Alceu Valença expressa suavidade na pandemia com Saudade

Saudade é a nova música de Alceu Valença, disponível nas plataformas a partir desta sexta (9). O single antecede o álbum digital, de mesmo título, com lançamento marcado para 23 de julho pela gravadora Deck. Gravada em voz e violão, a canção foi composta durante o período de quarentena na pandemia. Nesta toada, que remete ao melhor de seu cancioneiro, Alceu Valença expressa com suavidade e lirismo o espanto diante do medo, das desigualdades, das despedidas. “Saudade da estrada, saudade da rua”, canta o poeta andarilho, acostumado a fazer nas canções a crônica de suas caminhadas diárias pelas ruas do Rio de Janeiro ou do Recife, como em “Andar, Andar ou Pelas Ruas que Andei”. “Saudade de amigos como eu confinados / que mesmo distantes estão ao meu lado”, afirma o autor habituado à apoteose das multidões. “Respiro o agora / esqueço o passado, os meses as horas”, receita o compositor diante da prolongada quarentena que faz nossos relógios caminharem lentos. “Projeto um planeta mais civilizado / saúde e empatia sem pobres coitados”, sonha o poeta de uma nação solidária, que se renova em Saudade. Balanço da carreira de Alceu Valença Alceu Valença é considerado um dos mais importantes representantes da música nordestina, com canções de estilo próprio e muita poesia. Dois de seus sucessos, Anunciação e Tropicana, se destacaram no estudo realizado pelo Ecad (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) sobre a sua obra, em homenagem ao seu aniversário. O cantor e compositor pernambucano, que completou 75 anos no dia 1 de julho, tem 298 canções e 620 gravações cadastradas no banco de dados da instituição. Anunciação e Tropicana ficaram em primeira e segunda colocação, respectivamente, nos rankings das músicas de Alceu Valença mais gravadas por outros intérpretes e mais tocadas nos últimos cinco anos no Brasil. Neste período, mais de 65% dos rendimentos em direitos autorais pela execução pública de música destinados ao cantor foram referentes aos segmentos de shows, música ao vivo e TVs.

Entrevista | Andi Deris (Helloween): “Vai ser um recomeço para a música”

*Desde que lançou o seu último álbum de estúdio, My God-Given Right (2015), o Helloween surpreendeu os fãs com uma série de novidades. A mais impactante delas foi a Pumpkins United World Tour, que trouxe Kai Hansen e Michael Kiske de volta ao lineup. A super reunião rendeu duas passagens pelo Brasil (2017 e 2019) e um álbum ao vivo. Agora, a banda alemã consolida de vez essa formação com a estreia do disco homônimo, lançado na última sexta-feira (18). Vocalista do Helloween desde 1994, Andi Deris conversou via Zoom com o Blog n’ Roll. Na pauta, o novo álbum, turnê com o Hammerfall e Brasil. Descontraído e fumando um charuto durante a entrevista, Andi se mostrou extremamente divertido e chegou a brincar que entendia tudo que era dito em português, mas só conseguia arriscar uma conversa em espanhol. Com pandemia no meio do processo de preparação do novo álbum, qual foi o grande desafio do Helloween para tirar o disco do forno? Nós começamos a gravação bem antes da pandemia. Lembro que quando a pandemia chegou aqui, nós já estávamos preparando a mixagem. Quase tudo já estava gravado, só faltou uma parte do Michael, que precisou ir até o estúdio com uma autorização para circular durante o lockdown. Não tivemos problema, justamente porque estava quase tudo terminado. A única questão foi que eu e nosso produtor teríamos que viajar para Nova York para a mixagem, mas os Estados Unidos fecharam as fronteiras, então tivemos que encontrar uma solução, que foi a internet de fibra ótica. Felizmente, tenho uma internet muito boa aqui no meu estúdio, e em Nova York eles tinham a mesma conexão, e isso facilitou demais o processo. Tínhamos apenas 0.1 milissegundos de delay. Foi fantástico, parecia que estava lá. Reunir o lineup da Pumpkins United rendeu o resultado