Crítica | Senjutsu – Iron Maiden

Demorou mas chegou! Desde os remotos anos 1980 que um novo álbum do Iron Maiden gera enorme expectativa entre seus seguidores, que são milhões espalhados pelos cantos do globo. Seis longos anos após Book of Souls, Senjutsu é despejado em meio a um mundo cheio de incertezas, inclusive com o próprio guitarrista Adrian Smith declarando que a banda ainda não tem nenhuma palavra sobre a turnê de divulgação do álbum. Faixa a faixa de Senjutsu De qualquer maneira, Senjutsu está aí, pronto para ser degustado pelos amantes da Donzela. Vamos dar um passeio pelo conteúdo? Senjutsu – Os bumbos de Nicko Mcbrain dão o primeiro ronco do álbum, seguidos por riffs pra lá de tradicionais, tudo em velocidade moderada. A faixa soa como uma continuação de Book of Souls. Não demora para chegar ao marcante refrão, onde Bruce Dickinson mais uma vez mostra porque é um dos maiores vocalistas da história, grudando as melodias na mente dos fãs. Será uma ótima abertura na vindoura tour. Stratego – A mais direta e pesada faixa de Senjutsu. Abre com um riff que lembra muito o de Powerslave, e logo descamba em mais um bombástico refrão. Candidata a melhor do álbum. The Writing on The Wall – Seguindo um estilo que o Iron Maiden adotou de 1995 para cá, a faixa inicia com um breve dedilhado, que serve de ponte para um riff melódico e com traços folk, lembrando álbuns como Dance of Death. Seu refrão é impossível de esquecer, assim como os solos de Adrian Smith, impecáveis como sempre. Lost In a Lost World – Essa é para desesperar os fãs que preferem o material antigo. A música traz exatamente TODAS as características do “novo” Maiden. Ou seja, possui quase dez minutos de duração, que se iniciam com um dedilhado suave, que é reforçado por um interessante coro ao fundo. Em andamento cavalgado e cadenciado, Bruce comanda a marcha, seguido pelo velho Dave Murray, que dispara bonitos solos. As guitarras gêmeas também estão lá, e essa faixa remete a The Red And The Black, do álbum anterior. Peso e melodia do início ao fim Days of Future Past – O peso volta a falar mais alto, e a faixa engata uma interessante velocidade, fazendo disparar o coração dos antigos fãs. Outro refrão certeiro, e Bruce mais uma vez tem uma atuação de gala. A música diz tudo em seus pouco mais de quatro minutos. The Time Machine – Mais uma que se inicia com dedilhados suaves, e com Bruce cantando calmamente, que é a deixa para todos os músicos entrarem sem aviso. A banda deixa aflorar livremente aqui suas influências de rock progressivo, como Jethro Tull, como bem mostra o riff principal da música. Dave Murray nos brinda com outro solo pra lá de inspirado. Como é bom ouvir esse cara! The Darkest Hour – Quase uma semi-balada, conta com um vocal mais sombrio de Bruce, e é difícil segurar a cabeça com Murray e Smith duelando nos solos. O refrão lembra levemente Out Of The Shadows, de A Matter of Life And Death. Death of The Celts – Daqui para o fim do álbum, é onde os fãs encontrarão mais dificuldade para digerir o conteúdo. A música conta com uma longa introdução de Steve Harris, com Bruce cantando por cima. Inevitável a lembrança de The Clansman, inclusive na duração da faixa, ultrapassando os dez minutos. Sobram duelos e solos de guitarra, em uma música bastante agradável de se ouvir. The Parchment – Mais um longo épico, essa com doze minutos de muitos dedilhados, riffs cadenciados, e duelos que realmente grudam na cabeça, embora a faixa pudesse ser mais curta. Bruce cantando sobre as melodias de guitarra é realmente marcante. O gran finale de Senjutsu com viagem épica Hell on Earth – E Senjutsu vai tristemente chegando ao fim, não sem antes embarcarmos em mais uma viagem épica e progressiva do Maiden, que se inicia com, adivinhem, uma intro de Steve Harris. Com onze minutos, a faixa é a mais prog do álbum, com um andamento cadenciado e uma melodia que serão perfeitos para os shows, inclusive sendo possível visualizar o público entoando a plenos pulmões. Desnecessário dizer, mas os três guitarristas mostram mais uma vez aqui porque são referências entre qualquer aspirante ao instrumento. Os duelos de guitarra na metade da faixa são realmente muito bem executados. Evidente que o álbum dividirá os fãs, assim como acontece em quase todos os lançamentos do Maiden. O andamento mais moderado é facilmente explicado pela idade avançada dos músicos. Mesmo assim, não se acomodaram a nos brindaram com mais um álbum. Que não seja o último. Up the irons!!!
