C6 Fest divulga lineup com Nile Rodgers e Chic, Wilco, Air e Pretenders

A terceira edição do C6 Fest, que acontece entre os dias 22 a 25 de maio de 2025, anunciou suas atrações na terça-feira (22). O evento contará com quatro palcos no Parque Ibirapuera e reúne shows de jazz, pop, soul, rock, MPB e eletrônica. A pré-venda de ingressos é exclusiva para clientes C6 Bank e acontece nesta quarta (23) e quinta (24). Os compradores recebem 20% de desconto sobre o valor dos bilhetes, inclusive para meia-entrada, mediante compra com o cartão de crédito do banco. O primeiro lote traz ingressos a R$ 560 (dias 22 ou 23/5, no Auditório Ibirapuera) e R$ 680 (dias 24 ou 25/5, na Arena Heineken e Tenda). O passaporte Jazz custa R$ 1.000 e dá acesso aos dois dias de shows na plateia interna do Auditório Ibirapuera. Para assistir às apresentações na Arena Heineken e Tenda, também é possível adquirir um passaporte para os sois dias de eventos nestes palcos por R$ 1.200. Na sequência, as vendas para o público geral começam na sexta (20). As entradas serão vendidas somente no site c6fest.byinti.com ou na bilheteria física do Teatro Renault (av. Brigadeiro Luís Antônio, 411, República, região central). Confira a seguir o lineup completo: A. G. Cook, Agnes Nunes, Air, Amaro, Freitas, Arooj Aftab, Beach Weather, Brian Blade & The Fellowship Band, Cat Burns, English Teacher, Gossip, Kassa Overall, Maria Esmeralda, Meshell Ndegeocello, Mulatu Astatke, Nile Rodgers & Chic, Peter Cat Recording Co., Perfume Genius, Pretenders, Seu Jorge, Stephen Sanchez, SuperJazzClub, The Last Dinner Party e Wilco. A terceira edição do C6 Fest terá quatro noites. De acordo com a organização, os dois primeiros dias (quinta, 22, e sexta, 23) serão de shows mais intimistas no Auditório Ibirapuera. Os dois últimos dias, no fim de semana, são dedicados às grandes apresentações nos palcos ao ar livre, que se dividem entre a Arena Heineken e a Tenda. PROGRAMAÇÃO Auditório Ibirapuera Quinta, 22/5Mulatu Astatke Amaro Freitas Septeto Arooj Aftab Sexta, 23/5 Kassa Overall Brian Blade & The Fellowship Band Meshell Ndgegocello Arena Heineken e Tenda Sábado, 24/5 Air – “Moon Safari” Pretenders Gossip Perfume Genius Stephen Sanchez A.G. Cook Agnes Nunes Beach Weather Peter Cat Recoring Co. Domingo, 25/5 Nile Rodgers & Chic Wilco Seu Jorge e convidados no “Baile á la baiana” The Last Dinner Party English Teacher Cat Burns Maria Esmeralda (Thalin, Cravinhos, iloveyouangelo, Pirlo & VCR Slim) SuperJazzClub