esperado? Isso é algo que já pensávamos fazer (um álbum para os fãs de todas as fases da banda), mas que você só percebe que deu certo quando está tudo pronto. Acho que fizemos um bom trabalho. Tivemos que fazer canções que se conectassem com os anos 1980, outras com os anos 1990, outras com os trabalhos menos antigos, e além disso também tivemos que construir as pontes entre essas músicas. Às vezes você faz um álbum e nem tudo sai como você espera, mas nesse tudo aconteceu de forma muito suave. Dizem que cozinhar demais queima a comida, mas dessa vez valeu a pena planejar com calma, porque a opinião de todos importou demais. Trabalhando com músicos tão bons fica mais fácil de alcançar esses sonhos. Além disso, os produtores também fizeram um trabalho muito bom para que o álbum fosse coerente. A escolha dos singles que antecederam o álbum parecem pensadas com muito cuidado, justamente para mostrar a força do lineup atual. Como foi feita a definição? Skyfall era um single um pouco óbvio para nós. É uma música longa, tem o Michael Kiske, que os fãs queriam tanto voltar a escutar… então foi a escolha perfeita para abrir o álbum. E Fear Of The Fallen foi, para mim, a melhor escolha para mostrar que: “olhem, aqui estão Michael e Andi em uma música que combina as gerações da banda”. É uma faixa muito completa e bem construída, que combina nossa história e passeia pelas décadas do metal. Uma música para todos, muito rica. O que você tem escutado ultimamente? De alguma forma impacta no trabalho de vocês? Eu sou muito aberto para ouvir qualquer coisa que me interesse. Então, estou sempre procurando por temperos musicais, como sons, arranjos, e até novas bandas. Não fecho meu ouvido para nada que seja novo. Acho que todos que têm um sonho merecem ser ouvidos. Passei por isso no começo e sei como é. Sou um artista curioso e gosto de entender o que é novo. Escuto duas, três vezes, até entender o conceito e aprender. E isso me ajuda a evoluir também. Claro que isso não faz com que eu mude as características da nossa banda, mas me dá pequenos temperos para apimentar cada vez mais nossa música. E acredito que nosso novo álbum seja especial justamente por combinarmos três décadas de metal e usando elementos novos. Voltar aos palcos e embarcar em turnê com o Hammerfall. Existe cenário melhor? Como chegaram na definição para a escolha deles? Hammerfall é uma banda de grandes amigos. Eles gravaram mais de um álbum no meu estúdio, já fizemos shows juntos e nos conhecemos há uns 15 anos. Então, é natural que você convide uma banda que tem uma boa relação para uma turnê. E é a primeira vez que vamos fazer uma turnê com ele. Na turnê que faríamos ano passado e foi atrapalhada pela covid, eles não poderiam participar porque estavam com a agenda cheia. Além disso, nossas agendas nunca bateram. Mas dessa vez vai dar certo, até porque todos os artistas estão com tempo nessa época. “É como se o safety car estivesse na pista da Fórmula 1. Todos estão com tempo para se ajeitarem até que a largada seja dada novamente. Vai ser um recomeço para a música”. Andi Deris, vocalista do Helloween Estou muito ansioso, mas sou supersticioso. Não gosto de demonstrar. Bato na madeira e torço para dar certo (risos). Não dá para prever as coisas. Não sei como é a real situação da covid atualmente, porque sabemos que sempre há questões políticas por trás. Na Alemanha, por exemplo, os números são maiores que no ano passado, mas as pessoas estão todas nas ruas. Não dá para entender bem, parece que tudo é um instrumento. O Helloween coleciona turnês bem sucedidas pelo Brasil. Tem alguma mais especial para você? Por que? Provavelmente, minha melhor memória é da minha primeira vez no Brasil, até porque a primeira é sempre a mais marcante. E, no caso, foi algo enorme. Foi em 1996, quando teve o Monsters of Rock em São Paulo. Se não me engano, o Megadeth estava escalado para o festival, mas eles tiveram um