Crítica | Dark Echoes – Eminence

Quem acompanha o cenário heavy brasileiro com certeza tem entre suas referências os mineiros do Eminence, que acabam de lançar seu quinto álbum completo de estúdio, Dark Echoes. Formado em 1995 em BH, a banda sempre teve como característica um som difícil de rotular, pois engloba death metal, thrash metal, groove metal e metalcore, resultando em um trabalho bem original. Mas, a energia e garra estão acima de tudo. O álbum já inicia com a faixa-título, que contém uma participação pra lá de especial, ou seja, Bjorn Strid, vocalista do Soilwork, que, com seu inconfundível timbre, faz da track um dos esse destaques imediatos. Wake Up The Blind chega com outra participação, dessa vez Jean Patton, guitarrista do Project 46, também bastante convincente em seu ataque mortal de riffs, que misturam Machine Head, Pantera e um toque próprio, em outro momento de puro brilho. Ótima faixa! Ainda tem mais em Dark Echoes. Confira a brutalidade de Inner Suffering, puxada para o deathcore, The Hologram, que traz a assinatura do Eminence, além das furiosas The Vanishing e Not Hating Just Saying, perfeitas para qualquer headbanger. Individualmente, o grupo conta com ótimos músicos, como o incansável baterista Alexandre Oliveira, um moedor de bumbos. Além dele, Allan Wallace continua triturando suas cordas, com riffs e timbres muito bem encaixados nas músicas. Enfim, Dark Echoes é um álbum altamente recomendado! Dark EchoesAno de Lançamento: 2021Gravadora: Blood Blast DistributionGênero: Death/Thrash/Groove Metal/Metalcore Faixas:1-Dark Echoes2-Burn it Again3-B.Y.O.G4-Wake Up The Blind5-Into The Ashes6-The Vanishing7-Inner Suffering8-Death of a Nation9-The Hologram10-N3Mbers11-Not Hating Just Saying12-Parasite Planet
Crítica | The Wildhearts – 21st Century Love Songs

Com uma capa que remete aos filmes de terror e um videoclipe no melhor estilo “gore” para a faixa Sleepaway, The Wildhearts está de volta. O retorno acontece dois anos após o seu último álbum de estúdio, o aclamado Renaissance Men. No filme Pânico 2, o personagem Randy Meeks (Jamie Kennedy) apresenta uma teoria sobre as três regras das sequências de filmes, onde segundo ele: “a contagem de corpos é sempre maior, as cenas de morte são mais elaboradas e com muito mais sangue. E nunca, nunca, sob quaisquer circunstâncias, presuma que o assassino está morto”. Contudo, se aplicarmos essa teoria ao disco novo dos Wildhearts, dá para se ter uma boa ideia sobre o que os caras aprontaram nesse que é o décimo disco da carreira da banda, 21st Century Love Songs, lançado pela Graphite Records. As músicas nunca soaram tão complexas, com passagens alucinadas que vão do metal ao punk, passando pelo rockabilly e desembocando em refrãos extremamente pop, com uma naturalidade que só mesmo o Wildhearts sabe produzir. Os temas seguem tratando sobre o cotidiano e a eterna batalha pela sanidade mental, ainda mais em um mundo devastado pelo covid. No entanto, algumas músicas trazem uma mensagem um tanto positiva e isso, por si só, já é uma grata surpresa. Surpresas nas mais complexas Por mais que músicas como A Physical Exorcism e You do You sigam uma linha um pouco mais convencional de hits e soam amigáveis aos ouvidos logo na primeira audição, são nas mais complexas que a banda surpreende e nos presenteia com músicas, que são verdadeiros passeios turísticos pela mente criativa do vocalista Ginger. Sleepaway, Directions e Institutional Submission, que começa tão feroz quanto uma música do Discharge, mas mesmo assim ainda