Entrevista | Machine Girl – “Estamos vivendo uma época muito distópica”

O duo novaiorquino Machine Girl se apresenta pela primeira vez no Brasil neste sábado (26), a partir das 18h, no Hangar 110, em São Paulo. Liderado por Matt Stephenson, o grupo promete um show intenso e caótico, que reflete sua sonoridade explosiva e difícil de categorizar. Ainda há ingressos disponíveis para a apresentação. Em entrevista ao Blog n’ Roll, Matt Stephenson contou que prefere não criar expectativas sobre a estreia em solo brasileiro. “Sempre que vamos para uma cidade nova como esta, é emocionante para nós estar em um lugar novo. Tento não ter expectativas porque cada show pode ser muito diferente”, explicou. O Machine Girl surgiu como um projeto pessoal paralelo enquanto Matt Stephenson ainda fazia parte de outra banda. Após a dissolução do grupo, o projeto tomou forma e se expandiu, mas sem perder sua essência independente. “Sempre houve uma hesitação em deixar mais pessoas participarem, mas também é um alívio envolver mais gente e ter mais ajuda”, comentou. A estética sonora do Machine Girl mistura punk, hardcore eletrônico, breakcore, noise e metal, criando uma identidade única. Stephenson descreve o processo criativo como algo natural: “Gosto de encontrar onde me sinto dentro desses gêneros que às vezes se sobrepõem e tentar fazer algo novo e único”. O álbum MG Ultra, trabalho mais recente do duo, reflete o caos da sociedade contemporânea e busca, mais do que denunciar, traduzir sensações. “Não tentei fazer os sons refletirem temas específicos, mas o caos presente em nossas músicas é um reflexo da cultura do TDAH nas redes sociais”, comentou Stephenson. Durante a entrevista, Matt Stephenson também revelou sua admiração pelo funk brasileiro, que chegou com força aos Estados Unidos. “A música fica tão distorcida que beira o noise, e ainda assim é algo mainstream no Brasil”. Confira a entrevista completa abaixo. Como estão as expectativas para o show? É emocionante para nós estar em um lugar novo. E, além disso, tento não ter nenhuma expectativa de como será o show, porque pode ser tão diferente de um lugar para outro. O Machine Girl surgiu como um projeto profundamente pessoal, quase como uma hiperfixação. Como esse impulso inicial evoluiu ao longo dos anos até se tornar esse universo sonoro tão expansivo e coletivo? Sim, começou só comigo e foi quase um projeto paralelo meu enquanto estava em outra banda. Quando essa banda acabou, Machine Girl se tornou meu projeto principal. Mas sempre quis expandi-lo para onde está agora. No entanto, queria meio que levar meu tempo fazendo isso e, em vez de me apressar para adicionar mais duas pessoas ao grupo, ir mais devagar. Como você disse, é definitivamente um projeto pessoal, sempre houve um pouco de hesitação da minha parte em deixar mais pessoas participarem, mas também é meio libertador. De certa forma, é um alívio envolver mais pessoas e ter mais ajuda e tudo mais. Vocês trabalham com uma estética sonora que desafia classificações. Como é o processo de criar algo tão caótico e, ao mesmo tempo, tão coeso? Acho que tudo vem do mesmo lugar para mim, e gosto de encontrar onde me sinto, embora alguns desses gêneros se sobreponham, e aprimorar esses elementos e tentar fazer algo novo e único é o objetivo. A cultura DIY parece estar no DNA do Machine Girl. De que forma esse espírito “faça você mesmo” ainda guia suas escolhas criativas e de produção? Fui influenciado por muitos artistas de subculturas “faça você mesmo” que vieram antes da Machine Girl. E isso me inspirou a sentir que não preciso esperar por uma gravadora ou por alguém que venha me ajudar a concretizar minha visão. Acredito que com o poder do seu laptop, você pode fazer praticamente qualquer coisa agora. Isso tem sido basicamente verdade nos últimos 15 anos, mais ou menos, quando comecei a mexer com música eletrônica. “Faça você mesmo” nem era uma escolha. Era simplesmente a única opção para começar a fazer música. MG Ultra é descrito como uma “antítese surrealista” da sociedade atual. Como vocês traduzem essas ideias complexas, como tecno-feudalismo, vida algorítmica ou pós-verdade, para o som? Essa é uma boa pergunta. Não diria que necessariamente tentei fazer os sons em si refletirem esses temas específicos, além talvez do caos que isso envolve, como algumas das músicas do MG Ultra, que são loucas e confusas. Acho que é um reflexo da cultura do TDAH nas redes sociais à qual todos estamos sujeitos. Em algum nível, como alguém que tem TDAH, no geral, foi meio fácil para mim fazer música muito louca e caótica. O álbum novo tem um lado quase distópico, mas também soa como uma forma de resistência ou catarse. Você enxerga a música de vocês como uma espécie de “arma” contra o colapso mental e social do presente? Não sei se a descreveria como uma arma. Mas acho que definitivamente não é um remédio, mas algo que pode aliviar alguns dos sintomas de viver. Estamos vivendo uma época muito distópica, cada vez mais distópica. Acho que, no mínimo, esse era meu objetivo. Estava um pouco hesitante em fazer algo totalmente específico como o Rage Against the Machine, com exatamente os problemas que tinha e como lidar com eles, como uma espécie de apelo à ação. Estava mais tentando pintar um quadro e criar um sentimento que acho que a maioria das pessoas tem no momento. Mesmo seis meses depois que o disco foi lançado, as coisas ficaram ainda mais loucas. Nem sei se o MG Ultra está à altura ou a par de como, pelo menos na América, as coisas estão meio sombrias atualmente. O Machine Girl parece operar como um portal de universos paralelos, palavras discretas onde é possível escapar da vigilância e do controle. Como você visualiza esse mundo na prática? Você quer dizer como se um mundo melhor fosse possível? Espero que sim. Não sei se haverá um longo período de dificuldades antes de chegarmos a esse momento melhor, mas parece que muito do que está acontecendo no mundo é um ataque a velhas