Entrevista | Bryan Giles (Red Fang): “são músicas boas para quem está mal-humorado”

Cinco anos após Only Ghosts, o Red Fang está de volta com mais um ótimo disco de estúdio. Arrows, o quinto álbum da carreira, saiu no início de junho. Aliás, será a base da turnê da banda pelos Estados Unidos, após quase dois anos sem shows. Serão 29 shows em 32 dias, a partir de 15 de outubro, em Tacoma/WA. No entanto, antes, no dia 21 de agosto, fará uma apresentação em Las Vegas. O guitarrista e vocalista, Bryan Giles, conversou com o Blog n’ Roll sobre o processo de gravação de Arrows, pandemia, relação com os fãs, videoclipes divertidos e o carinho pelo Brasil. Confira abaixo. Como foi o processo de gravação de Arrows? Fizeram algo inusitado? Foi bom! Gravamos aqui em Oregon, e fizemos com o Chris Funk, que também produziu nosso primeiro e nosso segundo álbum. Eu me dou muito bem com ele e adoro a sensibilidade estética que ele tem. Ele se interessou em trabalhar conosco nesse álbum, então foi um processo bem natural. Nós gravamos as baterias em uma piscina. Foi estranho, mas deu certo (risos). Estava vazia, claro, e eu amei o resultado.  A pandemia atrapalhou de alguma forma os planos da Red Fang? Nós gravamos o álbum em outubro de 2019. A pandemia não atrapalhou. E dá para perceber que as músicas não têm nada a ver com esse momento (risos). O que os fãs podem esperar de Arrows?  Acho que são os mesmos músicos produzindo, e nós não mudamos nossa filosofia. Acho que fizemos o que gostamos, e todos nós gravitamos em torno de sons mais agressivos. Quando as pessoas escutam, elas reconhecem o som do Red Fang. Talvez esse álbum seja um pouco mais assustador que os outros, e eu gosto muito disso.  O Red Fang sempre é muito criativo e divertido em seus vídeos. Essa característica será mantida em Arrows? Acabamos de divulgar nosso segundo vídeo. É divertido lançar esse tipo de coisa, então com certeza faremos mais. Gravamos antes da pandemia também.  Como é voltar aos palcos após uma pandemia tão mortal? Nós temos uma turnê nos EUA marcada para outubro. Será a primeira vez que tocaremos para o público em um ano e meio, então estou bem animado. Imagino que não será exatamente a mesma coisa de antes, mas estou otimista para que todos estejam vacinados até lá e as pessoas possam tossir em público sem ser expulsas do local. Você acredita que as pessoas vão tirar lições da pandemia? Acredito que sim. Seres humanos estão acostumados a pisar nos próprios pés. Pessoas se preocupam com suas contas bancárias enquanto milhares estão morrendo. Estamos preocupados com o dinheiro, mas se o mundo está em chamas, não vamos ter onde parar nosso barco, porque todos estarão mortos.  As pessoas são rasas muitas vezes, e não veem a perspectiva de tudo. Acho que é possível que a humanidade melhore, mas imagino que o mundo fique ainda pior, infelizmente. Acho que uma grande porção da população não está nem aí. Se a gente pensar em mudanças climáticas… é complicado. Nos importamos com a nossa geração e não ligamos para a dos nossos filhos. Arrows é indicado para quem? Nós aproximamos o tom das faixas, e o álbum é muito coerente nisso. É uma experiência bacana de 43 minutos, porque é um álbum contínuo. Mas, em relação às músicas, acho que elas são boas para quem está mal-humorado (risos). Você costuma buscar bandas novas no streaming? Gosto de algumas bandas novas, mas dependo muito dos meus colegas de banda para conhecer novas bandas, porque geralmente eles me apresentam. Mas, não tem banda há mais de um ano (risos), estou meio perdido.  O que você lembra de divertido da passagem de vocês pelo Brasil, em 2018? Fizemos o Maximus Festival em 2018, e foi muito empolgante estar no Brasil. Foi bem legal conhecer as pessoas, e eu fiquei muito surpreso só de me chamarem para tocar no Brasil. A gente abriu para o Slayer em Porto Alegre, e aquilo me aterrorizou, porque os fãs de Slayer são assustadores. No entanto, foi um momento único, porque sou muito fã de Slayer e acompanho a carreira deles há muitos anos.  Mas, lembro que fiz uma tatuagem no Maximus Festival. Foi de graça, e me disseram que o tatuador não falava inglês (risos). Tentei falar espanhol, mas me disseram que não seria legal e eu só fiquei quieto (risos). Fiz uma caveira em alta voltagem, e ficou bem legal.

