Palpites de indicados ao Oscar 2022

Engenharia do Cinema Nesta terça-feira, 08 de fevereiro, serão anunciados os indicados ao Oscar 2022. Como não poderia deixar de falar neste ano, meus principais palpites para essa cerimônia seguem abaixo. Certamente desta vez muitas decisões gerarão polêmicas, e algumas produções poderão ser várias surpresas para muitos. Os vencedores do 94.ª Oscar serão anunciados em uma cerimonia no dia 27 de março, com transmissão pela TNT. Lembrando que o apresentador oficial da mesma, também será anunciado nos próximos dias. Obs: não entrei no mérito de citar as categorias de curtas e documentários, por não ter conseguido ter acesso as mesmas. Melhor FilmeBelfastNo Ritmo do CoraçãoDunaKing Richard: Criando CampeãsAtaque dos CãesNão Olhe Para CimaLicorice PizzaTick, Tick… Boom!Amor, Sublime AmorDrive My Car Melhor DireçãoRyûsuke Hamaguchi, Drive My CarJane Campion, Ataque dos CãesLin Manuel-Miranda, Tick, Tick… Boom!Steven Spielberg, Amor, Sublime AmorDenis Villeneuve, Duna Melhor AtorBenedict Cumberbatch, Ataque dos CãesWill Smith, King Richard: Criando CampeãsDenzel Washington, A Tragédia de MacbethAndrew Garfield, Tick, Tick… Boom!Leonardo DiCaprio, Não Olhe Para Cima Melhor AtrizOlivia Colman, A Filha PerdidaLady Gaga, Casa GucciKristen Stewart, SpencerRachel Zegler, Amor, Sublime AmorAlana Haim, Licorice Pizza Melhor Ator CoadjuvanteBen Affleck, Bar Doce LarBradley Cooper, Licorice PizzaCiarán Hinds, BelfastTroy Kotsur, No Ritmo do CoraçãoKodi Smit-McPhee, Ataque dos Cães Melhor Atriz CoadjuvanteCaitriona Balfe, BelfastAriana DeBose, Amor, Sublime Amor Kirsten Dunst, Ataque dos CãesAunjanue Ellis, King Richard: Criando CampeãsRuth Negga, Identidade Melhor Filme InternacionalLamb (Islândia)A Hero (Irã)A Mão de Deus (Itália)Drive My Car (Japão)The Good Boss (Espanha) Melhor Roteiro AdaptadoNo Ritmo do Coração – Siân HederDrive My Car – Ryûsuke HamaguchiDuna – Denis VilleneuveA Filha Perdida – Maggie GyllenhaalAtaque dos Cães – Jane Campion Melhor Roteiro OriginalApresentando os Ricardos – Aaron SorkinBelfast – Kenneth BranaghNão Olhe Para Cima – Adam McKayKing Richard: Criando Campeãs – Zach BaylinLicorice Pizza – Paul Thomas Anderson Melhor FigurinoCyranoCruellaO Beco do PesadeloDunaA Crônica Francesa Melhor Design de ProduçãoCyranoCruellaO Beco do PesadeloAtaque dos CãesDuna Melhor Cabelo & MaquiagemCruellaDunaOs Olhos de Tammy FayeO Beco do Pesadelo Melhor Trilha SonoraApresentando os RicardosNão Olhe Para CimaDunaA Crônica FrancesaAtaque dos Cães Melhor Canção Original“Just Look Up” (Não Olhe Para Cima)“Dos Oruguitas” (Encanto)“Be Alive” (King Richard: Criando Campeãs)“No Time To Die” (007 – Sem Tempo Para Morrer)“Here I Am (Singing My Way Home)” (Respect) Melhor SomDunaNoite Passada em Soho007 – Sem Tempo Para MorrerUm Lugar Silencioso: Parte IIAmor, Sublime Amor Melhores Efeitos EspeciaisDunaEternosFree GuyGhostbusters: Mais AlémMatrix Resurrections
Crítica | Hotel Transilvania 4: Transformonstrão