consegue encontrar curvas que a levam a um refrão mais power pop. Um disco impecável, indicado para fãs de música rock, sem preconceitos. Guitarras altas, vocais berrados, bateria e baixo pulsantes protegendo belíssimas melodias. Aliás, funcionam como prêmios a todos os bem aventurados dispostos a desbravar esse mar de riffs e refrões até o fim. Seguindo a lógica da teoria do Randy e transportando ela para a discografia da banda, está tudo aí, incluindo a terceira regra. “Nunca presuma que o assassino está morto”. Por fim, a julgar por esse disco, os Wildhearts estão bem longe de estarem mortos. Ainda bem!
Resenha | Punk in Drublic em Hatfield: Nofx, Frank Turner, Anti-Flag, Alkaline Trio e muito mais

Em 2019, quando foi anunciado o line-up para a edição do Slam Dunk foi uma surpresa enorme, pois também incluíram a tour Punk in Drublic dentro da programação. A tour basicamente fez diversos shows pela Europa e entrou no cronograma britânico com duas apresentações, uma no norte e uma no sul do país. Vamos lá, após o sucesso da primeira edição da Punk in Drublic, obviamente, já para o ano seguinte anunciaram novamente. Claro, expectativa lá em cima, diversos nomes de peso…e nem precisa dizer o resto: covid-19, cancelamentos, remarcações, e tudo que já era da nossa rotina nesses últimos 18 meses. Agora falando um pouco do Slam Dunk, o festival acontece em um final de semana, com a primeira perna em Leeds e a segunda em Hatfield, cidadezinha muito próxima a Londres, meia hora de trem praticamente. Desde abril/maio, quando começaram os relaxamentos das restrições, ficou uma incerteza muito grande sobre o retorno da música ao vivo. Aliás, isso afetou grande parte do line-up do festival e, consequentemente, a Punk in Drublic. Punk in Drublic com baixas Em resumo, o Punk in Drublic é um festival dentro de um festival, creio que seja a forma mais fácil de explicar. O line-up infelizmente sofreu diversas alterações nesse tempo. Infelizmente, bandas como Reel Big Fish, Me First and the Gimme Gimmes, The Vandals, Pennywise, Face to Face e Days n’ Daze não se apresentaram, praticamente todo o line-up anunciado no final de 2019. Porém, elas foram sofrendo as baixas durante os anúncios que eram feitos durante o período, tanto que o Pennywise cancelou faltando dez dias para o festival rolar. Enfim, vamos voltar ao começo. Moro no sudeste de Londres, ou seja para ir ao festival precisaria ao menos de uma hora e quarenta para chegar, porém os trens aos domingos sofrem alterações nos horários e quetais, então isso demandou mais tempo, mas o problema não seria a ida, mas a volta… Chegando ao parque de Hatfield, a primeira missão foi entrar. Em 2019, o credenciamento era bem na entrada, tudo mais fácil, mas esse ano devido às restrições (?) foi um pouco mais burocrático. Porém, nada que meia hora a mais tudo fosse resolvido. Os shows do Punk in Drublic Primeira banda a se apresentar foi The Baboon Show, um quarteto sueco, que faz um rock n’ roll na linha Hellacopters, AC/DC. Uma pedida excelente para abrir o dia e iniciar os shows no palco Punk In Drublic. As bandas iniciam os shows cedo. O The Baboon Show começou a tocar às 11:45, com um set de meia hora. Foi ótimo para ter uma ideia do som da banda. Aliás, deixou uma grande brecha para ir a fundo no trabalho da banda. Pausa rápida, pegar um bebida e voltar para a segunda banda: os ingleses do Buster Shuffle. Uma abordagem totalmente oposta à primeira banda, porém com uma acidez enorme no discurso. Eles fizeram um show dançante e muito divertido, com