Com álbum novo no forno, Kaleo testa novos singles para público apaixonado em São Paulo

O lineup do Lollapalooza é, provavelmente, uma das coisas mais detonadas pelos fãs de músicas anualmente. É muito comum ver pessoas reclamando da quantidade de artistas desconhecidos ou “irrelevantes”. E os comentários costumam partir justamente daqueles que reclamam que não tem renovação na música. A banda islandesa Kaleo já foi uma dessas vítimas, quando tocou no festival em 2018. Agora, sete anos após sua estreia no Brasil, Jökull Júlíusson, o JJ, e sua banda extremamente técnica, retornaram ao país para dois shows da Payback Tour, um no Rio de Janeiro e outro em São Paulo. Na capital paulista, o local escolhido foi a Audio, que recebeu um ótimo público, principalmente para uma terça pós feriadão e com frio na rua. A base do repertório foi o álbum A/B, que reúne os principais hits da banda, e teve dez canções incluídas no setlist. Mas o Kaleo aproveitou a oportunidade para testar quatro canções do novo álbum, Mixed Emotions, que será lançado em 9 de maio. Backdoor, Lonely Cowboy, USA Today e Rock ‘n’ Roller, por sinal, foram muito bem recebidas. USA Today abriu o show e conquistou o público logo de cara, que já tinha a letra na ponta da língua. Aliás, por falar em sing along, o Kaleo consegue essa proeza em 16 das 17 músicas do show. É o público cantando tão alto que muitas vezes não dava nem para ouvir JJ direito. A única exceção foi Vor í Vaglaskógi, toda cantada em islandês, que deixou os fãs em um momento de contemplação apenas. Variando em um blues rock com um indie folk, o Kaleo construiu uma boa base de fãs no Brasil, principalmente por sua participação no Lollapalooza e o super hit Way Down We Go, com mais de um bilhão de streams só no Spotify. Mas é inegável que o repertório se sustenta de uma forma impecável, sem a dependência do hit para ter um grande show. Os músicos interagem o tempo todo entre eles, promovendo pequenas jams enquanto JJ puxa o set caprichado. Hot Blood, No Good, Skinny e Save Yourself foram alguns dos pontos altos da apresentação. Que venha logo o novo álbum do Kaleo e um retorno breve ao Brasil. Abertura da noite A banda paulistana Ginger and The Peppers foi quem abriu a noite na Audio. Com um set curto, aproximadamente 30 minutos, o grupo soube aproveitar o pouco tempo para aquecer os fãs de Kaleo. Com um ótimo cartão de visitas, a banda mostrou ter muita energia no palco, com destaque para a vocalista Julia Dillon, que transborda carisma, além de ter uma linda voz. Edit this setlist | More Kaleo setlists
Spiritbox tem o show mais quente do momento e precisa voltar logo ao Brasil; veja como foi em NY

Nova York é uma cidade que exala eventos musicais e esportivos por todos os cantos, isso sem falar nos inúmeros cenários de filmes e séries, além dos famosos musicais da Broadway, atualmente com George Clooney, Denzel Washington, entre outros grandes atores em cartaz. E mesmo com essa infinidade de atividades, ninguém conseguiu despertar tanta atenção como a banda canadense Spiritbox na última semana. Queridinha do público brasileiro após o show de abertura do Bring Me The Horizon, no fim do ano passado, no Allianz Parque, a banda de Courtney LaPlante vem em uma crescente absurda no hemisfério norte. Participa de tudo que é programa de TV, viraliza no Grammy, é citada por grandes nomes do rock. Vive um momento de ouro. No último dia 18, a banda simplesmente lotou o Hammerstein Ballroom, ao lado do Madison Square Garden, o qual parece ser uma questão de tempo para ser o próximo palco do Spiritbox em Nova York. A receita de sucesso do Spiritbox é infalível: cozinha instrumental de alto nível, frontwoman com alcance vocal absurdo e carisma de sobra, além de influências que passam por Machine Head, Linkin Park e Evanescence. Atualmente em turnê para divulgar o álbum Tsunami Sea, lançado em março passado, o Spiritbox vive um momento especial. Quem se impressionou com a apresentação no Allianz Parque certamente ficará ainda mais boquiaberto com a tour atual. O novo show do Spiritbox contempla os fãs com telões incríveis de alta definição, com lindas imagens de natureza, mesclando com alguns momentos da apresentação. Tsunami Sea tem oito de suas 11 músicas no setlist, que ainda é completado por três faixas do debut, Eternal Blue (2021), além de canções dos EPs Rotoscope (três) e The Fear of Fear (duas). Courtney LaPlante foi a grande estrela no Hammerstein Ballroom. E sabe que está sendo observada por todos. Após a aparição no show de Megan Thee Stallion no Coachella no