Entrevista | Feng Suave – “Luxos são prejudiciais para a sociedade e natureza”

De Amsterdã, na Holanda, vem uma das mais gratas surpresas dos últimos anos, o duo Feng Suave, formado por Daniël Schoemaker e Daniël de Jong. Seguindo uma linha que transita entre o soul dos anos 1970 e chega ao indie pop moderno, mas antes passando pelo psicodélico e a bossa nova, eles já estão em seu terceiro EP, So Much For Gardening, lançado no fim de agosto. As quatro canções de So Much For Gardening evitam um único humor ou narrativa coletiva e, em vez disso, cada uma assume um tema próprio. Unweaving the Rainbow Forever é uma alusão divertida à catástrofe ambiental em curso, enquanto Come Gather ‘Round examina a ganância capitalista. Show Me torna as coisas mais lentas, contando uma história de dor emocional individual intransponível, enquanto Tomb For Rockets é, de acordo com a dupla, “meio que tudo isso acima, e meio que apenas uma canção de amor”. Com mais de 150 milhões de streams acumulados, Daniël Schoemaker e Daniël de Jong conversaram com o Blog n’ Roll, via Zoom, sobre o novo EP, o curioso nome da dupla, entre outros assuntos. Confira abaixo. Primeiramente, não tem como não falarmos sobre a origem do nome Feng Suave. Como surgiu esse nome? Claramente não são palavras da língua inglesa, mas a gente pronuncia da forma como lemos. O Suave nós pegamos do português. Eu vou muito a Portugal, e há alguns anos bebi uma garrafa de champanhe suave, e gostei da palavra, ainda mais quando vi o significado. Já o Feng, que na verdade se pronuncia “fong”, significa vento em mandarim. Então, começou como uma brincadeira e se tornou o nome da banda. Se a gente traduzir, fica Vento Suave, o que não é um nome ruim (risos). Como foi o processo de gravação de So Much For Gardening? A pandemia atrapalhou de alguma forma? A pandemia, por sorte, não atrapalhou o processo de gravação. Basicamente, eu e o Dan fizemos as demos no computador, depois fomos até o estúdio de ensaio com a banda inteira e demos vida às demos. Gravamos tudo ao vivo para ser mais orgânico, com todos os instrumentos sendo tocados ao mesmo tempo. Foi um processo muito bom e muito agradável, principalmente por não termos precisado ficar presos cada um em seu laptop por semanas, como geralmente é. Foi bem legal estar no mesmo ambiente que a banda, tocando e fazendo música. O que mais o inspirou no processo de composição? Não existe um tema específico nas músicas. Cada uma foi inspirada em alguma coisa diferente. Por exemplo, um dos nossos singles surgiu de quando fui ao zoológico. Eu estava passando pela rua, em Amsterdã, e vi alguns animais de longe, e comecei a pensar o quão insano era ver aqueles animais ali. Aqueles animais não deveriam estar a cinco minutos de um supermercado no meio da cidade. É doideira. Foi um acontecimento que me inspirou. É nítido que o Feng Suave consegue trabalhar muitas influências na sonoridade, entregando algo original. O que vocês têm escutado? Nós pegamos influências de artistas dos anos 1960 e 1970, além de artistas contemporâneos que fazem esse tipo de música. Eu gosto muito de bossa nova, folk rock americano. Gosto dessas músicas de compositores clássicos. Você citou a bossa nova com uma das influências. Vocês escutam artistas brasileiros? Com certeza! Acho que a língua portuguesa é ótima para se cantar. Gosto muito de Caetano Veloso, Erasmo Carlos, Gal Costa… eu estava escutando Que Pena (com Jorge Ben Jor e Gal Costa) hoje mesmo. Acho brilhante como o Brasil tem gêneros musicais únicos e completos. Amo o fato de vocês serem uma nação bem musical. Come Gather Round, uma das faixas do EP, traz uma crítica forte e necessária. Fale um pouco sobre essa canção. Essa é uma pergunta muito boa, porque é fácil criticar algo e não ter uma solução para isso. Obviamente, uma música não é a melhor mídia para esse tipo de crítica. Eu estava com um pouco de medo de fazer uma música criticando sem dar nenhuma solução. Eu não tenho uma, inclusive. Mas, no geral, acho que a riqueza do mundo é mal distribuída, e isso é inaceitável. Há muita riqueza desnecessária também. Luxos que são prejudiciais para a sociedade e para a natureza. Além disso, também é ruim ver como a sociedade é imprudente e gasta recursos naturais sem dó. Não tenho uma grande solução. Acho importante taxar riquezas para ajudar a acabar com a pobreza. So Much For Gardening traz uma vibe tranquilizante. É o EP certo para muitas atividades relaxantes. Era essa a proposta da Feng Suave? Esse é o sentimento. Eu gosto quando a música soa bem. É importante fazer com que a música tenha efeito positivo em quem está escutando. Adoro caminhar, pedalar e dirigir ouvindo música, e é isso que quero adicionar no mundo, sabe? Também adoro explorar os contrastes de ter uma melodia legal e uma letra que não seja só sobre amor ou coração partido. Aliás, gosto de explorar essas outras coisas, como os animais no zoológico ou os problemas do capitalismo.
