Monsters of Rock | Opeth – “A banda nunca se repetiu, sempre seguiu em uma nova direção”

Prestes a retornar ao Brasil para se apresentar no Monsters of Rock, no dia 19 de abril, no Allianz Parque, em São Paulo, a banda sueca Opeth segue reafirmando seu posto de referência no metal progressivo. Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, o baterista Waltteri Väyrynen refletiu sobre a trajetória do grupo, a recepção do álbum mais recente The Last Will & Testament, e antecipou o que os fãs brasileiros podem esperar do show no festival. Além da apresentação no Monsters of Rock, a banda também tocará no dia 21, no Espaço Unimed, em São Paulo, com o Savatage, ambos com shows completos. Ainda há ingressos disponíveis para os dois shows. “Será uma mistura entre músicas novas e clássicos antigos”, promete o músico. “Faremos o nosso melhor para agradar a todos os nossos fãs brasileiros”, completa o baterista. Com pouco mais de dois anos como baterista do Opeth, Waltteri enxerga de perto a longevidade e reinvenção da banda, que completa mais de três décadas de carreira.  “É algo que realmente separa essa banda de muitas outras. Cada álbum tem sido diferente e a banda nunca se repetiu. Estou muito orgulhoso de fazer parte disso”, afirma.  O novo disco, considerado um dos mais sombrios e imprevisíveis da discografia, traz composições densas de Mikael Åkerfeldt e exigiu uma abordagem técnica intensa. “Definitivamente não é um álbum fácil de ouvir, mas, uma vez que você entra nele, é uma viagem muito gratificante”. Confira a entrevista completa abaixo. O Opeth tem uma trajetória de mais de 30 anos, sempre evoluindo e surpreendendo os fãs. Como vocês enxergam essa jornada e a forma como a banda se reinventou ao longo dos anos?  É muito inspirador ver isso de fora. E, claro, agora estando na banda, acho que é algo que realmente separa essa banda de muitas outras de metal no mundo. Como você disse, estão sempre se reinventando, com novas ideias e conceitos. Acredito que cada álbum, desde o primeiro, tenha sido diferente um do outro. A banda nunca se repetiu, sempre seguiu em uma nova direção. Estou muito orgulhoso de fazer parte da banda. The Last Will & Testament foi descrito como o álbum mais sombrio e pesado da banda, além de conter algumas das músicas mais imprevisíveis que vocês já compuseram. O que inspirou essa abordagem? Obviamente foi Mikael (Åkerfeldt) quem compôs as músicas, então não posso realmente dizer muito em nome dele. Mas o que ouvi dele é que ele queria ter um tipo diferente de abordagem para as músicas desta vez, ao contrário de algumas canções mais antigas, onde a maioria dos riffs meio que perduram por um longo tempo antes de passar para a próxima. Mas neste álbum é muito mais claustrofóbico de certa forma. Foi tudo muito louco, ir de seções diferentes para outra o tempo todo. E depois de ouvir as músicas pela primeira vez, você só está pensando: ‘o que diabos aconteceu?’ E aí você tem que realmente se aprofundar mais e mais. Definitivamente não é um álbum fácil de ouvir. Mas uma vez que você entra nele, uma vez que você entende o que está acontecendo, vira uma viagem muito gratificante. Como foi trabalhar com Joey Tempest, do Europe, nesse disco? O que ele trouxe de especial para a sonoridade do álbum? Nenhum de nós realmente trabalhou com ele pessoalmente no álbum, porque ele estava gravando esses vocais em seu estúdio caseiro. Mas tê-lo no álbum é muito legal. E também é muito inesperado ter esse tipo de colaboração.  Você já o encontrou pessoalmente?  Sim, algumas vezes. Ele é um cara super legal. Eu amo o Europe. Joey veio ao nosso show em Londres quando tocamos algumas semanas atrás. Um cara sempre feliz.  O Monsters of Rock tem uma história icônica no Brasil, e vocês vão dividir o palco com grandes nomes do metal. O que os fãs podem esperar do setlist e da performance de vocês no festival?  Acho que será uma mistura entre algumas das músicas do último álbum combinadas com algumas boas e velhas canções. É difícil encaixar tantas músicas em um set de uma hora, mas faremos o nosso melhor para agradar todos os nossos fãs brasileiros. O Brasil sempre recebeu o Opeth com muita paixão. Há alguma lembrança especial das passagens anteriores pelo país? Sim, já fui ao Brasil muitas vezes, também com minha banda anterior, o Paradise Lost. Sempre amei o país. Especialmente na primeira vez, em 2015, quando tocamos em São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Depois do último show, tirei um período de férias no Rio, foi como um sonho que se tornou realidade. O que você mais gostou? Sol e as praias, mas também a comida e as pessoas amigáveis. Acho que a vibe é sempre muito positiva, eu amo isso. Quantos dias você ficou no Rio?  Acho que eu e minha namorada ficamos uma semana ou mais. Fizemos muitas coisas, incluindo as coisas turísticas, como o Cristo Redentor. Mas também fizemos um tour pela favela. Obviamente passei alguns dias nas praias de Copacabana e Ipanema. Tenho memórias muito boas dessa viagem. O metal progressivo tem muitas camadas e exige um nível técnico altíssimo. Como vocês equilibram a complexidade musical com a energia necessária para um show ao vivo? Boa pergunta! Nem sempre é tão fácil, especialmente com nossas músicas, é como se você precisasse realmente se concentrar na maioria das partes. Mas sempre que há uma batida um pouco mais direta ou algo assim, onde você pode relaxar um pouco, tento ir mais fundo e talvez balançar a cabeça um pouco e apenas mostrar a energia. Não é tão fácil fazer isso com o set que estamos tocando. Há tantas coisas que podem dar errado que você realmente precisa estar no topo das coisas o tempo todo e se concentrar muito. Desde os primeiros álbuns até os mais recentes, o Opeth experimentou bastante com estilos e influências. Existe algum território sonoro que ainda gostaria de explorar no futuro? Sempre há algo para

Entrevista | Di Ferrero – “Esse é só o início dessa nova fase mesmo”

