D3cker, rapper santista, lança terceiro álbum BU3NO

Murilo Bueno Ferreira, 21, mais conhecido como D3cker, é um artista experimental de Santos. Ele mescla sonoridades do indie ao pop com sua vertente principal, o trap. D3cker, retorna à cena com seu o álbum BU3NO, lançado na segunda-feira (26). Em resumo, é o terceiro em sua carreira, escrito durante um período em que o artista se viu isolado da sociedade por causa de problemas com drogas. Na produção, D3cker conta que entrega sua alma em cada faixa. Todas foram mixadas e masterizaras por ele. Exceto a última do álbum, realizada pelo Sandrim. Já a produção instrumental é de Real Nage e Sandrim, amigos de longa data do artista. As faixas têm uma atmosfera melódica totalmente diferente de seu primeiro álbum. Mas, segundo ele, seguem o mesmo princípio dos anteriores: letras sinceras, bem escritas e pessoais. Tem um tom maduro e sincero sobre escolhas e consequências na vida de um artista em busca do sonho. Ele traz temas como sua luta contra as drogas no mundo da música, a transição para a nova forma de enxergar a fama e a trajetória até ela. D3cker lançou o primeiro álbum de estúdio Submundo em 2019. A queda E O sentido em 2020 e agora o terceiro Bu3no em 2021. O trabalho do D3cker pode ser acompanhado pelas redes sociais: Instagram, Spotify e Youtube.
Conheça G6 MC, rapper santista que está preparando o primeiro EP solo

Guilherme César Saldanha, 35 anos, mais conhecido como G6 MC, é rapper, compositor, desenhista, storyboarder e diretor de arte. Atualmente, mora em Santos e está para lançar o seu primeiro EP solo intitulado The Real Game. “Eu tô indo pra cima, sem abdicar da minha responsabilidade. Eu gosto de abrir a visão das pessoas, gosto de gerar reflexões e pensamentos, de fazer a mente do próximo funcionar”. Ele afirma que apesar de gostar do rap de mensagem, também gosta de abordar em suas letras diversos assuntos. “Sou abrangente, falo sobre coisas poéticas, sacanagem, amor, letras que passam a visão. Não tenho uma limitação, gosto da abrangência e versatilidade”. O EP solo conta com a produção de peso do Velho Beats e trará uma faixa assinada por Max Pontes, um dos grandes produtores musicais da Baixada Santista. Cada faixa do EP The Real Game terá um clipe, que segundo G6 será lançado em drops. “Não vamos lançar as faixas de uma vez, e sim uma a uma, assim dá mais tempo de trabalhar. O primeiro vai sair mais para o final do ano”, afirma. Trajetória O rapper ainda está dando andamento ao projeto CYPHERFUNK dos 13 pelo Selo T13 RECORDS. O projeto reúne grandes nomes da velha guarda e da nova escola, contando com nomes de peso como Chiquinho CH (ex-dupla Chiquinho e Amaral), NB Emici, D3cker Boy, Criminal D, Dinho da VP, Kazuya, entre outros. G6 conta que escreve desde criança e sempre teve contato com a cultura hip hop por meio das músicas. “Sempre gostei. Funk e rap ouço desde moleque, desde que vim para a Baixada Santista. Eu morava em São Vicente, ouvia Facção Central, Racionais, usava ciclone, sempre fui o menino ‘rueiro’, vivia descalço, as quebradas viviam trocando tiro, no fim dos anos 90, começo dos anos 2000 …” Ele relembra que chegou a compor com o Chiquinho da dupla Chiquinho e Amaral, mas não lançava nada porque não se sentia confiante. “Eu sempre cantei bem, sempre fui muito eclético, cheguei a gravar algumas coisas em estúdio, mas não lancei nada, não tinha confiança”. Isso mudou em 2012, quando ele ao lado de outro MC fundou o grupo C.R.I.A.S da Baixada. E quando criou o clã de rap Território-13 ao lado de outros dois mc´s, que desde então reúne representantes de toda a região dando voz e espaço para novos e velhos talentos da cultura hip hop. Lições para a vida Em sua trajetória, G6 acabou indo para a prisão e leva isso como aprendizado para a vida. “Eu aprendi e me fortaleceu muito. Não arrisco me colocar nessa situação por nada, aprendi a engolir meus demônios e digerir por mim mesmo”. Após essa experiência, ele voltou mais forte e focado para dar andamento em seus trabalhos. Você pode acompanhar G6 MC e seus projetos pelas redes sociais, como Instagram e Youtube.
