Entrevista | Thiago Espírito Santo: “Todos os artistas devem se unir”
Com mais de 20 anos de carreira, o instrumentista Thiago Espírito Santo vem acumulando conquistas em seu portfólio. O musicista, que já se apresentou em mais de 10 países, já colaborou com grandes artistas da música brasileira, como Toquinho, Maria Bethânia e O Teatro Mágico. Ademais, o músico é um dentre os 200 artistas que participará do Juntos Pela Vila Gilda. Thiago é conhecido por suas composições. Ele compõe a partir de solos de guitarras, ou em violão, onde dedilhar e cantarolar são suas maiores fontes criativas. “Minhas inspirações e ideias não tem um método exclusivo, mas viso estar sempre buscando harmonia entre as melodias. Minha última música foi composta em menos de um dia”. “No dia da super-lua, fiquei olhando para ela no céu e realmente estava incrível. A partir dessa inspiração consegui compor de uma vez”, conta. Conciliando duas profissões Thiago também trabalha como mentor musical. E em tempos de pandemia, ser professor tem sido sua maior fonte de renda. “Sou filho de uma professora, então a música está presente em minha vida desde sempre. Trabalho como professor há 22 anos, e sempre considerei o ensino muito importante; quanto mais eu ensino, mais aprendo, então é sempre muito prazeroso”. “Atualmente tem sido de extrema importância, tem sido minha entrada principal de renda. Tenho ocupado meu tempo como mentor e dando aula; não tem sido complicado porque eu falo sobre o que vivo”. Thiago teve muitos projetos interrompidos devido a pandemia. Assim como ele, outros artistas não poderão seguir com a agenda profissional. “Muitos amigos meus também tiveram os compromissos interrompidos; foi um verdadeiro baque. Minha sorte é que eu dou aula há bastante tempo, e sempre investi nisso”. Dicas para novos artistas O músico deixou um recado para pessoas que sonham em viver de arte, mas que tem medo entrar nesse mundo: Manter a cabeça e o coração aberto é a primeira regra. Não há certo e nem errado, melhor ou pior. Quem hoje está se apresentando em grandes palcos, tem uma trajetória e uma história por trás. Não é fácil. Se você está começando, não olhe para algum artista achando que você vai conseguir ser igual. Admire, se inspire nele, e a partir disso crie seu próprio estilo. Nunca será possível copiar alguém; cada um tem sua essência. Respeite o próximo e o seu tempo. Vai dar certo! Thiago Espírito Santo Juntos pela Vila Gilda Thiago Espírito Santo é presença confirmada no Juntos Pela Vila Gilda, que ocorrerá neste fim de semana. Para ele, é fundamental ajudar as pessoas neste período de incertezas. “Vivo de música há mais de 26 anos; já estou dentro do mercado há muito tempo. Reconheço meus privilégios, mas infelizmente nem todos possuem oportunidades, deixando de ter acesso ao básico de higiene, alimentação, saúde. Muitas pessoas não conseguem acesso aos cuidados mínimos. É uma situação muito delicada”. “Todos os artistas devem se unir para ajudar as pessoas que vivem em uma realidade diferente. É uma honra poder contribuir com minha música e poder participar desse movimento que visa levar mais alegria pras pessoas”, conclui Thiago.
Entrevista | Dani Coimbra – “Eu canto para levar felicidade às pessoas”
A cantora carioca Dani Coimbra é um dos nomes presentes no Juntos Pela Vila Gilda, que acontece esta semana. Em resumo, a artista é uma das grandes promessas da MPB e recentemente lançou o seu primeiro álbum de estúdio: Renda-se (2020). Ademais, Dani também é atriz e bailarina, tendo estudado dança contemporânea na UFRJ. Sem contar que a cantora é uma das vozes do Bloco Empolga às 9 e foi convidada para a 10ª edição do Festival Ziriguidum emCasa, criada pelo ator e cantor Claudio Lins. E as novidades não param por aí. “Em breve estarei lançando meu novo clipe. E também já estou escolhendo as músicas para gravar um EP que pretendo lançar antes do final desse ano”. Em entrevista exclusiva ao Blog n’ Roll, Danielle Coimbra conta detalhes sobre suas produções, expectativas e, claro, sobre o Juntos Pela Vila Gilda! Renda-se No início deste ano, Dani Coimbra divulgou o primeiro CD de sua carreira solo. Além de composições de seus amigos, o trabalho também conta com regravações de Djavan, Vinícius de Moraes, Baden Powell e Moska. “Eu acalentei durante anos o sonho de gravar um álbum, mas sabia das dificuldades financeiras pra isso, já que sou uma cantora independente. Mas, quando coloco algo na cabeça, luto muito pra conseguir. E trabalhei duro cantando na noite, dormindo pouco e acordando bem cedo pra cuidar do meu filho, até conseguir realizar esse objetivo. E consegui!”