o piano ditando a levada do som, deixa tudo mais gostoso de ouvir. Contudo, não faltou “elogios” ao primeiro-ministro Boris Johnson. “He is a cunt isn’t“, dizia Jet, do Buster Shuffle. Terceira banda, prata da casa, os ingleses do Snuff. Banda clássica que lá nos anos 1990 foi do cast da Fat Wreck. Dispensa apresentações, jogo ganho, público em peso e só estava na terceira banda… O festival ofereceu uma grande variedade para comer, então isso não foi um problema. Uma coisa que até então estava funcionando muito bem eram as máquinas para pagamento em cartão. Isso foi excelente, pois na edição anterior não foi lá essas coisas. No entanto, o serviço de wi-fi funcionou até um período e o celular, enfim, não funcionou para poder ver os shows e não ficar preso a ele. Velhos conhecidos do Slam Dunk Quarta banda, mais uma inglesa e velha conhecida do Slam Dunk, o Capdown voltou ao palco do festival. Dez anos atrás eles fizeram um show de reunião e foi mais um ótima pedida para as reposições do festival. Dando sequência, outra banda que já passou pelo Slam Dunk algumas vezes, a Zebrahead. Como em todos os shows deles, foi uma festa do início ao fim. Também foram os dois primeiros shows por aqui com o novo integrante, o guitarrista e vocalista Adrian Estrella, que também toca no Mest. Enfim, um excelente show como de costume. Mais uma banda inglesa e outra velha conhecida do festival, o The Skints subiu ao palco e com um clima perfeito foi fácil para eles deixarem o público na mão deles. Eles, definitivamente, foram o divisor de águas no meio dos shows. Poderia dizer que foi meu show favorito do dia facilmente. Porém, só estava na metade e, agora em diante, todos os shows eram jogos ganhos. Daí por diante, Anti-Flag veio com todo o seu discurso. Chris 2 abusando dos pulos, hit atrás de hit e o público em cima. This Is the End (For You My Friend), Hate Conquers All e Brandenburg Gate marcaram presença no set. Deixou o caminho livre para o Alkaline Trio. Os headliners O Alkaline Trio deu um frescor e uma leveza. E nem preciso dizer que o set foi um greatest hits. Público cantando uníssono. Incrível! Com Matt Skiba, também integrante do blink-182, no comando de tudo, o Alkaline Trio desfilou as queridinhas do público Mercy Me, Private Eye, Armageddon e We’ve Had Enough. Penúltimo show, mais uma figurinha carimbada, um dos caras mais boa praça da atualidade: Frank Turner & The Sleeping Souls. No palco, ele fez o serviço da melhor forma possível, jogo ganho obviamente. Set list na medida, com direito à uma versão acústica de Linoleum, do Nofx. Deixou aberta as portas aos donos do festival, para encerrar o dia da melhor forma possível. Nofx no palco, dancinhas, falatório descompensado, uma avalanche sonora, mais falatório, mais música, piadas, palhaçadas e isso tudo que já estamos calejados nos shows deles. Se Dinosaurs Will Die já deu a prévia do que viria pela frente logo
Entrevista | Blind Pigs – “São Paulo Chaos já tinha letras que atacavam a extrema-direita”

Na última sexta-feira (3), o Blind Pigs anunciou o relançamento de São Paulo Chaos, primeiro álbum de estúdio da banda de punk rock. Há 25 anos, o disco foi lançado pela gravadora Paradoxx Music e produzido por Jay Ziskrout, ex-baterista do Bad Religion. Além disso, a obra também foi distribuída pelo selo Grita! nos EUA, Europa e Japão. A princípio, a banda era composta por Henrike, Gordo, Mauro, Fralda e Arnaldo e, para ambos, o lançamento do álbum foi uma experiência única e um divisor de águas em suas carreiras, já que pela