Entrevista | Tico Santa Cruz – “Temos uma mensagem de democracia e direitos”

E se o Brasil enfrenta hoje um cenário instável em meio à pandemia do coronavírus, os fãs de Detonautas Roque Clube podem se preparar para mais uma canção cheia de críticas para o período vivenciado. Em Roqueiro Reaça, o público confere uma crônica escrita pelo vocalista Tico Santa Cruz. Ao lado de Carta ao Futuro, Micheque, Mala Cheia e outros singles, a música é mais uma vez crítica e descreve a espécie de artista, que segundo o cantor, fomenta o autoritarismo e negação da realidade. Lançada nesta sexta-feira (4), a canção está disponível nas plataformas digitais pela Sony Music, e em julho, os fãs ainda vão conhecer outros três singles que completam o novo álbum da banda, ainda sem data de estreia. Sem novidade no posicionamento Recentemente, os músicos têm se posicionado duramente contra o atual governo e a falta de políticas públicas envolvendo o cenário pandêmico. Mesmo não agradando a todos, Tico revela que o posicionamento do grupo não é algo novo, mas que atualmente conseguem dialogar de maneira mais aberta com os fãs e inclusive já ultrapassaram até os mais extremistas. “As nossas críticas foram aumentando na medida em que a sociedade começou a se inserir dentro de um contexto de debate político, mas com a polarização, a coisa tomou um patamar muito maior, óbvio. Dentro dessa polarização, a gente começa a observar que existem várias pessoas que já se posicionavam de forma agressiva em relação ao Detonautas e que hoje já entenderam que temos uma mensagem de democracia e direitos”. Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas O músico ainda deixa claro que não é uma questão ideológica ou partidária. Sendo de esquerda, direita ou centro, a população precisa enxergar o que está acontecendo de fato para que haja uma mudança. “Durante a pandemia, a gente fez um circulo de lançamentos todos relacionados a questões políticas, já que a gente entendeu que não tinha ninguém falando sobre isso dentro do nosso segmento. Acabamos ocupando esse espaço e deu certo, porque tivemos muitas visualizações, muitas pessoas que começaram a acompanhar a banda e o trabalho do grupo foi reconhecido”. Racismo é burrice Apesar dos novos singles da banda estarem repletos de críticas ao momento atual, uma música antiga em especial também se juntou ao repertório do grupo. Racismo é Burrice, composta por Gabriel, o Pensador, em 1993, já tem quase 30 anos, mas traz um tema muito atual. Por isso, o Detonautas, em parceria com o criador deste hino atemporal, regravou com um estilo todo próprio a canção. “O Gabriel é meu amigo de infância, antes de ser famoso e reconhecido como músico. Então já acompanhamos o trabalho dele há muito tempo e ele o nosso, temos uma parceria de muitos anos. Nesse caso, a gente pegou a música e refez o arranjo. Ele gostou, e obviamente o chamamos para participar. Como estamos na pandemia, o clipe foi feito com uma montagem. Juntamos forças para revisitar essa música”, conta. Não é a toa que o grupo decidiu relembrar esse som. Mesmo com as pequenas modificações presentes na letra e atualizações em relação ao o que está acontecendo nos dias atuais, a força dessa canção continua a mesma. Agora, segundo Tico, a questão não é mais explicar o que é o racismo, mas sim o quanto isso ainda está estruturado e enraizado na nossa sociedade, além de reforçar o que é preciso para mudar essa situação. “Eu acredito que o movimento negro nunca teve tanta voz e trouxe o debate para um nível um pouco mais profundo para a questão do racismo estrutural que permeia secularmente. Quando a gente pegou a música fez questão de fazer algumas modificações para poder gerar uma reflexão. Não se trata mais de apenas debater racismo, já que muita gente entendeu o que é, o que as pessoas não conseguiram compreender ainda é a estrutura que mantém esse preconceito funcionando”. Tico Santa Cruz, vocalista do Detonautas Participação social Além das fortes críticas políticas neste novo momento do Detonautas, outro ponto forte e evidente da banda está na luta e participação em causas sociais. Com a pandemia, as desigualdades foram expostas ainda mais fortemente. Em abril, o vocalista promoveu com outros artistas o festival “Panela Cheia Salva ClubHouse”. O intuito era de arrecadar doações para o movimento iniciado pela Cufa em parceira com a Gerando Falcões e a Frente Nacional Antirracista, buscando recursos para a compra de cestas básicas entregues à população em situação de vulnerabilidade social. “A gente entende que como artistas podemos potencializar a voz de diversos movimentos que são importantes. Entendemos que a nossa voz é significante para somar forças dentro de um momento em que as pessoas estão passando fome. Esse projeto atende 10 milhões de pessoas e foram arrecadadas 217 mil cestas básicas”. Mesmo com a participação ativa em projetos sociais como estes, Tico alerta que essas questões devem ser sanadas pelo poder público, por mais difícil que seja. Mesmo com o envolvimento da população, ainda assim, é necessária a reflexão de que o país vai enfrentar o pior pela frente em um período pós-pandemia. “Nunca podemos esquecer que essa questão é dever do poder público, mas como ele falha, a gente precisa agir para as pessoas não serem sacrificadas. A sociedade se envolve, o nosso país tem essa característica de solidariedade. Hoje o Brasil tem 20 milhões de pessoas em situação de fome e 19 milhões que não sabem se irão comer amanhã. É o maior patamar da história dos últimos anos, e é claro que com a pandemia, isso se agravou”, alerta. Futuro A participação pública dentro das questões políticas é essencial, segundo Tico. Em um cenário de vulnerabilidade, em que os projetos sociais estão trabalhando ativamente para evitar a fome em massa no país, é o momento de reflexão para algo nunca antes vivido. Com a participação, o vocalista expõe o que precisa mudar urgentemente para que o futuro não seja tão duro com a população brasileira. “A gente tem que tentar sair dessa dicotomia, desse pensamento
Caverjets pede impeachment do boçal e do general em Genocidas