primeiro fim de semana, a moral estava ainda mais elevada. Composta por Courtney LaPlante, seu marido, o guitarrista Mike Stringer, o baterista Zev Rose e o baixista Josh Gilbert, a banda canadense está em atividade há quase uma década, mas vive o melhor momento agora. A reta final do show do Spiritbox rendeu algumas boas surpresas, com três feats inesperados: Soft Spine (com Emma Boster, do Dying Wish, que abriu a noite no Hammerstein, junto com o Loathe), No Loss, No Love (com Andrew Dijorio, da banda punk Stray from the Path) e Crystal Roses (com o saxofonista Saxl Rose). No meio dessa sequência de feats, o show ainda teve espaço para duas das canções mais poderosas do Spirtibox: Holy Roller, do Eternal Blue, e Ride the Wave, single mais pessoal e forte de Tsunami Sea. A atual turnê do Spiritbox merece um lugar especial no Brasil. E como headliner, sem participação em festival. Confira o show completo abaixo
Awolnation faz show de gente grande em NY e prova estar pronto para festivais no Brasil

O Awolnation, projeto de dance-rock liderado por Aaron Bruno, lotou o Irving Plaza, em Nova York, no último dia 14, e mostrou estar pronto para enfrentar grandes festivais pelo Brasil. De cara, para quem assiste ao show, é nítido que cairia super bem no meio da tarde no Lollapalooza. Atualmente, o Awolnation divulga o álbum The Phantom Five, lançado em 2024, que chegou a ser tratado como o último álbum de Aaron Bruno frente ao seu projeto. “Havia um senso de urgência na mentalidade de tentar tratá-lo como um álbum de despedida, agora resta saber se continuo. Provavelmente irei, mas me sentiria confortável em ir embora porque acho que isso é o melhor que tenho a oferecer”, comentou em entrevista ao Blog n’ Roll. No Brasil, assim como em boa parte do mundo, o Awolnation ganhou muito alcance com o hit Sail, de 2010, que entrou na trilha de séries, filmes e até comerciais. Na apresentação, Sail é a faixa que encerra o show. E isso é muito válido porque prende a atenção para o restante do trabalho de Aaron Bruno em quase 1h30 de tempo corrido. Jump Sit Stand March, um dos destaques do novo álbum do Awolnation, ficou ainda mais pesada ao vivo, garantindo alguns pulinhos do público na frente do palco. >> CONFIRA ENTREVISTA COM AWOLNATION Apesar de todo orgulho pelo álbum Phantom Five, a atenção maior na atual turnê está no debut, Megalithic Symphony, de 2011. Foram seis faixas adicionadas no repertório contra três do disco mais recente. Sempre muito performático, Aaron Bruno não para por um segundo. Anda de um lado pelo outro, sobe no palco da bateria, corre em direção ao público e despeja um som potente atrás do outro. Soul Wars e Kill Your Heroes, ambas do Megalithic, mexeram demais com o público. Era nítida a emoção de quem estava mais próximo ao palco e cantou tudo do início ao fim. Outra pedrada do debut, Burn It Down é praticamente um punk rock, só não rendeu um circle pit porque o público estava mais na faixa 40+ e optou por contemplar a energia infinita de Aaron Bruno. O rápido intervalo no fim não tirou ninguém da frente do palco. O público estava esperando o hit de quase um bilhão de streams apenas no Spotify. Sail, que foi precedida por Panoramic View, principal single de Phantom Five, rendeu a maior quantidade de vídeos gravados daquela noite em Nova York, perdendo talvez apenas para as filmagens de turistas com golpistas vestidos de Homem-Aranha, Mickey e monges budistas da Times Square. Bandas de abertura Tão eclética como Aaron Bruno, a programação da noite no Irving Plaza rendeu boas surpresas com Makua e Bryce Fox. O primeiro é formado pelo surfista havaiano Makua Rothman, que já foi campeão mundial de ondas grandes em 2015. Apesar do visual Netinho, aquele do Milla, Makua tem boas inspirações. Flutua entre Sublime, No Doubt e alguns repentes de skazinho. Fez um show honesto e curto, cerca de 30 minutos, que agradou em cheio ao público que acompanhou nas palminhas e gritos de apoio. Bryce Fox, que veio na sequência, também com set de 30 minutos, parecia já mais familiarizado em tocar com grandes artistas. Com quase 1 milhão de ouvintes mensais no Spotify, aproveitou a ocasião para apresentar seu álbum mais recente, The Butterfly and The Bomb, lançado no fim de março. Mas também teve espaço para seus singles mais conhecidos, Stomp Me Out e Horns, ambas de Heaven on Hold, de 2017. Golden Boy, do Strenght (2022) e responsável por abrir o show, foi outro grande acerto. O single é bem poderoso. Setlist de Awolnation Jump Sit Stand March Soul Wars Kill Your Heroes Run The Best Barbarian Burn It Down Holy Roller Hollow Moon (Bad Wolf) Like People, Like Plastic Not Your Fault Knights of Shame Bis Panoramic View Sail
Mark Hoppus abre coração e relembra momentos marcantes em show autobiográfico