primeira vez, os paulistas entravam em um estúdio para trabalhar com um produtor experiente. E para celebrar os 25 anos desse disco tão importante, São Paulo Chaos ganhou uma edição limitada de 250 cópias. Em resumo, a nova versão conta com vinil colorido, capa gatefold, encarte com fotos inéditas da época do lançamento e, também, masterização do Jay Ziskrout. Desta vez, o lançamento é assinado pela gravadora norte-americana Pirates Press Records. Além disso, a banda também lançou um cartão postal que toca a faixa Verão de 68, que aborda os tempos de luta contra a ditadura militar brasileira. Para falar mais sobre o relançamento de São Paulo Chaos, o Blog n’ Roll conversou com o vocalista da Blind Pigs, Henrike Baliú. Além do LP, o artista também relembrou momentos especiais da trajetória da banda paulista, além de comentar sobre a banda Armada. Por fim, Henrike também lamentou a atual situação política brasileira e deixou um recado: “Fora Bolsonaro”. São Paulo Chaos permanece um álbum provocativo, mesmo 25 anos após o seu lançamento. Em tempos de um Brasil que flerta com o fascismo, é possível afirmar que a obra é ainda mais provocativa hoje, do que em 1996? Eu considero sim várias músicas do São Paulo Chaos super atuais, apesar de terem sido feitas há 25 anos. Você pega, por exemplo, Conformismo e Resistência e é uma música que sempre será atual, já começa por aí. E você vê também que no São Paulo Chaos, a banda já tinha letras que atacavam a extrema-direita. Aliás, o disco já começa com Fuck The TFP (Foda-se a TFP, sociedade brasileira em defesa da tradição, família e propriedade). Então desde a época das demos do Blind Pigs, eu já escrevia letras que atacavam o neofascismo brasileiro. Então sim, todos os discos do Blind Pigs têm um “quê” de atualidade. São músicas que você vai poder tocar toda hora e elas sempre vão ser atuais. Quais foram os aprendizados mais valiosos ao longo desta trajetória? O Blind Pigs não existe mais desde 2015, mas é engraçado que a formação que gravou o São Paulo Chaos (eu, Gordo, Fralda, Mauro e Arnaldo), quando o Blind Pigs chegou ao fim, na formação estávamos eu Gordo, Mauro e o Arnaldo. Então foi legal que a Blind Pigs acabou com quatro integrantes que gravaram o São Paulo Chaos, que foi o primeiro álbum da banda. Cada integrante deve ter aprendido alguma lição (risos). Não sei que lição aprendi, talvez musicalmente falando, aprendi a abrir um pouco mais os horizontes musicais, escutar outras coisas (não só o punk rock) e até flertar com outros estilos, assim como hoje faço com o Armada. Os processos criativos e produtivos passaram por alterações com a maturidade dos integrantes? Atualmente, de que forma ocorrem esses processos (composição, gravação, produção) em seus projetos solos? Dentro do Blind Pigs variava muito. Ou o Gordo vinha com um riff, uma melodia pra eu colocar a letra em cima. Ou eu vinha com uma letra já inteira pronta, pra ele colocar uma música em cima. De vez em quando o Mauro vinha com uma música e uma letra mais ou menos pronta e eu inseria a letra. Depende, a gente nunca seguiu uma linha de composição, como por exemplo: “tem que ser assim, assim que nós fazemos músicas”. Não, sempre foi diferente, cada um sempre teve a sua doideira. A letra de Verão 68 relata as vivências de Margô, uma jovem de classe média que decide lutar na guerrilha urbana contra a ditadura militar brasileira. Qual é a sua sensação ao se deparar com os eleitores fanáticos do presidente Jair Bolsonaro reivindicando pela volta da ditadura, em pleno 