Tubarão MC: destaque em batalhas de rima, é um rapper para ficar de olho

Carlos Daniel Santiago Ferreira, o Tubarão MC, de 20 anos, oriundo de Praia Grande, já disputou mais de 400 batalhas de rima e tem ganhado notoriedade na cena do rap. É conhecido por suas rimas inteligentes e trocadilhos quando está mandando um freestyle. Inclusive vários vídeos na internet compilam seus melhores momentos. Pra completar, o MC é o único da Baixada Santista a ganhar duas batalhas: do Museu e da Aldeia, que tem relevância a nível nacional. Em seu portfólio, destaca-se vencedor da Batalha do Museu, em Brasília, Batalha da Aldeia, por duas vezes, além de ser vice-campeão do estadual, o Circuito Paulista de Batalha de MCs, dentre tantas outras conquistas. Grande parceria O rapper já rimou com nomes conhecidos das batalhas, um deles é o Kant, com quem fez um feat neste ano. O clipe Nada Pacífico tem mais de 280 mil visualizações no YouTube e foi possível graças a parceria da Batalha do Líbano e a Batalha013. “Eu já conhecia o Kant das batalhas. Além das rimas, é alguém que eu gosto muito. A gente começou a pegar uma amizade. Em 2020, me convidaram para participar da Batalha do Líbano, que é de Barueri, de onde o Kant é e ele mora no bairro do Líbano. Então, eles viram que eu era o maior campeão aqui da Baixada Santista e perguntaram por que não nos juntar em uma parceria. A Batalha013, da Baixada, me apoiou e arcou com o custo. O vídeo foi lançado no canal da Batalha do Líbano. Graças a Deus abriu portas para a visibilidade”. Tubarão MC O artista também tem singles e clipes lançados, trabalhos solos e com parcerias. Recentemente, teve o lançamento de É o RAP, é o funk, com integrantes do coletivo Labuta Hip Hop, do qual faz parte. No início era hobby Mas nem sempre Carlos Daniel levou o rap como algo que queria pra vida. Tudo começou como um hobby em 2015, quando ele tinha 14 anos apenas. “Fazia uma rodinha de freestyle com os amigos na escola, a gente não fazia rap e sim funk. Nos reuníamos, ficávamos na ‘palma da mão’ rimando”, explica. Em 2016, foi a sua primeira batalha de rap em Praia Grande, a Batalha Hip Hop Por Prazer, que acontecia no Boqueirão. Ele já era conhecido como Tubarão na escola, devido a um acidente na educação física, que o fez perder o dente da frente. Os amigos na época disseram que ele estava parecendo um tubarão e ele adotou o vulgo pra vida. Apesar de gostar de rimar, ele via a pratica como um hobby. Demorou um ano para perceber que poderia ser algo a mais. “Eu fazia aos finais de semana. Só tinha três batalhas na Baixada Santista, então não ia a muitas e não era algo que pensava em levar pra vida”. Primeiro som Quando começou a aparecer mais batalhas na região, o artista era mais frequente nos eventos. Ele ganhava algumas, e tinha casos em que a premiação era a produção e gravação de uma música. Só que Tubarão geralmente dava esse prêmio para outra pessoa, pois não tinha ainda muito interesse em fazer música. Ele resolveu dar uma chance em 2017, quando gravou pela primeira vez a música Sentidos parte I. “A 100ª edição da Batalha da Conselheiro, em Santos, foi especial. Reuniram só MCs selecionados. Eu fui campeão nesse dia e ganhei uma produção completa com beat, gravação e tudo. Resolvi fazer, pensei ‘não custa nada’, e assim fiz meu primeiro som”. Outro patamar Dias após esse evento, Tubarão conta que a chave virou e ele começou a perceber que o hobby poderia se tornar algo mais sério. Ele disputou a regional, que acontece uma vez por ano. “Era um evento bem importante, você tem que passar nas classificatórias até chegar ao nacional. Eu acabei perdendo, mas entendi o patamar que eu poderia chegar”. Para ele, alguns mc´s importantes com quem rimou devido à relevância foi o Leozin, na época o considerava um dos melhores de São Paulo, em 2016. O Salvador, com quem rimou em 2019 no estadual, conseguindo vencê-lo, e o Kant. O segredo das rimas Tubarão é muito conhecido pelas batalhas e a forma como constrói as rimas no freestyle. Ele conta que desde a época de escola sua