Superego, projeto paralelo do baixista do Tagore, lança EP

O multi-instrumentista, compositor e produtor João Felipe Cavalcanti, co-fundador e baixista da banda Tagore, lançou na sexta-feira (20) o EP de seu projeto experimental Superego. Em Nostalgia, o músico utiliza sintetizadores, baixo, guitarra e bateria eletrônica para criar uma mistura sofisticada que flutua com leveza entre o jazz e o lo-fi. As cinco faixas instrumentais, todas de sua autoria, também foram produzidas e mixadas por João Felipe. Um dos destaques do EP está na ficha técnica, que traz a ilustre presença de Benke Ferraz, do Boogarins, que finalizou o processo de edição e cuidou da masterização. João Felipe gravou tudo sozinho num estúdio montado em sua casa. Suas referências vão desde o rock dos anos 60 ao jazz e hip hop. “Embora o som do Superego avance por caminhos diferentes, The Doors vai ser sempre uma referência fundamental pra mim. E também Beatles, Bill Evans, Shuggie Otis; isso tudo me influencia bastante”, comentou. Em contraste com seu trabalho no Tagore, o EP explora estilos que se afastam do rock, como explica João. “A música possui diversas funções e abordagens, pode ser para dançar ou para dormir. No projeto Superego, procuro explorar o poder da música como elemento relaxante, como lounge, chill-out e jazz. Um bom exemplo disso é a faixa-título”, finaliza. Nostalgia é um lançamento do selo Estelita e já está disponível nos principais aplicativos de música.
Sensação indie americana, Hippo Campus divulga EP Good Dog, Bad Dream

A banda norte-americana de indie rock Hippo Campus lançou o EP Good Dog, Bad Dream, via Grand Jury Music. O EP mostra o quinteto de St. Paul, Minnesota, em sua forma mais honesta e vulnerável até o momento, com cinco faixas catárticas tingidas de confissões e humor absurdo. Junto ao disquinho, o grupo também revelou o videoclipe de Sex Tape, que foi dirigido por Joe Pease. Sobre o single, a banda explica que Sex Tape é sobre um personagem de Minneapolis com quem os integrantes costumavam sair. Aliás, a partir disso, eles criaram uma música muito improvisada. “É uma música ridícula. Há muitos casos em que você pode apenas sentir os verões de Minnesota na música ou a vibe de The Boys are Back in Town. É também sobre a ideia de como essa pessoa tomou um caminho diferente do nosso, como se nossa educação não fosse tão diferente, mas eu pude ver totalmente como eu poderia ter trilhado esse caminho divergente e me tornado o mesmo tipo de pessoa. Estou meio que interrogando como pude terminar assim”. Sex Tape segue o lançamento do single Bad Dream Baby. O vídeo dá aos fãs uma amostra do ao vivo da banda, que rendeu mais de 100 mil ingressos vendidos apenas nos Estados Unidos em sua última turnê pré-pandemia, incluindo ingressos esgotados no Terminal 5 de Nova York e no NOVO de Los Angeles. A Hippo Campus é composta pelos vocalistas/guitarristas Jake Luppen e Nathan Stocker, o baterista Whistler Allen, o baixista Zach Sutton e o trompetista DeCarlo Jackson. Desde o início como amigos do colégio em 2013, o quinteto continuou a crescer. O catálogo do Hippo Campus acumula mais de meio bilhão de streams. Eles também ganharam posições de destaque em festivais como Bonnaroo, Lollapalooza, Governors Ball, Reading e Leeds e muito mais.