Di Ferrero

Sete é mais do que apenas um número. Para o cantor e compositor Di Ferrero, o 7 representa ciclos, transições e renascimentos e, agora, é o fio condutor de seu novo EP, 7, que chegou ao streaming nesta segunda-feira (7), às sete da noite, acompanhado de um lindo trabalho audiovisual.  “O fim do dia e o começo da noite, essa hora azul, me inspira muito. É como uma mudança de fase. E esse EP é justamente isso: um novo começo pra mim”, contou o vocalista do NX Zero ao Blog n’ Roll, que optou por lançar três faixas conectadas por um conceito mais subjetivo, reflexivo e visual. Com uma estética musical mais orgânica e crua, o EP 7 surgiu de forma espontânea, quase despretensiosa, de acordo com Di Ferrero. “Dessa vez, não fui buscar sons, eles simplesmente vieram. O EP é mais tocado, mais cru, mais transparente, como eu tô me sentindo agora”, revela.  A produção ficou por conta de Felipe Vassão, com co-produção e composição de Bruno Genz (ex-Cine), um dos grandes parceiros do artista nessa nova fase. Projeto novo de Di Ferrero terá sequência Acompanhando as músicas, o cantor lançou três visualizers especiais, gravados em plano-sequência, que juntam as três canções em uma só – compondo uma trilogia. Bruno Bock (Som da Desilusão) e César Ovalle (Além do Fim e Universo Paralelo) assinam a direção. “A trilogia é uma sequência do EP, como se ele nunca parasse. Tudo começa em um sonho lúdico, o Som da Desilusão, trazendo um pouco do conceito da capa. Depois, encaminhamos para a virada, chegando nas sete horas, no horário e na cor do EP. Na sequência, em Além do Fim, retratamos um lugar onde apareço isolado, em outro mundo. Por fim, entramos no Universo Paralelo, onde temos vários Di’s com personalidade diferentes, cada um com seus próprios questionamentos”, explica Di Ferrero, revelando também a participação de nomes como Maurício Meirelles, Patrick Maia, Luccas Carlos, Day, Hodari, entre outros. Apesar de 7 ser um EP, ele não é um trabalho isolado. “Esse é só o primeiro episódio dessa nova série minha que vai começar. Já tem mais músicas prontas, e esse ano ainda vem mais lançamento. Eu tô me identificando com esse som, tô feliz e quero mostrar isso pras pessoas”. Confira a entrevista completa abaixo. O número 7 carrega muitos significados simbólicos. Em que momento da sua vida você percebeu que ele seria o fio condutor desse EP? Realmente é um novo momento pra mim. O 7 traz isso, aquela coisa que você vem pra esse mundo, até os seus sete anos, você não entende direito o que está pegando. Dos sete aos 14, você já vai tendo suas experiências que marcam sua vida na adolescência. Até os 21, seu corpo para de crescer. Depois, até os 28, tem toda aquela mudança. Mas o principal que me deu o lance de colocar o nome de 7 foi a hora do dia. Porque o fim do dia e o começo da noite, essa hora (7) me traz uma reflexão muito louca. Amo esse momento do dia, me dá inspiração. É um momento que você para, é uma mudança. O claro para o escuro. Aquele momento dessa mudança, o azul, que não é nem o amarelo do sol, nem o escuro da noite, é aquele azul. Aquela fase, aquela hora azul. Aquilo ali foi a ideia que vai ser o fio condutor do EP. E o sete é mais ou menos umas sete horas, junto com toda a simbologia desse número. E é um começo de ciclo para mim. É só o primeiro episódio dessa série nova minha que vai começar.  Você falou de uma nova série. Até queria então emendar uma pergunta a respeito. Ele é um EP que vai ser seguido de outros EPs? Ou é algo que vai preparar para um álbum cheio?  Ele tem sim uma continuação, posso dizer assim. Ele é o começo de um momento da minha vida. Estou há um tempo sem lançar músicas inéditas. Um ano, solo, lancei algumas coisas, mas mais pontuais. A gravação que fiz do Paralamas, que foi muito bem, por exemplo.  E aí, agora sim, com essa nova fase, já tenho bastante músicas. Estou  amarrando isso tudo muito com cuidado para passar da melhor forma possível para as pessoas. Venho me identificando muito com esses sons do EP. Mas posso dizer que esse ano ainda vai ter mais lançamento, mais coisas que têm a ver com essa nova fase. Esse é só o início dessa nova fase mesmo. A sonoridade de 7 é descrita como mais orgânica e musical. O que mudou no seu processo de criação em relação aos seus trabalhos anteriores? Foi muito louco porque fico buscando sons, mas nesse caso foi sem buscar mesmo, foi despretensioso. Tanto é que ele está bem orgânico mesmo. São canções que depois coloco sintetizadores e várias coisas legais junto com o Vassão, o produtor do EP. Ele é um cara que admiro, um produtor incrível.  Como ele também é muito sensível, vai tirando várias coisas de mim. Esse trabalho é mais tocado, mais orgânico, mais cru. E é como estou agora, mais transparente. É um pouco uns passos pra trás, no bom sentido, de tocar junto e tal.  Quem te acompanhou nesse processo? Tem alguém que foi a voz da consciência ou o braço direito?  Tenho sorte de ter muitos amigos, pessoas que confio. É louco que na vida a gente vai peneirando nossas amizades, ideias, as pessoas que vão se aproximando. O cara que compôs comigo o EP foi o Bruno Gens, que toca baixo comigo, ele era do Cine. Ele é um produtor sensível, o cara produz muito também. Ele é co-produtor junto com o Vassão. Por serem pessoas próximas, conversamos muito sobre a vida. E falar sobre vida pra mim é a mesma coisa que falar sobre música, é a verdade que vivo. E aí a gente foi achando esse caminho.  Por exemplo, a música O Som da Desilusão

Entrevista | Mark Morton – “Este álbum reflete o tipo de música que ouço por diversão e por amor”

