Crítica | Os Fabelmans
Engenharia do Cinema Desde que foi anunciado o início de seu desenvolvimento no final de 2021, muitos cinéfilos se animaram com o mesmo, uma vez que o enredo seria sobre a própria vida do cineasta Steven Spielberg. Sendo responsável pela direção, roteiro e produção de “Os Fabelmans“, antes de sua exibição ser iniciada, o mesmo aparece em cena para deixar claro ao espectador que este é “o filme de sua vida” e agradece a todos que escolheram conferir nos cinemas. Sim, durante seus 150 minutos é notório que estamos falando de um filme feito totalmente com amor, pelos envolvidos e pelo próprio Spielberg. A história de Os Fabelmans tem início em 1952, quando o então pequeno Sammy Fabelman (Mateo Zoryan) começa a nutrir uma paixão pelo cinema após ter conferido “O Maior Espetáculo da Terra“, fazendo vários filmes caseiros com suas irmãs e pais. Alguns anos depois e agora adolescente (Gabriel LaBelle), ele começa a realizar cada vez mais curtas e idealiza projetos ainda maiores, enquanto sua vida pessoal passa cada vez mais por situações que realmente são dignas de cinema. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Em seus minutos iniciais, Spielberg já consegue adentrar na mente do espectador por conta dos detalhes inseridos na cena onde Sam vai ao cinema, pela primeira vez com seus Pais. Os diálogos, expressões da plateia diante da cena do trem. Mesmo se tratando de um contexto histórico (porque o clássico de Cecil B. DeMille, revolucionou na forma de filmar cenas de ação), a sensação de primeira vez reflete nitidamente no público. Embora o escopo seja de um habitual filme familiar (como o próprio Spielberg deixa claro, em seu prólogo), a narrativa sempre dá um jeito de homenagear a filmografia do icônico cineasta, com cenas que remetem aos seus clássicos como diretor e produtor, o que é o caso de “De Volta Para o Futuro“, “Twister“, “O Resgate do Soldado Ryan” e até mesmo seus primeiros longas como “Louca Escapada“. Realmente ele realizou uma carta de amor para sua respeitada filmografia. Agora partindo para o contexto das atuações, é um verdadeiro exemplo de atores que entram de cabeça em seus papéis. Não seria nem um pouco injusto ver nomes como Paul Dano, Michelle Williams e até mesmo Seth Rogen, figurando entre os indicados ao Oscar de atuação (a segunda pode até ganhar, inclusive). Todos eles possuem seus momentos chaves, pelos quais são responsáveis por transpor os momentos mais emocionantes da história (que não vou entrar no mérito, por conta de spoilers). O mesmo não pode-se dizer de Gabriel LaBelle, que realmente convence como uma personificação de um jovem Steven Spielberg, em vários sentidos. Seja por intermédio do jeito acanhado, convicto de seus objetivos e o grande auxílio da maquiagem e penteado, que fazem o mesmo se assemelhar bastante com o próprio, em sua época que estava começando nos cinemas como diretor. “Os Fabelmans” termina com a sensação de que realmente ainda podem ser conduzidas obras com o intuito de ser totalmente sobre a paixão de um cineasta, para o cinema. Sem dúvidas, Steven Spielberg levará seus novos Oscars de Filme e Direção, por este seu mais importante filme.
Crítica | Jurassic World: Domínio
Engenharia do Cinema Certamente este foi um dos projetos mais aguardados há tempos, pois trata-se do “desfecho” (digo assim, pois provavelmente vão haver mais filmes ou até mesmo séries da franquia) de “Jurassic Park“/”Jurassic World“. Programado para chegar aos cinemas no último ano, o projeto foi um dos que mais sofreram por conta da pandemia (inclusive, os sets foram fotografados totalmente desertos durante o lockdown), inclusive serviu como inspiração para o recente “A Bolha“. A história se passa quatro anos depois do desfecho do último longa, com os dinossauros vivendo com os humanos no mundo todo. Neste cenário caótico e inusitado, Owen (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard), vivem em uma cabana isolada da grande cidade e escondem a existência de Maise (Isabella Sermon). Ao mesmo tempo, os renomados cientistas Ellie Sattler (Laura Dern), Alan Grant (Sam Neill) e Ian Malcolm (Jeff Goldblum), se reúnem mais uma vez após vários anos, para investigar o que realmente está acontecendo neste cenário todo. Embora a narrativa homenageie o clássico dos anos 90, já que em todo momento possível o roteiro de Emily Carmichael e Colin Trevorrow (que também assina a direção) procura criar uma atmosfera de ação e suspense. Isso consegue captar a atenção do espectador e fazer o mesmo se assemelhar com o estilo de produção estabelecido por Steven Spielberg, nos primeiros dois títulos da franquia. Há dinossauros, cenário caótico e várias possibilidades que poderiam ser feitas, criadas (algo que não conseguiram fazer na recente franquia de “Godzilla“, por exemplo). Isso sem citar que os efeitos visuais são muito bem conduzidos (com exceção de uma tomada envolvendo Howard, que parece ter sido feita nas costas e não casa com nada que estava sendo visto). Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Só que como nem tudo é às mil maravilhas, o texto acaba deixando um pouco de lado o escopo do cientista Lewis Dodgson (Campbell Scott), que acaba sendo mais um vilão genérico mostrado de forma totalmente descartável. O mesmo pode-se dizer da construção do arco final, que mais parece se preocupar em estabelecer uma atmosfera para uma amplitude da franquia, do que para um encerramento. Agora, ele acerta ao conduzir as subtramas dos personagens protagonistas, pois há momentos chaves para todos eles brilharem e terem sua importância (o mesmo pode ser dito das curtas aparições de Omar Sy e Justice Smith, que acabam fazendo sentido serem implementadas). Mesmo sendo glorificante vermos novamente Dern, Neill e Goldblum juntos depois de quase 30 anos, o filme acaba deixando mais uma porta aberta para eles voltarem, ao invés de explorar ainda mais este reencontro. “Jurassic World: Domínio” certamente consegue entreter dentro de sua proposta, e se destaca por ser um entretenimento pipoca com diversas cenas de ação divertidas.