Hot Chip faz show flopado em dia de grandes apresentações

A banda inglesa Hot Chip, que veio na sequência do The Band Camino, foi quem destoou do lineup do GP Week, no Allianz Parque, em São Paulo. Foi a única apresentação na qual parte do público continuou sentada na pista premium aguardando os shows principais. De fato, sonoridade não batia muito com as demais atrações e a falta de carisma do vocalista também atrapalhou. Alexis Taylor parece estar em um show particular dentro do próprio quarto, sem animação alguma. Felizmente, ele é o único que estava em um mundo paralelo. Os demais integrantes parecem se divertir bastante com as próprias canções. Dançam como se não houvesse o amanhã. Mas vale destacar que isso não é assim sempre. Alexis costuma ser muito mais animado e carismático. O repertório do Hot Chip foi bem direcionado para os dois últimos lançamentos da banda, Freakout/Release e A Bath Full of Ecstasy, que tiveram três e duas músicas executadas, respectivamente. Não quero ser injusto com a banda, talvez a vibe tenha sido estragada pelos fãs que estavam muito ansiosos por Twenty One Pilots e The Killers. Setlist Down Flutes Eleanor Freakout/Release Hungry Child Ready for the Floor Straight to the Morning Melody of Love Dance (ESG cover) Over and Over Huarache Lights I Feel Better

Com Mateus Asato de convidado, The Band Camino tem estreia promissora

Pela primeira vez no Brasil, a banda norte-americana The Band Camino aproveitou bem a oportunidade de mostrar seu cartão de visitas no GP Week, no Allianz Parque, em São Paulo. Subindo ao palco logo após o bom show da Fresno, a banda deixou bem claro que o objetivo seria falar pouco e mostrar a maior quantidade de músicas possíveis. Foram 17 canções em uma hora. O que o público viu foi exatamente o que o vocalista Jeffrey Jordan disse ao Blog n’ Roll durante a semana: “Rock de peito aberto. O encontro do rock épico de arena com músicas dançantes com sintetizadores, além de letras emocionantes”. Equilibraram bastante o repertório com canções do álbum de estreia e o EP tryhard (2019). Jeffrey e Spencer Stewart dividem os vocais o tempo todo, dividindo o protagonismo em cena. E, mesmo que o foco fosse apenas em apresentar suas faixas, a The Band Camino não deixou de lado aquele carinho que o público brasileiro sempre espera. Spencer e o baterista Garrison Burgess vestiram camisetas personalizadas do Palmeiras, dono da casa, na reta final. Mesmo quem não é palmeirense, gostou da cena, vide relatos no Paddock, a pista premium da premium. Logo na sequência, durante See Through, o renomado guitarrista brasileiro Mateus Asato invadiu o palco para dar um suporte aos amigos. Ficou lá até o fim, tocando ainda 1 Last Cigarette e Daphne Blue. Estreia promissora de uma banda que tem tudo para estourar e conseguir um retorno ainda melhor do público brasileiro no futuro. Setlist   Know It All Roses Less Than I Do 2/14 I Think I Like You Who Do You Think You Are? Song About You Never A Good Time Hush Hush Just A Phase California Damage What I Want Haunted See Through 1 Last Cigarette Daphne Blue

Fresno fecha trinca de festivais internacionais com show bom e cover inusitado

A banda Fresno foi unanimidade em 2022. Tocou no Lollapalooza, Popload Festival e fechou a trinca com a estreia no GP Week, que rolou no sábado (12), no Allianz Parque, em São Paulo. Arroz de festa? Pode até ser, mas a banda fez por merecer esse reconhecimento. Após 23 anos de carreira, os gaúchos vivem o auge da criatividade com o álbum Vou Ter Que Me Virar, que teve seis canções tocadas no show. Tal como já havia feito no Popload Festival, entre o primeiro e segundo turno das Eleições, o vocalista da Fresno, Lucas Silveira, caprichou nos discursos contra o futuro ex-presidente da República, Jair Bolsonaro. Foi assim antes de começar Fudeu!!! e também pouco antes de iniciar Eles Odeiam Gente Como Nós. “Esse presidente odeia gente como nós. Ele e os seguidores deles nos odeiam, odeiam vocês, odeiam os músicos que vão tocar aqui hoje”, discursou Lucas. A reação do público foi imediata com os gritos de “Ei Bolsonaro, vai tomar no cu”. Lucas respondeu: “já tomou. Agora, falta ser preso”. Casa Assombrada, também do último álbum, veio na sequência. E teve ótima recepção do público. “Puta que pariu, é a melhor banda do Brasil, Fresno”, gritaram os fãs. Antes de encerrar o show, Lucas Silveira lembrou que era a única atração nacional do festival. “Vamos fechar esse show de forma bem brasileira, com uma música brasileira que todos conhecem”, disse antes de iniciar Eva. O único porém é que Eva não é uma música brasileira. A canção, famosa com a Rádio Táxi e Banda Eva, originalmente é italiana, gravada primeiro por Umberto Tozzi. Mas o público entendeu a referência. É o que vale. Setlist    ESSA COISA (ACORDA-TRABALHA-REPETE-MANTÉM) VOU TER QUE ME VIRAR FUDEU!!! Natureza caos Manifesto Quebre as correntes Já faz tanto tempo Cada acidente AGORA DEIXA Diga, parte 2 ELES ODEIAM GENTE COMO NÓS CASA ASSOMBRADA Eva (cover)