Emoção, risos e nostalgia marcaram o lançamento do livro Fahrenheit-182 (Harper Collins), a autobiografia do baixista, vocalista e cofundador do Blink-182, Mark Hoppus, em Somerville, nos arredores de Boston, no último dia 10. An Evening With Mark Hoppus, que teve apenas sete datas nos EUA entre os dias 9 e 20 de abril, foi um espetáculo de 1h30 de duração no qual o músico, acompanhado do coautor do livro, Dan Ozzi, respondeu perguntas ensaiadas do amigo, sem qualquer filtro. Dentre os assuntos principais, Mark Hoppus falou sobre como conheceu os companheiros Tom DeLonge e Travis Barker, a saída de Scott Raynor, a escolha por Matt Skiba para o lugar de Tom, além da luta contra o câncer. Em outros momentos, Mark Hoppus também brincou que foi o responsável por ajudar na captura de Saddam Hussein, por ter dado a dica fundamental para um almirante da Marinha após um show do Blink-182 para as forças armadas dos EUA. Tudo que Mark Hoppus respondia para Dan Ozzi no palco vinha acompanhado de vídeos ou fotos que comprovavam o que ele havia acabado de falar. O Blog n’ Roll acompanhou o evento em Somerville e destaca abaixo alguns dos melhores momentos apresentados por Mark Hoppus no evento. A descoberta do câncer Estava jogando Ghost of Tsushima, um jogo incrível, e estendi a mão e pensei: “Bem, que caroço estranho!”. Não me lembro de ter visto isso antes. E o que você faz quando encontra um caroço de um lado? Você pensa: “Bem, ele deveria estar ali?” E você sente o outro lado, certo? Bem, esse lado não tem um caroço. Então, pensei: “Preciso falar com a minha manager sobre isso”. Minha esposa também achou estranho. Logo depois, ligamos para a nossa médica, e ela disse: “entre”. Fui ao consultório dela, que olhou e disse: “Não gosto da aparência desse caroço”. E ela me mandou fazer um raio-X, e o técnico do raio-X me mandou fazer um exame de sangue. A pessoa que fez o exame de sangue me mandou fazer uma ressonância magnética, e a pessoa que fez a ressonância me mandou fazer biópsias com agulha grossa, no qual eles pegam uma agulha oca e a enfiam na pele umas 20 vezes, e retiram toda a pele. Diante disso, fui ao consultório da minha terapeuta para conhecê-la pessoalmente. Entro e digo: “É um prazer conhecê-la”. Não deu nem tempo de falar e recebi um telefonema. Era meu oncologista. Só consegui falar: “Ok, entendi. Obrigado”. Voltei para a sala, sentei e disse à minha terapeuta: “Ei, acabei de descobrir que tenho linfoma, então acho que sei do que estamos falando hoje”. Todos os cânceres são medidos pelo tamanho de uma fruta. Eu tinha um tumor do tamanho de um limão no ombro, um tumor do tamanho de uma uva no pescoço. E tinha um monte de caquis espalhados pelo meu tronco e abdômen inferior, que também tinha um monte de passas. E então incontáveis flocos de câncer por todo o meu sangue. Eu era apenas um arranjo comestível de tumores. O que eu tinha era linfoma difuso de grandes células B tipo IV-A. O único tratamento para isso é uma quimioterapia chamada Archon, o que é ótimo porque não precisei ficar pensando duas vezes. Devo fazer cirurgia primeiro? Devo tentar radioterapia? Existe algum novo medicamento experimental? É só Archon. R-C-H-O-P. Uma das coisas mais difíceis de fazer quimioterapia com Archon é que quando você vê escrito, parece que alguém está falando do Red Hot Chili Peppers. Mas meu médico me ligou e disse: “Tenho uma ótima notícia”. Você tem 60% de chance de sobreviver e nunca mais ter que lidar com isso. A má notícia é que esta é uma das quimioterapias mais difíceis que alguém pode se submeter. E ele estava certo. Mas gosto dessas chances. E gosto do fato de não haver escolha. Então comecei a quimioterapia. Ele estava certo. É uma merda. Eles me davam uma dose gigante de esteroides, que me levavam à lua, apenas pulsando, vibrando e tremendo. Mas, ao mesmo tempo, eles me injetavam substâncias químicas que queimavam cada célula de crescimento rápido do meu corpo. Meus glóbulos vermelhos sumiam. Subia as escadas para o meu estúdio e ficava completamente sem fôlego. Todo o meu cabelo caía. Lembro que tudo aconteceu em um dia. Estava sentado na nossa fogueira com a minha esposa e arrancando tufos gigantes de cabelo e jogando-os no chão. E estava ventando um pouco, e os cabelos estavam voando para dentro da piscina. E ela disse: “Você pode parar com isso? Está espalhando cabelo pela piscina toda”. Então comecei a puxar meu cabelo e jogá-lo no fogo, o que também não ajudou muito. No dia seguinte, estava no chuveiro, e ainda tinha merda caindo da minha cabeça. Estava me lavando, e de repente, tinha tufos enormes de pelos pubianos na minha mão. Me lembro de sair do chuveiro, com cabelo caindo da minha cabeça, cabelo grosso caindo da minha mão, todo molhado, nu, rindo histericamente do absurdo de ter que tirar meus pelos pubianos e dar descarga no vaso sanitário para que não entupissem o ralo do chuveiro. Divulgação do câncer Não contei a ninguém que tinha câncer, exceto para minha família e meus amigos mais próximos. E não contei a ninguém porque pensei que as pessoas iriam rir quando descobrissem. Porque senti que estava atrapalhando. Senti que tinha chegado a hora. Fui tão abençoado a vida toda. Estou em uma banda incrível. Nossa banda conseguiu fazer coisas que nenhuma banda no mundo consegue fazer. Já pisei em todos os continentes do planeta Terra. Tenho uma esposa e um filho incríveis. A piscina no meu quintal parece um pinto. É verdade. Eu comprei assim, não projetei. E pensei: “Você já está bem há tanto tempo, a outra bomba vai cair. Você assistiu Os Bons Companheiros? Eventualmente, o maldito helicóptero vai chegar e você vai ficar tentando fazer um espaguete e tudo vai dar errado. Então literalmente pensei, quando as pessoas descobrirem, vão rir.