Hibalta mostra fases de um relacionamento em novo EP

Sobre Nós, primeiro grande trabalho da banda Hibalta, conta com cinco músicas autorais, sendo duas delas inéditas, que mostram as fases de um relacionamento. O EP chegou nesta sexta-feira (6) em todas as plataformas digitais. Segundo o integrante e compositor da banda, Matheus Rosa, as músicas foram escritas em momentos diferentes, apesar de conversarem bastante entre si, todas falam sobre relacionamentos. As músicas Te Ver Partir, O Que Sobrou de Nós e Remissão são inspiradas no rock nacional, como Fresno, que é uma das maiores inspirações da banda. Enquanto Dois em Um tem inspirações dos gêneros pop e folk. Por fim, Estro, que foi a última música a entrar no EP, fala sobre inspiração, como uma pessoa inspira a outra a ser alguém melhor. Além disso, será a única música de Sobre Nós que terá videoclipe. “O clipe mostra bem quem é a gente , embora algumas músicas sejam bem dramáticas, sobre fim de relacionamento. O clipe mostra bem quem é a Hibalta, a gente é sempre bem descontraído, costuma brincar bastante quando se encontra, e as pessoas podem esperar isso do clipe”, comentou Matheus Rosa. O compositor também contou sobre as suas inspirações para escrever, que vem de um pouco da sua vivência, mas também de tudo que ouve, e vê. Desde músicas, histórias de filmes, ou até mesmo uma conversa com alguém, tentando trazer sempre o cotidiano para dentro das músicas. Mesclando ideias e melodias distintas, a banda colocou um pouco de cada integrante para mostrar ao máximo quem é a Hibalta, já que é o primeiro grande trabalho autoral, como uma apresentação. “O EP é nosso primeiro grande trabalho. Então, é uma grande realização para nós, como banda e músicos. Estamos muito felizes por mostrar mais ainda o nosso trabalho”, refletiu o compositor. Processo da Hibalta durante a pandemia Pouco antes do isolamento social começar, a Hibalta estava fazendo diversos shows, e abrindo apresentações de grandes bandas, como Lagum e Fresno. Com a pandemia, a banda ficou sem fazer show, e consequentemente sem a sua fonte de renda, portanto tiveram que tirar do próprio bolso para conseguir fazer as gravações dos EP. Entretanto, Matheus conta que os principais desafios foram a pré-produção, a produção e as gravações, pois não podiam se encontrar para ensaiar, então tiveram que ir criando cada um na sua casa, e aos poucos foram conseguindo ajustar. A banda espera que tudo volte ao normal, pelo menos no começo do ano que vem, e que eles possam retornar de onde pararam, e não precisem dar um passo para trás. Expectativas e sonhos “As nossas expectativas são as melhores possíveis, a nossa principal ideia é voltar a fazer show, e também que as nossas músicas possam rodar bastante, que a gente consiga tocar na rádio, e quem sabe tocar na TV”, reflete Matheus Rosa. Os maiores sonhos da banda é daqui alguns anos conseguir viver de música, fazendo shows e podendo rodar pelo Brasil, tocando em grandes festivais junto com grandes bandas. Para um futuro próximo, a Hibalta já tem algumas músicas prontas que pretendem lançar daqui alguns meses, mas por enquanto o foco está no EP Sobre Nós.