Em casa, Terno Rei toca Gêmeos quase na íntegra no Primavera Sound

Segunda atração do Palco Primavera, neste domingo (6), no Distrito Anhembi, em São Paulo, logo após a norte-americana de origem indiana Raveena, a banda paulistana Terno Rei mostrou muita força diante de um espaço cheio.Com um repertório inteiramente dedicado aos dois últimos álbuns, Gêmeos (2022) e Violeta (2019), o Terno Rei mostrou que a escolha foi certeira. Recentemente criticamos o Planet Hemp por lançar o incrível Jardineiros na Virada SP, em Santos, e tocar apenas uma faixa do disco, que havia sido liberado um dia antes. Gêmeos é mais “antigo”, chegou ao streaming em março, mas foi representado com dez canções no Primavera Sound. Para quem já viu o Terno Rei em outros festivais ou abrindo shows internacionais na Capital, a mudança de foco é necessária. E corajosa, claro. As primeiras três canções do show vieram desse álbum: Esperando Você, Difícil e Brutal. Todas muito bem recebidas e cantadas pelo público. Antes de mudar o foco para o antecessor, Violeta, o vocalista e baixista do Terno Rei, Ale Sater, comentou a emoção de estar no palco do Primavera Sound. “A gente sempre quis ter esse festival aqui. Estamos muito felizes de tocar na nossa cidade preferida, no nosso festival preferido”, disse Sater. A reta final do show, que durou uma hora, guardou os maiores sucessos de stream da banda: Solidão de Volta, Dia Lindo, Retrovisor, Yoko, Olha Só e Dias da Juventude. SETLIST Esperando Você Difícil Brutal 93 Medo Sorte Ainda Internet Estava Ali Isabella Luzes de Natal Trailers Solidão de Volta Dia Lindo Retrovisor Yoko Olha Só Dias da Juventude

Primavera: Toda de rosa, Liniker emociona com vocal potente e set forte

Luccas Carlos e a cantora Liniker foram os representantes brasileiros no Palco Primavera, o principal da primeira edição do Primavera Sound, que teve início neste sábado (5). Aliás, Liniker entregou uma das melhores apresentações do dia, logo após o show de Amaia, que aconteceu no Palco Beck’s. Com muita desenvoltura, público na mão e uma banda incrível por trás, a cantora colocou o público para cantar e dançar do início ao fim. E arrancou lágrimas também. Atualmente com 27 anos, Liniker alcançou a fama em 2015, quando despontou nacionalmente e internacionalmente com o grupo Caramelows, lançando o EP Cru. A parceria com o Caramelows rendeu ainda dois ótimos discos, Remonta (2016) e Goela Abaixo (2019), ambos presentes em listas de melhores álbuns do ano. Mas Liniker sabe que é gigante. Hoje brilha em carreira solo, como cantora e atriz. No Palco Primavera, toda de rosa, assim como os integrantes da banda, Liniker cantou, tocou guitarra, dançou, correu de um lado para o outro. Estava muito feliz e à vontade diante de uma plateia muito receptiva. Começou o show com Antes de Tudo, faixa do seu álbum solo de estreia, Indigo Borboleta Anil (2021), que foi a base do repertório.Foi desse álbum que vieram outras canções apresentadas no show, como Mel e Baby 95. “Aplaude e grita porque tem uma travesti no palco”, gritou a artista. Mas nem precisava pedir, o público já estava entregue.