matéria preferida era português, pois sempre se deu bem com as palavras. Ele tinha facilidade em fazer textos, redações, facilidade com figuras de linguagem, metáforas e por aí vai. Quando entrou para o mundo das batalhas, começou a estudar outros assuntos. “Trocadilho, antítese, comecei a estudar mais. Também vejo batalhas de outros países, isso faz você aprender muitas coisas. Os compilados de vídeos na internet, por exemplo, não são iguais aos do Brasil. Aqui, geralmente fazem sobre as melhores rimas. Lá, eles separam por temas, tipo melhores rimas de metáforas, de trocadilhos. Eu estudo muito isso e busco entender o estilo que cada batalha tem”. Tubarão MC Após tantas experiências nas batalhas, Tubarão confessa que não fica mais tão nervoso quando vai competir. E sempre que tem um evento, busca ficar tranquilo e de cabeça fria um dia antes, sem se estressar e arrumar problema. “Eu já sou uma pessoa bem fria e eu faço isso. Quando subo no palco eu estou tranquilo”. Representante 013 Com todas as disputas e conquistas nas batalhas de rima, Tubarão MC acaba trazendo visibilidade para a região da Baixada Santista. E para ele, isso é muito satisfatório. “É como nas olimpíadas, que você passa o bastão para o outro atleta, sabe? Sempre tem alguém que se destaca, em 2016 era o T h, por exemplo. E tiveram outros. Eu não acho que sou o melhor em rima, mas sou esforçado, eu tenho corrido atrás do que eu quero”. Ele ainda fala que a Baixada Santista tem muita batalha boa, mas não tem tanta visibilidade. “Então, eu fico feliz quando o Bob da Batalha da Aldeia vai falar meu nome e ele fala de onde eu sou. Ano passado mesmo eu consegui
Grupo de rap Imagreen lança primeiro EP, uma trilogia com clipes

O Imagreen, grupo de rap da Zona Noroeste de Santos, lançou o primeiro EP Entre o Mal e o Bem após quase oito anos de caminhada. Em síntese, a produção é uma trilogia e todas as músicas ganharam clipes. Entre o Mal e o Bem, Não Fica em Shock e No Que Dar Valor têm identidades e atmosfera diferentes, mas dialogam entre si. Em resumo, os integrantes Mary Pozett, 33 anos, Zilla, 29, e LM’C ,25, começaram a pensar no conceito do EP após serem contemplados com a Lei Aldir Blanc, em dezembro de 2020. “Quando conseguimos pensamos no conceito do EP, soltando todas as músicas com clipe”, diz Zilla. Trilogia A primeira música Entre o Mal e o Bem, que dá título ao EP, é uma crítica relacionada ao governo. “A gente levanta a militância do que o rap é em si”, afirma LM´C. Logo depois, veio o segundo lançamento Não Fica em Shock aborda problemas relacionados à própria favela. “Estamos nos apresentando de uma forma mais abrangente dentro do hip hop, envolvendo os quatro elementos”, explica LM´C. Aliás, no clipe, podemos ver mc´s, b boys, dj e grafitti, os quatro elementos do hip hop. Por fim, a terceira música No Que Dar Valor é mais introspectiva e traz uma mensagem motivacional. Contudo, a composição foi escrita há oito anos. “É uma composição do LM’C. A gente ia gravar ela a muito tempo atrás, mas preferimos fazer ela com os músicos num formato que desse uma emoção a mais. No beat ela já era boa, mas se viesse com melodia e arranjos ficaria bem melhor”, explica Mary Pozett. A união faz a música A DJ e produtora cultural Nanne Bonny foi a responsável pela produção das músicas junto com o grupo. Aliás, ela é conselheira de cultura de Santos e durante o processo da Lei Aldir Blanc participou ativamente da construção do edital e da implementação da lei na cidade. “Eu conheço o grupo faz alguns anos e sempre acreditei muito na potência deles e foi quando procurei eles para falar do edital. A ideia deles já estava pronta, a gente fez algumas reuniões para discutir orçamento e cronograma e adaptar para o edital. Após isso, nos reunimos e começamos a contatar equipe para produção. Eles já tinham as músicas, os clipes foram construídos em equipe. E esse foi o resultado!”. Ademais, embora o curto período que tiveram para execução do projeto, o grupo está bem satisfeito com o resultado do primeiro EP e agradece todas as pessoas que participaram da produção. “Aos b-boys, aos músicos que participaram da última música (No Que Dar Valor). A galera que fechou em protagonizar o primeiro clipe, a Andreia Biancardi, Nanne…” Os trabalhos do Imagreen podem ser acompanhados pelas redes sociais. YoutubeFacebookInstagramSpotify