Entrevista | Adam Duritz (Counting Crows): “Fico preocupado em encorajar aglomerações”

Em 1993, o Counting Crows estourou no mundo inteiro com o seminal álbum August and Everything After, que tinha como carro-chefe o poderoso hit Mr Jones. Nos Estados Unidos e em tantos outros países, a banda se manteve popular e com turnês marcantes. No Brasil, no entanto, foi recuperar o sucesso comercial apenas com Accidentally in Love, em 2004, que foi trilha sonora de Shrek 2. Agora, sete anos após o último disco de estúdio, Somewhere Under Wonderland, o Counting Crows retorna com o EP Butter Miracle, Suite One. A novidade veio acompanhada por um curta documentário. O vocalista Adam Duritz conversou com o Blog n’ Roll e Santa Portal sobre o novo trabalho, pandemia, futuro e Brasil. Confira o papo completo abaixo. Por que demorou tanto para lançar um material inédito? Eu só não estava afim de fazer uma gravação, então não estava escrevendo. A gente continuou tocando e viajando até 2019, que foi quando a gente parou um pouco pela primeira vez em anos. Mas, acho que fiquei um pouco saturado de lançar discos. Escrever e gravar são coisas bem diferentes de lançar um trabalho. Quando você escreve ou grava, você pode estar sozinho ou com seus melhores amigos, mas lançar um álbum precisa ter muita gente envolvida. Então, acho que estava tentando evitar isso por um tempo. Você sentiu que perdeu o interesse pela música nesse período? Eu não sei bem. Sei que foi algo importante para mim. Música sempre foi a coisa mais importante da minha vida, mas nos últimos anos foi ok não trabalhar tanto com música, porque outras coisas surgiram. Mas, acho que isso também me fez ter ainda mais prazer em trabalhar com música de novo. Eu amo esse EP mais do que qualquer outro trabalho nosso. São mais de 30 anos e ainda estamos produzindo bem, e isso significa muito para mim. Espero que o EP seja bom para as pessoas também, mas eu estaria mentindo se dissesse que fiz para elas. Música é o mundo para mim. O que você fez nesse tempo? Eu fui para a Inglaterra em 2019 e passei bastante tempo na fazenda de um amigo, e lá fiquei muito tempo sozinho. Foi aí que voltei a tocar piano pela primeira vez em alguns anos, e comecei a escrever algumas das canções do EP. Na medida em que fui escrevendo, percebi que as músicas estavam se encaixando, e a ideia de fazer uma série de músicas conectadas me animou bastante. Então, essa foi a primeira vez que me vi empolgado em escrever e gravar em um bom tempo. Aproveitei o momento e escrevi. O que notou de diferenças para a sua última gravação? Foi bem diferente, porque estávamos escrevendo músicas já com esse conceito de fazê-las fluírem umas com as outras. Gravando uma a uma, a gente terminava invadindo o começo da música seguinte para termos certeza da conexão entre elas. Só aí a gente parava. Sempre estávamos pensando em como elas se conectariam. O processo de gravação do Counting Crows foi atrapalhado pela pandemia? No começo, a pandemia não pareceu que atrapalharia tanto, porque estávamos quase terminando o EP. O plano era passar duas semanas em Nova York trabalhando ao máximo, e depois faríamos uma pausa de duas semanas para ficarmos com as famílias. E por fim a gente retomaria o trabalho com nossos dois guitarristas, porque só um deles participou da primeira parte. Mas, assim que terminamos as primeiras duas semanas, a pandemia chegou e a quarentena começou justamente na nossa pausa. Então, a gente tinha feito 85% do trabalho e ficamos presos. Então, eu liguei para o meu amigo Dave Drago para fazermos os back vocals, porque ele é um ótimo cantor, e eu amo o trabalho dele. Como foi esse período de isolamento social dos integrantes do Counting Crows? No começo, estávamos cada um preso em suas respectivas casas, mas ele (Drago) tem um estúdio, então conseguimos fazer os vocais pelo telefone. Finalmente, em julho, conseguimos fazer com que os guitarristas fizessem suas partes de casa no mesmo mês. Então, a pandemia nos atrasou, mas a maior parte já estava feita antes de tudo isso começar. O que o Counting Crows trouxe de inspirações para esse novo álbum? Acho que o álbum tem influências de bandas dos anos 1979, do início da carreira do David Bowie… mas não são coisas tão perceptíveis no EP. A influência que a banda teve não é necessariamente refletida nas músicas. Só é algo que invade sua cabeça quando você está trabalhando. E os impactos no lançamento? A pandemia fez vocês repensarem formas de divulgação? Vão conseguir excursionar? Eu tive que pensar muito em como entrar em turnê. Fui muito contra no início, porque mesmo com a vacinação nos EUA, não sabia se estaríamos prontos. Falei com muitos artistas, mas não consegui ter uma resposta exata, porque todos da indústria da música estavam tão empolgados em voltar a viajar que provavelmente não estavam pensando com clareza sobre o que precisava ser feito para ser seguro. Então, entrei em contato com amigos que trabalham na área da saúde e pedi para que me conectassem com oficiais de saúde, pessoas que só se importam de fato com a saúde pública, e eles me disseram que a queda de mortes e casos já tornava possível a volta de shows, mas que lugares abertos são muito mais seguros que os ambientes fechados. Como foi essa montagem de turnê do Counting Crows? Tentei guiar a montagem da turnê focando em locais abertos, tirando cidades que eu ainda não acho seguras da lista… A gente tinha marcado 22 shows em locais fechados, agora só temos seis, e são bem limitados a cidades conscientes sobre a vacinação, como Nova York. Mas, ainda não acho que seja a hora de tocar em outros países. Não por causa da banda, porque já estamos vacinados, mas fico preocupado em encorajar aglomerações em qualquer lugar do mundo. A Europa é ótima, mas é um conglomerado de países que ainda

