Entrevista | Abraskadabra – “Pack Your Bags é a gente meio que saindo de uma fórmula”

Com quase duas décadas de estrada e reconhecimento internacional no circuito do ska punk, o Abraskadabra está pronto para virar mais uma página de sua trajetória com o álbum Pack Your Bags, que chegou ao streaming na última sexta-feira (4). Gravado em Gainesville (EUA) com produção de Roger Lima, baixista do Less Than Jake, o disco marca uma guinada sonora e emocional para a banda curitibana, que se prepara para uma nova turnê internacional, incluindo uma aguardada participação no Manchester Punk Festival. O título do disco funciona como metáfora e convite: é hora de arrumar as malas e encarar novos caminhos. Após os lançamentos de Welcome (2018) e Make Yourself at Home (2021), que consolidaram o nome do grupo fora do Brasil, o novo trabalho reflete uma saída da zona de conforto, da casa, de antigas fórmulas. “É um ponto de transição”, resume o saxofonista e vocalista, Thiago “Trosso”, que conversou com o Blog n’ Roll. “As letras e a sonoridade refletem esse movimento.” Musicalmente, Pack Your Bags mergulha numa sonoridade mais crua, menos polida, com fortes influências de punk rock melódico e hardcore. Referências como Hot Water Music, Raised Fist e Flatliners se misturam ao DNA ska do grupo, criando um disco intenso e multifacetado. A mão de Roger Lima também foi essencial para o resultado final, ao incentivar um processo mais direto e orgânico, cortando excessos e apostando na força das composições. Confira a entrevista completa abaixo e ouça Pack Your Bags. O título do álbum, Pack Your Bags, sugere uma viagem – tanto literal quanto emocional. Como vocês chegaram a esse nome e o que ele representa para a banda neste momento? O primeiro álbum não tinha uma ideia muito grande por trás do nome, mas é que basicamente a gente gravou e compôs o álbum inteiro na casa do Maka, o nosso baterista, e no jardim da casa dele tinha uma plaquinha escrita “Jardim da Vó Nancy”. Então esse foi o primeiro álbum (Grandma Nancy’s Old School Garden, de 2012). Daí no segundo, como a gente estava começando a fazer as coisas com a galera lá de fora, já tinha uma tour nos Estados Unidos, surgiu o Welcome (2018), que também é uma referência à casa, né? Para o pessoal se sentir à vontade. Como a gente tava mostrando o som pra uma galera nova, chamando a galera pra escutar o som da gente na gringa, essa foi a ideia. Depois veio o Make Yourself at Home (2021), então é uma escadinha. Você está lá, tem o jardim da vó Nancy, daí tem o Welcome, no qual faz o pessoal se sentir à vontade. Depois o Make Yourself at Home já está dentro de casa. Pack Your Bags é a gente meio que saindo de casa ou prestes a sair de casa, digamos assim. Muita coisa das letras e da sonoridade do álbum faz menção a gente estar saindo de casa. Tem muita coisa que a gente resgatou do começo do Abraskadabra, acho que tem algumas músicas que são bem cruas, que tem uma energia bem crua, uma guitarra, não tem muita produção. Foi um negócio bem para retratar essa coisa mais crua que a gente teve desde o começo, e começou a brincar com coisas que a gente não brincava antes. E tem a ver com a sonoridade também… Esse álbum tem muita referência de um punk rock mais dosado, mas com andamento mais leve. Sempre escutei, mas agora tentei colocar isso na música, uma parada mais Flatliners, Hot Water Music, Against Me. Tem umas duas, três músicas que são bem puxadas para trás, que deu uma balanceada no tempo das canções, mas tem algumas coisas do hardcore também, que trouxemos com It Was A Good Night. Tem bastante coisa de um hardcore mais berrado, tem uma banda que escuto muito que chama Raised Fist, que acho que coloquei nessa música. O