Conheça Wescritor, o rapper tupinambá na Baixada Santista

Weslley Amaral dos Santos, o Wescritor, tem 24 anos e é um tupinambá na Baixada Santista. O rapper aborda pautas indígenas e reverbera ancestralidade nas rimas. Transita entre letras de resistência, reflexivas, sobre amor e sentimentos. Nascido e criado em São Vicente, aos 18 anos mudou-se para Santos, onde mora atualmente. O artista se jogou de cabeça no mundo da música em 2019 e desde então, além de singles, coleciona os seguintes trabalhos solo: EP Corpos Laranjas, Mixtape T.R.A.P, Mixtape Comunicação e o EP Dela. Além da qualidade dos sons, Wescritor já possui clipes marcantes, como Caos Indígena, Modificado e Exemplo. As letras dele ecoam forte para o ouvinte, principalmente para quem tem afinidade com a causa indígena. Mas nem sempre ele entendeu de fato sua ancestralidade. O Weslley de 17 anos, até então, não compreendia o significado disso. E só após compreender, foi a virada de chave. Virada de chave Wescritor passou por uma mudança interna intensa em 2019 quando no início do ano visitou a Aldeia Itapoã, Tupinambá de Olivença, onde vive o seu avô, José Ramos Amaral, mais conhecido como Ancião Amaral, de 76 anos. “Eu reconheci o espaço, a história, a vivência e senti na pele o que é a causa”, explica. O artista comenta que sabia que o avô era indígena, tinha casa na aldeia, mas até então não tinha sido tocado daquela forma pela sua ancestralidade. “Vem mudando meu ser. Você vai olhando pra trás e se conectando, isso vai te fortalecendo no agora e no amanhã”. Wescritor EP Corpos Laranjas Muito significativo, 2019 foi um ano de grande importância para ele, tanto pela viagem e suas descobertas, quanto para mergulhar dentro de si. Dos três meses que ficou na Bahia, alguns dias e semanas foram dedicados a ficar na aldeia. Daí, surgiram algumas letras do primeiro EP Corpos Laranjas. “Escrevi Caos Indígena, Tupinambá (tanto a poesia quanto o som) a fala do meu vô e captei na aldeia. Resistir também foi lá”. Ele foi lançando singles ao longo de 2019 até se tornar o EP Corpos Laranjas que foi lançado em 20 de dezembro do mesmo ano. “Foi o primeiro projeto compilado, foi especial, sendo a melhor construção que eu fiz. Consegui investir um dinheiro, ter material profissional. O clipe Caos Indígena foi fluido, foi lindo e rolou da melhor forma, como tinha que ser”. A produção musical, mixação e masterização de Caos Indígena ficou a cargo de Léo Ost. YBY Festival Ainda em 2019, Wescritor participou do YBY Festival, o festival de música indígena contemporânea do Brasil. “Pra mim é muito sensível o que aconteceu em 2019. Foi muito importante a presença no YBY. Meu avô veio da Bahia para São Paulo assistir. Ele era o ancião mais antigo do festival, foi muito impactante ver ele no palco, honrando todo o povo Tupinambá. Por causa de um movimento que eu fiz… É algo muito forte. A família acredita e eu acredito muito”. Wescritor Ritmo e Poesia Apesar de ter sido 2019 o ano que Wescritor foi a fundo no rap, ele já tinha contato com o gênero musical e com a poesia. Desde pequeno ele escuta rock e rap, por influência de seu irmão mais velho e atualmente seu empresário Wallace Amaral, de 30 anos. “Escuto há muito tempo, Racionais e todos os grandes das antigas”. Ingressou no teatro em 2014, conhecendo a literatura mais a fundo. “Em 2015, comecei a escrever muitas poesias, foram dois anos assim. Me apaixonei pelo Fernando Pessoa, é meu mestre, minha base”, afirma. Na virada de 2017 para 2018, ele começou a experimentar o rap, colocando suas poesias na batida lofi. Passou o ano de 2018 inteiro escrevendo até que em 2019 foi o seu alavanque, se jogando para o mundo da música. Mixtape T. R. A.P (Tem Rap, Amor e Poesia) Lançada em abril