Entrevista | Charlie Starr (Blackberry Smoke) – “O sul que eu cresci tem uma bela cultura”

A região Sul dos Estados Unidos historicamente é lembrada pelo modelo da grande propriedade de terras e da monocultura. Ao contrário do que vigorou no Norte, o trabalho escravo com negros prevaleceu por lá. E isso explica muito da desigualdade presente na terra de republicanos e democratas até hoje. No entanto, a música sempre foi um fator muito positivo. O Blackberry Smoke chama a atenção para isso com o recém lançado álbum You Hear Georgia. Celebrando seu vigésimo aniversário como grupo este ano, Blackberry Smoke continua a incorporar o rico legado musical da Geórgia com sua nova gravação, honrando o povo, os lugares e os sons de seu estado natal. Com a parceria do produtor Dave Cobb (Chris Stapleton), amigo de Geórgia, You Hear Georgia faz homenagem ao profundo respeito da banda por suas raízes. “Não é muito sobre amar a Georgia, mas sobre a opinião que as pessoas têm de quem é do Sul dos EUA. É uma música feita para que as pessoas nos entendam. Nós amamos Georgia, tanto que nunca pensamos em mudar para Los Angeles ou Nova York. O Sul que cresci tem uma bela cultura, ótimas música, uma comida muito boa e pessoas incríveis”, comenta o vocalista e guitarrista Charlie Starr. “Não julgue um livro pela capa. Você não pode acreditar em tudo que lê. Essa é a mensagem da música”. Charlie Starr, vocalista e guitarrista do Blackberry Smoke Sem problemas com rótulos Questionado se o rótulo de southern rock incomoda, Starr disse não ter problemas em receber rótulos. “Eu não acho que isso nos incomode. Poder colocar rótulos nas coisas parece deixar as pessoas mais confortáveis para entender conceitos. Isso não incomoda a gente, ainda mais se as pessoas nos colocam como uma banda de southern rock por sermos livres. Porque todas as bandas do Sul, dos anos 1970, eram completamente diferentes, mas sempre livres em seus estilos”. O vocalista conta que o álbum é “sobre a vida”. Starr cita o single Ain’t The Same como uma das histórias marcantes transformadas em canções. “Essa é muito especial. É inspirada em um amigo meu que sofre de estresse pós-traumático. Ele passou por coisas muito difíceis, e isso me fez refletir sobre como ele enfrentou os problemas. E eu sei que muitas pessoas passam por isso, mas não conseguem ajuda e precisam tentar lidar sozinhos com os problemas. Ainda bem que existem muitas organizações que ajudam soldados que sofrem com isso. Foi daí que veio a ideia da música”. Diferentemente de muitas bandas, o Blackberry Smoke não teve grandes empecilhos para manter a produção intacta durante a pandemia. “Nós decidimos gravar em um local onde todos fossem se sentir confortáveis. E fizemos isso em um estúdio em Nashville. Foi bem tranquilo manter o distanciamento um do outro”. Sem Brasil, mas com shows nos EUA Agora, com a situação da pandemia já controlada no país, Starr celebra a possibilidade de excursionar pelos Estados Unidos. “Isso vai ser um desafio, mas nós temos feito shows. Estamos tocando em diversos estados dos EUA que já estão liberados. Muitas pessoas estão sendo vacinadas, os números estão caindo, e os públicos vão aumentando”. Starr, que cita Exile On Main St, do Rolling Stones, Physical Graffiti, do Led Zeppelin, e Rocks, do Aerosmith, como os grandes álbuns de sua vida, afirma que gosta de ir atrás de artistas novos. “Gosto bastante das novas coisas, mas não curto pop. Um dos artistas que costumo ouvir é Jason Isbell. É difícil dizer, porque tem muita música nova que não me chama atenção, mas meus filhos adoram. Eu amo música boa”. Muito mais do que uma banda de rock, o Blackberry Smoke também mantém uma pegada social ao longo da carreira. Em resumo, a banda arrecadou cerca de US$500 mil em prol de pesquisas sobre câncer infantil. “É importante ajudar quando se pode, não importa quem você seja. Nos encontramos em uma posição em que podemos ajudar. Tem uma organização de caridade que nós ajudamos, que trabalha com pesquisa para cuidar de crianças com câncer. A ideia veio de um membro da banda, que enfrentou uma situação dessas com a filha. E todos da banda entenderam que era uma boa causa, então passamos a doar o dinheiro que ganhamos com nosso meet and greet ao longo dos anos para essa instituição”. *Entrevista, transcrição e texto por Caíque Stiva e Lucas Krempel