Engenharia do Cinema Após a Sony vender para a Amazon por US$ 100 milhões, “Hotel Transilvania 4: Transformonstrão” finalmente chegou ao catálogo do Prime Video como a primeira grande aposta do catálogo da mesma. Após uma trinca de filmes, cuja qualidade foi permanecendo constante, este quatro capítulo não contou com o envolvimento do astro Adam Sandler (que dublava o Conde Drácula e era um dos produtores), devido ao contrato de exclusividade com a Netflix (que o impedia de realizar este projeto por hora). Infelizmente é notório que seu envolvimento era crucial para este universo, pois estamos falando do exemplar mais fraco da saga. A história começa quando Drácula vê que é a hora de passar o Hotel Transilvania para sua filha Mavis e seu marido Jonathan. Mas devido ao fato deste não manter uma boa relação com o genro, acaba fazendo com que este pegue um artefato com Van Helsing que o transforma em um monstro. Só que ele não imaginava que na confusão iria transformar o próprio Drácula e seus amigos em humanos, o que fará com que eles saiam em uma viagem para conseguir voltarem ao “normal”. Imagens: Amazon Studios/Sony Pictures (Divulgação) Pensem nos recursos mais pobres e fúteis para traçar a personalidade de um personagem. Agora coloquem eles travestidos como os presentes desta animação. “Jonathan é trapalhão, como vamos mostrar isso?”, “Simples, coloca ele caindo e escorrendo a cada cinco minutos que ele tem em cena”. Sim, esse tipo de solução que os roteiristas Amos Vernon, Nunzio Randazzo e Genndy Tartakovsky pegam para seguir com sua narrativa. Isso quando eles não repetem ininterruptas vezes a mesma piada (que parece que são feitas, por conta de alcançar a metragem de um filme), e sequer possuem uma noção básica de geografia e nacionalidades (afinal, há um arco onde os personagens vão para o Brasil e aqui é um país que fala e escreve em espanhol). No final das contas, “Hotel Transilvania 4: Transformonstrão” consegue ser uma animação voltada apenas para o público de no máximo 10 anos e nada mais além disso. Inteligente foi a Sony, em se livrar desta bomba de suas mãos.
Crítica | Spencer

Engenharia do Cinema Desde que foi exibido pela primeira vez no Festival de Veneza, muitos alegaram que a caracterização de Kristen Stewart como a Princesa Diana, foi uma das melhores apresentadas por todas as atrizes que já viveram a mesma. Depois de quase dois meses após seu adiamento, finalmente a Diamond Films lançou nos cinemas “Spencer“. Confesso que esta é uma obra que certamente funcionará se você já estiver habituado com o universo da realeza britânica e ter conhecimento da vida de Diana Spencer. O filme se passa apenas na época do natal, onde esta descobre a traição do Príncipe Charles (Jack Farthing) e como ela começou a ir contra todas as regalias e situações impostas pela família real naquela época de festividades. Enquanto todo o Palácio de Buckingham, constantemente vira de cabeça para baixo com todas as “simplicidades” de Diana. Imagem: Diamond Films (Divulgação) O roteirista Steven Knight (da série “Pinky Blinders”) sabe mostrar de formas sutis como Diana era “maluca e importante”, através de cenas sutis. Como na abertura da produção, onde ela esta perdida e procura por um telefone em uma lanchonete como alguém normal, e todos olham assustados para ela. Ao mesmo tempo, ele corta para cenas que mostram seus medos, angústias e até raivas por não poder se expressar da maneira pela qual deseja. Enquanto o diretor Pablo Larraín procura deixar claro que o foco é totalmente em Diana, ao deixá-la sempre como foco em 95% das cenas. Filmando como se fosse um filme realizado nos anos 90 (tanto que a tela está com o aspecto de 1.66 : 1), ele procura retratar tudo como se estivéssemos na pele da mesma e inclusive opta por enquadramentos aos quais fazem acreditarmos que Stewart realmente é Diana (que também teve bastante auxílio da equipe de maquiagem). A fotografia de Claire Mathon com tons depressivos, não só mescla o clima da época na Inglaterra, como também tudo que Spencer estava vivendo naquela turbulenta situação. Porém deixo avisado que se você não conhecer direito tudo que englobou o arco mostrado aqui, pode ser que você não compre a narrativa. Já que não temos nenhum interlocutor sobre os fatos, mas sim personagens como os assistentes Alistar Gregory (Timothy Spall) e Maggie (Sally Hawkins), que servem como uma espécie de interlocutores do grau de carinho que Diana tinha no Palácio. “Spencer” é claramente um dos maiores filmes sobre a realeza britânica e certamente ficará no coração dos fãs e admiradores da eterna Lady Diana.
Crítica | As Agentes 355