Pavement faz possível despedida dos palcos com show histórico

Precisamos falar sobre o Pavement. A apresentação que rolou no último fim de semana, dentro do C6 Fest, foi mais do que um show qualquer; foi também uma celebração ao legado da banda e do rock alternativo dos anos 1990. Enquanto, no mundo do rock mainstream, grupos como Nirvana e Pearl Jam dominavam as rádios populares com seu grunge e gravavam hits que são lembrados até os dias de hoje, havia uma série de bandas correndo em uma cena alternativa, formando uma geração de fiéis seguidores que não puderam desfrutar dos benefícios que o sucesso no mainstream oferece. Além da banda liderada por Stephen Malkmus, seria correto citar Dinosaur Jr. e Built To Spill como membros dessa cena que não possuíam a mesma fartura de holofotes, produtos oficiais e canções tocadas em rádios populares. Mas essa mesma escassez criou uma aura de preciosidade que só deu mais força a essa sociedade do rock alternativo. E foram os membros dessa sociedade que predominaram na plateia do C6 Fest. A maior parte, já com mais de 35 anos, estava ali para, além do show, celebrar esse legado. E o Pavement sempre foi um ótimo representante de tudo o que essa cena representa. O grupo se destacou com suas letras inteligentes, pelas guitarras shoegaze e pelo lo-fi de seu som, gravando cinco discos em 35 anos. Parece pouco para tanta história, mas é uma evidência da intensidade que a música da banda causa. Depois de 15 anos da última apresentação no Brasil, a expectativa era grande e foi atendida com um show completo, passando por todas as fases da banda. Hits como Harness Your Hopes e Cut Your Hair (dedicada aos atingidos pela tragédia ambiental em Porto Alegre) foram entoados como hinos, com um público vibrante que cantarolava até os riffs memoráveis de guitarra. As mini jams que a banda proporciona em algumas canções abrem espaço para o talento de Malkmus em seu instrumento e Steve West na bateria, que parecia exausto ao final das 20 músicas executadas pela trupe. Um personagem importante de toda essa experiência que é um show do Pavement fica por conta do carismático Bob Nastanovich, que, quando não estava cantando e tocando sua percussão, estava dançando e interagindo com o público. Era mesmo uma festa, celebrando a música do Pavement e os fãs do rock alternativo dos anos 1990. Alguns desconfiam que esse pode ter sido não somente o último show em terras brasileiras, mas também o último show da história do Pavement. E se for assim, esse terá sido um fim digno e que representou bem todo o legado dessa geração de bandas.

Paris Texas, Noah Cyrus e Daniel Caesar empolgam no C6 Fest

O C6 Fest acertou em cheio nas escolhas. Mesmo que não fosse possível acompanhar todos os shows na íntegra, ainda dava para conferir um pouco de outras atrações. Paris Texas, Noah Cyrus e Daniel Caesar foram alguns que me chamaram a atenção no segundo dia. Paris Texas Paris Texas entrou ainda cedo no palco Heineken, para uma plateia ainda pequena. Mas se dedicaram muito, conversavam (em inglês) com o público, enfatizando como gostam do país. Acompanhados apenas de um DJ, sem banda, os dois nomes do Paris Texas, Louie Pastel e Felix, cantam um hip hop agressivo, por vezes com a intensidade de músicas de punk, mas que em momento algum soam diferente do hip hop. A pequena plateia comprou a apresentação e se divertiu, dançando e respondendo as interações que o grupo fazia. Talvez em um horário mais tarde ou um palco menor trouxessem ainda mais força pro show deles. Noah Cyrus Extremamente emocionada e grata pela recepção dos brasileiros, Noah Cyrus se dedicou muito em entregar um show a altura do carinho que recebeu. “Vocês foram gentis comigo desde o momento em que pisei fora do avião”, disse ela segurando a emoção. Apesar de tocar antes da Cat Power, seu show estava mais vazio, o que levanta a questão do público-alvo que o festival precisa investir. Vivendo sob a sombra da irmã famosa, com seu estilo mais pop rock, a música de Noah vai mais para o lado do pop country de seu pai, Billy Ray Cyrus. As músicas são radiofônicas e prontas para virarem hits. Difícil dizer se o sucesso da irmã da Noah ajuda ou atrapalha sua carreira. Será que sem propaganda gratuita que tem em seu nome sua música chegaria ao Brasil e além? O que pode fazer pra ter seu brilho próprio, Noah faz. Cantou, explorou todo palco, interagiu com os fãs e com sua banda e tentou deixar seu marca, ao menos para os que já acompanham seu trabalho. Daniel Caesar Um show de neo soul muito bem executado. Acompanhado de uma banda eficiente com baterista, guitarrista e baixista (que também tocou teclado), mas com vários momentos solo (voz e violão), Daniel Caesar entregou um soul por vezes suave, romântico, e que em outros momentos soou dançante. Canta com uma voz leve, sem muito enfeite, como um clássico cantor de soul. Lembra mais o estilo de seu contemporâneo Leon Brigdes. O público conhecia muitas de suas músicas e se emocionou com a carga sentimental que a música dele provoca. Chegou a fazer um cover solo de Sparks, do Coldplay, e mostrou que se não se render ao pop comum, pode se firmar mesmo como um grande nome do neo soul. Depois de se despedir da plateia no palco, os telões mostraram para o público Daniel se dirigindo ao camarim, ao vivo, e encontrando um casal com um bebê. Conversaram um pouco e ele cantou mais uma música ao violão, para agora, sim, se despedir de verdade dos brasileiros.