2021? Acho um extremo absurdo, patético e ao mesmo tempo assustador, ver pessoas flertando com esse neofascismo tupiniquim. Achei que a ditadura tinha ficado para trás, né? Tanto é que em 2000, o Blind Pigs lançou a música Órfão da Ditadura, que também é super atual. Então, acho assustador e ao mesmo tempo patético, é uma mistura de emoções. Vamos ver o que o 7 de setembro aguarda pra nós, brasileiros. Já existem projeções para um retorno aos palcos em 2022? E um possível show especial para celebrar o LP comemorativo de 25 anos do primeiro álbum? Como a banda não toca desde 2015, não existem planos para fazer nenhum show comemorativo do Blind Pigs, nem nada assim. Por enquanto, a gente só está conversando entre si sobre esses lançamentos, que estão sendo bem bacanas. Mês que vem a Pirates Press Records lança mais um disco do Blind Pigs; vai ser um picture disk do Blind Pigs bem bacana chamado The Last Testament [O Último Testamento]. Mas a Blind Pigs não tem planos de ressuscitar, por enquanto. São Paulo Chaos foi responsável por tornar a Blind Pigs reconhecida não só no Brasil, mas também em outros países. Qual é a relação de vocês com o público estrangeiro? Eu lembro que quando saiu o São Paulo Chaos em CD pelo Grita!, no mundo inteiro, foi muito interessante, porque no CD tinha o endereço da caixa postal do Blind Pigs E aí eu ia toda semana lá na caixa postal e estava sempre abarrotada de cartas do mundo inteiro. Então era muito louco. Uma vez eu recebi uma carta de um detento americano no Texas, que tinha o CD. Recebi algumas cartas de Cuba, olha que interessante! Também recebi muitas cartas de países da América Latina, especialmente do
Rappers da Baixada Santista se unem em música que fala sobre esforços para crescerem na cena musical

A Base Wear em parceria com a Grape Produções deu início ao Projeto Eleve Seu Propósito. O objetivo é quebrar o preconceito da cultura de rua e mostrar ao mundo a arte urbana. A primeira ação da iniciativa foi juntar rappers da Baixada Santista em uma música, que mostrará a vivência na região metropolitana e os esforços que esses artistas têm para crescerem no ramo musical. O projeto quer enaltecer o cenário rap 013. Além de mostrar para toda a Baixada Santista que existem artistas locais que merecem mais atenção e espaço no mundo musical. Participaram da música os rappers: Brisa MC, G6 MC, Zilla, Pjay e Jotaerre. Eles representam a cidade de Santos, Praia Grande e São Vicente. Segundo a organização, eles foram escolhidos nessa primeira etapa, pois já contam com histórico em projetos de peso em Santos e região no cenário do rap. A DJ Nanne Bonny, uma das organizadoras do Movimento E.L.A. que enaltece a mulher no cenário da arte e cultura, e o rapper e produtor Guilherme Cres, dono da Grape Produções, também participaram da produção. O videoclipe foi gravado no final de agosto e será lançado neste mês, juntamente com a música nas plataformas digitais. Na produção, também tem a presença dos grafites, que fazem parte da cultura de rua. Para o videoclipe, o restaurante D’boa Açaí e o projeto Mureta | Exibição de Arte Urbana, disponibilizaram o espaço e cenário para a gravação. Próximos passos com os rappers Com esse primeiro passo dado, o projeto da Base continuará em progresso com novas vertentes além do rap e grafite. Os próximos passos incluem a dança de rua, skate, entre outros. O objetivo é continuar movimentando e influenciando, com alguns nomes e instituições de peso da região, a conscientização e quebra do preconceito da cultura de rua.