Contra tudo e todos no que diz respeito ao descaso do governo federal ante à pandemia da covid-19, o Caverjets tem a resposta em Genocidas. Em síntese, derrubar os dois figurões boçais da presidência. Com rock n’ roll e verve do punk, a banda carioca entrega mais uma música política e divertida. Aliás, é o quinto single do disco O Manifesto Caverjetico. Em resumo, Genocidas é repleta de frases irônicas e de críticas escancaradas contra um Brasil desgovernado e isolado de todo o mundo por mazelas políticas. Xandão do Rock, o vocalista e baixista, comenta sobre a Genocidas. “A música é uma crítica a tudo que está ocorrendo no Brasil e à própria eficácia do mecanismo constitucional do impeachment, pois, ocorrendo esse, vamos trocar um genocida por outro. Bolsonaro, o genocida boçal, pelo Mourão, o genocida general”. Se a letra é inspirada na “história da humanidade”, a sonoridade de Genocidas, todavia, tem arranjos inspirados em Ratos de Porão, Surra, Brujeria e nos clássicos Black Flag e Sex Pistols. “Tentamos nos prender nos fundamentos do punk rock em termos de arranjo por ser uma música de protesto contra o regime fascista que estamos vivendo”, destaca o vocalista. Aliás, a postura política da Caverjets é bastante clara: esquerda libertaria, antiproibicionista e contra o conservadorismo da teocracia que está se instalando na nação. “O que expressamos através de nossas músicas é que todos têm direito à liberdade. E o papel do Estado é de garantir e não restringir, como acontece na nossa nação corrompida”.
Entrevista | Marcelo D2: “O Brasil vai mudar após 4 anos da pandemia Bolsonaro”

Rota 54: banda punk fala sobre clipe, planos e política

Na semana passada, a Rota 54 lançou Garota Suicida, o primeiro videoclipe da banda. Em conversa com o Blog n’ Roll, o vocalista Caio Uehbe conta um pouco sobre esta importante etapa!
Titãs repudiam uso de música em vídeo pró-governo

Pussy Riot chega ao Brasil com cartaz contra Bolsonaro

A Pussy Riot chega ao Brasil para show único em São Paulo com um cartaz de divulgação bem peculiar. Como já é de costume, a acidez do grupo ataca o governo direitista vigente, mas desta vez a mensagem é ainda mais clara. Na imagem, as integrantes do grupo aparecem coloridas e animadas no topo da cabeça do presidente Jair Bolsonaro. Mas a ilustração do presidente é cinza, criada com lixo, esgoto, poluição e armas. Acompanhando o cartaz, a legenda diz o seguinte: Nós estamos no Brasil!Sobre esta cabeça cheia de restos as Pussy Riots cantam e dançam.Nós somos Pussy Riots.Juntos façamos aqui nossa revolta sobre esta cabeça monumento-destruição. Num monumento cadafalso na Praça Vermelha em Moscou, elas cantaram e dançaram pela primeira vez para o mundo inteiro.Somos agora Pussy Riots espalhados por todo o planeta, e aqui no Brasil vamos cantar, dançar e nos revoltar como se estivéssemos sobre esta cabeça-busto-desgoverno-monumento-vazia de ideias, e façamos dela detritos! Pussy Riot, em declaração oficial pelas redes sociais A apresentação da banda acontece no Festival Verão Sem Censura, que acontece no Cento Cultural São Paulo, na Rua Vergueiro, 1000, às 20 horas. O grupo terá espaço para debate com o público, acendendo ideias sobre seu ativismo político que conquistou o mundo. A discussão acontece no mesmo espaço, nesta quarta-feira (29), após exibição do documentário Act and Punishment, de Yevgeni Mitta. Além da Pussy Riot, o dia 30 também recebe ao palco a cantora Linn da Quebrada, que também marcará presença no Festival GRLS!. Entretanto, a cantora não foi confirmada no debate. A Pussy Riot esteve presente no Brasil recentemente como atração principal do Festival Garotas à Frente, também em São Paulo, em 2019. Na ocasião, a frontwoman Nadia Tolokonnikova já incendiava a plateia com cartazes de “Fora Bolsonaro”. O que é Verão Sem Censura O Festival Verão Sem Censura tem acontecido em vários pontos de São Paulo, desde 17 de janeiro, com atrações então censuradas e/ou criticadas pelo governo Bolsonaro. A abertura do evento contou com show de Arnaldo Antunes, que teve seu videoclipe barrado na televisão aberta. Outra apresentação em crítica foi do Baile da Gaiola, comandado pelo Dj Rennan da Penha. Exibições de filmes como Bruna Surfistinha também aconteceram, mas sem deixar de lado um debate à altura. Tanto a atriz Deborah Secco e Raquel Pacheco, a ex-prostituta que baseia o filme, participaram das discussões com o público. A participação no Festival é gratuita. A programação se encerra no Theatro Municipal, com apresentação da peça Roda Viva, do Teatro Oficina, no dia 31. O espetáculo, escrito por Chico Buarque, foi censurado durante a ditadura.
Entrevista | Fever 333 – “Falar sobre problemas políticos e sociais é o mais importante”
