*Ciro Hamen – especial para o Blog n’ Roll
Escalados para fechar a programação de domingo (8) do Lollapalooza, no palco Perry, os Racionais MC´s fizeram um show marcante para os que escolheram ignorar a apresentação do Arctic Monkeys, que acontecia no palco Cidade Jardim. As maiores lendas do rap brasileiro (talvez até da música negra brasileira) subiram ao palco às 21h45, com UMA hora de atraso.
O show estava programado para 20h45, mas talvez para esperar o som que vinha do palco ao lado terminar (Brown e sua turma começaram assim que o Jane´s Addiction saiu de cena), talvez por falta de simpatia com o tipo de evento, ou talvez por pura rebeldia, todos que optaram por ficar lá tiveram que esperar bastante.
Muitos que queriam ver apenas “o comecinho” dos Racionais pra depois ir pro Arctic Monkeys abandonaram a empreitada assim que bateu a marca de meia hora de atraso. Mas aquele não é um show para ver começo ou parte, nada disso. É um show pra ver do começo ao fim.
E quando o negócio já estava ganhando uns ares de tragédia (com público revoltado com o atrasado, vaiando e atirando objetos – como o glowstick distribuído – no palco), os Racionais entram sem dar explicações e Mano Brown inicia Eu Sou 157, faixa do disco Nada Como Um Dia Após o Outro Dia, de dez anos atrás.
O início do show é suficiente para incendiar os que dispensaram o rock e esperavam a apresentação que mais destoava das outras atrações do festival. Rapaz Comum, Negro Drama e 1 Por Amor, 2 Por Dinheiro deram sequência a uma noite que contou com o discurso sempre afiado de Mano Brown, que afirmou que tudo que a geração dele queria era “eleger o Lula” e exaltou o senador Eduardo Suplicy, presente na platéia.
Marighella, ótima música solo de Mano Brown, foi tocada enquanto imagens do guerrilheiro assassinado nos anos de chumbo apareciam no telão. “O poder vai sair do domínio dos americanos para as mãos verde e amarelas”, disse o rapper.
O MC Edy Rock também teve seu momento, quando tocaram That´s My Way, música que estará em seu álbum solo. O final apocalíptico teve uma sequência com Jesus Chorou, A Vida É Desafio, Homem na Estrada e Vida Loka Parte 2, o que só provou porque Racionais ainda é o maior nome do rap nacional.
Carisma, mensagem sólida e um DJ (KL Jay) que não deve nada pros maiores do estilo no mundo. Racionais mereceu fechar com chave de ouro o Lollapalooza.
*Ciro Hamen é jornalista e coloborador do site Ó Minha Santos