Breaking: um dos elementos do hip hop nas próximas Olimpíadas

Os Jogos Olímpicos de Tóquio já chegaram ao fim e o Brasil ficou em 12º, com sete ouros e 21 pódios no total. E como será o futuro? O breaking se torna a bola da vez! Em 2024, Paris vai receber um dos elementos do hip hop nas Olimpíadas. O diálogo com a juventude deve aumentar, culminando com pódios cada vez mais dominados pela nova geração. No Brasil, enquanto o skate brasileiro tem uma fadinha de 13 anos, o breaking tem um anjo de 11: a B-Girl Angel. Ela é paulista e tem sido destaque nos eventos nacionais e internacionais e na grande imprensa. Isso junto com o irmão que também é um destaque, o B-Boy Eagle, de 14 anos. Os dois fazem parte da Dream Kids Brazil e são promessas nos Jogos da Juventude que serão em 2026 e nas Olimpíadas de 2024 em Paris e 2028, em Los Angeles. B-Girl Angel Chaya Gabor, 11, conhecida como B-Girl Angel do Brasil, é dona de uma personalidade bem forte. O breaking para ela não é um hobby, mas sim sua vida. Começou a dançar muito cedo, com 3 anos. Guerreira desde sempre, pois nasceu prematura extrema de 850 gramas, foi a primeira criança na história do Prêmio Sabotage a ser finalista, evento realizado pela Câmara Municipal de São Paulo. Ainda participou de eventos como: Rival Vs Rival (SP), Breaking Combate (SP), BreakSP Battle, Streetopia, chegou a semi-final no Quando as Ruas Chamam (DF), 2º lugar no Tattoo Experience (SP), 1° lugar na Batalha Final, evento mais tradicional e conhecido do Breaking brasileiro. Também foi a primeira criança a chegar e ganhar o 1º lugar na final do evento na categoria Kids, que foi no Shopping Tatuapé, onde ficou em terceiro entre as B-Girls adultas. Angel ainda foi 1° lugar na Quebrada Viva Battle, em dupla, 1º lugar no All Dance Brasil. Em 2020, mesmo durante a pandemia, participou do evento mundial E-FISE Montpellier na França, se destacando no cenário mundial, colocando o Brasil em 2º lugar. Sendo ranqueada pelo evento internacional entre as seis melhores B-Girls Kids. “Quero trazer o ouro para o meu país! Meu sonho é representar as mulheres da Cultura Hip-Hop nas Olimpíadas, também representar as B-Girls de todo o mundo e lembrar a todos que o lugar de mulher é onde ela quiser!”, diz Angel. Ela se prepara para os Jogos da Juventude em 2026 e para as Olimpíadas de 2028, em Los Angeles, quando já terá idade correta para participar. B-Boy Eagle Já B-Boy Eagle, começou a dançar com 5 anos. Seu primeiro contato com a dança foi por meio do Sapateado, sua referência inicial na dança foi Michael Jackson e Fred Astaire. Depois, conheceu o Breaking e desde então jamais se separou dele. Esteve presente em diversos eventos nacionais como a Batalha Final. No Arena Breaking Kids, ganhou o 1º lugar, bem como no Festival Santo Ângelo de Dança em 2020 e no Quebrada Viva Battle kids. Foi 2º lugar na International Kids Battle do Expo Hip-Hop e 1º lugar no Dancers4Life. Fora do Brasil, foi destaque no Festival Norte em Dança, em Portugal, onde tirou o 1º lugar ganhando vaga no Waves Competition in Belgium and the Netherlands. Além do Festival Mundial B de Dança, em Braga, Portugal, onde conquistou o 2º lugar. Competiu também na Porto World Battle, ficando no Kids entre os 16 melhores do mundo. Neste ano, já venceu o 1º lugar no All Dance International, que aconteceu nos EUA. E também foi destaque no evento Danzart, da Espanha, o que lhe rendeu uma vaga na final mundial que acontece