. Dani ainda revela que Renda-se levou cerca de um ano para ser finalizado. Isso inclui a escolha das músicas, criação dos arranjos, gravação e masterização. “Comecei a selecionar músicas de amigos compositores e escolhi regravar quatro composições que sempre sonhei cantar. O produtor musical desse CD, Nelson Freitas, captou rapidamente a essência do que eu queria passar nesse trabalho, criando arranjos muito requintados e criativos, misturando ritmos que fazem parte da minha musicalidade”, explica. Dani Coimbra é sergipana e carioca Dani é imersa em brasilidades. Nascida e criada no subúrbio carioca, a cantora é filha de uma sergipana e de um carioca, portanto, desde pequena foi influenciada pela diversidade da nossa música. “Temos um país que mais parece um continente, o que faz com que nossa música seja tão diversa. Meu pai, carioca, sempre foi um amante da música e tinha uma gigantesca coleção de vinis. Ele ouvia do samba à música clássica. De bossa nova a rock nacional. E eu ali do lado ouvia tudo com ele”, conta Dani. “Mesmo sendo carioca, desde pequena viajei inúmeras vezes a Sergipe para visitar minha família materna. Lá eu só ouvia forró, 24h por dia (risos). Seria impossível eu não ser essa pessoa que ama e valoriza incondicionalmente a música brasileira e creio que consegui expressar essa diversidade no meu álbum”. Inspirações musicais Apesar de cantar MPB, Dani Coimbra escuta de tudo. “Eu sou mega eclética e vai muito de acordo com meu clima no dia. Tem dias que ouço rock internacional, sou apaixonada pelo Foo Fighters. Outros dias, quando quero dançar, ouço Jamiroquai, Bruno Mars, Michael Jackson”, compartilha. “Tenho ouvido muito rap nacional ultimamente e tô amando. Ouço muito samba de raiz também, é claro. Enfim, minha playlist parece uma salada mista (risos)”. Além disso, a cantora também nos contou quem são as suas influências musicais. “Naturalmente os sons que te tocam te inspiram de alguma forma, mas digo que essas cantoras me inspiraram a começar a cantar e sempre serão minhas musas: Elis Regina, Eliseth Cardoso, Marisa Monte, Ana Carolina e Cassia Eller”. Dani Coimbra no Bloco Empolga às 9 Este ano, a artista participou pela primeira vez do Bloco Empolga às 9h, que a princípio, é considerado um dos maiores do Carnaval do Rio de Janeiro. “Esse foi meu primeiro ano cantando no Empolga, e foi de uma emoção ímpar. Ver aquela multidão pulando e cantando com você, não tem preço. Por isso, tentei dar toda minha garra e energia para essa troca linda com as pessoas. Eu sempre digo que amo cantar, seja para uma pessoa ou para milhares, como é no caso do bloco. São emoções diferentes, mas todas me completam”. Por fim, Dani também contou sobre as diferenças e cuidados necessários ao cantar em um bloco carnavalesco. “A diferença maior é que para cantar no bloco, o pique e o cuidado com preparo vocal, tem que ser bem maior”. “Me preparei meses antes intensificando minhas seções de fonoaudiologia e malhando muito. Felizmente deu tudo certo! Precisei desse preparo para não prejudicar minhas cordas vocais”. Festival Ziriguidum EmCasa Mais projetos! Este ano, a artista foi convidada para a 10ª edição do Festival Ziriguidum emCasa, criada pelo ator e cantor Claudio Lins. “Foi uma delícia! Fiquei super feliz com o convite em participar desse festival, nesse momento tão único que estamos vivendo, tendo a oportunidade de levar minha música e minha alegria para as pessoas que estavam em quarentena, e ao lado de artistas que super admiro. Só posso ter muita gratidão”, comenta. Lábios de Mel Recentemente, Dani Coimbra regravou a música Lábios de Mel, do Tim Maio, ao lado de Anderson Vaz. Em síntese, vale lembrar que o clipe foi gravado em isolamento, cada um em sua casa. “Como estamos impossibilitados de trabalhar nesse momento, aproveitei esse período para gravar vídeos, nesse formato de cada um em sua casa, para não ficar parada e continuar levando minha voz para as pessoas. Um dia ouvindo Lábios de Mel, pensei em convidar o Anderson pra cantar comigo”. Posteriormente, a artista também compartilhou os desafios da produção. “Tive que me virar nos 30 nesse período e fui aprendendo até a editar vídeo, essa foi a parte mais complicada (risos). O Anderson é um cantor que admiro muito, temos ideais com a música muito parecidos e estamos conversando pra outros projetos futuros”. Em quarentena Por conta da pandemia do novo coronavírus, boa parte dos artistas tem se debruçado em projetos virtuais, dessa forma, com Dani Coimbra não foi diferente. “Acho que foi importante, não só para mim, mas para muitos artistas, percebermos o quanto é
Entrevista | João Maria – “Ninguém larga a mão de ninguém”