Engenharia do Cinema No painel de “X-Men: Fênix Negra”, na CCXP 18, o cineasta Simon Kinberg e a atriz Jessica Chastain deixaram claro que gostariam de trabalhar juntos novamente em um projeto mais pessoal e que fosse divertido de fazer. Quase quatro anos depois, a dupla cumpre a promessa e lança este “As Agentes 355”. Desde a abertura da produção, vemos que se trata de um projeto bastante pessoal mesmo, uma vez que o ator Sebastian Stan (amigo pessoal da dupla, fora das câmeras) também está no filme como o cônjuge da personagem de Chastain. Após ele se se envolver em uma falha em uma importante missão, Mason Browne (Chastain) acaba tendo de unir forças com Marie Schmidt (Diane Krudger), Graciela Rivera (Penélope Cruz) e Khadijah Adiyeme (Lupita Nyong’o), para conseguir recuperar um dispositivo que possui o poder de controlar quaisquer dispositivos mundiais. Imagem: Diamond Films (Divulgação) Logo em sua abertura vemos que se trata de um mero filme B de ação, com direito a várias cenas coreografadas e situações já apresentadas anteriormente nos cinemas. O roteiro assinado pelo próprio Kinberg e Theresa Rebeck, nos apresenta protagonistas com perfis já conhecidos no cinema (a líder, a hacker, a medrosa, durona e a misteriosa) e acabamos dependendo do carisma das atrizes para isso funcionar. Devido ao fato delas já serem amigas fora das telas, esse entrosamento ajuda bastante. Mas antes fosse apenas isso. Estamos falando de um filme que faz questão de jogar duas pautas que o cinema apenas vem “jogando” e não se importa com o formato, que são o feminismo e o crescimento comercial da China (cuja amplitude desta pauta não vale ser discutida nesta resenha). Enquanto vemos várias mulheres com cerca de 1,60 m nocauteando homens com o dobro de seus tamanhos (e chega a ser hilário) e sem se machucarem, estes sempre são malvados ou burros (algo que em filmes como “Atômica” e “Mad Max: Estrada da Fúria” isso não foi necessário). Isso sem falar que em momento algum, é derramado sangue (para poder conquistar o PG-13, nos EUA), mesmo com personagens sendo metralhados e até mesmo esfaqueados. “As Agentes 355” é uma daquelas produções feitas apenas com o intuito dos envolvidos ganharem dinheiro, enquanto tiram férias.
Crítica | Mãe vs Androides

Engenharia do Cinema Realizado pela Miramax, Mãe vs Androides foi adquirido pela Hulu nos EUA e pela Netflix no restante do mundo, e confesso que foi uma decisão inteligente do estúdio em ter se livrado desta bomba. Estrelada por Chloë Grace Moretz (“Kick-Ass”), esta produção resgata estilos genéricos e busca tirar um enredo plausível no meio de tantos clichês e caos narrativos e de direção. Baseado no livro de Karel Capek, a história mostra o casal Georgia (Moretz) e Sam (Algee Smith), que descobrem que terão um filho minutos antes de uma invasão de androides ser revelada na humanidade. Em um cenário pós-apocalíptico, a dupla terá de lutar não só pela sua sobrevivência, mas também a de seu filho. Só tem um problema: como eles poderão confiar em alguém, se a maioria dos invasores se traveste como humanos. Imagem: Netflix (Divulgação) O roteiro e direção de Mattson Tomlin parece querer tirar situações de várias produções populares do cinema como Exterminador do Futuro, aos quais não há a menor chance de haver verossimilhança, uma vez que temos uma Moretz que não possui um carisma de uma Linda Hamilton e um cenário menos amedrontador que uma Skynet. Tudo soa como forçado e transposto para um público adolescente, que certamente irá disputar seus olhares para os aparelhos celulares e cenas de ação genéricas (vide a perseguição de motocicletas, cujo desfecho não faz sentido algum). Isso ainda porque ainda não mencionei os arcos dramáticos, pelos quais Tomlin insiste quase sempre em mesclar com terror (mostrando que realmente ela não entende em dosar os estilos, e sim quer captar a atenção do espectador em quaisquer situações). E isso acaba se mostrando caótico, quando chegamos na conclusão final, onde sequer criamos afeição pelo desfecho, mas sim raiva por termos perdido quase duas horas de nosso dia. Mãe vs Androides é a primeira grande bomba lançada pela Netflix neste ano, pela qual ainda não sabemos se a plataforma seguirá neste estilo duvidoso de lançamentos durante 2022.
Crítica | Eduardo e Mônica