Du (guitarrista) colocou bastante coisa de um hardcore mais Nova York nos breakdowns dele, com um andamento mais halftime, com a batera bem pegadora e uns riffs de metal junto. Então esse Pack Your Bags é a gente meio que saindo de uma fórmula que talvez não tinha esse guia, e agora estamos meio que pouco se fudendo para o que acontece nessa fórmula. A gente falou: ‘vamos tentar umas coisas novas aí, e daí vamos ver’. Provavelmente o próximo álbum vai ter uma continuidade, então vai sair mais ainda da casinha e ir para outro lado. O álbum foi gravado em Gainesville com o Roger Lima, do Less Than Jake. Como surgiu essa conexão com ele e como foi a experiência de trabalhar juntos no Moathouse Studio? A gente teve a ideia de gravar com ele no penúltimo álbum, o Make Yourself At Home. Chegamos a falar com o Roger antes de bater a pandemia. Nos conhecemos lá em Curitiba, em 2005, na primeira vez que a gente tocou com o Less Than Jake. Depois disso acho que a gente tocou com ele mais umas duas vezes lá em Curitiba. Ele sabia da banda, conhecia, a gente deu uma camiseta pra ele uma vez ou outra, e fomos nos encontrando nos Estados Unidos. Mantivemos um contato bem distante, mas a gente ficou no radar, sabíamos um do outro. Quando a gente foi gravar o Make Yourself At Home, quando estava no processo de composição dele, entrei em contato com o Roger e falei: ‘ei, a gente está gravando um álbum, se tiver afim de me trampar junto’. Daí trocamos essa ideia, só que bateu a pandemia e parou tudo. Chegamos a discutir de fazer uma consultoria virtual, mandar as músicas para ele dar uns pitacos, mas acabou não rolando nada. Agora, quando estávamos discutindo o que fazer com o Pack Your Bags, entrei em contato com ele de novo e falei: ‘chegou a hora do próximo, vamos fazer’. Daí ele falou que era só chegar, passou basicamente o esquema, e fomos para a casa dele, em Gainesville, nos Estados Unidos, onde
Abraskadabra adiciona peso na enérgica música It Was a Good Night

Rápida, com uma pitada a mais de peso, letra com lição de vida (por bem ou por mal) e a usual aura empolgante do ska, It Was a Good Night é o novo single do Abraskadabra, o segundo lançamento do próximo álbum Pack Your Bags, gravado com o renomado Roger Lima (Less Than Jake), em Gainesville (Flórida, EUA). A experiente banda de punk/ska curitibana Abraskadabra agora faz parte do cast da Repetente Records, selo criado por dois músicos do CPM 22, Badauí, Phil Fargnoli, junto ao diretor artístico Rick Lion. It Was a Good Night é uma das músicas mais pesadas da recente carreira do Abraskadabra. Como destacam, tem “um pouco mais de raiva” do que a sonoridade que os fãs estão acostumados a ouvir. O resultado, no entanto, mantém intacta a criatividade e qualidade da banda. A música, na letra, fala de momentos que a pessoa não se orgulhe muito de ter feito, que pode causar o sentimento de arrependimento, mas entende que aquele feito teve uma influência no que ela é hoje. Tanto a música quanto o álbum foram gravados no Moathouse Studio, em Gainesville, Flórida, no estúdio de Roger Lima, baixista e vocalista da influente banda Less Than Jake. Roger produziu o álbum após mostrar interesse na banda em encontros com o Abraskadabra dividindo o palco em shows pelo mundo. Antes do lançamento oficial Pack Your Bags, o novo disco, uma nova turnê internacional já está confirmada: acontecerá em abril de 2025 pelo Reino Unido, com destaque para a participação do Abraskadabra no importante e concorrido Manchester Punk Festival. Além disso, a banda já tem datas confirmadas para uma eletrizante turnê de lançamento de Pack Your Bags no Brasil, em junho de 2025, e um giro de lançamento do disco em outubro pelos Estados Unidos.