Com álbum previsto para novembro, Ney Matogrosso lança EP no dia de seu aniversário

Ney Matogrosso comemora 80 anos com o lançamento de um EP prévia do novo álbum Até pelo menos meados dos 1980, era hábito entre os artistas da música brasileira reservar um período do ano para percorrer, cidade por cidade, todo o interior de São Paulo. Cantor, músicos e equipe técnica entravam em um ônibus e passavam um mês dentro dele, algumas vezes até mais do que isso. Estacionavam de manhã na primeira cidade, a equipe ia direto para o teatro montar cenário e equipamento, passavam o som à tarde, o show acontecia à noite. Público saciado, iam para o hotel dormir. De manhã, entravam de novo no ônibus rumo à próxima parada. A imagem é mais ou menos aquela, muito clássica, que vemos em filmes sobre o período dourado da música – e que gerou a expressão “na estrada”, de tom tão poético que é usada até hoje, quando as turnês são quase sempre aéreas. Canção de Caetano Veloso lançada no LP Outras Palavras (1981), Nu Com a Minha Música é um registro fiel daquelas viagens pelo interior paulista, um retrato de força visual tão potente que quase transforma som em cinema e nos carrega junto na viagem. EP de Ney Matogrosso chega com quatro faixas Hoje, todavia, 40 anos depois, Nu Com a Minha Música se torna o nome do novo trabalho de Ney Matogrosso, que é entregue ao público em duas etapas. Posteriormente, um álbum completo, de 12 faixas, com lançamento marcado para novembro. Mas antes, neste domingo (1º), mesmo dia em que o artista completa 80 anos, chega às plataformas de música um EP homônimo antecipando um terço de suas faixas. Concebido por Ney Matogrosso durante a pandemia, o projeto tem produção musical dividida entre quatro nomes com quem o intérprete vem trabalhando nos últimos tempos: Sacha Amback, Marcello Gonçalves, Ricardo Silveira e Leandro Braga. Cada produtor usa formações e bandas diferentes. Ney tem nítidas as memórias de estrada que Caetano descreve tão bem. Lembra especialmente da turnê do LP Bandido (1976), nos primeiros anos de sua carreira solo, quando percorreu justamente esse circuito pelo interior paulista. Na nova gravação, a canção ganha divisão rítmica mais acelerada sob a produção de Marcello Gonçalves. Marcello toca o violão de sete cordas e assina o arranjo, que conta com Anat Cohen (clarinete), Marc Kakon (bouzouki) e Joca Perpignan (percussão). Em resumo, todo o repertório do álbum foi pinçado em um baú especialíssimo, que Ney cultiva desde sempre. Ademais, vale destacar que são músicas que o artista conheceu na voz de outros intérpretes e que o atingiram de imediato, não fazendo diferença se tenham vindo do repertório anos 1960 da Jovem Guarda ou do álbum mais recente de um compositor da novíssima geração. Canções guardadas no baú por décadas Em alguns casos, a canção pode ficar guardada no baú por décadas até que chegue o momento ideal de ser incluída em um álbum ou um show. O importante é que, quando regravada, ela ajude a fundamentar o texto, o discurso, o roteiro planejado por Ney para aquele trabalho específico. O álbum Nu Com a Minha Música, portanto, pode ser compreendido também como um álbum de memórias – bem antigas e muito recentes – a formar um quadro muito contemporâneo. Peças recolhidas “na estrada, embaixo do céu” nesses 50 anos de carreira musical de Ney Matogrosso, mas que, no roteiro imaginado pelo artista, fazem muito mais sentido hoje do que poderiam fazer em qualquer outro tempo. Com arranjo de piano e violoncelo criado por Sacha Amback, Mi Unicornio Azul revela-se absolutamente atual, sobretudo pelo discurso. A música foi escrita por Silvio Rodríguez em 1982 e lançada no álbum En Vivo, que o autor dividiu no mesmo ano com Pablo Milanés – como ele, um expoente da Nova Trova Cubana. Os versos aparentemente surrealistas parecem ocultar uma mensagem homoerótica, de um amor vivido (e proibido) entre dois homens, algo impensável em Cuba e naquele período. O unicórnio, como se sabe, é um símbolo ligado ao imaginário gay. Ney ouviu a canção ainda no início dos anos 1980, ao vivo, em uma apresentação de Rodríguez e Milanés no Canecão, no Rio. Novo EP de Ney Matogrosso tem sons “recentes” Três décadas mais nova é Se Não For Amor, Eu Cegue. Ney Matogrosso conheceu essa parceria de Lenine e Lula Queiroga em Angra dos Reis, na casa de José Maurício Machline. O empresário