Engenharia do Cinema Após ficar engavetado por quase dois anos, finalmente nós brasileiros conferimos o aguardado longa Eduardo e Mônica. Inspirado na canção de Renato Russo, o casal é vivido por Alice Braga e Gabriel Leone, a produção tem como embasamento a própria melodia da citada e ainda nos apresenta um divertido enredo que se passa nitidamente durante os anos 80/90 (época que a música estava nas alturas). Assim como na própria música, vemos a história do casal Eduardo e Mônica, que são totalmente diferentes e mesmo com um estilo totalmente distinto acabam se apaixonando e tendo de saber lidar com estas dificuldades em seus cotidianos. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) Dirigido por René Sampaio (que também comandou a adaptação cinematográfica de “Faroeste Caboclo“), ele conduz a história em seu primeiro arco de uma forma totalmente alegórica, com uma divisão de tela explicando como ambos são diferentes em tudo, nas suas atividades diárias (regada pela melodia de Russo). Só que estamos falando de um roteiro escrito por cinco pessoas (Gabriel Bortolini, Jessica Candal, Michele Frantz, Claudia Souto e Matheus Souza) e isso claramente acaba trazendo problemas no decorrer do enredo. A começar por algumas cenas pelas quais Mônica realiza discursos ativistas e que não fazem sentido algum para o enredo (existem outras formas de explorar que a personagem era liberal e hippie), como a ridícula cena da ceia natalina na casa do Avô de Eduardo (Otávio Augusto), cujos discursos de “militares x esquerdistas” são feitos apenas para renderem memes em redes sociais e acrescentarem falas políticas ao marketing do filme (lembrando que estamos falando sobre uma história de amor, não um filme sobre política). Embora estes deslizes acabam prejudicando uma pequena parcela da produção, o restante acaba sendo bastante alegórico, pois vemos que Leone e Braga possuem química e convencem dentro de seus papéis. A começar que o primeiro já se mostrou ser um verdadeiro camaleão (porque no filme “Minha Fama de Mau” viveu Roberto Carlos, e logo depois virou o bandido Pedro Dom, na série “Dom“), e facilmente convenceu como um adolescente de 16 anos, totalmente desleixado e nerd. Enquanto Braga viveu basicamente ela mesma, ou seja, não necessitou ter mais um baque na sua personalidade. “Eduardo e Mônica” acaba sendo uma simpática produção de romance, que conseguirá divertir os fãs de Renato Russo e do cinema nacional, que estavam carentes deste tipo de filme.
Crítica | Sing 2

Engenharia do Cinema Após o tremendo sucesso que “Sing” fez em 2016, era bastante óbvio que a Universal Pictures iria solicitar que o cineasta Garth Jennings (“O Guia do Mochileiro das Galáxias“) fizesse uma continuação. Só que mesmo sendo afetada pela pandemia, vemos que o grupo de animais cantores consegue entreter mesmo com uma história bastante simples e regada de canções famosas (pelas quais felizmente não foram dubladas para o português, na versão dublada). A história mostra o grupo de animais comandados por Buster, apresentando uma peça musical de “Alice no País das Maravilhas“, que não acaba agradando uma das mais renomadas críticas do setor. Mesmo confiante que ainda pode conseguir se apresentar no teatro do temido empresário Crystal, ele consegue convencê-lo que não só fará um show inesquecível em três semanas, como também terá a presença do renomado músico Clay Calloway. Imagem: Universal Pictures (Divulgação) Começo enfatizando que conferi esta animação na versão dublada (devido a legendada estar inacessível nos cinemas), e apesar do trabalho estar bem realizado em sua grande maioria, é perceptível (dependendo da qualidade acústica do cinema ou formato que você conferir ao longa) que o cantor Fábio Jr. realizou seu trabalho de forma remota ou houve algum problema com sua voz (já que ela possui um determinado eco e não conseguia casar com uma dublagem de animação). Isso não prejudica a experiência (por seu personagem aparecer de forma breve), mas era algo que poderia ter sido evitado no processo. Com relação ao enredo em si, não existe um protagonista ou personagem de destaque nesta trama. Ela em si foca apenas no conjunto de todos aqueles que estão envolvidos na peça. Apesar de alguns atores refletirem totalmente aos personagens aos quais eles dão voz (como o próprio Buster ser totalmente o ator Matthew McConaughey e Scarlett Johansson ser a porca espinho Ash). Dentro da premissa feita pelo roteiro, isso é totalmente plausível. Porém no contexto não acabamos criando uma certa empatia pelo motivo de tudo estar sendo feito. “Sing 2” acaba sendo uma divertida pedida para as crianças e adultos que gostam de musicais, e principalmente as canções que vem fazendo vários sucessos na cultura pop.
Crítica | Turma da Mônica: Lições