de 2020, a Mixtape T. R. A.P (Tem Rap, Amor e Poesia) foi mais sentimental para o artista. A música Modificado rendeu a ele novos ouvintes, tanto que ganhou um clipe. Ele conta que até ficou receoso de expor esse projeto, pensando que poderia ser julgado por estar fazendo algo mais “comercial”. No final das contas, como ele mesmo diz, ampliou o seu trabalho. Sobre a mixtape de sete faixas, ele abre o coração. “Foi um processo muito importante. Eu sempre fui um cara sentimental, amoroso. E surgiu da necessidade íntima de impor meu lado musical, cantado, que fala de amor e envolve corações. Queria que me olhassem e me sentissem dessa forma”. Mixtape Comunicação Da necessidade de se firmar novamente, Wescritor lançava a Mixtape Comunicação em 7 de dezembro de 2020, com seis faixas. “Surgiu da necessidade de me firmar novamente, trazer o rap de mensagem, sentimental, emocional e também de força. Eu gosto de equilibrar as coisas”. Desse trabalho, nasceu o clipe de Exemplo e para ele, como o clipe Caos Indígena e Modificado, foi outro marco em sua carreira. Gravado no Centro de São Paulo e em alguns trechos de Santos, em monumentos históricos, o artista quis visibilizar os indígenas em contexto urbano. O clipe foi dirigido pela artista visual Isa Hansen. “Foi algo espiritual, veio a intuição de investir ali, movimentar pessoas. O que Exemplo representa eu vejo como muito explícito. É realista aquela poesia, eu tô falando as palavras na lata. Entender hoje a importância e o significado que está tendo, como a representatividade e a quebra de estereótipo, acompanhar esse retorno é gratificante”. Wescritor EP Dela O mais recente trabalho de Wescritor é o EP Dela, lançado em 29 de março de 2021. As três faixas falam de amor e foram inspiradas em uma pessoa. “Eu digo que é uma música só. O EP tem um sentimento intenso. Por mais que as faixas variem, elas conversam ao mesmo tempo”. O trabalho foi mixado e masterizado pelo New Hippie, músico, cantor, produtor da Baixada Santista e integrante da banca SOS. A arte ficou a cargo da artista visual Isa Hansen. SOS Com os artistas Caiqueira e Bia
Rosana Reis, de São Vicente, está de volta: “o rap me resgatou”

Após 11 anos longe do rap, Rosana Reis, 45, de São Vicente, voltou à ativa. Ela, que por ter vivido tantas experiências e ter enfrentado condições subumanas, coloca o dedo na ferida dos problemas sociais que permeiam a sociedade. Das antigas, a rapper pegou no mic pela primeira vez em 1993. Mas em 2008 parou de cantar e foi estudar. Entretanto, em 2020, foi incentivada a voltar para o rap e assim o fez, após terminar o curso de Psicologia no final de 2019. Coincidentemente, foi um período que ficou desempregada, devido à pandemia da covid-19. “O rap me resgatou! Fiquei sem chão. Um ano desempregada, eu poderia ter entrado em depressão. Mas escrever, me ajudou a manter o foco”. Rosana Reis A rapper quer que as pessoas reflitam sobre os problemas da sociedade ao ouvirem suas músicas. “Eu falo do que vivencio, do que vejo, das queixas das pessoas, o ambiente em que vivemos. Aqui na Rua Mecanizada, em São Vicente, onde moro, conhecida como paraíso do sétimo céu, enche muito quando chove, por exemplo. Demora cerca de três dias para esvaziar. Os ônibus não passam, as pessoas demoram para chegar ao trabalho. Enfim, são queixas da população”. Linha do tempo de Rosana Reis Rosana nasceu em São Vicente, mas devido às dificuldades, aos noves anos o pai dela a levou para Sergipe. Retornou à cidade de origem aos 15 anos, quando teve o primeiro contato com uma das vertentes do movimento hip hop: o break. “Minha mãe me levava nas matinês (bailes à tarde). Foi o primeiro contato com a cultura hip hop, por meio do break. Vi a equipe Red Crazy Crew, os caras dançando”. Rosana Reis Mais tarde, a futura rapper frequentou outro baile onde entendeu de fato o que era movimento hip hop. “Entendi que existia DJ, grafiteiros, os mc´s, dançarinos, uma cultura de fato”. Nesse período, ela conheceu pessoas da cultura e foi acompanhando eventos. Recebeu um convite do