Crítica | Hypnotic

Engenharia do Cinema Sendo considerado um dos projetos que o cineasta Robert Rodriguez queria realizar desde 2002, época onde o roteiro de “Hypnotic” já estava pronto. Lançado no início deste ano, e com um marketing bastante fraco, pode ser facilmente considerado um dos maiores fracassos desse ano, pois custou US$ 70 milhões e rendeu até agora US$ 9.4 milhões mundialmente. Não hesito em dizer também que embora estejamos falando de um roteiro que bebe e muito de longas como “Matrix”, “A Origem” e “Amnésia”, parecia que tudo ia dar certo, mas estamos falando de um dos piores papéis na carreira de Ben Affleck. Após o misterioso repetindo de sua filha, o agente Danny Rourke (Affleck) se vê envolvido em um cenário cada vez mais complexo, envolvendo controles da mente e segredos cada vez mais escuros. Realmente, falar muito sobre esse filme, pode estragar a experiência de qualquer um, independente de sua qualidade. Imagem: Ketchup Entertainment (Divulgação) Desde os primeiros minutos, até o seu desfecho, sentimos que Ben Affleck está totalmente desinteressado em estar neste projeto, e provavelmente aceitou por conta da amizade antiga com o próprio Rodriguez. Não existe nenhuma emoção, empolgação ou vivência em seu personagem, e a todo momento começamos a pensar que outros nomes poderiam estar em seu lugar como Nicolas Cage, Chris Evans e até mesmo Mark Walhberg. E para ficar ainda mais estranho não existe um entrosamento com Alice Braga, e a dupla não combina em absolutamente nada (tanto que em momento nenhum, eles não nos convencem), e para fechar o leque ainda temos um William Fichtner mais uma vez interpretando um vilão misterioso (que já virou clichê, na sua filmografia). Conhecido por fazer absolutamente grande parte das suas produções por completo (inclusive compor a trilha sonora, edição, mixagem de som, fotografia e até operar as câmeras), parece que Robert Rodriguez não estava em seus melhores dias, pois ele não conseguia conduzir uma simples cena de luta (tentando esconder ao máximo que os atores não haviam ensaiado nada). Isso chega a ser triste de se ver, uma vez que o orçamento foi satisfatório. E para piorar a situação, várias cenas de ação se assemelham a uma versão C de “A Origem” (devido a baixa qualidade do CGI e da dinâmica do contexto). Vindo de Rodriguez, realmente chega a ser triste. “Hypnotic” termina não apenas sendo como um dos mais fracos filmes da carreira de Robert Rodiguez, como um dos mais fracos de Ben Affleck.
Crítica | Air: A História Por Trás do Logo