Abraskadabra libera primeiro single de disco gravado com Roger Lima, do Less Than Jake

A experiente banda de punk/ska Abraskadabra, agora no cast da Repetente Records, lançou o single Swings and Roundabouts, primeira música do álbum que sai em 2025, Pack Your Bags, gravado com o renomado Roger Lima (Less Than Jake) em Gainesville (EUA). Swings and Roundabouts é uma canção autobiográfica, sobre quando o final de um relacionamento torna-se consciente e da difícil caminhada de retomar a confiança e autoestima para recomeçar a vida afetiva. O novo single do Abraskadabra mistura ska com um punk rock mais maduro e andamento moderado, influenciado por bandas emblemáticas e únicas deste meio, como Hot Water Music, Against Me! e The Flatliners. Tanto a música quanto o álbum foram gravados no Moathouse Studio, em Gainesville, Flórida, no estúdio de Roger Lima, baixista e vocalista da influente banda Less Than Jake. Roger produziu o álbum após mostrar interesse na banda em encontros com o Abraskadabra dividindo o palco em shows pelo mundo. Antes do lançamento oficial Pack Your Bags, o novo disco, uma nova turnê internacional já está confirmada: acontecerá em abril de 2025 pelo Reino Unido, com destaque para a participação do Abraskadabra no importante e concorrido Manchester Punk Festival. Além disso, a banda já tem datas confirmadas para uma eletrizante turnê de lançamento de Pack Your Bags no Brasil, em junho de 2025, e um giro de lançamento do disco em outubro pelos Estados Unidos. A banda enaltece a parceria com a Repetente Records, a junção de duas forças dentro do cenário punk rock. “É um momento novo – o primeiro álbum que não foi produzido exclusivamente por nós. Estamos muito animados para mostrar essa nova fase e não poderíamos escolher um parceiro melhor do que a Repetente para nos ajudar nessa caminhada”.
Abraskadabra dá a mensagem e coloca todo mundo pra dançar em Make Yourself at Home

A banda curitibana Abraskadabra, enfim, revelou o seu terceiro álbum de estúdio, Make Yourself at Home. Após uma série de singles que já davam uma bela amostra do que viria, o grupo entregou as 11 faixas, que seguem um ritmo gostoso em 33 minutos. Dançantes, as faixas trazem mensagens políticas e sociais que mostram não ter nenhum alienado nessa incrível banda. Bunkers, que abre o disco, é bem característica do Abraskadabra, com os metais dando um brilho excepcional. E o ritmo não cai em nenhum momento. Not Going Back, Do We Need a Sign? e No More Me and You dão sequência ao ritmo do disco. Aliás, o álbum não perde força em momento algum. É unitário, sem espaços para invenções. Para quem ainda não conhece o Abraskadabra, a banda é fortemente indicada para os fãs de Less Than Jake, Catch 22 e Reel Big Fish. Ou seja, ska punk da melhor qualidade. O novo disco Make Yourself at Home é o terceiro álbum de estúdio do Abraskadabra após 18 anos de estrada, três demos, dois EPs e dois full-lengths. Com o clima intimista, a banda quer que todos fiquem à vontade e sintam-se em casa. O processo de composição começou há um ano e meio, mas foi acelerado durante a quarentena, quando o mundo parou. Sem bares, festas e shows, a música serviu de companheira para muita gente, e assim foi surgindo o conceito de Make Yourself at home. “Queremos que o nosso público não apenas se sinta em casa, mas se encontre em casa, e seja novamente bem-vindo, agora à nossa nova casa”, diz o guitarrista e vocalista Eduardo “Du”. >> CONFIRA ENTREVISTA COM A BANDA A nova casa do Abraskadabra E a nova casa do Abraskadabra agora se chama Bad Time Records. Uma gravadora americana especializada em ska-punk, focada em artistas que conversam com os novos tempos. São quatro versões diferentes do disco em vinil colorido para o lançamento de Makes Yourself at Home, com distribuição nos Estados Unidos, Reino Unido, Japão, e é claro, no Brasil Aliás, o nome Bad Time faz piada com algo que o seu criador Mike Sosinski sempre ouvia quando decidiu abrir uma gravadora de ska em 2018: “é uma má hora para esse gênero musical”. Mike provou a todos que era possível mudar essa história e fez a sua própria hora. Hoje, a Bad Time Records é a casa dos principais nomes do ska-punk nos Estados Unidos, como We Are The Union, Bad Operation, Joystick, Catbite e Kill Lincoln, banda do próprio Sosinski. “O timing é ótimo. Esse é o melhor momento para se lançar um disco de ska desde o início da banda”, diz o guitarrista e vocal, Buga.