rapper Marconi no final de 1993 para fazer parte do grupo Subúrbio Negro de São Vicente. Ela topou, na época tinha 18 anos, e foi a primeira experiência enquanto rapper. Mas ela ressalta que nesse período cantava as letras do grupo, não eram delas. Em meados de 1994 começou a fazer eventos junto com o Marconi e promover nas escolas. Único sistema Rosana então em 1996 criou um grupo chamado Único Sistema, porque estava deixando o Subúrbio Negro de São Vicente. Além dela, o grupo era composto pela Alcione Marçal, Luciana, Elaine, Chocolate e Dj.Claudinha. O objetivo era ter um grupo só de mulheres. Infelizmente, a formação só fez duas apresentações e não durou um ano. Após isso, o Marconi pediu que ela voltasse para o Subúrbio Negro de São Vicente, mas Rosana não queria, porque em São Paulo havia um grupo com o mesmo nome. Então, ela aceitou cantar junto com ele, mas usando o nome Único Sistema. Eles também ficaram pouco tempo em atividade, até 1997, pois ela não queria mais cantar. DRK Rosana casou em 1998 e só retornou ao rap em 2004, com o DRK. A formação consistia no rapper Doido, ela e o DJ Koala. Em 2008, ela parou de cantar novamente, porque o grupo se encerra e após isso termina o casamento. Em 2009, ela casou novamente, volta a estudar, mas não a cantar. Entretanto, continuou a escrever, tanto que gravou algumas letras, mas sem pretensão de cantar para o público. O retorno solo de Rosana Reis No início de 2020, Rosana explicou que a artista Gabitopia a convidou para ir à Batalha do Caoz, em São Vicente. O objetivo era que Rosana se sentisse incentivada ao ver outras mulheres e meninas cantando. Outras pessoas também a incentivaram a voltar para o rap. E foi o que fez. Desde então, Rosana já foi soltando músicas e clipes, além de participar de cyphers. Ela afirma que mais um clipe está para sair, chamado Obstinação, produzido pelo Junior Castro. A artista ainda foi convidada para participar de uma parceria com um dos integrante do grupo Porcelanosos, da província de Kwanza norte, na Angola. Rosana pretende continuar com os lançamentos dessa forma, gravando e divulgando. Ela convive com um problema de saúde e afirma que tem períodos que está bem e outros que não. Assim, ela prefere lançar logo os trabalhos, sem ficar se contendo, por isso não tem planos para lançar um álbum. Equipe e aprendizados de Rosana Reis Para colocar os trabalhos na rua Rosana conta com um time importante. “O Douglas DGS é rapper e esse ano começou a fazer meus beats. O Canjão é o produtor dos beats também, o estúdio dele é o Dubarraco Produções. Ele faz a masterização e mixagem das minhas músicas. Junior Castro e G.Gomes fazem meus clipes. O Mysthério do grupo Wufologos faz meus Lyric vídeos”. Mesmo com o auxílio de todos, a rapper afirma que está tentando aprender para ser mais independente. “Esse ano também estou aprendendo a trabalhar com chroma key e a fazer beat, para conseguir ser mais independente. Apesar de gostar de trabalhar com essa equipe, tenho que ter mais autonomia e isso vem com conhecimento”. Por conta da pandemia do covid-19, Rosana afirma que o chroma key a ajuda a gravar os clipes em casa. Assim, toma os cuidados necessários para concluir os trabalhos. Somando ao RAP Rosana menciona admiração pelo duo Rap Plus Size, pela rapper M.I.A, pela Gabitopia e Preta Jô. Ela entende que toda mulher acrescenta ao rap, independente do tema ou bandeira que levanta em suas músicas. “Eu canto sobre problemas sociais, porque vivi isso. Eu tenho colegas que focam na questão do machismo, da mulher negra, e eu apoio. Se cada uma de nós ficarmos engajadas em uma luta a gente tem a acrescentar”. Rosana Reis Em relação a ser mulher no rap, Rosana desde que iniciou, lida com o machismo. Em suma, toma cuidado com quem ela faz feat, pois não aceita trabalhar com alguém que mantém essa postura. Além de não dar atenção
Entrevista | USREC – “É uma ideia válida juntar essa gama artística”