costuma receber seus convidados para festas animadas, sempre com muita música. Em algum momento da tarde, no entanto, o shuffle do som os levou à gravação original de Lenine, lançada no álbum Chão (2011). Por fim, Ney teve que interromper os passos de dança do anfitrião: “Zé, que música é essa? Ele está dizendo ‘se não for amor, eu cegue’? É isso mesmo? Quero gravar isso”. Mais uma para o baú que viria à tona agora. O arranjo que Ricardo Silveira preparou para a versão de Ney Matogrosso tem Renato Neto no piano, Claudio Infante na bateria, Zero na percussão e Liminha no baixo. Contudo, a mais antiga entre as quatro faixas do EP é também a mais conhecida. Com letra de Paulo Coelho, Gita é um clássico absoluto do repertório de Raul Seixas. Aliás, o clima épico da versão original é mantido aqui, sob a produção de Leandro Braga, que também toca o piano. Leandro criou um grandioso arranjo de sopros e cordas. Aliás, Ney manteve inclusive a fala de Raul na introdução: “Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando/ Foi justamente num sonho que Ele me falou”. Parceria com Raul Vale lembrar, Ney Matogrosso já tem um belíssimo histórico como intérprete de Raul. Anteriormente, em 1977, quando selecionava repertório para o LP Pecado, Ney procurou o Maluco Beleza em busca de novidades. Como resultado, acabou regravando Metamorfose Ambulante – e sua versão é tão ou mais representativa do que a do próprio autor. Logo em seguida, Raul foi atrás de Ney, levando na sacola uma demo de Mata Virgem. A música entraria, poucos anos depois,
Baiana Gabi Lins lança EP de estreia, Ultrarromântica

A baiana Gabi Lins lançou nesta sexta (30) seu primeiro EP, Ultrarromântica. Cantando os desprazeres de um relacionamento tóxico, a cantora completa o trabalho com quatro faixas: Onde Há Fumaça Há Fogo, Fruta Estragada e Pura Imaginação e a inédita Rosé, que fecha a história do debute EP e também chega acompanhada de videoclipe. Com referências que transitam entre Beyoncé, Rosalía, Duda Beat e Ivete Sangalo, Gabi Lins apostou no segundo período do Romantismo, que ocorreu na segunda metade do século 19 como o principal conceito do EP. Com características como escapismo, ironia, sentimentos em contraste e pessimismo, a cantora e compositora achou o elo entre as músicas no período da literatura Ultrarromântico. Sobre as expectativas de seu primeiro trabalho finalizado, Gabi comenta: “As minhas expectativas já foram atingidas com os lançamentos dos três primeiros singles. Eu tô muito feliz com a repercussão porque eu consegui pessoas que me admiram, que admiram o meu trabalho e que respeitam o meu processo artístico. Isso já foi o suficiente! Eu quero mesmo tocar as pessoas, a minha única expectativa é essa. Tocar as pessoas de uma forma que elas se identifiquem e que elas se curem através da dor colocada ali na música”. A faixa Rosé, que dá o toque final ao EP, é o quarto ato do Ultrarromântica, levantando de uma forma implícita o escapismo que algumas pessoas utilizam para fugir de relacionamento tóxico: o álcool e o vício. A cantora usou essa temática justamente para que o assunto não fosse tratado de uma forma romantizada e sim para ser analisado de um jeito real. Gabi Lins, assim como muitos artistas, produziu seu EP em meio a pandemia e teve a arte como forma de resistência. Referente ao processo de criação e inspiração, a cantora deu mais detalhes. “O processo de criação para o álbum foi muito bacana e eu fiquei muito feliz com ele porque é o meu primeiro disco. Foi algo muito novo, eu ainda estava me descobrindo na música e tenho a sensação de que acertei, então essa sensação deixou o projeto e o processo mais especial. Além disso, eu estava na época de pandemia, fechada em casa e eu tinha arte como consolo. Então, isso com certeza me serviu de inspiração muito grande também”. O álbum relata todas as fases de um relacionamento tóxico, começando pela ideia de mudar por alguém até o fim do relacionamento e a forma de escapar do que foi vivido. A cantora baiana se inspirou em suas próprias vivências para as composições e debate o empoderamento, vulnerabilidade e a superação que muitas pessoas precisam passar em alguns momentos da vida. Com músicas em sequência e apelo visual com videoclipe para todas as faixas, o primeiro álbum de Gabi Lins combina ritmos brasileiros com uma pitada de pop internacional.