Abraskadabra revela terceiro single do novo álbum: Set Us Free

A banda curitibana de ska punk Abraskadabra lançou nesta semana a música Set Us Free, última amostra do aguardado disco Make Yourself at Home que chega ao streaming em vinil no dia 24 deste mês pelo selo americano Bad Time Records. “Foi uma das primeiras músicas que tínhamos para o álbum, e acho que diz como o mundo está fodido agora, com absurdos e obscenidades acontecendo todos os dias, a extrema direita, o obscurantismo e o negacionismo”, diz o Abraskadabra. Todos estes elementos, por outro lado, como comenta a banda, evoca o poder popular e evidencia como temos o poder de mudar isso e ir contra tais questões negativas ao país. >> Confira entrevista com o Abraskadabra “E realmente fazer a diferença, como podemos ver no Chile agora, onde eles estão reescrevendo sua constituição depois de uma rebelião que quase derrubou o presidente e fizeram um plebiscito, e foi um movimento feito pelo povo. É lindo o que está acontecendo lá agora, e temos mais exemplos assim no mundo, então é possível, e talvez tenhamos que enfrentar essa transição, criação após destruição, assim esperamos”. Sobre a sonoridade, a banda revela que é a primeira vez que misturam bubblegum pop com ska, o que dá uma vibração animada, vocal marcante e trompetes melódicos.
Entrevista | Abraskadabra – “A única exigência era que o rosto do fuleiro na presidência não aparecesse”

Lançado no último dia 2, o videoclipe Cattle Life é o último trabalho da banda de ska-punk Abraskadabra. A princípio, os curitibanos denunciam a atual gestão do governo Bolsonaro, por meio de uma letra cirúrgica, uma melodia marcante e uma animação potente. Em suma, Cattle Life integrará o novo álbum da banda, intitulado Make Yourself at Home, que será disponibilizado em 24 de setembro. Com direção de Guilherme Lepca e produzida pela Smart/Bamba, a animação é composta por diversas colagens. Em resumo, além dos lyrics, o trabalho reúne manchetes de jornais e características que fazem parte do universo bolsonarista, como por exemplo: o negacionismo a ciência, a adoração por armas, o alto preço dos alimentos e a adição da religião na política. Por outro lado, Cattle Life também apresenta esperança por dias melhores – sobretudo para as minorias sociais –, com imagens de protestos anti-bolsaristas. “Música foi feita com muita raiva, tanto sonora como na letra, tudo a flor da pele. É um recado para as pessoas que votaram nele que vão pagar, aliás, todos nós estamos pagando pelo voto nesse cara”, comenta Du, vocalista do Abraskadabra. Aliás, nos próximos dias, o Abraskadabra deve soltar mais um single com videoclipe. A faixa escolhida é Set Us Free. Por fim, em entrevista ao Blog n’ Roll, Du conta mais detalhes sobre Cattle Life e também, claro, sobre Make Yourself at Home. Vale ressaltar que o álbum será lançado pela Bad Time Records, uma gravadora americana especializada em ska-punk. Além de ser disponibilizado no streaming, o selo também fará o lançamento da obra em vinil colorido (serão quatro versões diferentes do disco, com distribuição nos Estados Unidos, Reino Unido, Japão e Brasil). Confira! Além das negligências do governo Bolsonaro, como ocorreu o processo criativo