Engenharia do Cinema Após o estrondoso sucesso de “Turma da Mônica: Laços“, em 2019, era óbvio que iríamos ter muitos outros filmes da franquia criada por Mauricio de Sousa. Sendo bastante impactado pela pandemia, devido a ela ter começado durante as gravações, Lições demorou um ano para chegar aos cinemas. Aliás, confesso, que nesta altura do campeonato, o cineasta Daniel Rezende conseguiu achar a tonalidade certa para conceber as produções da Turma da Mônica e vemos que este “Turma da Mônica: Lições” só comprova isso. Após Mônica (Giulia Benite), Cebolinha (Kevin Vechiatto), Magali (Laura Rauseo) e Cascão (Gabriel Moreira) se esquecerem de fazer uma importante lição de casa, eles resolvem fugir da escola para realizar a mesma e entregar no dia seguinte. Mas após este plano dar errado, eles acabam ficando divididos devido ao fato de seus pais os colocarem em atividades extracurriculares, e principalmente ao fato de Mônica ter ido estudar em uma nova escola. Imagem: Paris Filmes (Divulgação) O roteiro de Thiago Dottori e Mariana Zatz, consegue captar o espectador pela verossimilhança com a realidade vivida por muitos, durante a época de infância/escola. Quem cresceu até os anos 2000, facilmente conseguirá ver muito das raízes em cena, principalmente pelo debate que a produção levanta “será que ainda estamos crescendo?”. Inclusive o quarteto protagonista dá conta do recado, porém como estamos falando de atores mirins iniciantes, eles vão melhorando aos poucos e eles já demonstraram isso em relação ao antecessor. Só que estamos falando de uma produção voltada para o público infantil, e certamente os produtores pensaram “vamos deixar com uma duração de no máximo 90 minutos, para não cansar as crianças”. É nesta hora que vemos o quão bons nomes como Isabelle Drummond (Tina), Malu Mader (professora da Mônica) e Augusto Madeira (professor de natação do Cascão) são totalmente remetidos a meras cenas com frases de efeito (às vezes, nem isso). Podem até terem mais cenas com estes personagens, porém certamente veremos em algum extra de mídia física ou em streamings (uma pena). “Turma da Mônica: Lições” acaba se mostrando melhor que seu antecessor, e só comprova que ainda há muito para ser explorado no universo de Mauricio de Sousa.
Crítica | King’s Man: A Origem

Engenharia do Cinema Sendo realizado durante a compra da Fox pela Disney, “King’s Man: A Origem” é uma produção que claramente sofreu alterações na sua concepção. Inicialmente previsto para chegar aos cinemas em 2019, o filme sofreu vários adiamentos por conta da pandemia e finalmente foi lançado (dois anos depois do previsto). Mesmo sendo dirigido por Matthew Vaughn (que também escreveu o roteiro com Karl Gajdusek), que comandou os dois filmes da cinessérie principal, estamos falando de um spin-off que sequer consegue captar suas origens e explanar o selo diferente e bastante maluco, da franquia “Kingsman”, baseada nas HQs criadas por Mark Millar e Dave Gibbons. O longa tem início nos primórdios da Primeira Guerra Mundial, onde Orlando Oxford (Ralph Fiennes) junto ao seu fiel parceiro Shola (Djimon Hounsou), realizam diversas missões suicidas pelo mundo. Mas tudo começa a ser testado quando eles têm de encarar o pseudo-vidente Grigori Rasputin (Rhys Ifans), cujos propósitos são totalmente de influenciar as decisões da Europa, durante o cenário de guerra. Para isso eles contam com a ajuda do filho de Orlando, Conrad (Harris Dickinson) e Polly (Gemma Arterton). Imagem: 20th Century Studios (Divulgação) Realmente se não tivesse o selo “Kingsman” estampado no título, dificilmente iria assemelhar que estamos falando de uma produção neste universo. Sai o humor negro ácido, cenas de ação memoráveis e participações especiais de luxo, e entra um dramalhão entre Pai e Filho, cenas clichês de filmes de espionagem/guerra e uma história nem um pouco interessante. Se não tivesse este selo, não hesito em dizer também, que não haveria tantos adiamentos e eles seriam direcionados para alguma plataforma de streaming. Em momento algum criamos afinidades pelos personagens, muito menos conseguimos comprar suas motivações. Em determinados pontos, facilitações narrativas são utilizadas apenas para “inserir” participações que serão “usadas mais para frente”. Tudo acaba soando como um “simples filme se passando na época das guerras”, e inclusive não há um arco que ficará marcado como foi nos antecessores. “King’s Man: A Origem” só deixa claro que realmente a Disney precisa trabalhar mais afundo as produções do selo Fox, pois não basta fazer um filme por fazer, e sim que mais desejos devem ser aplicados.