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Vocalista do Garage Fuzz chega ao quarto EP como ACruz Sesper

Fotos: William Santana

Há mais de 25 anos como vocalista da banda santista Garage Fuzz, Alexandre Cruz, o Sesper ou Farofa (para o pessoal do hardcore), possui uma história de respeito no cenário musical da região. Exerceu a mesma função em outros nomes pioneiros da Baixada Santista como Psychic Possessor, Safari Hamburguers e O.V.E.C.

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Mas o que algumas pessoas não sabem é que ele também desenvolve várias atividades no meio musical além do Garage. Um desses projetos é o ACruz Sesper, que acaba de divulgar o seu quarto EP em dois anos: No Song as a Trio. Mais calcado no pós punk britânico, o álbum pode soar diferente da sua banda principal, mas não vai desagradar aos fãs.

“Diria que 70% do material do ACruz Sesper é inédito, o restante vem de outros projetos. Crying Shame, que está no Not Count for Spit (2016), é de outro projeto, de 2009, chamado Vallejo Sunset. No Contact é do 5 Gas Question, Home Alone é uma variação de O Plano, do The Pessimists, Jumper tem influência de Daylight, primeira música do Garage Fuzz, de 1991”, comenta Sesper, nome o qual utiliza para assinar suas obras como artista plástico, trabalho também reconhecido em nível internacional.

Quando iniciou o ACruz Sesper, em 2014, o vocalista do Garage Fuzz nem pensava em fazer shows para divulgar suas faixas autorais.

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“Estava gravando todos os instrumentos sozinho. Quando saíram os discos, percebi que as apresentações tinham que acontecer para realmente fazer a coisa girar”.

Tal mudança no rumo fez com que Sesper convidasse os amigos Giuliano Belloni (baterista do B.U.S.H, Futuro e Static Control) e Fernando Denti (baixista do Nunca Inverno, Jesus Macaco e Sem Hastro) para integrar uma formação fixa.

E mesmo que ainda siga com os shows do ACruz Sesper, Farofa conta que não coloca pressão alguma na hora de agendar as datas. “Sem fanatismo. Acho legal fazer as coisas curtindo o que está acontecendo ali, não forçando situações”.

A própria missão de tocar as canções do seu projeto paralelo para os fãs do Garage Fuzz acontece de forma natural, segundo o músico. “Atrairá algum segmento de fãs do Garage, apesar deles terem noção que são propostas e sonoridades diferentes. Começar as coisas meio que do zero nos dias de hoje é bem diferente do que há dez anos. Rolou um processo de reeducação também”.

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Questionado se o ACruz Sesper seria uma forma de produzir algo que não se encaixaria na linha autoral do Garage Fuzz, Farofa rechaçou essa hipótese. “Fiquei quase duas décadas sem ter uma guitarra, então, quando comprei uma em 2012, voltei a tocar diariamente. Foi saindo muita coisa na pegada de quando parei ali no meio dos anos 1990. Algo como se tivesse a técnica musical da época da demo Garbage Funny Things (1993) com a bagagem musical de 20 anos depois. Tenho outras ideias atualizadas, mas com técnica primitiva”, diz, aos risos.

O próprio nome do projeto paralelo de Farofa faz referência à carreira dele como artista plástico. “Existe por ter essa ligação com a arte”. Depois de receber um convite de Lucas Cabu e Mateus Mondini (Nada Discos), ele entrou de cabeça na proposta do Rolo Seco e customizou manualmente todas as 150 cópias do vinil do seu primeiro álbum.

“Gravei todos os instrumentos no estúdio de um amigo e pintei todas as cópias durante uma semana no meu ateliê e meio que assim surgiu a história do ACruz Sesper”.

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Em 2015, Sesper repetiu a dose. Gravou e mixou mais dez músicas em 16 horas, que viraram o Not Count For Spit, lançado em vinil de 10 polegadas pelo selo Rolo Seco Discos.

“Aí entra o Fred e a Submarine Records na jogada, que entenderam muito bem o que estava rolando. A Submarine e a Rolo Seco são bem fora da curva, acreditaram muito no lance e me incentivaram demais. Se a coisa toda andou foi por causa desses caras e do Gustah, que gravou o disco na época”.

Na sequência, 500 cópias chegaram ao mercado com uma arte original exclusiva pintada à mão em cada unidade, o que caracterizou mais o trabalho integrado de arte e música.

“Fizemos um lançamento em uma exposição que eu estava fazendo, em 2016, na galeria Fita Tape. Lançamos um box exclusivo com camiseta, pôster, K7, 10” vinil, arte original, bottom e vendemos todas as 65 unidades no lançamento”.

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O show ao qual Sesper se refere contou com um set bem alternativo, com partes feitas por ele sozinho, outras  com a companhia de sua esposa, Alê Briganti (Pin Ups) e sua filha, Abigail.

Trabalho com as fitinhas
Paralelamente aos muitos projetos, Farofa ainda encontra tempo para tocar um selo bem bacana, o Outprint, que lança bandas em fitas K7 e vinil. Para este ano, o forno está cheio. “Em fita cassette vem Continental Combo, The Automatics, Acruz Sesper, Futuro e Animal Heart. Em vinil, devemos distribuir um compacto com a demos do O.V.E.C (1989), quatro músicas novas em vinil do ACruz Sesper Trio e a versão em vinil do Fast Relief, do Garage Fuzz”.

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Pensa que é “só” isso que o Sesper desenvolve em sua carreira artística? No ano passado,  ele embarcou com outro projeto paralelo, o The Pessimists, em uma turnê extensa pelos Estados Unidos. Foram 45 shows passando por Norte, Sul, Leste e Oeste, junto com o Sem Hastro.

“Fizemos tudo de van, tocando em todo tipo de lugar imaginável: de sala de casa, cozinha, igreja até palco clássico de shows de hardcore em Washington D.C. Acho que a galera curtiu, teve um bom feedback nas publicações tipo MRR e alguns blogs. Agora, os dois EPs estão saindo por um selo alemão chamado Sabotage Records em uma versão 12”.

Garage Fuzz
Quem acompanha a fanpage do Garage Fuzz no Facebook já está ciente que o ano será bem produtivo para os caras. Entre as novidades estão um DVD ao vivo, gravado no ano passado em São Paulo, e um EP acústico.

“O DVD está ficando bem legal, recebemos a masterização do áudio, feita nos Estados Unidos, e curtimos muito. Está bem pesado, tem bastante público, a galera que colou vai curtir. Quem não estava presente vai sentir como foi a energia do dia. O lance do acústico estamos trabalhando com cinco músicas antigas, ou seja já tem aquela lembrança inicial do som, então acho que pode soar um pouco diferente no início, mas acho que no final se encaixa completamente com a proposta do Garage e dos sons que escutamos na última década”.

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