do videoclipe de Cattle Life? O crédito total do clipe vai para o nosso amigo Guilherme Lepca e toda a equipe da Smart Diseños, provavelmente o estúdio de animação mais cabuloso do Brasil hoje em dia. A gente basicamente passou a letra pra eles e falamos pra seguirem ela como um roteiro mesmo, sem censura. Tanto é que só vimos o clipe depois de pronto. A única exigência – que foi inclusive decidida em comum acordo com a SD – era que o rosto do fuleiro na presidência não aparecesse no clipe. Não gostaríamos de manchar um trabalho fino desse com aquela cara horrenda. Do We Need a Sign e Cattle Life são músicas que carregam mensagens diferentes e passam sensações distintas uma da outra. O que podemos esperar de Make Yourself at Home? Aliás, como foi a produção do álbum? Olha, como temos três compositores nesse álbum, os temas variam, naturalmente. Então vão ter mais músicas de protesto, de amor, de reflexão e por aí vai. A gente já vinha compondo desde a metade de 2020; ficamos 20 dias em uma chácara de um amigo nosso em dezembro de 2020, gravamos o álbum e dois videoclipes. A mix e master levaram uns três meses pra ficarem prontas, então somando todo o processo desde a gravação até a finalização foram três meses. Apesar de ser uma banda brasileira, vocês fazem composições em inglês. Na opinião do Abraskadabra, artistas brasileiros que (também) atuam no exterior têm o dever de expor a atual crise política do país para os fãs gringos? Achamos que sim, até porque estamos vivendo uma situação insustentável hoje em dia. Uma mistura de incompetência com sadismo, uma combinação mortal, literalmente. Então é mais um desabafo natural que vai reverberar pela música, do que uma obrigação de mostrar para o mundo o que está acontecendo aqui. Mas ao mesmo tempo, por que não explicar a situação para pessoas alheias a nossa realidade? Acho que o mundo deve entender a gravidade da nossa situação, já que ainda existe gente aqui no Brasil que não entendeu. Existem muitas diferenças entre os públicos brasileiro e gringo? A nossa postura é sempre a mesma, procuramos entregar 100% nos shows e na interação com a galera. Obviamente existem diferenças culturais, mas fomos muito bem recebidos nos EUA, eles têm um senso de comunidade na cena musical muito elevado, estão sempre prontos pra ajudar. O mosh pit é menos violento e mais dançante por lá. E como aqui, sempre rola aquele papo bom na barraca do merch tomando aquela gelada pós-show. Com o avanço da vacinação, artistas estão retornando aos palcos. Como está a agenda de vocês? Pretendem voltar a se apresentar em breve? Nossa agenda está zerada, não temos nem previsão para voltarmos aos palcos aqui no Brasil. Temos ouvido de produtores que provavelmente os shows voltem somente ano que vem, para o fim do primeiro semestre. A gente torce pra que as coisas melhorem antes disso porque está sendo torturante ficar sem tocar. Além de Cattle Life, e do lançamento de Make Yourself at Home, quais são os próximos passos do Abraskadabra? Pretendem lançar mais videoclipes ainda em 2021? A gente tem mais alguns videoclipes engatilhados e algumas surpresas pra esse ano ainda, que infelizmente não podemos revelar! Mas fiquem ligados que vem coisa boa por aí!