O coletivo de rap USREC da Baixada Santista, formado em 2013, em Santos, se apresenta na noite deste sábado (25), no Youtube do Blog´n Roll. Eles integram as atrações do Bloco do Rap, que começa às 22h30. A transmissão, que vai até às 0h15, já está rolando! Ao todo, serão mais de 200 artistas somando à causa. Acho uma ideia bem válida juntar essa gama artística em prol da Vila Gilda e principalmente colaborar com as doações. Espero que a partir dessa campanha possam surgir mais eventos como esse, abraçando outras causas e ajudando o próximo. NevzzMc A forma como Nevzz descreve o evento vai de encontro a alguns valores que traz do rap underground. “Acho o rap underground importante por vários fatores: por dar voz a quem está começando no seu segmento, por aproximar as comunidades e locais públicos com seus artistas locais, além de abraçar várias causas sociais dentro de cada comunidade”. Labirinto da Vida O USREC está preparando o próximo EP Labirinto da Vida. “A produção musical está praticamente pronta. Estamos estudando e trabalhando agora na produção visual e distribuição, marketing, para vir com máxima qualidade e atingir o máximo de pessoas possível”, afirma Prod The Vita. Antes do lançamento, eles pretendem soltar um single para que os ouvintes possam sentir a vibe do EP. O último lançamento foi a música Talvez, que também estará no EP. Neste período de pandemia, Prod The Vita afirma que está sendo fundamental passar mais tempo com a família e se dedicar à música. “Em questão musical, sempre que possível pesquiso, estudo, componho alguns versos ou registro melodias para um beat futuro, além dos trabalhos pendentes”.
Entrevista | Dre Araújo – “Sem cultura, comunidades não teriam força”

A rapper Dre Araújo, 24 anos, será uma das artistas que vai se apresentar na ação Juntos Pela Vila Gilda no Bloco do Rap neste sábado (25), a partir das 22h30. Ela que desde criança gostava de rimar, se encontrou nas disputas de 2015, na Batalha da Conselheiro, em Santos. “Foi aonde eu falei: isso que eu quero fazer da vida!”, explica. Dre lembra de pessoas que a fizeram acreditar em seu potencial. “Eu vou para cima. Tive todo o apoio do Jota, também dos meninos da organização, do Cres e o Azul. Isso para mim foi maravilhoso, porque eu consegui me manter firme. Com medo lógico, muito, mas sempre com o pé no chão confiante da minhas rimas e foi essa força que me trouxe até aqui”. Sobre ser uma das referências de mulheres que batalharam em Santos, Dre comenta. “As batalhas da Baixada Santista têm sempre um lugar muito especial no meu coração. Foi onde tudo começou, foram as pessoas que me apoiaram, são especiais para mim. A maioria são meus amigos, gente que estudou comigo na mesma escola como a Thammy Iannuzzi, que é uma mina que admiro muito e conheço há muitos anos. Me sinto muito feliz muito lisonjeada por ter gente assim do meu lado, por ter gente que que realmente me apoia e se espelha no meu corre para fazer o seu corre virar também. Então, isso para mim é maravilhoso”. A batalha continua… Atualmente, a artista se encontra em Itajaí, Santa Catarina, mostrando que realmente leva jeito pra coisa. Dentre várias batalhas que já participou, ela cita a seletiva classificatória do regional 2018 como a mais marcante. “Ganhei e fui defender o estado de Santa Catarina lá no Rio Grande do Sul, que foi onde eu perdi para o Pedrinho. Mas eu consegui mesmo assim ir para o nacional representar o estado e toda essa trajetória. Aprendi que a persistência e o foco te levam a lugares que você nem poderia imaginar. Então, essa batalha me deixou inspirada para a vida, porque foi ali que começou mais uma etapa do meu sonho”. Dre Araújo Para suas próximas batalhas, Dre vai participar da Guerra dos Campeões neste domingo (25), por transmissão online no Youtube, às 16h. “É uma batalha da América Latina. São batalhas com etapas diferentes daquelas que estamos acostumados, tem temas, regras, modalidades. Vou adorar participar”. Produções musicais Para os próximos lançamentos, Dre está trabalhando na produção musical do EP Cíclico. “ Terão seis músicas. Estou trabalhando duro nele. Sempre me dediquei mais às batalhas de rima, mas