Young Fathers convida público para dançar em show de soul selvagem

“Vocês querem dançar?”, perguntou com um grito gutural Kayus Bankole, um dos vocalistas do Young Fathers, durante a apresentação da banda no C6 Fest, no último domingo (19), direto do Parque do Ibirapuera, em São Paulo. De início, ouvindo os primeiros segundos de uma música da banda, não é bem uma dança que vem à mente. Só que sua banda se especializou em unir características de diversos gêneros e externá-los numa pegada selvagem, de forma que é possível entender o convite feito. Enquanto o hip hop é notável, principalmente nos cantos de Bankole, Graham “G” Hastings, outro dos integrantes vocais da banda, canta encontrando uma agressividade de bandas punk contemporâneas como IDLES. Tem ainda o terceiro membro oficial, Alloysious Massaquoi, que, com seus vocais e percussão, joga um som tribal nessa fórmula musical. Como se não bastasse essa já excêntrica mistura, nos shows, o Young Fathers ainda é acompanhado da suave voz soul de Amber Joy, nos backing vocals. Como é possível esse arranjo todo funcionar e terminar em dança? Foi o que o público da banda no Palco Heineken descobriu, ainda que o espaço estivesse mais vazio do que a criatividade da banda merece; talvez pela concorrência com a Tenda MetLife, que trazia nomes como Pavement e Cat Power em horários concorrentes. Independente disso, para sorte de quem pode estar por lá, o Young Fathers se preocupou apenas em agitar a audiência com sua proposta de dança tribal e soul selvagem. A mistura das quatro vozes com estilos e timbres distintos, aliados aos sons sintéticos — controlados quase que espontaneamente por “G” —, e as batidas secas nos instrumentos de percussão que eram intercalados durante a apresentação, criaram o ambiente dançante prometido. Quem topou participou de algo que deve se assemelhar a uma rave dos primórdios, quando danças eram embaladas por sons de percussão, ainda que sons sintetizados estejam presentes aqui. Nos momentos mais serenos, o neo soul predominava, embora mantivesse um ritmo vibrante, mantendo a urgência de movimento corporal para aqueles que estavam ali para se envolver na música do Young Fathers. Conta como destaque ainda o palco Heineken, que projetava na fachada do Auditório do Ibirapuera as imagens da banda executando sua performance. Mesmo distante, quem estava pelo local podia ver e ouvir a exibição do grupo. O som proposto e executado pelo Young Fathers no C6 Fest, que remete ao natural, ao primordial, ainda que envolto de modernidade, foi perfeito para simbolizar um festival realizado em um enorme parque no meio da maior representação urbana do país.