Conhecido por seu trabalho visceral como guitarrista do Lamb of God, Mark Morton está prestes a mostrar uma nova faceta artística em Without the Pain, seu segundo álbum solo, que chega ao streaming na sexta-feira (11). Muito distante do metal que o consagrou, o novo projeto mergulha fundo no southern rock, com influências marcantes de blues, country e clássicos como Lynyrd Skynyrd e Allman Brothers.  Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, Mark Morton contou que esse novo caminho é, na verdade, um retorno às suas origens. “Cresci com esse tipo de música. Está em toda parte onde nasci. Sempre foi a base do meu amor pela música”, diz. Se no Lamb of God Mark Morton canaliza peso e agressividade, em Without the Pain, ele se permite explorar emoções mais introspectivas. A faixa Brother, por exemplo, traz uma reflexão delicada sobre rupturas familiares e o sentimento de arrependimento.  “É tão comum ver pessoas desconectadas de suas famílias, e isso pesa muito. A música fala sobre isso, sobre essa dor que tantos carregam”, comenta Mark Morton. Diferente de seu primeiro álbum solo, lançado em 2019, esse novo trabalho foi construído com um espírito mais colaborativo. “No primeiro disco eu tinha uma visão mais rígida, já agora entrei nas composições com a cabeça aberta, e isso tornou tudo mais divertido”, revela.  Confira a entrevista completa com Mark Morton abaixo. Without the Pain representa uma mudança significativa no seu som, mergulhando no southern rock. O que te motivou a explorar esse caminho agora? O que realmente me motivou foi um amor de longa data por esse tipo de música. Cresci com esse tipo de música ao meu redor, é realmente parte da minha vida. Se você cresce onde cresci, quando cresci, você ouviu isso em todos os lugares. Então, é realmente a base do meu amor pela música. Sempre esteve lá.  Todo mundo me conhece pelo Lamb of God, e isso é ótimo. Eu também amo heavy metal. Mas este novo álbum, Without the Pain, realmente reflete o tipo de música que ouço por diversão e por amor pela música.  Parece o tipo de violão que acontece quando estou em casa, tocando violão no meu tempo livre. Não digo isso para tirar nada do Lamb of God porque amo heavy metal e amo o Lamb of God. Sou muito grato pelo que podemos fazer. Mas também tenho outros interesses, e este álbum reflete isso com certeza.  A faixa Brother é extremamente pessoal e aborda temas como arrependimento e reconciliação familiar. Como foi o processo emocional de escrever essa música? Acho que acabei de observar ao meu redor tantos casos de pessoas que estão desconectadas de certos membros da família ou desconectadas talvez até mesmo de toda a família. E é tão comum e um fardo tão pesado que as pessoas carregam. Acho que todos nós ouvimos e muitos de nós vivenciamos tantos exemplos disso acontecendo. E realmente não entendo porque é tão comum e universal. Mas é sobre isso que realmente estávamos escrevendo, esse fenômeno de famílias se desconectando e nem sempre necessariamente entendendo o porquê.  Entre todas as faixas do álbum, existe alguma que você considera a mais representativa da sua jornada pessoal recente?  Não, acho que não. Não sei qual é a minha jornada pessoal mais recente, apenas acordo todos os dias e consigo viver mais um dia, fazendo coisas emocionantes. Sou um cara muito sortudo.  Acho que realmente mais do que apenas uma música, o álbum em si traz sentimentos, soa muito como um lar para mim. O álbum pareceu muito com voltar para casa. Você incluiu um cover de The Needle and the Spoon, do Lynyrd Skynyrd. Qual é a importância dessa faixa na sua formação musical? É uma das minhas músicas favoritas do Lynyrd Skynyrd. O Lynyrd Skynyrd é a grande referência de southern rock. Essa faixa é uma das minhas favoritas porque é muito guiada pela guitarra. Esse riff é tão bom, a letra é sombria e meio que um aviso. É tudo que amo no southern rock. O quanto das suas raízes musicais sulistas estão presentes em Without the Pain? Você cresceu ouvindo muito blues e country? Lynyrd Skynyrd, Molly Hatchet, Allman Brothers e ZZ Top estavam por toda parte e ainda são muito parte do que soa se você entrar na minha casa. É o que escuto normalmente. Esse é seu segundo trabalho solo. Em que aspectos ele difere do primeiro, tanto musical quanto emocionalmente? O primeiro álbum foi amplamente influenciado pelo heavy metal e diferente do Lamb porque era um pouco mais melódico, mais diverso estilisticamente. E, claro, os diferentes cantores trabalhando nele fizeram as coisas meio que saírem de ângulos diferentes. Musicalmente, isso é diferente porque o meu novo álbum é southern rock com influência de blues. Em termos de processo e meu relacionamento com o disco, acho que é amplamente mais colaborativo. No primeiro disco, tinha uma visão muito mais rígida para cada música porque sentia a responsabilidade de ter a música bem definida. E neste álbum, entrei nas sessões de composição com um conceito muito mais solto para a música e muito mais aberto a outras contribuições. Isso tornou tudo muito divertido. Como você equilibra a criação solo com o trabalho no Lamb of God? Esses dois mundos se influenciam de alguma forma? Não sei se elas influenciam uma à outra. É tudo música para mim. Então, nesse sentido, se ouço algo, é mais sobre decidir se é para Lamb of God ou não. Em termos de equilíbrio, o Lamb of God é sempre a prioridade. É um monstro tão grande, com uma base de fãs tão grande… Ficamos tão ocupados com isso que é real e menos sobre equilíbrio e mais sobre mim, trabalhando entre meus compromissos e responsabilidades com o Lamb of God. Depois do lançamento de Without the Pain, você pretende levar essas músicas para a estrada? Há planos de turnê solo, quem sabe até pelo Brasil? Uau, não seria ótimo? Ótimo! Não temos nenhuma turnê marcada.

Entrevista | Abraskadabra – “Pack Your Bags é a gente meio que saindo de uma fórmula”