Entrevista | Robin Zander (Cheap Trick): “depois desse álbum, certamente vem outro”

Quase 50 anos depois do início da carreira, o Cheap Trick mostra que é possível seguir lançando álbuns em alto nível. O mais novo é In Another World, o vigésimo de estúdio de Robin Zander e companhia, que chegou ao Brasil via BMG na última sexta-feira (9). Aliás, os primeiros versos de The Summer Looks Good on You, faixa que abre o álbum, já mostram que a energia segue lá em cima. Em resumo, rock and roll dançante e com refrões poderosos. O Cheap Trick não perdeu sua essência. Contudo, o guitarrista e fundador do Cheap Trick, Rick Nielsen, resumiu bem esse sentimento dos integrantes. “Nós somos irresponsáveis o suficiente para não desistir. Amamos nos unir e tocar. No nosso primeiro disco eu dizia ‘tenho 30 anos mas sinto como se tivesse 16’. E bem, ainda me sinto assim… Pelo menos até a realidade me alcançar. Mas quando toco, me sinto o cara mais jovem do mundo”. Fundado em 1974, o Cheap Trick atualmente conta com sua formação quase inteiramente original. A exceção é o baterista Bun E. Carlos, que foi substituído por Daxx Nielsen, filho de Rick. Robin Zander (voz, guitarra base) e Tom Petersson (baixo) seguem desde o início na linha de frente. Além dos explosivos singles Light Up The Fire e Boys & Girls & Rock N Roll, o álbum conta com uma versão da clássica Gimme Some Truth, de John Lennon, com a participação especial de Steve Jones (Sex Pistols) nas guitarras. O vocalista Robin Zander conversou com o Blog n’ Roll, via Zoom, sobre o novo álbum, influências, Brasil, além de ter dado dicas para as bandas que estão começando. Confira abaixo. Robin, como foi o processo de criação de In Another World? Nós fizemos o álbum quase todo no estúdio. Às vezes nós fazemos isso porque cria um som espontâneo, que geralmente tem mais energia do que quando você pensa demais em algo. Algumas coisas foram escritas antes, naturalmente, mas a maior parte foi adicionada já no estúdio. O Cheap Trick já carrega quase 50 anos de carreira nas costas. Qual foi o pior momento para vocês? E como acertaram o rumo? A pior parte da nossa carreira foi em 1981, depois que lançamos All Shook Up (1980). Foi quando o Tom saiu da banda (ficou fora até 1987) e formou uma outra banda, chamada Another Language. Depois disso, a gente não sabia exatamente o que fazer. Posteriormente, o Roy Thomas Baker, famoso produtor do Queen, salvou nossa carreira. As apresentações ao vivo do Cheap Trick são notórias e lendárias. Como está sendo esse período sem turnês para vocês? Nossas performances ao vivo ainda existem. Sempre nos consideramos uma banda viva. Já fizemos mais turnês do que qualquer outra banda que consigo pensar agora. E continuamos gravando novos álbuns, o que é algo único para bandas que começaram na mesma época que nós. Vocês continuarão gravando álbuns de estúdio? Estamos sempre gravando. Eu estou cercado por gênios. Cheap Trick sempre teve essa qualidade. Robin, qual é a chave para esse sucesso do Cheap Trick? É uma mistura de tudo. De todos os rapazes da banda, com tudo que crescemos escutando, com nossas influências… nós roubamos dos melhores. O que domina esse caldeirão de influências de vocês? Eu diria que o Rolling Stones, The Who, Queen, The Beatles e (Jimi) Hendrix. Mas principalmente dessas bandas da invasão britânica. Impressiona a consistência da discografia da banda. Sabemos que geralmente, a banda considera o seu último trabalho como o melhor da carreira. Você compartilha desse pensamento? Eu tenho esse sentimento também. O mais recente é sempre o melhor. Eu o recomendaria para novos fãs, claro. A pandemia deixou muitas bandas novas desanimadas por conta das restrições. Qual conselho você dá para esses músicos? Não desistam. Se é algo que vocês gostam de fazer, simplesmente não desistam. O Cheap Trick sempre foi uma banda com um astral lá em cima, esperançosa nas letras. A pandemia mudou isso, Robin? Nós não pensamos muito no que está acontecendo no mundo. As letras saem naturalmente, na verdade. Como foi o período de isolamento para vocês? Foi assim como foi para você. Isolamento é uma faca de dois gumes, porque te dá a oportunidade de olhar para si mesmo. Eu finalmente consegui ter tempo para minha esposa depois de 27 anos, pelo menos. Acredita que o mundo será um lugar melhor após a pandemia? Acho que sim. Essa é uma experiência de morte para o mundo. Nunca se falou tanto de mortalidade. E é algo que não vai embora se não revidarmos. Estamos no meio dessa batalha. Mas, ganhamos novas munições a cada semana. Sempre surgem com coisas novas que podem ajudar. Nós todos temos que ser responsáveis, usar máscara, manter o distanciamento, evitar aglomerações… até que isso acabe, temos que ser responsáveis. Acho que se lutarmos sério contra isso por mais um ou dois meses, podemos vencer. Talvez não a ponto de voltar ao normal, mas o suficiente para que possamos aproveitar a vida novamente. Como é o desafio de promover o álbum com as casas de shows fechadas? Acho que isso é um desafio positivo. O streaming é algo novo e que ajuda muito. Além disso, existem projetos de shows em estádios para pessoas em suas casas. Várias telas com um público participando pelo Zoom (risos). Em 2016, vocês entraram para o Rock and Roll Hall of Fame. Como receberam essa homenagem? Depois de 25 anos, você se torna elegível para entrar no Hall da Fama. Os anos vão se passando, e você sempre acha que pode ser seu momento, até que vai perdendo a esperança. Mas, de repente, você recebe uma ligação dizendo que você está dentro, e toda a espera é perdoada. Imaginava ser tão grande e relevante um dia, Robin? Não. É uma honra que as pessoas ainda contratem a gente para lançarmos novos álbuns. Na nossa idade, estar na ativa significa que estamos fazendo algo certo. Música é o que amamos, então a gente vai

