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Entrevista | Humberto Gessinger – “Todo artista longevo desenvolve um público heterogêneo”

Quando o público e o mercado fonográfico, há 30 anos, ainda não davam a devida atenção ao cenário roqueiro do Rio Grande do Sul, o Engenheiros do Hawaii quebrou essa barreira e chamou a atenção para os trabalhos produzidos nos pampas. O disco em questão era o debute da trupe de Humberto Gessinger, Longe Demais das Capitais, lançado em outubro daquele ano de 1986.

Passados 30 anos do álbum que trouxe hits como Toda Forma de Poder, Segurança e Eu Ligo pra Você, hoje a Engenheiros segue em hiato (desde 2008). O líder do grupo, Humberto Gessinger, no entanto, continua firme com a sua carreira solo. Nesta sexta-feira (30), ele retorna a Santos com a turnê Louco pra Ficar Legal, que será apresentada na Capital Disco, a partir das 22 horas.

“É um amadurecimento da turnê Insular. Mantenho o mesmo formato: no palco, um trio em três momentos distintos. Além de cenário, o que há de novo é a maior liberdade para passear por todas as fases da minha carreira, já que a tour anterior estava mais focada em mostrar o material novo. Aproveito, também, para comemorar os 30 anos da gravação do Longe Demais das Capitais e os 20 anos do Gessinger Trio, dois discos importantes na minha trajetória”, comenta.

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Se em sua carreira solo, o gaúcho pouco apareceu em Santos, nos tempos da Engenheiros do Hawaii era bem diferente. O próprio Gessinger recorda com carinho das visitas entre os anos 1980 e 1990.

“Lembro bem dos shows do Caiçara. Nenhuma experiência negativa, só vibe legal. Era um ponto tradicional de toda tour passar pela Cidade. A primeira vez foi em 1987, ainda na tour do Longe Demais das Capitais”.

Sobre o longo período sem passar pela região, o músico explica que não tem muito controle dessa situação.

“Faz um tempo que não toco em Santos. A gente tem pouca influência sobre os rumos que uma tour toma, depende muito das cenas locais, logística. Sem dúvida, estava mais do que na hora de matar a saudade”.

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Para quem pretende ouvir os sucessos da Engenheiros do Hawaii na Capital Disco, Gessinger garante que muitos deles estarão no repertório. De acordo com o músico, resumir o fã num tipo só é uma armadilha que precisa evitar.

“Todo artista longevo desenvolve um público heterogêneo, espalhado no tempo e no espaço. Várias gerações, várias regiões do País. Esta diversidade faz a força, a riqueza da troca de energia. Gosto de reler os clássicos, assim como gosto de tocar coisas novas. Meu público tem entendido a forma como me relaciono com minhas canções e tem sido um parceiro incrível nesta jornada. No show, músicas de todas as fases da minha carreira: passado, presente e futuro, pois tenho tocado Alexandria, canção que vai estar no meu próximo disco”, argumenta.

Em 2012, o gaúcho chegou a tocar vários álbuns da Engenheiros do Hawaii na íntegra, com transmissões pela Twitcam, do Twitter. Questionado se pretende levar esse formato para os palcos, rechaçou a possibilidade.

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“Seria interessante, mas, sinceramente, acho que me sentiria preso a um momento específico. Tenho preferido juntar fragmentos de vários discos, misturá-los, recriar canções. Assim como sempre vi os discos como algo mais do que um apanhado de canções, acho que no show a gente deve procurar e ressaltar conexões entre elas. Essas reconexões é o que mais tem me agradado na tour Louco Pra Ficar Legal”.

Os ingressos para o show do Humberto Gessinger na Capital Disco custam entre R$ 60,00 e R$ 140,00. Eles podem ser adquiridos na bilheteria da Capital Disco ou no site Ingresso na Net. A Capital Disco fica na Avenida Francisco Glicério, 206.

Sem Engenheiros do Hawaii até 2018
Mesmo que o momento seja de comemoração do álbum de estreia da Engenheiros do Hawaii, Longe Demais das Capitais (1986), um retorno da banda não deve acontecer tão cedo, segundo Humberto Gessinger.

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“Não pretendo voltar a usar o nome Engenheiros do Hawaii num futuro próximo, quero curtir o momento que está maravilhoso. A tour Pra ficar Legal vai seguir na estrada, ao menos até 2018”, comenta.

Recordar o lançamento de Longe Demais das Capitais, entretanto, é lembrar com carinho das dificuldades e desafios impostos pelo mercado para a estreia da Engenheiros no cenário nacional.

“Primeiro disco sempre é importante. Mas para uma banda gaúcha em 1986, era mais importante ainda, pois a região era praticamente excluída do cenário. O retorno foi imediato, pois já tínhamos uma relativa estrada antes do lançamento. O conceito que o nome trazia logo virou dito popular por aqui”.

Gessinger conta que até a forma como as pessoas comentam sobre o disco mudou. “Tudo foi curioso, pois tivemos que, nós mesmos, asfaltar a estrada que percorreríamos. Hoje todo mundo fala da época de forma glamurizada, mas nós sabemos muito bem as dificuldades e os prazeres que sentimos”.

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Quanto ao legado deixado pela banda, o músico conta que considera algumas faixas atemporais, mas mesmo as datadas são especiais.

“Algumas seguem atuais (Pra Ficar Legal, por exemplo, faz mais sentido para mim agora do que quando escrevi). Outras, se por um lado ficam datadas, por outro ganham um valor histórico que também é muito interessante. Assim é para mim. Como é para o público? Não sei. Espero que cada um se relacione da maneira que quiser com as frequências que emiti”.

Questionado se ainda consegue acompanhar o efervescente cenário roqueiro gaúcho, Gessinger afirma estar um pouco por fora, mas ressalta que a diversidade é a maior virtude dos conterrâneos.

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“Acho que ainda temos que aprender a misturar melhor as referências regionais ao som universal, coisa que no Nordeste a galera já faz super bem há várias gerações. Um dia chegaremos lá”.

2 Comments

2 Comments

  1. Marcelo Serrano

    2 de outubro de 2016 at 17:39

    Eu sou fã do Humberto Gessinger desde 8 anos de idade, hoje tenho 38 e para mim tanto faz se for Engenheiros, Gessinger Trio, PV, eu sou fã dele!! O show de HG é sempre perfeito.

  2. Clébio

    7 de março de 2018 at 19:32

    É lamentável que uma das melhores bandas de todos os tempos, como foi o Engenheiros do Havai, não volte a tona devido a desunião desse grupo que marcou época, e do pensamento de alguns de seus membros, que hoje pensam em seguir carreira solo, deixando os demais sem ter a sua fama de volta. Infelizmente isso é o que acontece com as bandas, grupos e duplas do Brasil. Depois que ficam famosos se separam. Isso é mais uma vergonha no nosso país. Sou mais um fã da banda “Engenheiros do Havai” e não de um ou outro membro separadamente com a sua carreira solo. Gostaria que a união voltasse a reinar nesse grupo, e que ela voltasse ao seu sucesso, como era nos velhos tempos, ou como dizem nos mosqueteiros, um por todos e todos por um. Esse deveria ser o lema e o pensamento dessa banda e retornarem com o mesmo nome que é bastante profético sem alterações como preferem todos os fãs desse grupo, que até hoje conheci.

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