Depois de décadas como baixista do Skank, Lelo Zaneti resolveu embarcar em um novo desafio musical com a banda Trilho Elétrico. O grupo, que mistura influências de MPB, rock, reggae e pop, reúne músicos experientes de diferentes vertentes, como integrantes do Jammil e da cena do reggae baiano. Em entrevista ao Blog n’ Roll, Lelo falou sobre a formação da banda, a sonoridade e os planos para o futuro.
Formada pelos mineiros Lelo e Rodrigo Borges (herdeiro e atual representante do Clube da Esquina) e os baianos Manno Góes (Jammil e Uma Noites) e Lutte (ex-vocalista da Mosiah), a banda Trilho Elétrico tem como objetivo criar um som que transite em diferente gêneros. Até o momento já lançou um álbum (homônimo, de 2023) e alguns singles.
“Acho que tem algumas pontas que se conectam. Por exemplo, quando ensaiamos músicas do Jammil para um show, percebi que a condução do baixo poderia remeter a algo meio Paralamas do Sucesso. Esse ensaio nos levou a resultados muito interessantes, onde você se pergunta: ‘Isso é Jammil, Paralamas ou Skank?’. São linguagens que acabam se aproximando naturalmente”, explicou o baixista.
A forte conexão da banda com a cena musical da Bahia também é um diferencial. Segundo Lelo, o Skank já participou de muitos eventos de axé e sempre teve afinidade com o ritmo. Além disso, o Trilho Elétrico tem integrantes que vêm do reggae baiano, como Lutte, da Mosiah, um fenômeno local.
“A Bahia é um celeiro musical muito poderoso. Lá, a gente vê o brilho nos olhos das crianças quando elas enxergam algo relacionado à música. Tocamos no Carnaval de rua e nas praças do Pelourinho, onde há uma circulação forte de estrangeiros e do público jovem. Então, houve toda uma pesquisa e experimentação para chegarmos na identidade do Trilho Elétrico.”
“Plot Twist” e a nova fase da Trilho Elétrico
O primeiro single do Trilho Elétrico em 2025, Plot Twist, já começou a ganhar destaque, entrando em playlists editoriais do Spotify. A canção traz uma mescla de pop, reggae e MPB, refletindo a diversidade sonora do grupo.
“O arranjo da música foi feito com muito cuidado. Gravamos no estúdio do Chico Neves, que trabalhou com Paralamas, Skank e até Peter Gabriel. Ele conseguiu tirar um som incrível. No final, percebemos que Plot Twist nasceu de forma muito natural, parecia que já estava dentro de nós”, contou Lelo.
A estratégia da banda para os próximos lançamentos segue uma tendência do mercado digital: em vez de lançar um álbum completo de uma vez, o grupo pretende soltar singles ao longo do ano.
“A leitura do digital hoje é essa: lançar quatro ou cinco singles por ano. Isso mantém o público sempre com novidades e favorece o engajamento nas plataformas. Nos anos 60, os Beatles impulsionaram o formato de singles. Depois, o Led Zeppelin veio e resgatou a força dos álbuns. Agora, voltamos a uma era onde os singles dominam de novo. A música precisa se adaptar ao tempo”, refletiu.
Com uma forte presença em festivais e no circuito independente, o Trilho Elétrico quer expandir ainda mais seu alcance. Segundo Lelo, um dos objetivos é entrar em circuitos como o do Sesc, que oferece estrutura e visibilidade para artistas de diversos gêneros.
“A gente tem que entrar em circuitos que mostram o trabalho para um outro público. O Sesc, por exemplo, é um espaço que permite um amadurecimento do som. O Emicida fez isso muito bem. É um projeto de longo prazo, mas estamos no caminho certo”, afirmou.
Enquanto isso, o Trilho Elétrico já está de olho nos próximos lançamentos e até em colaborações especiais. “Estamos prospectando convidados para o próximo single e a ideia é seguir nessa linha do Plot Twist, algo que o brasileiro tem na veia. O primeiro disco teve um som mais aberto, com participações de Daniela Mercury, Tony Garrido e Luiz Caldas. Agora, queremos consolidar essa identidade pop rock e seguir lançando novas faixas ao longo do ano.”