Cat Power invoca Bob Dylan em show histórico no C6 Fest

O que pouco pode ser discutido acerca das duas edições do C6 Fest é sua curadoria. Os organizadores, desde a primeira edição, mostram-se atentos aos artistas em ascensão no mundo da música, mas também procuram incluir em seus line-ups artistas já consagrados que ainda brilham intensamente. É nessa categoria que se encontra Cat Power. Pseudônimo de Charlyn Marie “Chan” Marshall, Cat Power é daquelas artistas queridinhas dos mais alternativos entusiastas de música; mas é preciso dizer que os méritos sempre estiveram explícitos em sua carreira invicta. Mantendo uma regularidade como poucos, mesmo sem fixar suas raízes no grande mainstream da música pop, a cantora, compositora e instrumentista, lançamento após lançamento, entrega o que seus fãs esperam. Desde sua passagem pelo Brasil, em 2022, no Popload, o que Cat fez foi prestar uma homenagem a um dos maiores artistas de todos os tempos (segundo seus números, premiações e, é claro, sua inquestionável influência na música): Bob Dylan. Essa homenagem veio em forma de um disco que reproduz a apresentação de Dylan em 1966, no Royal Albert Hall. Gravado no mesmo local, recriado com sua identidade, mas respeitando e invocando a força do Bardo, o passo seguinte desse tributo foi levar a turnê “Cat Power Sings Dylan” ao seu fiel público para além de Londres. Será que Cat Power consegue entusiasmar mesmo tocando apenas covers de canções reproduzidas ao vento com tanta frequência? A Tenda MetLife foi o local escolhido pelo C6 Fest para apresentar essa resposta. Antes mesmo de pisar no palco, a fiel multidão de fãs fez sua parte e se aglomerou rapidamente após o término do show da cantora pop Noah Cyrus. Quem saiu do seu lugar para tomar uma cerveja teve problemas para encontrar um espaço confortável para ver a apresentação. Assim entra Cat Power, como Bob em 66, começando com um set mais minimalista, com piano, violão e gaita para acompanhar sua voz, aqui propositalmente mais rouca que o normal para fazer jus ao homenageado. A resposta estava dada: o que se seguiu foi uma apresentação mágica, que ornou com um público preparado para a música de Power e Dylan e com o local, que possuía no meio do caminho uma árvore do parque Ibirapuera que, de alguma forma, combinou com a rusticidade do show. Encerrado o curto set “acústico”, o resto da banda entrou, plugando os instrumentos e aumentando o volume e a empolgação dos presentes. Os instrumentistas, alinhados em corpo e alma com o clima proposto, brilharam no mesmo nível que a vocalista, “sujando” o folk com blues e rock. O sorriso e as declarações de amor ao Brasil proferidas pela cantora foram meras consequências da reação que músicas como Like a Rolling Stone (com direito a coro da audiência) e One Too Many Mornings provocaram em quem estava ali. Naquele momento, os sentimentos já eram mútuos, e nem precisavam serem declarados: estava no ar, preenchido de música. Para o público desse C6 Fest, entre aqueles que (ainda) não tiveram o privilégio de assistir à Bob Dylan, ficou o privilégio de ter visto e ouvido, ao vivo, Cat Power.

Squid faz show de gente grande e conquista público no C6 Fest

Os primeiros horários dos festivais brasileiros de música nem sempre são os mais celebrados. A maior parte do público ainda não chegou, outros tantos ainda se acomodam e reconhecem o território, explorando as tendas de alimentação e as ativações de marketing tradicionais desse tipo de evento. Mas, no segundo dia do C6 Fest, que rolou no Parque Ibirapuera, em São Paulo, a banda inglesa Squid minimizou todas essas questões e aproveitou o espaço para mostrar as vantagens de chegar cedo aos festivais de música. O quinteto foi escalado para abrir os trabalhos na Tenda Metlife. Após lançar, em 2023, seu segundo disco, O Monolith, que foi muito elogiado entre os mais aficionados por lançamentos contemporâneos — saindo, inclusive, em várias listas de melhores do ano —, a banda seguiu o protocolo e partiu em turnê para divulgar suas novas músicas. Já havia ali, na tenda, um público aguardando o início dos shows quando os cinco rapazes de Brighton entraram sob alguns aplausos e deram a ignição à música do dia. Desde a primeira execução, com Swing (in a Dream), os caras mostraram muita disposição e focaram em executar com muita segurança suas músicas, sem se importar muito com o tamanho do público ou mesmo se eles sabiam acompanhar as letras. Aos poucos, os desavisados que estavam passando por perto foram se aproximando, interessados no som tocado com maestria pelo Squid. Coisa de gente grande, apesar do pouco tempo de banda. No Squid, todos os seus integrantes tocam mais de um instrumento, às vezes ao mesmo tempo. O baterista/vocalista Ollie Judge toma a frente, mas sempre muito bem arranjado pelos instrumentos de apoio, que vão das guitarras ácidas até o trompete, que irrompe em muitos momentos dando toques “jazzísticos” ao pós-punk contemporâneo do grupo. Nota-se também que a banda não se apega à estética ou gêneros específicos, brincando com experimentalismo e dando acentos ou passagens inteiras que remetem ao indie rock ou à música ambiente. Foram apenas oito músicas que preencheram o desfile musical da banda. Parece pouco, mas a intensidade do som do Squid, as viagens instrumentais e a nítida empolgação dos membros para marcar território no Brasil fizeram com que a apresentação marcasse quem passou por ali. Certamente, muitos dos desavisados que foram ao C6 Fest e passavam naquele horário pela Tenda Metlife apenas para tomar uma cerveja ou encontrar amigos, também passaram a conhecer e admirar o incrível Squid, e fizeram com que os aplausos finais fossem maiores e mais intensos que os iniciais. Edit this setlist | More Squid setlists