Integrante do Abraskadabra, Thiago Trosso mostra veia indie pop em carreira solo

Thiago Trosso é um compositor, cantor e produtor brasileiro, radicado há seis anos em Londres. Desde 2003 faz parte da cena ska punk e reggae, como um dos integrantes da clássica banda curitibana Abraskadabra. Mas é no universo do indie pop que ele estreia em carreira solo, com o versátil e envolvente Saying Yeah. Em resumo, ele chega às plataformas digitais pelo selo norte-americano 10 West, de Los Angeles. Saying Yeah é uma compilação de dez músicas que Thiago Trosso criou para figurar em trilhas sonoras de filmes e séries. Aliás, aproveitando o tempo livre imposto pela pandemia, Thiago construiu umimpressionante catálogo de mais de 100 músicas em apenas um ano, chamando a atenção de 10 West. “A 10 West é uma music library de LA, eles assinaram uma música instrumental minha que mandei por uns contatos e ficamos em contato. Recentemente, um manager de lá ouviu meu reel de songwriting e pirou, pegou 10 músicas que estavam disponíveis ou não tinham fechado nenhum contrato e montamos o Saying Yeah“, conta Thiago. Combinando seu amor pela música alternativa e pop com suas habilidades de multi-instrumentista e produtor, Thiago cria melodias e arranjos com sons únicos. Contudo, devido à experiência em mixagem e masterização, as músicas ganharam vida em seu estúdio caseiro, com a colaboração de amigos talentosos e parceiros de escrita como Jeremy Webster, David Boyden e Melisa Mia. Por fim, ao longo do álbum, são evidentes e muito bem diluídas as influências de The Clash, Tame Impala, Bob Dylan e Justin Timberlake. Carreira de Thiago Trosso em Londres Com o objetivo de construir uma carreira como compositor e artista solo, Trosso ingressou e concluiu um curso de mestrado em composição musical no ICMP Londres, aprimorando suas habilidades gerais, abrindo caminho para co-escrever com vários artistas ao redor do mundo e se estabelecendo como um escritor, embora ainda seja ativo na cena ska punk, tendo feito turnês em 13 países em quatro continentes diferentes com o Abraskadabra.
Entrevista | Abraskadabra – “Em crise a gente vê quão órfão de governo a gente é”

A banda Abraskadabra tem montado um currículo e tanto: turnês internacionais que incluem Japão, Estados Unidos e Europa, músicas tocadas em 68 países por mais de 22 mil ouvintes segundo o Spotify, trilha sonora do X-Games na ESPN… Tudo isso sem contar os inúmeros shows pelo Brasil. O grupo de ska-punk nasceu em Curitiba e é uma das bandas confirmadas no Juntos Pela Vila Gilda. O Blog N’ Roll conversou com Rafa Buga, guitarrista do Abraskadabra, sobre quarentena, música e sua participação no festival. Como foi o início da sua carreira? Quais foram as principais dificuldades? Foi meio comum, aquele esquema de colégio, montar banda com os amigos. Tive umas três bandas antes do Abraskadabra, a diferença é que comecei um pouco mais cedo. Tocava violão desde os 9 anos e banda é presente na minha vida desde os 12, então não sei o que é minha vida sem (risos). No Brasil nada é fácil né, mas a gente também cria uma casca mais grossa. Acho que o mais difícil no início era conseguir espaço pra tocar e poder criar uma ceninha, um público mais fiel. Devemos muito ao maravilhoso JR, dono do 92 graus aqui de Curitiba, que foi o primeiro e sempre abriu as portas pra gente. Essas pessoas são importantíssimas. Quais são suas maiores inspirações? Difícil ir citando, são vários. Mas tudo que é verdadeiro e interessante pro meu ouvido. Gosto muito de pensar em termos de composição, a simplicidade complexa dos Beatles, Queen. Tenho escutado muito Specials, Frenzal Rhomb também. Gosto de muita coisa, todos eles me inspiram e me instigam a me puxar mais. A pandemia atrasou algum projeto que tinha em mente? Como os artistas podem minimizar os impactos dessa fase tão difícil? Sim, o Abraskadabra estava com uma