The Used celebra 25 anos de carreira e toca álbum de estreia na íntegra

Para comemorar os 25 anos de carreira, a banda norte-americana The Used escolheu 17 cidades da América do Norte, Europa e Oceania para fazer algo inédito na carreira: três noites consecutivas para cada uma delas, tocando um álbum na íntegra por data. E é isso, não tem música extra, alteração na ordem, nada disso. Os álbuns escolhidos para a tour são The Used (2002), In Love and Death (2004) e Lies for the Liars (2007). O Blog n’ Roll acompanhou o primeiro dos três shows em Boston, terceira cidade da tour, após Chicago e Detroit. O House of Blues, uma das principais casas de shows da cidade, estava lotado, garantindo uma temperatura muito mais agradável que o frio congelante que estava na rua, mesmo sendo primavera. A abertura da noite ficou por conta do The Funeral Portrait, de Atlanta. Com apenas 30 minutos disponíveis, Lee Jennings e companhia focaram nos principais singles do segundo álbum de estúdio, Greetings From Suffocate City (2024), o primeiro com uma pegada mais emo e fortemente influenciado por My Chemical Romance. O set teve alguns destaques do álbum mais recente, como as músicas You’re So Ugly When You Cry, Dark Thoughts e Holy Water. >> CONFIRA ENTREVISTA COM THE FUNERAL PORTRAIT O som estava um pouco abafado, mas os integrantes conseguiram superar isso com muita disposição e uma apresentação bastante performática. O guitarrista Caleb Freihaut e o baixista Robert Weston se beijaram na reta final do show, o que rendeu muitos aplausos e gritos dos fãs. “Há três anos fomos expulsos de uma turnê por causa disso. Então fazemos questão de repetir esse gesto sempre”, comentou Lee Jennings antes de iniciar Suffocate City, maior hit da carreira e responsável por fechar a apresentação. Após o show, Lee Jennings conversou com o Blog n’ Roll e garantiu que foi procurado por uma produtora e iniciou as negociações para se apresentar no Brasil em 2026. Vamos aguardar! The Used Com apenas cinco minutos de atraso, The Used deu início ao show com a exibição de um vídeo com várias imagens do início da carreira. Após a queda da cortina, o disco homônimo passou a ser tocado na íntegra. Maybe Memories já garantiu um início quente, enquanto The Taste of Ink arrancou o primeiro sing along dos fãs. No início da apresentação, Bert McCracken pouco fala, emendando uma canção na outra. Antes de Buried Myself Alive, agradeceu o apoio do público nos últimos 25 anos e prometeu entregar o melhor presente possível nas três noites, antes de perguntar sobre quem iria nas outras duas datas. Logo depois, cantou mais um dos hits do álbum, A Box Full of Sharp Objects, que foi apresentada como “a melhor música já escrita”. Teve espaço para um trecho extenso de Smells Like Teen Spirit, do Nirvana, algo que o The Used faz com frequência nos shows. >> CONFIRA ENTREVISTA COM THE USED Sobre o repertório, aliás, vale destacar a quantidade de canções que estavam esquecidas nos shows: Poetic Tragedy, Greener With the Scenery e Noise and Kisses não eram tocadas desde 2016. Entraram na atual turnê. Para o público brasileiro que quer curtir show no House of Blues de Boston, vale destacar que não existe lugar ruim. Todos os pontos são ótimos. Desde o balcony, lá no alto, que não é distante do palco e tem poltronas acolchoadas, até a pista, muito semelhante com o espaço da Audio, em São Paulo, que tem suas laterais com espaços para quem não gosta de ficar no empurra-empurra da pista. Na reta final, Bert saiu distribuindo happy birthday para várias pessoas da plateia, antes de falar que estava muito feliz pela história da banda, que agora toca também em arenas (vale lembrar que eles tocaram na primeira edição do I Wanna Be Tour, no Allianz Parque, em São Paulo). “Éramos apenas quatro caras de Utah tocando em um porão antes deste disco ser lançado”, disse Bert McCracken, que estava visivelmente emocionado com o apoio do público. A fidelidade com o set é tão grande que o The Used seguiu o desfecho do álbum de forma perfeita, encerrando com On My Own e Pieces Mended, antes de fazer um breve intervalo, que foi sucedido pela gravação de Polly e a faixa escondida Choke Me. Em quase 1h10 de apresentação, o The Used mostrou que é possível entregar o que promete e sair grandioso do palco, ainda mais com duas noites por vir com novos sets. Confira abaixo os três shows completos de Boston
Entrevista | Richie Faulkner (Judas Priest) – “Todos do Europe pareciam mulheres lindas”

Prestes a subir ao palco do Monsters of Rock neste sábado (19), no Allianz Parque, em São Paulo, o guitarrista Richie Faulkner conversou com o Blog n’ Roll sobre a expectativa de mais uma turnê do Judas Priest no Brasil, país que, segundo ele, sempre rende boas histórias e memórias inesquecíveis. “O público brasileiro é apaixonado por música e heavy metal, e adora se divertir. Sempre sabemos que vamos ter uma plateia incrível”, comentou. Além de relembrar passagens marcantes pelo país, como shows ao lado de Kiss e Ozzy Osbourne, Faulkner adiantou o que os fãs podem esperar do show no festival. Segundo ele, a banda vai equilibrar as faixas do novo álbum Invincible Shield com clássicos e músicas mais profundas da carreira. “Tentamos cobrir tudo e, com sorte, deixar todo mundo feliz”, disse. A tour pelo Brasil teve início na última quarta-feira (16), em Brasília. Além do Monsters of Rock, a banda também fará um side show em São Paulo, no domingo (20), no Vibra. Ainda há ingressos