Conheça G6 MC, rapper santista que está preparando o primeiro EP solo

Guilherme César Saldanha, 35 anos, mais conhecido como G6 MC, é rapper, compositor, desenhista, storyboarder e diretor de arte. Atualmente, mora em Santos e está para lançar o seu primeiro EP solo intitulado The Real Game. “Eu tô indo pra cima, sem abdicar da minha responsabilidade. Eu gosto de abrir a visão das pessoas, gosto de gerar reflexões e pensamentos, de fazer a mente do próximo funcionar”. Ele afirma que apesar de gostar do rap de mensagem, também gosta de abordar em suas letras diversos assuntos. “Sou abrangente, falo sobre coisas poéticas, sacanagem, amor, letras que passam a visão. Não tenho uma limitação, gosto da abrangência e versatilidade”. O EP solo conta com a produção de peso do Velho Beats e trará uma faixa assinada por Max Pontes, um dos grandes produtores musicais da Baixada Santista. Cada faixa do EP The Real Game terá um clipe, que segundo G6 será lançado em drops. “Não vamos lançar as faixas de uma vez, e sim uma a uma, assim dá mais tempo de trabalhar. O primeiro vai sair mais para o final do ano”, afirma. Trajetória O rapper ainda está dando andamento ao projeto CYPHERFUNK dos 13 pelo Selo T13 RECORDS. O projeto reúne grandes nomes da velha guarda e da nova escola, contando com nomes de peso como Chiquinho CH (ex-dupla Chiquinho e Amaral), NB Emici, D3cker Boy, Criminal D, Dinho da VP, Kazuya, entre outros. G6 conta que escreve desde criança e sempre teve contato com a cultura hip hop por meio das músicas. “Sempre gostei. Funk e rap ouço desde moleque, desde que vim para a Baixada Santista. Eu morava em São Vicente, ouvia Facção Central, Racionais, usava ciclone, sempre fui o menino ‘rueiro’, vivia descalço, as quebradas viviam trocando tiro, no fim dos anos 90, começo dos anos 2000 …” Ele relembra que chegou a compor com o Chiquinho da dupla Chiquinho e Amaral, mas não lançava nada porque não se sentia confiante. “Eu sempre cantei bem, sempre fui muito eclético, cheguei a gravar algumas coisas em estúdio, mas não lancei nada, não tinha confiança”. Isso mudou em 2012, quando ele ao lado de outro MC fundou o grupo C.R.I.A.S da Baixada. E quando criou o clã de rap Território-13 ao lado de outros dois mc´s, que desde então reúne representantes de toda a região dando voz e espaço para novos e velhos talentos da cultura hip hop. Lições para a vida Em sua trajetória, G6 acabou indo para a prisão e leva isso como aprendizado para a vida. “Eu aprendi e me fortaleceu muito. Não arrisco me colocar nessa situação por nada, aprendi a engolir meus demônios e digerir por mim mesmo”. Após essa experiência, ele voltou mais forte e focado para dar andamento em seus trabalhos. Você pode acompanhar G6 MC e seus projetos pelas redes sociais, como Instagram e Youtube.
D’Maori lança EP celebrando 10 anos de carreira

Entrevista | Adam Duritz (Counting Crows): “Fico preocupado em encorajar aglomerações”

Em 1993, o Counting Crows estourou no mundo inteiro com o seminal álbum August and Everything After, que tinha como carro-chefe o poderoso hit Mr Jones. Nos Estados Unidos e em tantos outros países, a banda se manteve popular e com turnês marcantes. No Brasil, no entanto, foi recuperar o sucesso comercial apenas com Accidentally in Love, em 2004, que foi trilha sonora de Shrek 2. Agora, sete anos após o último disco de estúdio, Somewhere Under Wonderland, o Counting Crows retorna com o EP Butter Miracle, Suite One. A novidade veio acompanhada por um curta documentário. O vocalista Adam Duritz conversou com o Blog n’ Roll e Santa Portal sobre o novo trabalho, pandemia, futuro e Brasil. Confira o papo completo abaixo. Por que demorou tanto para lançar um material inédito? Eu só não estava afim de fazer uma gravação, então não estava escrevendo. A gente continuou tocando e viajando até 2019, que foi quando a gente parou um pouco pela primeira vez em anos. Mas, acho que fiquei um pouco saturado de lançar discos. Escrever e gravar são coisas bem diferentes de lançar um trabalho. Quando você escreve ou grava, você pode estar sozinho ou com seus melhores amigos, mas lançar um álbum precisa ter muita gente envolvida. Então, acho que estava tentando evitar isso por um tempo. Você sentiu que perdeu o interesse pela música nesse período? Eu não sei bem. Sei que foi algo importante