turnê marcada pela Europa em julho/agosto, e tudo levava a crer que seria a turnê mais legal até então. Porém, obviamente tivemos que adiar pro ano que vem; triste, mas pelo menos está de pé ainda. Não tá fácil, ficar longe de viajar pra tocar/ensaiar pra mim é o que pega mais, e pra diminuir os impactos eu sinceramente não sei. Financeiramente é complicado, a gente tem colocado umas coisas novas na loja, entramos nessa de live uma vez ou outra, mas não é a mesma coisa, esses covers de galera não me atraem também. O que pra mim tem sido melhor é focar nas músicas novas, trabalhar na base, no nosso disco novo pro início do ano que vem. Acho que é isso o que posso tirar de melhor desse momento, refletir melhor sobre si e talvez melhorar certos hábitos. E como tem sido sua quarentena? Introspectiva e careta (risos). Tenho lido muito, acho que é o que mais faço. Além disso tenho focado muito no nosso disco novo, muito arquivo rolando de lá pra cá, um mandando pra outro. É um processo diferente, mas tem sido bom. O problema é o tédio que muitas vezes é inibidor da criatividade, mas aos poucos tá saindo. Tenho escutado bastante coisa também, cavocando muita coisa antiga. Tem rolado muito The Muffs, Zeke, Kill Lincoln, Suicide Machines que lançou disco novo esse ano, muito Queen, Specials, Dag Nasty. Tempo não falta. Falando em livros, quais são os títulos que mais curtiu? Na maioria romance. Li uns contos também e agora tô numas biografias: Memórias do Subsolo e O Jogador do Dostoievski, Duas Viagens ao Brasil do Hans Staden, Em Busca de Curitiba Perdida do Trevisan, Pergunte ao Pó do John Fante, que não tinha lido ainda. A biografia do Ozzy, que é de se cagar de rir, Viagem à Roda de Mim Mesmo do Machado de Assis, Doutrina de Choque da Naomi Klein. Acho que foi isso, e acho que Memórias do Subsolo foi o mais sinistro, apesar de ter gostado de todos. Agora estou lendo o On The Road With The Ramones. Qual a data prevista de lançamento do novo disco? Como tem funcionado as gravações? Atualmente acho que estamos com umas 12 músicas, nem todas devem ir pro disco e mais um trilhão de rascunhos. Antes da pandemia estávamos conseguindo ensaiar e produzir bastante em estúdio normal. Agora a parada mudou, cada um no seu canto, então temos usado a tecnologia a nosso favor. O Maka, nosso baterista, comprou até uma bateria eletrônica que tava namorando há tempos. Tá aquele tal de mandar arquivo pra lá e pra cá, e tem sido bom, mas falta um pouco a energia de estar com os instrumentos todo mundo junto. A ideia é fazer mais algumas coisas pra poder entrar em estúdio, ou melhor, ir pra um lugar afastado qualquer pra gravarmos nós mesmos. E nesse ínterim pensar melhor no álbum como um todo. Temos conversado com uns selos e vai ser legal. Nossa ideia é lançar ano que vem na primeira metade, se tudo der certo e a pandemia deixar. Daí é botar o pé na estrada! Atualmente existe um mito de que o rock e o punk são gêneros com dias contados. O que pensa sobre isso? Pergunta difícil. Já pensei algumas vezes sobre isso e é visível que estão cada vez mais encolhidos. A nova geração não tá crescendo com aquela parada de banda, ter bateria em casa, que a nossa época cresceu, rodeado por esse tipo de som, MTV, etc. Hoje eles montam um estúdio em casa e fazem música eletrônica ou outro tipo de coisa. Mas eu acho que isso uma hora enche o saco, e onde tem adolescente, o punk vai estar presente. Sempre foi uma atitude e não só um estilo específico. E isso sempre tem rolado e nunca vai sair, com o rock a mesma coisa. Costumam ser ciclos, mas fora do mainstream o que não falta é banda nova por aí. Que mudanças teremos daqui pra frente, pós-pandemia? Quais lições podemos tirar desse momento? Não tenho ideia de que mudanças acontecerão, mas lições temos várias. Em crise que a gente vê quão órfão desse governo podre a gente
PPA #122 – Minha Mixtape Top 15 2018