para os dois shows na capital paulista. Confira a entrevista completa abaixo. O Judas Priest já veio ao Brasil várias vezes. O que você mais gosta no público brasileiro? O público brasileiro é louco, eles são apaixonados por música e heavy metal, e adoram se divertir, e nós adoramos isso quando viemos ao Brasil. Conhecemos as pessoas, a comida, o país. E quando tocamos no Brasil, seja no Rio, em São Paulo, em Belo Horizonte, em Brasília, onde quer que seja, sabemos que vamos ter uma plateia incrível. Estamos tão animados quanto vocês para esses shows. Você tem boas lembranças do Judas Priest no Brasil? Tenho milhões! Me lembro, acho que foi em 2014 ou 2015, viemos e tocamos duas noites, uma com o Kiss e outra com o Ozzy. E todas as noites havia uma festa no hotel, e era simplesmente fantástico rever alguns amigos, fazer novos amigos. Mas são sempre ótimas lembranças. Sempre que viemos ao Brasil há algo novo para ver ou fazer. É emocionante porque sempre criamos novas memórias. O que você pode nos contar sobre o show no Monsters of Rock? Vocês vão priorizar o álbum mais recente da banda, Invincible Shield, ou vão se concentrar mais nos clássicos do Judas Priest? Nós faremos as duas coisas, na verdade. Obviamente, é a turnê do Invincible Shield, então estamos apresentando algumas músicas do álbum. Mas sabemos que temos muitos fãs que estão na ativa há muito tempo com o Priest. Então, tentamos fazer um pouco de tudo, um pouco de coisas novas, um pouco de coisas antigas, um pouco de clássicos, um pouco de raridades. Tentamos cobrir tudo e, com sorte, deixar todo mundo feliz. Quais são os planos para o resto do ano? Há algum álbum novo sendo preparado ou o foco será em turnê? Nenhum álbum este ano, embora saiba que se lançássemos outro disco, seria o número 20 da banda. É um bom número. Entende o que quero dizer? 20 álbuns parece uma coisa boa, mas não este ano. Este ano estamos nos concentrando em turnê. Depois da América do Sul, voltamos para a Europa no verão para a turnê Shield of Pain, que é tanto o Invincible Shield quanto a celebração do Painkiller, que completa 35 anos em 2025. Depois, talvez mais algumas turnês. Mas talvez em um futuro próximo, façamos outro álbum. Você se juntou ao Judas Priest no lugar de K.K. Doning. Imagino que tenha sido uma grande responsabilidade na época. Você conversa com ele? Vocês são amigos? Foi uma grande responsabilidade e ainda é. Acho que ainda é uma responsabilidade tocar as músicas dele e as minhas para representar o Priest da melhor maneira possível. Ainda acho que é uma responsabilidade por causa do legado que os caras, incluindo o Ken, deixaram. Então, é preciso honrar essa responsabilidade.Daqui para frente também. Conversamos de vez em quando. A última vez que o vi foi há pouco tempo, no Rock & Roll Hall of Fame, em Los Angeles. E nos demos muito bem. Foi ótimo conhecê-lo. De vez em quando, conversamos por e-mail. E está tudo bem. Eu e o Ken não temos problemas, na verdade. Sabemos que houve alguns problemas entre o Ken e a banda. Mas isso não é meu… Isso foi antes de eu chegar. Espero que possamos vê-lo no futuro. Richie, você gostaria de jogar um joguinho rápido sobre as bandas de Monsters of Rock? Claro! Eu digo os nomes do lineup e você os define em uma palavra. Scorpions – Lendário Opeth – Eu ainda não vi o Opeth, mas estou ansioso para ver. A palavra seria animado. Animado para ver o Opeth. Europe – Quando era jovem, ouvi The Final Countdown no single de disquinho. Achava que elas eram lindas. Quer dizer, eles meio que pareciam mulheres na época. John Norum parecia uma mulher bonita, Joey Tempest também. Todos eles parecem mulheres lindas. Ficava um pouco confuso quando era jovem, mas estava focado na The Final Countdown. Quer dizer, The Final Countdown é enorme. Existe uma música de rock maior do que essa? Então resumiria o Europe como enorme. Stratovarius – Ainda não vi o Stratovarius, mas a música é fantástica. Tocar guitarra nessa banda é coisa de outro mundo. Fenomenal cai bem para eles. Queensrÿche – Eles são bons amigos. Fizemos uma turnê com eles por algumas regiões do mundo em 2022. Amigos é uma boa palavra. Você gostaria de nos contar alguma história que tem com uma dessas bandas? Tem algumas que não posso te contar. Se eu te contasse, teria que te matar. (risos) Quais são os três álbuns que mais te influenciaram na carreira? Essa é uma ótima pergunta. Diria que Iron Maiden – Somewhere in Time ou Live After Death pode ser um deles. O Live After Death foi meio que um cruzamento de músicas diferentes de álbuns diferentes, obviamente. Mas Somewhere in Time foi o primeiro álbum que comprei do Maiden. Então, diria Somewhere in Time, do Iron Maiden,
Monsters of Rock | Stratovarius – “Já começamos a escrever o novo álbum”