ainda esse ano, em dezembro. B-Boy Eagle está entre as 5 crianças brasileiras que mais representa o país nos campeonatos internacionais. “O Breaking tem que virar esporte. Vai ser mais conhecido, os dançarinos vão virar atletas”, diz o B-Boy Eagle. Ainda fazem parte da Dream Kids Brasil as crianças B-Boy Sonek que foi 1° lugar no Eurobattle Kids, B-Boy Marcin que Foi Tri-Campeão Brazil Batlle Pro e também premiado no Dance Summer Camp, em Portugal. Breaking – dança ou esporte? Do outro lado, José Ricardo Freitas Gonçalves, 53, mais conhecido como “Rooneyoyo O Guardião”, é veterano no circuito. Ele é Presidente da Confederação Brasileira de Breaking, criada dois anos após o Comitê Olímpico Internacional (COI ) reconhecer, no fim de 2016, essa dança como esporte. Tóquio não quis incluí-la na programação, Paris já viu vantagem. O status olímpico emplacou manchetes, mas explica que até dentro do segmento foi motivo de divergências. Quando descobriram por meio da mídia, cinco anos atrás, “a possibilidade de virar modalidade”, alguns B-Boys e B-Girls encanaram. “Deu um remelexo. Uns contra, outros a favor. Foi bem turbulenta essa época. Ainda tá meio confuso na cabeça deles o que é cultura e o que é esporte, é uma linha bem tênue”, conta Rooneyoyo. Para Eder Devesa, formado em Educação Física e Marketing Esportivo, coach e preparador físico da nova geração, inclusive do B-Boy Eagle e da B-Girl Angel do Brasil, o Breaking é uma dança e nunca vai deixar de ser, com características também de esporte. “O Breaking é um esporte cultural” O COI entendeu também dessa forma e tomou a decisão de criar uma estratégia de se comunicar com jovens urbanos. A próxima Olimpíada está programada para acontecer entre os dias 26 de julho até 11 de agosto, em 2024, em Paris. O evento vai ser realizado ao longo do Rio Sena, local que receberá a Vila Olímpica.
Corte Aberto: Ouça o debute da banda, “A Casa/A Causa”

Felipe Machado, do Viper, lança Na Praia, single do álbum solo “Primata”

Na Praia, segundo single do novo álbum de Felipe Machado, foi composta entre adultos e crianças durante um feriado na praia de Ubatuba, litoral norte de São Paulo. A canção estará em Primata, segundo álbum solo do fundador e guitarrista do Viper. O lançamento é da ForMusic em parceria com FMLabs, produtora de Machado. “A música surgiu quando eu estava em busca de uma melodia que pudesse ser cantada por todos em um luau. A letra foi inspirada no romance ‘Na Praia’, do escritor britânico Ian McEwan, que fala sobre como a vida pode mudar radicalmente em um minuto. Às vezes, uma frase que falamos sem pensar pode trazer consequências para o resto de nossas vidas, para o bem ou para o mal. Juntei esse conceito às sugestões da minha filha e de seus amigos. A música saiu inteira em uma única tarde, entre copos de gin tônica e mergulhos no mar.” A primeira incursão de Machado pela carreira solo foi em 2015, quando lançou FMSolo. Com um som que misturava diversas influências e trazia o músico pela primeira vez nos vocais, o álbum teve boa repercussão de crítica e público. Suas canções deram origem a um álbum de remixes, FMX: FMSolo Remixes, lançado em 2020 e com a versões feitas por DJs com renome no Brasil e no exterior. Na Praia tem produção de Val Santos e conta com os backing vocals da filha de Felipe, Isabel Machado, e da cantora Bia Rhäissem. A mixagem ficou a cargo de Mauricio Cersosimo (Emicida, Skank, Viper) e foi realizada em Nova York.