Engenharia do Cinema Durante meados de 2020, os amigos de longa data Ben Affleck e Matt Damon se juntaram para finalmente abrir sua produtora cinematográfica. Depois de terem feito mais de 20 filmes juntos, agora ambos vão totalmente na contramão da indústria de Hollywood, pois eles não só irão realizar histórias populares e não abordadas nas telonas, como também terão novatos trabalhando por trás das câmeras em todas as funções possíveis. O primeiro título desta iniciativa foi “Air: A História Por Trás do Logo”, cuja direção é assinada justamente pelo próprio Affleck (que também atua aqui) e trata sobre uma passagem interessante na cultura pop: quando Michael Jordan assinou com a Nike para a linha de tênis Air Jordan. Se passando em 1985, o enredo é focado no executivo da Nike, Sony Vaccaro (Damon) que na época trabalhava como olheiro nesta e estudava levar um potencial jogador de basquete para representar a marca no mercado. Então, ele repara que é possível tentar conseguir fechar uma parceria comercial com o próprio Michael Jordan (mesmo batendo de frente com a Adidas, que na época era muito maior que a Nike). Imagem: Amazon Studios/Warner Bros Pictures (Divulgação) O roteiro do estreante Alex Convery procura primeiramente estabelecer a métrica de colocar todos os personagens no mesmo patamar, e humanizá-los da melhor forma possível. Consequentemente acabamos criando afeição com caracteres chaves como o próprio Sonny, o chefe de Marketing, Rob Strasser (Jason Bateman) e o próprio CEO e co-fundador da Nike Phil Knight (Affleck). E não hesito em dizer que para este filme funcionar, tínhamos de ter empatia pelo trio citado e isso é conquistado. Como diretor, o próprio Affleck já tinha mostrado em projetos como “Argo” (que venceu o Oscar de melhor filme, em 2013) que realmente sabe como conduzir sua narrativa de acordo com o cenário e temática do próprio. Usando como intermediário cenas de televisão, filmes, enquadramentos em produtos daquela época, ele vai indiretamente deixando nítido o quão estávamos vivendo em uma sociedade diferente da atual e que realmente tudo era mais complexo de ser realizado (pode parecer banal isso, porém datado cenário atual isso é necessário de ser deixado claro, mesmo que sutilmente). Isso sem falar do excelente trabalho da equipe responsável pela trilha sonora, que colocou grandes clássicos da música como “Can’t Fight This Feeling” (REO Speedwagon), “Money For Nothing” (Dire Straits), “Atomic Dog” (George Clinton) e muitas outras. Tudo com o intuito de casar com a mensagem do enredo que “estamos falando de gigantes, que são Michael Jordan e a Nike”. E isso funciona, pois não deixa a pegada do longa monótona (uma vez que o próprio é regado a diálogos, e o público atual divide a atenção com o celular). Como estamos falando de um filme regado a diálogos, as atuações são realmente muito boas, mas honestamente, não existe nenhuma que nos faça falar que é “digna de Oscar” ou algo do gênero. São apenas boas, dentro de suas tonalidades. “Air – A História Por Trás do Logo” faz jus ao que vamos ver na parceria entre Ben Affleck e Matt Damon: histórias reais, interessantes e bem conduzidas.
Crítica | Águas Profundas

Engenharia do Cinema Previsto para ser lançado nos cinemas em 2020, “Águas Profundas” acabou ficando no arquivo da Disney após a compra da Fox e até então não se sabia como o mesmo seria lançado. Mesmo deixando passarem a febre que foi o namoro entre Ben Affleck e Ana de Armas (que se conheceram nas gravações deste filme), o estúdio resolveu lançar em sua plataforma de streaming da Hulu, quase um ano depois do termino do namoro destes e vendeu para a Amazon Prime Video lançar o longa na América Latina. Dirigido pelo cineasta Adrian Lyne (“Atração Fatal” e “Proposta Indecente”), estamos com um claro exemplo de produção que realmente o estúdio soube o que estava fazendo, ao direcionar ao streaming. Inspirado no livro de Patricia Highsmith, a trama gira em torno do casal Vic (Affleck) e Melinda (Armas), que vivem um casamento bastante monótono. Mas quando eles passam a adotar um relacionamento aberto e se envolverem com outras pessoas, os amantes da segunda começam a aparecerem mortos misteriosamente. Imagem: Regency Enterprises (Divulgação) O roteiro adaptado por Zach Helm e Sam Levinson (criador da série “Euphoria“) consegue nos apresentar um dos piores diálogos vistos em quaisquer filmes do gênero thriller erótico em seus primeiros minutos (onde até em um porno nacional, você acha um texto muito melhor). Após este caos inicial, o próprio Lyne realmente está ciente que não possui um material bom em mãos, pois qualquer espectador com dois neurônios já deduz toda a sua história. Então ele resolve apelar para mostrar cenas como a filha de Affleck e Armas cantando, o personagem de Jacob Elordi (conhecido por viver Nate, em “Euphoria”) “tocando” piano e até mesmo para cenas com Affleck brincando com suas lesmas de estimação (não estou brincando). Realmente estamos falando de um filme que claramente sofreu vários problemas durante seu desenvolvimento e, o estúdio teve de se virar para fazer milagres e não aumentar o orçamento de U$ 49 milhões (bastante caro, para este tipo de produção). “Águas Profundas” acaba sendo uma das maiores bombas que a Disney conseguiu tirar da Fox de maneira esperta, e foi bom apenas para a vida amorosa de Ben Affleck e Ana de Armas.
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