o Pote de Ouro),algunsdoTitãs, além de peso-pesados como Nirvana, Mudhoney e Soundgarden. Endino foi o responsável pela mixagem do álbum. “Conheço o Jack desde 1991. Ele produziu meu segundo disco solo e de lá para cá trabalhamos muitas vezes juntos. Inclusive no disco de inéditas, gravado em Seattle e São Paulo que acabei de concluir: ele produziu e mixou”. Previsto para ser lançado no segundo semestre deste ano de 2016, o álbum de Nando tem repertório formado por músicas inéditas e autorais. Uma das composições novas se chama 4 de Março. O último disco de estúdio de Nando foi Sei (Relicário, 2012). Apesar dos quatro anos sem álbum de inéditas, o músico não deixou de compor nesse tempo. Além da carreira como cantor, baixista, guitarrista, Nando já contribuiu com hits para os principais artistas do Brasil. Diariamente (Marisa Monte), Resposta (Skank), Do Seu Lado (JotaQuest) e Segundo Sol (Cássia Eller) são algumas delas. “Cada artista tem uma característica, joga luz sobre um ângulo diferente da canção. E uma música depois de feita adquire vida própria”, argumenta o compositor. No ano passado, Nando Reis foi o quinto artista que mais lucrou com direitos autorais pelo Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição). Ficou atrás apenas de Bruno Caliman, Anderson Freire, Roberto Carlos e Sorocaba. Início da carreira de Nando Reis Antes de virar essa máquinade composições, Nando viveu momentos especiais em Santos, no início da carreira do Titãs. Foi aqui que fez alguns dos primeiros shows da clássica banda, ainda nos tempos do Iê, Iê, Iê. “Tenho muitas lembranças.Santos foiumcidade fundamental na história do rock dos anos 1980. O Caiçara bombava! Todo mundo tocou lá”, recorda o músico. Isso sem falar nas apresentações na Heavy Metal, no início dos anos 1980. Em entrevista ao Blog n’ Roll, o guitarrista do Titãs, Tony Bellotto, relembrou a fase. “Fizemos shows memoráveis no Heavy Metal. Era um lugar agitadíssimo e louco. Na primeira vez em que tocamos lá, antes de fazer sucesso, nos metemos numa briga homérica com alguns surfistas, todo mundo levou muita porrada, foi inesquecível”. Filhos no Superstar Enquanto segue na estrada para divulgar seu novo álbum, o ex-Titãs se mantém atento ao desempenho dos filhos no programa Superstar, da Rede Globo. Theo e Sebastião integram a banda Dois Reis, uma das concorrentes ao prêmio. “Tenho o maior orgulho deles. São talentosos. Theo escreve muito bem e Sebastiãotoca violão melhor do que eu tocava quando tinha a idade dele. Acho que a música é o ambiente natural deles. Afinal, quando nasceram, eu já estava trabalhando”, explica, ao afirmar que não teve nenhuma pressão para os filhos seguir em carreira artística.