Com quase duas décadas de estrada e reconhecimento internacional no circuito do ska punk, o Abraskadabra está pronto para virar mais uma página de sua trajetória com o álbum Pack Your Bags, que chegou ao streaming na última sexta-feira (4). Gravado em Gainesville (EUA) com produção de Roger Lima, baixista do Less Than Jake, o disco marca uma guinada sonora e emocional para a banda curitibana, que se prepara para uma nova turnê internacional, incluindo uma aguardada participação no Manchester Punk Festival. O título do disco funciona como metáfora e convite: é hora de arrumar as malas e encarar novos caminhos. Após os lançamentos de Welcome (2018) e Make Yourself at Home (2021), que consolidaram o nome do grupo fora do Brasil, o novo trabalho reflete uma saída da zona de conforto, da casa, de antigas fórmulas. “É um ponto de transição”, resume o saxofonista e vocalista, Thiago “Trosso”, que conversou com o Blog n’ Roll. “As letras e a sonoridade refletem esse movimento.” Musicalmente, Pack Your Bags mergulha numa sonoridade mais crua, menos polida, com fortes influências de punk rock melódico e hardcore. Referências como Hot Water Music, Raised Fist e Flatliners se misturam ao DNA ska do grupo, criando um disco intenso e multifacetado. A mão de Roger Lima também foi essencial para o resultado final, ao incentivar um processo mais direto e orgânico, cortando excessos e apostando na força das composições. Confira a entrevista completa abaixo e ouça Pack Your Bags. O título do álbum, Pack Your Bags, sugere uma viagem – tanto literal quanto emocional. Como vocês chegaram a esse nome e o que ele representa para a banda neste momento? O primeiro álbum não tinha uma ideia muito grande por trás do nome, mas é que basicamente a gente gravou e compôs o álbum inteiro na casa do Maka, o nosso baterista, e no jardim da casa dele tinha uma plaquinha escrita “Jardim da Vó Nancy”. Então esse foi o primeiro álbum (Grandma Nancy’s Old School Garden, de 2012).  Daí no segundo, como a gente estava começando a fazer as coisas com a galera lá de fora, já tinha uma tour nos Estados Unidos, surgiu o Welcome (2018), que também é uma referência à casa, né? Para o pessoal se sentir à vontade. Como a gente tava mostrando o som pra uma galera nova, chamando a galera pra escutar o som da gente na gringa, essa foi a ideia. Depois veio o Make Yourself at Home (2021), então é uma escadinha. Você está lá, tem o jardim da vó Nancy, daí tem o Welcome, no qual faz o pessoal se sentir à vontade. Depois o Make Yourself at Home já está dentro de casa.  Pack Your Bags é a gente meio que saindo de casa ou prestes a sair de casa, digamos assim. Muita coisa das letras e da sonoridade do álbum faz menção a gente estar saindo de casa. Tem muita coisa que a gente resgatou do começo do Abraskadabra, acho que tem algumas músicas que são bem cruas, que tem uma energia bem crua, uma guitarra, não tem muita produção. Foi um negócio bem para retratar essa coisa mais crua que a gente teve desde o começo, e começou a brincar com coisas que a gente não brincava antes. E tem a ver com a sonoridade também… Esse álbum tem muita referência de um punk rock mais dosado, mas com andamento mais leve. Sempre escutei, mas agora tentei colocar isso na música, uma parada mais Flatliners, Hot Water Music, Against Me. Tem umas duas, três músicas que são bem puxadas para trás, que deu uma balanceada no tempo das canções, mas tem algumas coisas do hardcore também, que trouxemos com It Was A Good Night. Tem bastante coisa de um hardcore mais berrado, tem uma banda que escuto muito que chama Raised Fist, que acho que coloquei nessa música.  O Du (guitarrista) colocou bastante coisa de um hardcore mais Nova York nos breakdowns dele, com um andamento mais halftime, com a batera bem pegadora e uns riffs de metal junto.  Então esse Pack Your Bags é a gente meio que saindo de uma fórmula que talvez não tinha esse guia, e agora estamos meio que pouco se fudendo para o que acontece nessa fórmula. A gente falou: ‘vamos tentar umas coisas novas aí, e daí vamos ver’. Provavelmente o próximo álbum vai ter uma continuidade, então vai sair mais ainda da casinha e ir para outro lado.  O álbum foi gravado em Gainesville com o Roger Lima, do Less Than Jake. Como surgiu essa conexão com ele e como foi a experiência de trabalhar juntos no Moathouse Studio? A gente teve a ideia de gravar com ele no penúltimo álbum, o Make Yourself At Home. Chegamos a falar com o Roger antes de bater a pandemia. Nos conhecemos lá em Curitiba, em 2005, na primeira vez que a gente tocou com o Less Than Jake. Depois disso acho que a gente tocou com ele mais umas duas vezes lá em Curitiba. Ele sabia da banda, conhecia, a gente deu uma camiseta pra ele uma vez ou outra, e fomos nos encontrando nos Estados Unidos.  Mantivemos um contato bem distante, mas a gente ficou no radar, sabíamos um do outro. Quando a gente foi gravar o Make Yourself At Home, quando estava no processo de composição dele, entrei em contato com o Roger e falei: ‘ei, a gente está gravando um álbum, se tiver afim de me trampar junto’. Daí trocamos essa ideia, só que bateu a pandemia e parou tudo. Chegamos a discutir de fazer uma consultoria virtual, mandar as músicas para ele dar uns pitacos, mas acabou não rolando nada.  Agora, quando estávamos discutindo o que fazer com o Pack Your Bags, entrei em contato com ele de novo e falei: ‘chegou a hora do próximo, vamos fazer’. Daí ele falou que era só chegar, passou basicamente o esquema, e fomos para a casa dele, em Gainesville, nos Estados Unidos, onde

Entrevista | Doro – “O único objetivo é homenagear o Lemmy”