agora me sinto mais à vontade com meu lado musical. Nele, eu coloco muito do que tenho vivido ultimamente. Acredito que seja o que a maioria tá vivendo e essa identificação é o que me impulsiona. A conexão com histórias reais baseada em coisas que realmente tá no nosso cotidiano”. Nessa pandemia, Dre diz que tem conseguido compor, mesmo com o mundo mudando. “A pandemia trouxe um caos pelo mundo inteiro e entre casa e trabalho, sala e cozinha, eu escrevo coisas do meu dia a dia. Esse cotidiano ultimamente tem sido o dia a dia de quase todo mundo né? Geral com sensação de medo, e as paralisações das atividades causou bastante turbulências emocionais, e de alguma forma isso inspira a escrever”. Dre Araújo no Juntos Pela Vila Gilda Dre ressalta a importância de somar ao festival Juntos Pela Vila Gilda neste sábado (25), que visa arrecadar 2 mil cestas básicas aos moradores da região. “É importante o fortalecimento das instituições e dos movimentos, que de alguma forma fortalecem a cultura e as comunidades. Sem a cultura, as comunidades não teriam ritmo, não teriam força. A importância disso é incalculável, porque pode ajudar muita gente e isso me deixa feliz. Fazer parte disso para mim é muito bom agradeço o convite”. Dre Araújo
Entrevista | Coruja BC1 – “Só passaremos dessa fase de mãos dadas”

O rapper Coruja BC1 será uma das atrações do festival online Juntos Pela Vila Gilda, neste sábado (25). O artista, uma das referências do rap nacional, vai compor o Bloco do Rap, que tem início às 22h30. A iniciativa conta com mais de 200 artistas para arrecadar cestas básicas aos moradores da maior favela sobre palafitas do Brasil, a Vila Gilda, em Santos. “É importante não só a mobilização dos artistas e cantores, mas da sociedade como um todo. Estamos atravessando um dos períodos mais sombrios que já vivemos em todos os sentidos, seja pelo fato de estarmos passando pela pandemia ou pelo abismo da necropolítica que foi institucionalizada. Só passaremos dessa fase de mãos dadas!” Coruja BC1 Versatilidade é um ponto forte de Coruja Coruja tem dois álbuns lançados, No Dia dos Nossos (2017) e Psicodelic (2019), as mixtape Até Surdo Ouvir (2012) e A Voz do Coração (2014), além de singles. Em maio deste ano, ele soltou o EP Antes do Álbum. E dessa produção, recentemente liberou o videoclipe da faixa Baby Girl feat Cazz Prod. Grou e Som de Fazer Pivete feat Késia Estácio e Prod. Dj Will. Músicas como Modo F., NDDN, Apócrifo e Fogo, expressam uma sonoridade bem pesada, crua e com letras muito bem elaboradas. Assim, Coruja consegue expressar as injustiças sociais e raciais da nossa sociedade. Mas a versatilidade é uma habilidade de Coruja, que consegue trazer, por exemplo, lovesongs únicas como Éramos Tipo Funk e Dopamina, presentes na produção Psicodelic. A música Ressaca, também uma lovesong, que saiu no primeiro semestre de 2020, tem uma estética e sonoridade bem diferente das produções anteriores de Coruja. Sobre essas diferenças, ele afirma que sempre procura explorar novas possibilidades. “Estou sempre buscando sair de minha zona de conforto, sempre mantendo a rédea dos meus trabalhos. Explorar novas possibilidades sonoras é o que os músicos que eu mais admiro fazem. Me enxergo e me encontro nessa mesma lógica”. Cara de Hit Sobre os próximos lançamentos, Coruja afirma que está com trampo novo e parece que vem com tudo. “Tem sim, só não tenho data ainda. Mas essa tá com cara de hit, palavras de um amigo meu”. Em seu próximo álbum a ser lançado Brasil Futurista, ele também promete surpreender. Segundo ele, podemos aguardar “uma musicalidade diferente de tudo que está acontecendo na cena”. Falta da presença do público Durante a pandemia de Covid-19, Coruja afirma não ter tido dificuldade para criar, mas sim se adaptar à nova realidade. “Confesso que ainda não me acostumei com esse lance de live. Sinto muita falta do público, na verdade é o público que nos move. Sobre compor, não tive dificuldade ainda para criar, embora esse período tenha trazido um certo desconforto e exaustão mental pra mim”.