para mim. Música sempre foi a coisa mais importante da minha vida, mas nos últimos anos foi ok não trabalhar tanto com música, porque outras coisas surgiram. Mas, acho que isso também me fez ter ainda mais prazer em trabalhar com música de novo. Eu amo esse EP mais do que qualquer outro trabalho nosso. São mais de 30 anos e ainda estamos produzindo bem, e isso significa muito para mim. Espero que o EP seja bom para as pessoas também, mas eu estaria mentindo se dissesse que fiz para elas. Música é o mundo para mim. O que você fez nesse tempo? Eu fui para a Inglaterra em 2019 e passei bastante tempo na fazenda de um amigo, e lá fiquei muito tempo sozinho. Foi aí que voltei a tocar piano pela primeira vez em alguns anos, e comecei a escrever algumas das canções do EP. Na medida em que fui escrevendo, percebi que as músicas estavam se encaixando, e a ideia de fazer uma série de músicas conectadas me animou bastante. Então, essa foi a primeira vez que me vi empolgado em escrever e gravar em um bom tempo. Aproveitei o momento e escrevi. O que notou de diferenças para a sua última gravação? Foi bem diferente, porque estávamos escrevendo músicas já com esse conceito de fazê-las fluírem umas com as outras. Gravando uma a uma, a gente terminava invadindo o começo da música seguinte para termos certeza da conexão entre elas. Só aí a gente parava. Sempre estávamos pensando em como elas se conectariam. O processo de gravação do Counting Crows foi atrapalhado pela pandemia? No começo, a pandemia não pareceu que atrapalharia tanto, porque estávamos quase terminando o EP. O plano era passar duas semanas em Nova York trabalhando ao máximo, e depois faríamos uma pausa de duas semanas para ficarmos com as famílias. E por fim a gente retomaria o trabalho com nossos dois guitarristas, porque só um deles participou da primeira parte. Mas, assim que terminamos as primeiras duas semanas, a pandemia chegou e a quarentena começou justamente na nossa pausa. Então, a gente tinha feito 85% do trabalho e ficamos presos. Então, eu liguei para o meu amigo Dave Drago para fazermos os back vocals, porque ele é um ótimo cantor, e eu amo o trabalho dele. Como foi esse período de isolamento social dos integrantes do Counting Crows? No começo, estávamos cada um preso em suas respectivas casas, mas ele (Drago) tem um estúdio, então conseguimos fazer os vocais pelo telefone. Finalmente, em julho, conseguimos fazer com que os guitarristas fizessem suas partes de casa no mesmo mês. Então, a pandemia nos atrasou, mas a maior parte já estava feita antes de tudo isso começar. O que o Counting Crows trouxe de inspirações para esse novo álbum? Acho que o álbum tem influências de bandas dos anos 1979, do início da carreira do David Bowie… mas não são coisas tão perceptíveis no EP. A influência que a banda teve não é necessariamente refletida nas músicas. Só é algo que invade sua cabeça quando você está trabalhando. E os impactos no lançamento? A pandemia fez vocês repensarem formas de divulgação? Vão conseguir excursionar? Eu tive que pensar muito em como entrar em turnê. Fui muito contra no início, porque mesmo com a vacinação nos EUA, não sabia se estaríamos prontos. Falei com muitos artistas, mas não consegui ter uma resposta exata, porque todos da indústria da música estavam tão empolgados em voltar a viajar que provavelmente não estavam pensando com clareza sobre o que precisava ser feito para ser seguro. Então, entrei em contato com amigos que trabalham na área da saúde e pedi para que me conectassem com oficiais de saúde, pessoas que só se importam de fato com a saúde pública, e eles me disseram que a queda de mortes e casos já tornava possível a volta de shows, mas que lugares abertos são muito mais seguros que os ambientes fechados. Como foi essa montagem de turnê do Counting Crows? Tentei guiar a montagem da turnê focando em locais abertos, tirando cidades que eu ainda não acho seguras da lista… A gente tinha marcado 22 shows em locais fechados, agora só temos seis, e são bem limitados a cidades conscientes sobre a vacinação, como Nova York. Mas, ainda não acho que seja a hora de tocar em outros países. Não por causa da banda, porque já estamos vacinados, mas fico preocupado em encorajar aglomerações em qualquer lugar do mundo. A Europa é ótima, mas é um conglomerado de países que ainda