Entrevista | Duda Raupp – “São muitas inseguranças e incertezas”

Em tempos de pandemia, recordar do cenário urbano da cidade e de um simples passeio de bicicleta pode significar muito. Em suma, resgatando memórias de um período antecedendo o isolamento causado pelo coronavírus, o músico gaúcho Duda Raupp lançou recentemente o EP de estreia Giro, convidando o público para relembrar a sensação de liberdade, em um tour pelas ruas de Porto Alegre. Com três faixas totalmente instrumentais, o artista utilizou influências do neo soul, R&B e hip hop para criar o álbum, descrevendo um dia inteiro de lazer. Aliás, as músicas foram pensadas como trilha sonora para um percurso pedalando por bairros e parques da cidade. Com a lembrança dos encontros entre amigos ou da admiração pelas paisagens ao longo do caminho, o multi-instrumentista decidiu transformar essa nostalgia em trabalho. “Consegui tirar isso de bom. Desde o início da pandemia estou trancado em casa, saindo apenas para coisas essenciais. Então, tive que arrumar uma forma de me expressar musicalmente. Tinha um sonho de me tornar produtor e artista solo e a oportunidade surgiu com o isolamento”. Paixão nas letras O sentimento de querer mostrar o que estava fazendo nesse ano afastado das ruas, motivou Duda a transmitir a paixão pelas novas formas de composição que descobriu ao longo do período em casa. Contudo, toda a rotina de produção com instrumentos recém-chegados e a junção da vontade de compartilhar a saudade dos momentos nostálgicos antes da pandemia, foram o principal combustível para o beatmaker lançar o novo projeto. “Junto com essa sensação de querer mostrar meu trabalho para o mundo, faz muito sentido contar todos esses momentos que no dia a dia me vejo relembrando. Fico pensando no que gostaria de fazer se não fosse a pandemia, de quando me juntava com as pessoas ou pegava minha bicicleta para dar um rolê. Isso me inspirou bastante”. Todavia, se o corpo permanece dentro de casa, a mente do artista viaja para outros lugares, em um giro de experiências e vivências. Por isso, ele espera que o público sinta a mesma energia enquanto busca algo totalmente pessoal nesse projeto. “O que eu espero é que as pessoas quando escutem esse EP, encontrem o seu próprio giro sonoro. Que relembrem momentos que são muito especiais para elas. Por meio de sons tentei trazer um sentimento nostálgico, mas que acima de tudo fizesse com que as pessoas consigam identificar seus sentimentos”. Planejamento E se a pandemia foi o fator decisivo para a criação deste projeto, o artista ainda teve que se adaptar ao novo momento para transformar a dificuldade em trabalho. Compartilhar tantos sentimentos e lembranças pessoais é algo recente para ele. Mesmo com as experiências musicais e a trajetória que constrói há alguns anos, Duda ainda está se adaptando ao planejamento do lançamento de um primeiro álbum em meio à pandemia. “São muitas inseguranças e incertezas ao longo do caminho por estar pela primeira vez divulgando algo com o meu nome. É como se eu colocasse minhas entranhas para o mundo ver. Fazer a própria música e arte é algo em que você está expressando coisas que sentiu e isso é muito novo para mim”. Com as dúvidas que surgiram ao longo do processo, ele contou com a ajuda da internet para espalhar a mensagem do giro musical que criou sozinho. Ou melhor, em parceria com os novos instrumentos que descobriu ao longo das tentativas de composição. “Por causa da pandemia e do isolamento, comecei a criar mais conteúdo para minhas redes sociais e a gravar vídeos dos beats que eu fui criando ao longo do dia. Nisso fiz uma campanha de divulgação pensando na identidade visual do EP, utilizando isso pra ter um material legal para postar e por meio disso divulgar o trabalho. Está sendo tudo muito virtual mesmo”. Apoio de peso A internet se tornou um quebra galho para que Duda pudesse difundir a ideia nostálgica do EP, mas não foi o único fator de apoio do artista, já que ele também contou com a ajudinha da produtora Foco na Missão para o lançamento do álbum. O rapper Rashid e a empresária Dani Rodrigues, fazem parte da divulgação e são os principais responsáveis pela organização e planejamento do projeto. “Está sendo maravilhoso. Eles têm muito mais experiência do que eu, tanto no mercado da música, quanto em lançar e divulgar trabalhos. Estar absorvendo essa oportunidade que estão me trazendo é fantástico, estou aprendendo muito”, revela. Quem é Duda Raupp O artista acabou de chegar com o novo trabalho, mas a paixão pela música vem desde a infância, onde o lazer se transformou em renda. Há cinco anos ele está inserido no mercado, entretanto é o primeiro projeto solo do rapaz que mostra nitidamente ser apaixonado por este universo. “Música é o que me movimenta, é minha vida. Todos os momentos, desde quando acordo até a hora de dormir estou pensando nisso. Se quero relaxar coloco uma música. Indo trabalhar também faço isso. Se vou estudar, estou em uma faculdade de música. Minha namorada é musicista… Não tem como fugir. É uma paixão tão grande que transcende o lado profissional”. Não tem como duvidar deste amor. Guitarra, contrabaixo, teclado, percussões e bateria, são todos os instrumentos que fazem parte do repertório do beatmaker. Sozinho, o artista acabou descobrindo um novo desafio: criar música e sobreviver disso. “Nesse processo de produzir beats em casa, acabo experimentando muita coisa nova, e quando vejo já estou tocando. É difícil achar um momento em que eu diga que domino um instrumento realmente e não só experimento. É como se eu fosse provando tudo”. Quem curtir o projeto multi-instrumental, também pode acompanhar Duda nas redes sociais. Lá, o artista compartilha os experimentos que faz todos os dias com os mais variados estilos. Ele ainda revela que está no processo de criação de um single e que os próximos meses serão de trabalho intenso na divulgação de novas composições. “Estou planejando vários projetos para o ano todo. Vou lançar três singles que vão ter parcerias com outros

Entrevista | Mark Jansen (Epica): “Temos que mudar principalmente nossa humanidade”