Andrew Tosh emociona público santista com clássicos do pai na Virada SP

Pela primeira vez em Santos, o jamaicano Andrew Tosh emocionou o público com um mix de canções autorais e clássicos do reggae, no domingo (23), durante a Virada SP, na Praça Mauá. Acompanhado de uma banda muito técnica, o filho único do lendário Peter Tosh, um dos fundadores do The Wailers, apresentou um set consistente, com 21 canções, abrindo espaço para participação especial do havaiano Mike Love, que tocou um pouco antes, além de lindas homenagens ao pai. Andrew Tosh, de 55 anos, é um legítimo representante do legado de Peter Tosh. Iniciou a carreira cedo. Aos 13 anos já fazia aulas de piano e compunha as primeiras canções. Aos 18 anos, dois anos antes do pai ser assassinado, vítima de latrocínio (roubo seguido de morte), lançou seus primeiros sons. À época do assassinato, Andrew Tosh emocionou o público cantando Jah Guide e Equal Rights no funeral do pai, em uma arena de Kingston, capital da Jamaica. Desde então, partiu para uma carreira vibrante, intercalando álbuns com canções autorais e outros com canções do pai. Equal Rights, aliás, foi tocada na Praça Mauá, em uma sequência de faixas imortalizadas na voz de Peter Tosh, como African, Coming Hot, Not Gonna Give Up e Downpresser Man, uma música espiritual tradicional afro-americana que foi gravada por vários artistas, incluindo o próprio pai de Andrew. Antes de Legalize It, mais um clássico famoso na voz do pai, já no fim da apresentação, Andrew Tosh defendeu a legalização da maconha em um discurso rápido. “It’s good for the flu / It’s good for asthma / Good for tuberculosis / Even umara composis / Legalize it – don’t criticize it / Legalize it and i will advertise it (algo como É bom para a gripe / Bom para Asma / Bom para Tuberculose / Como também para Trombose de Numara / Legalize-a – Não critique-a / Legalize-a e eu a anunciarei)”, cantou Andrew, sendo ovacionado pelos fãs. E pensar que Legalize It, faixa-título do álbum de estreia de Peter Tosh, foi lançada em 1976. A discussão é velha, mas segue atual em muitos lugares do mundo, inclusive no Brasil. Andrew Tosh ainda guardou três clássicos para o fim: Mystic Man (faixa-título do quarto álbum de estúdio de Peter Tosh), Johnny B Good (versão reggae que o pai gravou para o clássico de Chuck Berry) e Get Up Stand Up (clássico do Wailers, da época que Peter Tosh, Bob Marley e Bunny Wailer, grande mentor de Andrew, se apresentavam juntos).

Em Santos, Supla mostra que tem mais lenha a queimar que Billy Idol

Recentemente, Billy Idol e Supla voltaram aos holofotes por conta de um encontro dos dois no Brasil, durante a passagem do autor de Dancing With Myself pelo Rock in Rio. Enquanto o britânico fez duas apresentações repletas de erros e esquecimento de letras, o Papito segue mostrando que não envelhece jamais. Ok, existe uma diferença de dez anos entre eles (56 e 66 anos, respectivamente), mas a qualidade sonora destoa demais. Divertido e caricato, Supla retornou a Santos e foi o segundo artista a subir no palco da Virada SP, no sábado (22), na Praça Mauá, logo após o Planet Hemp. O repertório foi muito bem equilibrado, passando pelos tempos de Tokyo, banda que Supla teve nos anos 1980, rendendo os hits Humanos e Garota de Berlim, avançando na fase pós Casa dos Artistas (O Charada Brasileiro, 2001) e alcançando os singles mais recentes como Motocicleta Endiabrada e As It Was, versão do hit de Harry Styles. Supla se porta como um grande showman do início ao fim. Sabe como levantar o público, coloca todo mundo para cantar junto e é praticamente um local na Cidade. E, por falar em Billy Idol, o show abriu com Suplaego, divertida faixa com o seguinte trecho: Eu ainda não consegui / Parar de ser eterno / De Beatles a Billy Idol / sempre me disseram / Eu sou muito belo / Que Narciso acha feio / O que não é espelho /De David Bowie a Mick Jagger, me tira daqui. Diante das atuais circunstâncias, Supla está muito mais eterno que Billy Idol, pelo menos para o público brasileiro, levando em consideração os shows recentes.