A cantora alemã Doro Pesch dispensa apresentações. Considerada a rainha do metal, ela consolidou sua carreira ao longo de quatro décadas, tornando-se um ícone do heavy metal mundial. Com sua voz potente e atitude destemida, ela influenciou gerações e segue na ativa, levando sua música para os quatro cantos do planeta. Em maio, ela retorna ao Brasil para se apresentar no Bangers Open Air, em São Paulo, e promete um show repleto de clássicos e momentos especiais. Na entrevista que concedeu ao Blog n’ Roll, Doro compartilhou detalhes sobre sua atual rotina de shows e gravações. Recém-chegada da Espanha, onde se apresentou com o Manowar, Saxon e Girlschool, a cantora já tem novos planos em andamento. Entre eles, a preparação de um DVD comemorativo de seus 40 anos de carreira, que incluirá registros ao vivo do Wacken Open Air e, possivelmente, do próprio Brasil. A artista também revelou estar trabalhando em um tributo a Lemmy Kilmister, um álbum especial reunindo todos os duetos que gravou com o lendário líder do Motörhead. Sobre a apresentação no Bangers Open Air, Doro adiantou que o setlist será uma viagem por sua discografia, contemplando clássicos como All We Are, Burning the Witches e Raise Your Fist in the Air, além de faixas do álbum mais recente, Conqueress – Forever Strong and Proud. Entre as novidades, está Fire in the Sky, que tem um toque brasileiro: foi composta em parceria com Bill Hudson, guitarrista da banda e paulista de nascimento. Doro também comentou sobre o lineup do Bangers Open Air e se mostrou empolgada para rever amigos e bandas que admira, como W.A.S.P., Blind Guardian e Saxon. Para ela, festivais são sempre oportunidades de celebração do metal e de reencontros com artistas que marcaram sua trajetória. Confira a entrevista completa com Doro abaixo Olá Doro, tudo bem? Como estão as coisas por aí? Muitos projetos em andamento? Estou na Alemanha, acabei de voltar da Espanha. Fizemos um ótimo show com o Manowar e dois dias antes com o Saxon e o Girlschool na Alemanha. E agora farei mais algumas coisas no estúdio. Depois retorno aos Estados Unidos antes de ir para o Brasil. Estou super animada. Estamos trabalhando no DVD do 40º aniversário (de carreira), CD ao vivo gravado em Wacken (2023), mas também terá algo da minha cidade natal, Dusseldorf. E, provavelmente, vamos colocar algo do Brasil também. Será um pacotão de coisas que terá o título Conquerors Forever. Além disso, estou montando algo para o Lemmy (Kilmister) porque seria seu aniversário de 80 anos em 2025 e ele está há dez anos no paraíso do rock’n’roll, além de ser 50 anos de Motörhead. Farei um picture disc com todas as nossas músicas, os duetos com Lemmy. E tenho algumas outras músicas, que tocamos com Mille (Petrozza), do Kreator, e os caras do Motörhead, como Ace of Spades, que fizemos no Wacken. Será uma grande homenagem para o Lemmy, que vamos chamar de Rock Till Death. A ideia é viajar com esse trabalho por todos os festivais novamente. E o primeiro será o Brasil. Estou super animada. O Brasil é meu lar, então isso não poderia ser melhor.  Meu Deus, que agenda cheia! Doro está super ocupada. Vamos começar falando sobre sua apresentação no Banger Open Air. Este show vai focar em um álbum específico ou terá um pouco de tudo da sua discografia?  Sim, todos os hits: All We Are, Burning the Witches e Raise Your Fist in The Air. E do novo álbum, estamos planejando tocar Time for Justice, Children of the Dawn e Fire in the Sky, que escrevi com o Bill Hudson, nosso guitarrista que é brasileiro e de São Paulo. Não sei quanto tempo temos exatamente, mas acho que talvez uma hora. Uma hora, às vezes, dá para umas 11 músicas, 12 no máximo. Provavelmente Hellbound também. Vamos ver, mas certamente quero passar por um pouco de cada álbum da minha carreira. O que você recorda da sua última vez no Brasil? Você tem boas lembranças?  Foi um momento incrível! Tocamos no Monster of Rock, não tinha muita gente ainda, tocamos bem cedo, mas não atrapalhou nem um pouco. Conheci muitas pessoas e fiz amizade com elas. Todas as pessoas foram tão legais e super gentis. No vídeo de Time for Justice, por exemplo, tem imagens do show no Brasil. O diretor colocou muitos trechos da apresentação no vídeo. E o vídeo de Living After Midnight também. Eu amo tocar no Brasil. O que você achou do lineup do Bangers Open Air? É um grande festival, vi tantas bandas alemãs no lineup. Sou uma grande fã do Wasp, espero poder assistir. O Wasp foi minha primeira grande turnê no Reino Unido em 1986. Quero ver o Blind Guardian porque Hansi Kürsch fez muitos duetos comigo no palco. Estou muito animada para esse show. Se tiver a chance de ver todas as bandas, definitivamente aceito. Em seu último álbum, você gravou com Rob Halford. Como foi esse momento para você?  Nossa, sou uma grande fã do Judas Priest. Aliás, eles foram a minha primeira turnê, antes da tour com o Wasp. Essa foi em 1986 também, mas veio antes. Naquela época, eles disseram: ‘hey, vamos dar uma chance a essa banda’. E foi um sonho que se tornou realidade. Desde então sempre mantivemos uma forte amizade e tocamos em alguns festivais, como o Hellfest. Nós estávamos conversando um pouco, Rob Halford me perguntou o que estava fazendo e falei sobre o novo álbum. Ele rebateu: “oh, isso é ótimo”. Na hora olhamos um para o outro e dissemos: “é hora de fazermos algo juntos, certo?”  Sugeri Living After Midnight, ele topou. Mas depois ele disse que gostaria de fazer também Total Eclipse of the Heart (cover de Bonnie Tyler), então fechamos com as duas músicas. Espero que possamos fazer isso ao vivo eventualmente. Rob Halford é uma pessoa super legal, coração imenso, super inteligente, sensível e um cantor fantástico. Ele sempre foi um dos meus heróis absolutos. Conte-me mais

Entrevista | Atreyu – “Nossa banda soa diferente o tempo todo”