Depois de cinco anos sem um álbum de inéditas, a banda holandesa Epica, enfim, presenteia os fãs com uma novidade. O oitavo disco de estúdio de Simone Simons, Mark Jansen e companhia, Omega, foi lançado no fim de fevereiro e traz 12 músicas divididas em 70 minutos. Dentre as canções está a continuação antológica de Kingdom of Heaven, com pouco mais de 13 minutos. O metal sinfônico de Simone Simons (voz), Mark Jansen (guitarra e gutural), Isaac Delahaye (guitarra), Coen Janssen (sintetizadores e piano), Ariën Van Weesenbeek (bateria) e Rob Van Der Loo (baixo) segue com uma referência mundial. Aliás, sem esquecer os fãs brasileiros, a Epica aproveitou o lançamento do álbum para presentear os apaixonados pela banda com novidades. Em resumo, a turnê Ωmega BrasileirΩ e a loja pop up na Galeria do Rock, em São Paulo, com produtos exclusivos. O guitarrista Mark Jansen conversou com o Blog n’ Roll sobre a produção de Omega, os desafios e a ligação com o público brasileiro. Confira o resultado abaixo. A pandemia atrapalhou de alguma forma o processo de criação de Omega? Nós demos sorte porque todo o processo de composição foi feito antes da pandemia. Até mesmo boa parte das gravações foi feita antes das coisas ficarem severas. As coisas começaram a entrar em lockdown justamente quando eu e a Simone íamos começar a gravar os vocais. Então, eu tive que gravar minha parte do meu estúdio caseiro, o que não foi um problema, porque tenho todo o equipamento necessário. Já a Simone alugou um estúdio perto da casa dela na Alemanha, e tudo caminhou bem. Não tivemos grandes problemas com a pandemia enquanto estávamos trabalhando no álbum. Como foi a comunicação entre os integrantes da banda na pandemia? Nós já fazíamos reuniões virtuais antes da pandemia, porque moramos em países diferentes. Temos três caras na Holanda, um na Bélgica, a Simone na Alemanha e eu na Itália. Então, temos muitas reuniões assim o tempo todo. Claro que o lockdown atrapalhou, principalmente porque algumas coisas precisavam ser feitas pessoalmente, mas não pude comparecer porque a Itália está muito fechada até hoje. E lançar o álbum sem poder fazer turnê? O quão complicado é isso? Nós discutimos se seria válido lançar o álbum sem poder sair em turnê na sequência. Eu sempre tive uma crença grande de que deveríamos lançar, sim. Porque se você atrasar o lançamento por mais um ano e meio, ainda tem o risco de não poder fazer turnê da mesma forma. Então não faria sentido ficar esperando o momento certo, até porque as pessoas precisam de novas músicas para enfrentar esses tempos difíceis. Não poder fazer turnê é uma pena, mas tem coisas mais importantes na vida. Você imagina que o mundo será muito diferente pós pandemia? Sim, acho que o mundo vai ser diferente. Essa situação aumentou muito a preocupação das pessoas e causou muito trauma. Vamos sentir isso no futuro. Temos que mudar as coisas, principalmente nossa humanidade. Temos que entrar em equilíbrio com a natureza e reencontrar nosso lugar no mundo. Se você encurrala a natureza, ela revida, e isso vai acontecer. Temos que achar mudanças para um futuro melhor. Por falar em natureza, vocês têm uma ligação especial com lobos, certo? Nós temos uma música que fala sobre lobos para apoiar a fundação que os protege. Para nós, foi algo ótimo, porque já fizemos diversas campanhas, e sempre que podemos ajudar pelo menos um pouquinho, podemos ajudar o mundo a ficar ligeiramente melhor. Se todos fizerem o mesmo, a diferença será enorme. Essas ações motivam o público? Acredito que sim! Converso com muitas pessoas online que me perguntam sobre esses projetos e se mostram interessadas. Não tem problema as pessoas não apoiarem a mesma causa dos lobos, mas ajudar qualquer iniciativa que ajude animais é algo lindo. Omega ainda traz um bônus com faixas acústicas, certo? Nós sempre tentamos fazer faixas extra para cada CD. Tentamos aceitar o desafio de fazer versões diferentes de algumas músicas. Não só acústico, mas também com uma atmosfera totalmente diferente. Nessas faixas, quando você escuta, sente uma vibe diferente. É bem legal fazer algo totalmente novo a partir de uma outra música. Como estão os planos futuros da Epica? É difícil dizer quanto tempo isso tudo ainda vai durar, mas eu tento ser otimista. Quando tudo isso for resolvido, espero que as pessoas assumam uma posição de mudança. Eu tenho muita esperança nisso. Então, acho que tudo acontece por uma razão. Tempos de caos vêm para mudar a forma como as pessoas veem as coisas. Acredito que daremos um passo como humanidade. Mark Jansen, quer deixar uma mensagem para os fãs brasileiros? Primeiro, quero desejar saúde para todos e para todas as famílias. Sei que a situação está ruim por aí, sei que falta oxigênio em hospitais, e isso é muito devastador. Desejo muita saúde e quero dizer para que tentem apoiar uns aos outros nesses tempos difíceis. Mesmo sem poder visitar, podemos ligar, mandar mensagem… isso é crucial.

Pandemia adia Armageddon Metal Fest para 2022

O Armageddon Metal Fest, festival de rock/metal, comunicou oficialmente o adiamento da terceira edição do evento para o dia 23 de abril de 2022. A organização ressalta que o principal motivo desta decisão é justamente fortalecer as ações preventivas recomendadas pelo Ministério da Saúde do Brasil e seguir as regras sugeridas no protocolo de biossegurança para conter o avanço do novo coronavírus no Estado de Santa Catarina, ainda declarado como pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS). As constantes indefinições em relação ao cenário internacional no controle do Covid-19 também foram fatores fundamentais nesta decisão já que o festival contava com diversas atrações internacionais, além de prezar pela segurança do público, artistas e colaboradores. A produção do Armageddon Metal Fest frisa que já está em contato com o management de artistas nacionais e internacionais e estuda revelar novidades no começo do segundo semestre de 2021. Os ingressos para a nova data, ainda a ser anunciada, continuam válidos e não necessitam efetuar qualquer tipo de troca. O Armageddon Metal Fest aconteceria no dia 29 de maio, no Joinville Square Garden, em Joinville (SC). O line-up contava com nomes consagrados como Venom Inc (Uk), The Agonist (Canadá), Nasty Savage (EUA), Climatic Terra (Argentina), Vulcano (Brasil), Mutilator (Brasil), entre outros.