Pela primeira vez em sua longa carreira, o Stratovarius vai se apresentar no lendário festival Monsters of Rock, que acontece no próximo dia 19 de abril no Allianz Parque, em São Paulo. A estreia na edição brasileira do evento é vista como um sonho realizado pelos músicos: “É como um sonho se tornando realidade. É lendário. É melhor que o Wacken”, afirmou o vocalista Timo Kotipelto com entusiasmo. A relação do grupo com o Brasil é de longa data. Desde 1997, a banda finlandesa acumula passagens pelo país e lembra com carinho da energia do público brasileiro. “As pessoas cantam junto, sorriem, jogam os punhos para o alto. É uma troca de energia fantástica”, disse o tecladista Jens Johansson, acrescentando que clima, comida e bebidas também tornam a experiência ainda mais especial. Sobre o repertório para o festival, a Stratovarius ainda não definiu o setlist, mas garante que clássicos não vão faltar. “Tem muita gente que conhece as faixas mais famosas, e outros que talvez estejam nos vendo pela primeira vez. Vamos tentar agradar a todos com um pouco de tudo da discografia”, explicaram, revelando que ainda não sabem quanto tempo terão de palco. Kotipelto também revelou que o Stratovarius já começou a compor o sucessor de Survive (2022). Mesmo com o cenário musical atual favorecendo singles e EPs, a banda segue fiel ao formato tradicional. “Para nós, ainda é prioridade lançar um álbum completo. É mais coeso e mais prático até do ponto de vista financeiro”, argumentou Jens. Confira a entrevista completa com a Stratovarius abaixo. Como está a expectativa para o Monsters of Rock em São Paulo? Timo Kotipelto – É como um sonho se tornando realidade tocar neste festival. É lendário, sempre sonhei com isso. Muitas bandas sonham em tocar no Wacken um dia, mas fizemos isso várias vezes, mas nunca aqui com o Monsters of Rock. E por que você acha que o Brasil é tão especial? Timo Kotipelto – Começamos em 1997 e estamos tocando há uns 30 anos no Brasil, então é desde o começo que há algo entre nós. As pessoas são cheias de energia quando vêm ver os shows, cantam junto. É incrível ver as pessoas jogando os punhos para o alto e cantando junto. A comida é boa, algumas bebidas também, além do clima. Como será a apresentação do Stratovarius? Pretendem focar em algum álbum ou será um pouco de tudo da discografia? Timo Kotipelto – Acho que um pouco de tudo. É um festival, vai ter muita gente que não está tão familiarizada com nossas músicas. Mas vai ter muita gente que conhece algumas de nossas faixas clássicas. Ainda não sabemos o setlist, porque ainda estamos em turnê na Finlândia, com um setlist diferente. Nem sabemos por quanto tempo podemos tocar. Se for 30 minutos, podemos tocar cinco músicas e meia, talvez cinco. O Stratovarius já trabalha no sucessor de Survive (2022)? Ou pretende trabalhar com singles e EPs? Timo Kotipelto – Já começamos a escrever o novo álbum, mesmo sem definir o nome. Mas acho que vai levar mais algum tempo até que realmente terminemos. Mas já começamos. E quem sabe como vai ser? Nós somos meio que de mente aberta, só jogando umas coisas por aí. O conceito de álbum cheio ainda é algo prioritário para vocês? Hoje muitas bandas estão com foco apenas em singles e EPs. Timo Kotipelto – Ainda é uma prioridade fazer um álbum completo, porque é conveniente de certa forma, você divide o lançamento neste álbum completo. Acredito que todas as pessoas que lidam com você, como a gravadora, esse tipo de coisa, lida com o álbum como um conceito completo. Também diria que é mais barato gravar umas dez músicas ao mesmo tempo do que gravar apenas uma música e depois a próxima um ano depois ou meio ano depois. Então acho que continuaremos fazendo isso como um pedaço de dez músicas sendo um álbum. Qual é o segredo para manter uma voz tão potente após anos de carreira? O que você acredita ser essencial para isso? Timo Kotipelto – Por algumas razões, nos últimos anos, cantar é realmente mais fácil para mim do que dez anos atrás. Difícil dizer o motivo. Talvez tenha aprendido alguma nova técnica secreta. É como se quanto mais velho fico, melhor sei como usar minha voz. Tenho estudado alguns vocais de vez em quando. Mas foi especialmente difícil no final de 2000, quando estávamos em turnê com o Helloween. E o último show foi em algum lugar no Leste Europeu, não lembro em qual país. Peguei a campylobacter (bactéria retorcida), que destruiu minha voz completamente. Não conseguia cantar nada parecido com uma nota em um mês e meio, tudo isso no meio da turnê. E tive que me forçar a cantar. E isso basicamente destruiu minha voz por alguns anos. Mas agora, felizmente, ela voltou. Tenho algumas das minhas técnicas, mas aqueço quando necessário e tento dormir o suficiente. E não bebo para priorizar minha voz até a morte. Vamos colocar dessa forma. Deuses do metal melódico é um termo muito usado para se referir ao Stratovarius. Como você lida com isso? É muita pressão para manter o nível ou é algo natural e resultado da dedicação da banda? Timo Kotipelto – Acho que não é muita pressão. As pessoas, naturalmente, ficam muito animadas porque amam música. Não acho que sejamos particularmente ótimos ou ruins, algo assim. Mas as pessoas dizem coisas como: ‘oh, vocês são como deuses’. Você não pode pensar que eles são sérios. Você só tem que fazer o melhor trabalho que puder, dadas as circunstâncias e seu nível de cansaço e abordagem geral da vida. Então, isso fala mais sobre o poder geral da música. Nós não somos realmente deuses, estamos longe disso, muito longe. Vou citar alguns vocalistas e gostaria que você os comentasse. Topa? Timo Kotipelto: Vamos lá! Bruce Dickinson – Incrível. James Hetfield – Posso dizer único? Porque essa não é a palavra certa. Mas acho que é
Monsters of Rock | Europe – “O público nos dá energia e nós devolvemos”