No último dia 20, a banda norte-americana Atreyu fez sua estreia no Brasil com um show no Carioca Club, em São Paulo. A apresentação foi parte da turnê de divulgação do álbum The Beautiful Dark of Life, que marcou a evolução da banda na cena metalcore. Antes de subir ao palco, o carismático vocalista Brandon Saller concedeu uma entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, na qual abordou temas como a evolução do som da banda, a criação do novo álbum e sua conexão com o público brasileiro. Ao longo dos mais de 20 anos de carreira, o Atreyu se destacou por experimentar diferentes sonoridades, sempre mantendo sua essência e identidade. Segundo Saller, a banda nunca se prendeu a uma fórmula, o que permitiu que se reinventassem a cada lançamento. “Nossos fãs esperam que tentemos algo diferente. Nunca prestamos muita atenção ao que está em alta; fazemos o que achamos certo”, comentou o vocalista. Com o lançamento de The Beautiful Dark of Life, o Atreyu inovou ao dividir o álbum em uma série de EPs, permitindo que os fãs digerissem o trabalho aos poucos. “Isso fez com que as pessoas se concentrassem mais nas músicas”, explicou Saller, que considerou a experiência um sucesso. O vocalista ainda destacou a importância de suas influências musicais variadas, que vão do pop ao rock dos anos 80, refletindo diretamente na diversidade de som da banda. Na entrevista, o vocalista também falou sobre a decisão de revisitar músicas antigas em novas versões acústicas, algo que começou durante a pandemia e foi muito bem-recebido pelos fãs. “Foi ótimo entrar no estúdio e fazer algo que realmente queríamos. Definitivamente, é algo que adoraria explorar mais no futuro”, revelou. Confira a entrevista completa abaixo. Atreyu sempre foi uma força poderosa na cena metalcore. Como você vê a evolução da banda ao longo dos anos e como se mantém fiel à sua identidade original, enquanto explora novos sons? Acho que meio que no começo, nós fizemos questão fazer a identidade da banda ser o que sentíssemos. Nós nunca ficamos presos em uma pista. E acho que isso é algo que nossos fãs meio que esperam e gostam sobre a banda, é que eles sempre sabem que vamos tentar algo diferente e explorar novos caminhos. Acho que para nós, tem sido muito importante apenas permanecer fiéis ao que queremos fazer e meio que não prestar atenção ao que está acontecendo. Caso contrário, tentamos não prestar muita atenção ao que outras bandas estão fazendo ou o que é legal no momento. Nós apenas tentamos fazer o que achamos que é certo. Até agora, tem funcionado. Como foi a experiência de gravar The Beautiful Dark of Life como uma série de EPs? Quais desafios surgiram ao dividir o álbum dessa forma e como essa abordagem afetou a criação musical? Foi ótimo. Gravamos tudo de uma vez, mas foi legal lançar as coisas aos poucos para que as pessoas pudessem realmente cravar os dentes em apenas algumas músicas de cada vez. E descobrimos que isso permitiu que as pessoas realmente se concentrassem mais em músicas do disco. Foi divertido. Hoje em dia, sinto que é impossível saber as respostas de como as coisas devem ser feitas. Imaginamos que tentaríamos algo diferente. A banda teve um começo bastante “do it yourself” e superou muitos obstáculos para alcançar o sucesso que tem hoje. Quais momentos do início da carreira de vocês ainda influenciam a maneira como encaram os desafios atuais? Sinto que meio que viemos do zero. Começamos, seis de nós em uma banda, viajando pelo país, tocando no máximo de shows que podíamos. Enquanto não importasse, ficávamos em turnê por três, quatro meses de cada vez. E acho que por isso, porque realmente tivemos que construir no começo, isso nos levou a ser bem-sucedidos do jeito que somos hoje. Sabemos como gostamos de fazer as coisas, como gostamos de fazer turnês ou fazer shows. Acho que é por isso que ajudou na nossa longevidade como banda, porque meio que descobrimos tudo internamente. Todos na banda têm um respeito enorme uns pelos outros e realmente nos amamos e amamos fazer o que fazemos. Acho que isso foi um fator enorme para continuarmos por aqui. No álbum mais recente do Atreyu, vocês recriaram músicas conhecidas do repertório de vocês, além de duas covers, do Audioslave e Tom Petty. Como surgiu a ideia de fazer isso? Pretendem fazer mais vezes esse tipo de trabalho na carreira? Sim, acho que realmente gostamos. Quer dizer, meio que começou durante a covid. Lançamos um álbum e, durante a pandemia, não podíamos realmente fazer turnês ou coisas assim. Então começamos a fazer versões acústicas de músicas em transmissões ao vivo e coisas assim. Isso nos levou a fazer algumas versões simplificadas de músicas para nossos meet and greets e coisas assim. E foi algo que realmente gostamos e parecia que nossos fãs realmente gostaram. Muitas pessoas pareciam confusas sobre porque não tínhamos feito isso antes. Foi ótimo. Meio que decidimos entrar no estúdio, e essa foi uma daquelas coisas que meio que dissemos à gravadora também. Foi algo como “isso não está no contrato, mas é algo que realmente queremos fazer“. Ficou ótimo! É definitivamente algo que adoraria explorar mais no futuro, porque parece que muitos dos nossos fãs estão crescendo conosco. Tem muita gente que talvez, numa quarta-feira à noite, esteja cozinhando o jantar e pode não querer colocar em uma bandeja, mas coloca em um outro recipiente. Com uma combinação de thrash, hardcore punk e o New Wave of Swedish Death Metal, o Atreyu sempre teve uma sonoridade única. Quais são as suas principais influências musicais atuais e como essas influências se refletem no som da banda? Acho que é difícil para nós. Temos tantas influências diferentes dentro da banda. Quer dizer, eu mesmo curto bastante música pop. Como você disse, gosto de bandas suecas como In Flames. Dan (Jacobs, guitarrista) é muito influenciado pelo rock dos anos 1980. Ele também ouve muita música dos anos 50, reggae, tudo.

Entrevista | P.O.D – “Brasil é como um segundo lar para nós”

