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Entrevista | Surra – “Procuramos uma abordagem mais atemporal para os problemas”

A banda Surra está de volta! Na última sexta-feira, o grupo revelou o novo álbum de estúdio, Falha Crítica, que vem repleto de pedradas sonoras carregadas com letras extremamente críticas políticas e sociais.

Falha Crítica, sucessor de Ninho de Rato e Tamo Muito na Merda, ambos de 2021, conta com uma produção refinada e mostra a Surra ainda mais confortável no posto de representante máxima da nova geração da música extrema, com influências que vão do thrash metal, grindcore, hardcore punk ao death metal.

A Surra é formada por Leeo Mesquita (vocal e guitarra), Guilherme Elias (baixo e vocal) e Victor Miranda (bateria).

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Confira abaixo uma entrevista com o baixista Guilherme Elias, que falou sobre a produção de Falha Crítica, planos futuros da banda, além da influência para as composições da banda.

O novo álbum do Surra mantém a acidez nas letras, as críticas sociais nas composições, mas tudo com uma produção ainda mais refinada. Qual foi o grande diferencial nessa produção?

Acredito que o grande diferencial foi o tempo. Pela primeira vez passamos quase um ano sem fazer shows, dedicando 100% do nosso tempo à produção do álbum. Isso foi crucial para amadurecermos as composições e arranjos, nos dedicarmos à pré-produção e à captação de cada instrumento. O trabalho de produção musical do Leeo também foi um diferencial importante para elevar o nível do material.

Operação Morre e Cala a Boca foi inspirada nas operações Escudo e Verão? Você acredita que a música pode cumprir seu papel social chamando a atenção para esses problemas?

Operação tem sim inspirações nas citadas, porém, infelizmente, não foi a primeira e nem será a última desse tipo. Nessa música, assim como em outras, procuramos uma abordagem mais atemporal para os problemas que queremos chamar atenção.

O mundo vive uma ameaça da extrema-direita, que não respeita direitos humanos, não se importa com cultura, social e esportes. E coloca a religião e seus interesses próprios acima de tudo. Ainda é muito bizarro ver punk e fãs de hardcore criticando bandas por descerem o pau nesses problemas?

Acho importante refletir que o punk, o hardcore ou qualquer outro meio dito alternativo não é desassociado da sociedade. Sendo assim, eles são diretamente influenciados e, muitas vezes, replicam esses valores em maior ou menor proporção.

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Em um mundo onde a mensagem importa cada vez menos e onde a sociedade dedica poucos segundos de atenção para cada assunto, não me espanto com esse tipo de posicionamento.

Quando você acredita que esse público se perdeu e passou a entender as músicas de forma errada? O efeito Bolsonaro pesou nisso?

Pessoas que curtem o estilo “apenas pelo som” sempre existiram e sempre existirão. Esse é um movimento que não é novo para nós e que observamos desde o lançamento de Somos Todos Culpados há dez anos.

O novo meio de produzir e consumir, não só música, mas qualquer informação, contribui para que as pessoas fiquem cada vez mais na superfície das ideias. Resumir algo em 15 segundos e ainda nadar contra a maré das fake news é um desafio para qualquer pessoa que queira transmitir uma opinião ou ideia minimamente contestadora.

É entendendo e se utilizando dessas engrenagens que esses personagens tentam esvaziar o caráter combativo de toda e qualquer manifestação cultural.

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Mesmo assim, é importante pontuar que, ao mesmo tempo em que algumas pessoas deixam de escutar por esses motivos, há novas pessoas que muitas vezes têm seu primeiro contato com um pensamento contestador através da música.

O Surra teve um crescimento substancial nos últimos anos. Virou uma referência nacional com o seu trabalho tão elogiado por todos. Qual é o grande mérito da banda? Por que?

Acredito que nosso principal trunfo seja a entrega e a dedicação, tanto musicalmente quanto no âmbito pessoal. Há 12 anos a banda é parte integrante de nossas vidas, e persistimos independentemente dos obstáculos que a vida nos impõe.

Outro ponto importante é que não investimos tempo e energia em polêmicas, intrigas e fofocas. Nosso foco sempre foi tocar, compor, gravar e divulgar nosso trabalho sem prejudicar ninguém. Esse caminho é mais árduo, sem atalhos, mas tem se mostrado recompensador.

Quais são os planos para a divulgação do Falha Crítica? Alguma turnê programada? Quando deve tocar em Santos?

Para esse ano faremos uma turnê com dez datas, passando pelas principais capitais do Sul e Sudeste. Infelizmente, não temos nenhuma data marcada para Santos, mas seria muito legal finalizar a turnê tocando em casa. Um show no Arena Club, já que nunca tocamos lá, seria excelente!

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Quais os três discos que mais te influenciaram como músico? Por que?

Testament – The Legacy – 1987

O representante do Thrash Metal da lista. O disco que me tirou do Power Metal de vez e fez eu cair de cabeça no Thrash. Foi escutando esse disco e vendo o clipe de Over The Wall que tive a certeza que queria montar uma banda nesse estilo.

Death – Symbolic – 1995

As linhas de baixo desse disco são um absurdo: técnicas, melódicas e agressivas na medida certa. Por mais que hoje curta mais o Leprosy e o Scream Bloody Gore acredito que esse disco foi mais importante na minha formação como baixista.

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Fundo de Quintal – Seja Sambista Também – 1984

Desde criança, frequento uma roda de samba com os amigos do meu pai. Foi meu primeiro contato com as quatro cordas, do cavaquinho, não do baixo, mas esse disco me representa muito. Gosto muito e tenho ótimas lembranças de todas as músicas.

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