Prestes a desembarcar no Brasil para participar do Monsters of Rock, em 19 de abril, no Allianz Parque, em São Paulo, Joey Tempest, vocalista do Europe, falou com o Blog n’ Roll sobre o momento atual da banda e o que os fãs podem esperar da apresentação. Na entrevista, o músico revelou detalhes sobre o aguardado novo álbum de estúdio, que já está em andamento e deve ser lançado em 2026. “É como um álbum de estreia, quase. Temos ótimas ideias e uma conexão com o passado, mas também algumas surpresas”, adiantou. Joey Tempest também comentou sobre o documentário que contará a trajetória do grupo sueco, com imagens raras desde os anos 1980, e participações de nomes como Benny Andersson (Abba), Tobias Forge (Ghost) e Mikael Åkerfeldt (Opeth). “Vai ser uma história incrível da banda que saiu de Estocolmo para o mundo”, afirmou. Com mais de 40 anos de estrada, o vocalista refletiu sobre a longevidade da Europe e a importância de manter a união. “Estamos no melhor lugar agora. Ainda sentimos aquela emoção toda vez que subimos ao palco, principalmente no Brasil, onde sempre fomos muito bem recebidos”. Confira a entrevista com Joey Tempest, do Europe, na íntegra abaixo. Hold Your Head Up foi uma ótima amostra de como o Europe continua com um trabalho forte e consistente. Por outro lado deixou os fãs ainda mais ansiosos por um novo álbum. Vocês já iniciaram as gravações? Tem uma previsão de lançamento? Estamos trabalhando muito duro nisso agora. Acho que estamos na metade, temos algumas ótimas faixas. Já faz um tempo desde o último álbum, mas de certa forma isso é bom porque parece que estamos quase começando de novo, como um álbum de estreia quase. É novo e temos ótimas ideias. Vamos para o estúdio no outono (entre setembro e dezembro, no hemisfério norte) e haverá novas músicas no ano que vem e todo mundo está escrevendo. Estamos enviando ideias uns aos outros, está sendo bom, temos algumas coisas boas acontecendo. O que você pode adiantar sobre esse álbum? Qual será a principal característica do álbum? E como ele se diferencia dos outros trabalhos da banda? Gostaríamos de ter uma aventura com cada novo álbum, sonoramente e melodicamente. Mas acho que há uma conexão com o passado neste melodicamente que também estamos explorando. E seria um álbum europeu com algumas surpresas, mas também uma conexão com o passado. Há alguns riffs excelentes, algumas melodias excelentes e um ótimo refrão vindo aí. Estou escrevendo com Mic (Michaeli, tecladista), Levén (John, baixista), Norum (John, guitarrista) e em breve vamos nos juntar e tentar algumas dessas ideias. Mas temos algumas demos excelentes circulando e mal podemos esperar. Junto com o documentário, vai ser uma época bem louca nos próximos anos. Você pode falar algo sobre o documentário? Pode falar mais alguma coisa? Estamos trabalhando nele há uns cinco ou seis anos, acho, porque tínhamos essa equipe nos seguindo pelo mundo, nos filmando ao vivo porque queríamos fazer um filme do tipo tour mundial. Mas durante a covid começamos a pensar, espere um segundo, temos alguma coisa antiga? Podemos fazer esse documentário agora? Talvez seja a hora. E encontramos essa caixa velha com fitas VHS conosco festejando em quartos de hotel no Japão. Depois, estávamos nos bastidores em Estocolmo, no começo da carreira. Acho que você pode ver o cenário do Wings of Tomorrow pela primeira vez no chão, então isso é 1984, 1983. E há muitas filmagens que ninguém nunca viu. Então juntamos tudo e montamos a história dessa banda que veio de Estocolmo para o mundo e então o grunge veio e derrubou tudo. Depois construímos tudo de novo para chegar onde estamos hoje. Temos vários convidados, como Benny (Abba), Mikael (Opeth) e Tobias (Ghost). Já são mais de 40 anos desde o início do Europe. O que mais motiva vocês a seguirem tocando, excursionando e gravando álbuns? Imaginava que duraria décadas quando formou o grupo? Não! Quando você é mais jovem, você não vê o futuro, realmente. Você vê duas semanas, duas semanas à frente, mas agora você meio que planeja dois anos à frente porque o tempo passa de forma diferente agora que você está mais velho. Meio que passa mais rápido e você tem que se adaptar. Mas nunca imaginei estar 40 anos depois aqui. No ano passado, na turnê de 40 anos, foi tão emocionante estar no palco com os mesmos caras, olhando ao redor do palco com pessoas que conheci quando tinha 14, 15 anos. Somos os mesmos caras há anos. E essa emoção ainda está lá quando tocamos. Não são muitas bandas que conseguem fazer isso. Tivemos nossas brigas, mas a questão é que agora não queremos balançar o barco. Temos um ótimo trabalho, não vamos brigar por coisas pequenas. Vamos tocar música, nos conectar com os fãs. The Final Countdown já foi tocada em diversos eventos esportivos, comerciais, filmes, séries, entre outras atividades. Qual foi a marcante para você? Por que? São tantas memórias com essa música. É difícil dizer o que amo sobre The Final Countdown. Ela reúne pessoas de todas as esferas da vida, onde quer que estejamos, seja um festival de metal, pop, familiar ou de death metal. O público nos dá energia e nós devolvemos, tornando isso em algo especial. Você vive e se isola do resto do mundo e está nesse espaço e é o tempo que ninguém pode tocar. Esses momentos são para sempre. E agora, o que dizer do oposto? Alguma vez te irritou ver The Final Countdown em um lugar inapropriado? Houve alguns covers engraçados e coisas assim, mas é tudo isso que realmente não importa. Houve um tempo em que queríamos escrever para nos afastar um pouco da música. Mas sempre ficou lá, e nos últimos anos, significa mais do que aquela música. Lembro-me de quando éramos crianças, íamos ver bandas como Scorpions e eles costumavam tocar uma balada de vez em quando no set. Eu era uma criança muito nova assistindo isso. E