O P.O.D. lançou recentemente uma versão de I Won’t Bow Down em parceria com o argentino Andrés Giménez, vocalista da banda A.N.I.M.A.L. A faixa, que ganhou um refrão em espanhol e reforça o peso e a identidade multicultural do grupo, marca um momento especial para a banda californiana. Em entrevista ao Blog n’ Roll, o guitarrista Marcos Curiel falou sobre a colaboração, a amizade com Giménez e o desejo de voltar ao Brasil com uma turnê mais extensa. Durante o bate-papo, Marcos relembrou a primeira conexão com Andrés, feita há cerca de uma década em um show na Argentina, e explicou que a ideia de colaborarem já vinha sendo discutida há anos. O convite para participar da nova versão de I Won’t Bow Down surgiu de forma natural. Curiel também comentou o carinho especial que o P.O.D. nutre pelo público brasileiro, descrevendo o país como “um segundo lar”. A última passagem da banda por aqui, em 2024, incluiu shows em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba. No entanto, ele reforça o desejo de voltar com uma turnê mais completa, passando por cidades como Recife, Vitória e Brasília, além de articular uma possível turnê conjunta pela América do Sul com a banda A.N.I.M.A.L. Apaixonado por futebol, o guitarrista do P.O.D revelou seu apoio a clubes como Chelsea e Real Madrid, mas disse também ter carinho por times brasileiros como São Paulo, Palmeiras e Santos — cidade de Pelé e do Charlie Brown Jr., que ele reconhece como uma referência brasileira com “muita alma”. Confira a entrevista completa abaixo. Olá Marcos! Tudo bem? Onde você está agora?  Oi, tudo bem. Estou em casa. Vou para a Europa nos próximos dias. E você? Estou no Brasil, em uma cidade chamada Santos. Você torce por algum time de futebol no Brasil ou na Europa?  Tenho times em todos os lugares. Aqui em San Diego, tenho o San Diego FC. E na Europa, torço pelo Chelsea, é meu time desde que era criança. Na La Liga, sou Madridista. Sou um verdadeiro fã do Real Madrid há muitos anos. E quando fui para o Brasil, ganhei uma camisa do São Paulo. Mas eu também conheço o Corinthians, um outro time do Rio, acho que o Palmeiras. Não sei se é do Rio, mas se chama Palmeiras. E o Santos também.  Aqui em Santos tem um museu do Pelé.  Uau, isso é incrível. Você precisa vir aqui e visitar o Museu Pelé.  Eu definitivamente irei. Não sei se já tocamos em Santos. Fizemos muitas turnês pelo Brasil, mas da próxima vez quero ter uma agenda aí. Como surgiu a ideia de regravar I Won’t Bow Down com Andrés Giménez? Vocês já haviam trabalhado juntos? Demorou muito. Somos amigos do Andrés desde que tocamos na Argentina em 2013 ou 2015, não lembro o ano. Ele subiu no palco conosco e cantou ao vivo. E nos tornamos amigos desde então. Sempre falamos: ‘ei, cara, vamos fazer uma turnê. Vamos fazer uma colaboração. Vamos fazer um recurso ou algo assim’. E finalmente aconteceu com essa música. Queríamos fazer uma versão com o refrão em espanhol. E disse aos caras que provavelmente poderia ver se Andrés estaria interessado. E quando ele soube disso, disse: ‘sim, eu farei isso’. Então fizemos. E foi orgânico, não foi forçado. Estamos muito felizes com o resultado. Espero que possamos fazer muito mais juntos. Vocês costumam conhecer e acompanhar bandas da América do Sul quando vem ao continente? O que sabem sobre bandas brasileiras? Toda vez que vou, fico sabendo de algo, aprendo mais e mais. No começo, quando começamos a fazer turnê no Brasil, sempre ouvíamos falar de uma banda. Eles não existem mais. Era uma banda chamada Charlie Brown Jr. E o meu técnico de guitarra era parecido com o cantor. Então todo mundo, quando andávamos pela cidade, dizia que ele parecia o cantor do Charlie Brown Jr. E eu pensava: ‘uau, isso é engraçado‘. Tivemos que pesquisar sobre a banda e descobrimos mais sobre o Charlie Brown Jr. Obviamente conhecemos o Sepultura e algumas bandas de reggae também. Os brasileiros têm muita alma. Você sabia que Charlie Brown Jr. é de Santos?  Ah, eu não sabia.  Infelizmente, Chorão, o cantor, e o Champignon, o baixista, morreram. Sim, infelizmente. Eles eram incríveis. As pessoas amam essa banda. Satellite, de 2001, é o grande sucesso comercial do P.O.D, com músicas que marcaram época, como Alive e Youth of the Nation. Como é para vocês tocar essas canções mais de duas décadas depois? Elas ainda fazem muito sentido para vocês? Essas são músicas que posso dizer honestamente que são atemporais. Elas falam de geração para geração, e as pessoas amam essas músicas. Acredito que, em termos de mensagem, Youth of the Nation é mais relevante agora do que quando a escrevemos, por causa de toda a violência, dos tiroteios nas escolas e tudo mais. Então acho que essa música sobreviveu porque é mais relevante. E, obviamente, é uma música foda. Veritas, o último álbum da banda, teve grande alcance e ótima recepção da crítica especializada. Esse feedback positivo estimula vocês? Ou não ligam para os críticos? Quer dizer, para um artista dizer que não se importa com os críticos, ele está mentindo. Mas, ao mesmo tempo, não é por isso que escrevemos música. Nós não escrevemos música para os críticos, prêmios ou reconhecimento. Nós escrevemos música porque é real da nossa alma, e escrevemos música que é real para nós. Mas também é um pedaço do nosso coração e alma. Então, quer você goste ou não, ainda é o que amamos.  O P.O.D está na ativa há mais de 30 anos e com uma carreira consistente, lançando álbuns, sem pausas. O que mais motiva vocês a seguirem tão determinados? Os fãs. Quero dizer, ouça, somos artistas e sempre seremos criativos, estejamos no P.O.D. ou em outro projeto. E se os fãs do P.O.D. querem continuar nos ouvindo e indo aos nossos shows, por que pararíamos? É algo como: ‘ei, sabe de uma coisa? Temos uma

Entrevista | Hollow Coves – “Estamos apenas esperando a oportunidade certa”

Conhecidos por suas melodias suaves, letras introspectivas e uma atmosfera sonora que convida à contemplação, os australianos do Hollow Coves vêm conquistando fãs ao redor do mundo com seu indie-folk intimista. Formada por Ryan Henderson e Matt Carins, a dupla lançou em 2024 o álbum Nothing to Lose, um trabalho repleto de memórias afetivas e reflexões sobre autenticidade, inspirado em antigas fotos de infância guardadas por suas mães. Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, Ryan Henderson compartilhou detalhes sobre o processo criativo por trás do novo disco, a colaboração com o DJ e produtor brasileiro Bruno Martini, que remixou faixas do álbum, além do desejo de finalmente realizar sua estreia nos palcos do Brasil, adiada desde a pandemia.  Entre a simplicidade poética das canções e a vontade de se conectar com o público brasileiro, Hollow Coves mostra que há beleza em viver de forma verdadeira, longe dos filtros e poses das redes sociais. Nothing to Lose é inspirado nas páginas de um álbum de fotos da infância. Você poderia compartilhar como essas imagens influenciaram a criação do álbum? Sim, então nossas duas mães tinham esses álbuns de fotos quando éramos mais jovens, criando memórias de nossa criação. Tínhamos essa percepção de que as fotos hoje em dia são tão polidas e planejadas. É tudo sobre obter a melhor pose ou o melhor filtro. Com isso, há muita comparação no mundo porque nada parece legítimo agora. Nada a perder é esquecer de ser polido e mais sobre ser cru e verdadeiro consigo mesmo, como as fotos que nossas mães costumavam tirar com tanto caráter e história quando você as olha. Seu estilo musical é frequentemente caracterizado como indie-folk com uma simplicidade poética. Como você se esforça para transmitir essa sensação de leveza por meio de sua música? Acho que isso surgiu naturalmente em nossa música, pela maneira como vivemos e vemos o mundo. Pessoalmente, acho que há algo muito bonito em viver uma vida simples, permitindo espaço para as coisas mais importantes que surgem em nosso caminho. Você já conhecia o trabalho do Bruno Martini? Como foi ter suas músicas remixadas por ele? Eu nunca tinha ouvido falar dele antes, mas foi incrível tê-lo trabalhando na música. É definitivamente um estilo diferente do que normalmente lançamos, mas foi legal ter esse sabor diferente adicionado à música e ter alguém local do Brasil trabalhando nela porque realmente queremos construir nossa base de fãs lá. Você conhece outros músicos brasileiros além de Bruno Martini? Na verdade, não conhecemos muitos artistas brasileiros. Talvez precisemos de algumas recomendações. No entanto, alguns anos atrás, nos deparamos com uma artista do Brasil chamada Mariana Nolasco. Ela tem uma voz incrível e lançou uma música em inglês que tornou um pouco mais fácil para nós entendermos. A pandemia forçou Hollow Coves a cancelar sua primeira visita ao Brasil. Ainda estamos dentro do cronograma? Vocês planejam se apresentar aqui em breve? Nada planejado, infelizmente, mas espero que o mais rápido possível. Estamos apenas esperando a oportunidade certa e um promotor local para nos ajudar a chegar lá.

Entrevista | Blanca – “A música se tornou uma extensão deles para mim”

A cantora nova-iorquina de ascendência porto-riquenha Blanca está se preparando para um dos lançamentos mais importantes de sua trajetória. Após emplacar sucessos como Worthy, ao lado do ícone do reggaeton Yandel, a artista tem revelado uma nova fase em sua carreira, marcada por liberdade criativa, influências nostálgicas e um forte reencontro com suas raízes. O próximo álbum já teve três amostragens: Worthy, Are You Ready, que mistura batidas de drill, energia pop e sample de uma clássica canção gospel, e This Won’t Take My Praise, com Taylor Hill. Em entrevista para o Blog n’ Roll, Blanca contou que essa fusão de estilos é reflexo direto de sua trajetória pessoal e espiritual, uma ponte entre sua infância nos corais da igreja e as referências mais atuais do hip hop e da música urbana. A nova sonoridade, aliás, não veio por acaso: Are You Ready viralizou ainda durante o processo de gravação, quando um trecho postado nas redes sociais alcançou mais de um milhão de visualizações antes mesmo da faixa estar finalizada. “Foi uma loucura”, lembra Blanca, ao comentar a força que a música ganhou nas redes antes mesmo de ser oficialmente lançada. A recepção do público serviu como combustível para o projeto que está por vir. Diferente de seus trabalhos anteriores, que muitas vezes nasceram de momentos difíceis, o novo álbum de Blanca parte de um lugar de paz, autoconhecimento e gratidão. “Foi desafiador compor sem uma dor ou perda grande como pano de fundo”, explica. “Mas foi incrível descobrir que também posso criar a partir de um lugar de totalidade.” Confira a entrevista completa com Blanca abaixo. Seu novo single, Are You Ready, tem batidas de hip hop, energia pop e corais. Como surgiu a ideia dessa combinação sonora e qual foi sua inspiração para a faixa? Eles meio que andam de mãos dadas, a inspiração e o som, porque a inspiração por trás disso foi uma música que cresci ouvindo, quando comecei a ir à igreja, havia uma música gospel, um artista que amava chamado Fred Hammond, então em Are You Ready, nós sampleamos uma de suas músicas, Let the Praise Begin, e tentamos mesclar um novo som de drill beat e coisas que são realmente populares agora com esse som gospel da velha escola e foi isso que criamos. O que amo em Are You Ready é que é como se parecesse nostálgico para mim, como mesclar esses dois mundos de quem sou agora e como comecei minha jornada de fé.  Antes mesmo do lançamento, Are You Ready já estava viralizando nas redes sociais. Como foi acompanhar essa recepção antecipada do público?  Foi uma loucura, nunca tinha experimentado nada assim, era muito novo para mim. Postei um clipe enquanto estava no estúdio gravando, então a música nem estava finalizada, como se estivéssemos literalmente escrevendo pela primeira vez, e aquele clipe tinha mais de um milhão de visualizações. Minha reação foi: ‘meu Deus, o que vou fazer, a música não está pronta, nem limpamos a amostra‘. Demorou um pouco para realmente lançar a música, mas foi uma experiência tão encorajadora. Foi legal ver que, a partir de uma obra de arte que acabei de criar no estúdio, as pessoas se conectariam a ela tão rapidamente e de uma forma tão grande. Blanca, você tem uma trajetória marcada por músicas que trazem mensagens de esperança e resgatam suas raízes. Como esse novo álbum reflete sua jornada pessoal e artística até aqui? Acho que é como uma expressão contínua do que já compartilhei, mas de uma nova maneira, com base nas coisas que estou vivenciando na minha vida agora. Acho que a maior parte foi que muitas das minhas músicas vieram de um lugar de perda e de um lugar quase como uma dor de cabeça e um trauma, então este álbum foi muito difícil porque me encontro em um lugar onde não há uma grande situação que tenha acontecido que tenha sido super difícil. É apenas um pouco mais de paz, então como posso criar música a partir deste lugar? Foi muito legal nesse sentido do próximo álbum ser de um lugar de quase totalidade e me descobri ainda mais, músicas de gratidão, liberdade, coragem e amor. Isso foi novo para mim, como estou acostumado a escrever muito sobre dor, foi legal ter essa perspectiva de escrever de uma perspectiva diferente da que estou acostumada, é uma extensão das coisas que já escrevi, na mesma linha, mas meio que mostrando um ponto de vista diferente.  Seu último grande sucesso, Worthy, teve uma colaboração com Yandel, um ícone do reggaeton. Podemos esperar mais parcerias desse tipo no seu próximo álbum? Neste próximo álbum tenho algumas colaborações de artistas que realmente amo, são apenas três ou quatro, mas estou muito animada para compartilhar isso com vocês. Também espero fazer mais músicas em espanhol, como a colaboração que fiz com Yandel. Quero que isso tenha sido uma porta aberta para mais música que viria em espanhol.  Recentemente, você retornou a Porto Rico para um show intimista. Como foi essa experiência e qual a importância de manter essa conexão com suas origens? Isso significa tudo para mim porque é uma parte tão grande de quem sou, compartilho isso muito, mas perdi meus pais e eles eram descendentes de porto-riquenhos, então é como uma parte tão grande de mim que não consigo compartilhar com frequência porque não os tenho aqui. Claro que tenho minhas tias e tios, mas é diferente de sua família imediata e conseguir compartilhar essas coisas que são suas raízes que criam o tipo de cultura em que você vive. Então a música se tornou uma extensão deles para mim, quando canto músicas em espanhol, quando visito Porto Rico ou consigo me conectar com esse lado das minhas raízes, sinto que estou conectado aos meus pais, isso tem um grande significado. Você vai me fazer chorar. Com uma base de fãs tão engajada e números impressionantes nas plataformas, quais são seus próximos passos e o que os fãs podem esperar de