João Maria é conhecido e prestigiado nas noites santistas, e será um dos artistas presentes no evento Juntos pela Vila Gilda. O músico iniciou sua carreira em meados dos anos 1988/1989, no icônico Bar do Torto. Participou do projeto Amores Caiçaras, de Marcos Canduta e Emanuel Herzog, que conta com diversos nomes da música popular, como Chico Buarque e Zeca Baleiro, no disco Canções de Amor Caiçara (2019). Mesmo tão popular nas noites d’O Torto, não se considera um cantor específico da noite. Muitas vezes, segundo ele, é cantor diurno. A versatilidade faz parte de seu trabalho. “Vai para o bar cantar… É isso de se virar, mesmo. Mas é muito bom, você não fica na mesmice. Eu não gostaria de ser um cantor específico”. O ladrão Como resultado de sua atuação por cerca de 30 anos no Torto, João Maria revela que enfrentou muitas mudanças do início de sua carreira até os dias atuais. Ele conheceu muitas pessoas e por se tornar conhecido, era difícil lembrar o nome de todo mundo. Por isso, ficou conhecido pela brincadeira d’O ladrão. “Você acaba lembrando só do rosto e então, pra facilitar, tu acha um nome. Chamar todo mundo por um nome; porque ladrão é ladrão de emoção, é Robin Hood, ladrão de corações”, comenta. Desafios na cultura Para João Maria, a realidade na cultura brasileira tem sido muito cruel. O artista diz não querer ser pessimista com a situação atual, porém, os atuais eventos fundamentam sua opinião sobre a cena cultural. Além disso, falou da polêmica Lei Rouanet, dizendo que não são todos que conseguem acesso, pois é muito difícil receber o benefício. “No meu caso é desgastante, então é bem por aí, eu acho que é só pra justificar tipo ‘ah…nós incentivamos a cultura, nós fizemos umas tendinhas ali na praia tá ligado’, é por aí”. Juntos Pela Vila Gilda A ideia é “espetacular” nesse momento onde muitos estão passando dificuldades. Além de integrar o Juntos Pela Vila Gilda, o cantor também participa de um projeto semelhante fazendo doações de alimentos em conjunto com a pastoral do padre Júlio Lancelloti, em São Paulo. “Tô sempre, junto com todo mundo, como se diz: ninguém larga a mão de ninguém”, conclui.
Entrevista | Pedro Bara – “É nosso dever participar de ações que promovam o bem”
Estamos em contagem regressiva para o Juntos Pela Vila Gilda, que reunirá diversos artistas em uma boa causa. Entre eles está o roxo guitarra, Pedro Bara. A sua história com a música começou quando ele ainda era criança. Começou a tocar guitarra sozinho aos nove anos, entretanto, foi aos 12 que teve seu primeiro encontro com o blues. “Eu estava aprendendo a escrever. Lembro que meu pai tinha uma coleção de discos, a maior parte de bandas inglesas dos anos 60”, relembra Pedro. “Isso me levou a procurar estilos que influenciavam aquele som e acabei encontrando blues”. Entre suas primeiras influências estão Eric Clapton, Fleetwood Mac, Rolling Stones, entre outros. O álbum de estreia: Heading To The Moon Aos 17 anos, Bara lançou o seu primeiro álbum, Heading To The Moon (2018), com 11 músicas autorais que foram compostas em parceria com Carlos Sander e Alexandre Fontanetti. Com uma estreia marcante na cidade de Santos, o álbum combina blues tradicional e moderno, rock, soul e funk. O disco não só foi parar em rádios do Reino Unido, como também entrou na lista das mais tocadas em duas delas. “Ter minhas músicas tocadas nos lugares que serviram de berço para o que eu admiro é uma grande realização”, comenta. “Ouvir meu som numa rádio inglesa foi surreal” Com esse lançamento, Pedro passou a ser uma promessa do blues nacional. Em 2019, foi citado pela A Tribuna entre os 10 nomes mais relevantes da música na região. “Este disco foi decisivo para que eu integrasse em alguns palcos extremamente importantes no cenário nacional, como o Santos Jazz Festival, a Mostra Blues”, conclui o músico. Pedro Bara no Juntos Pela Vila Gilda Para o evento beneficente que acontece no próximo fim de semana, o artista gravou um versão de uma música que gosta muito, na companhia de Silas Andrade no sax e André Matanó no piano. Bara acredita que os artistas devem estar unidos em prol de eventos como este. “Nós temos o dever de estar sempre o mais próximo possível de ações que promovam o bem da sociedade”, finaliza.
Entrevista | Thiago Espírito Santo – “Todos os artistas devem se unir”
Com mais de 20 anos de carreira, o baixista Thiago Espírito Santo vem acumulando conquistas em seu portfólio. O musicista, que já se apresentou em mais de dez países, colaborou com grandes artistas da música brasileira, como Toquinho, Maria Bethânia e O Teatro Mágico. Ademais, o músico é um dentre os 200 artistas que participará do Juntos Pela Vila Gilda. Thiago é conhecido por suas composições. Ele compõe a partir de solos de guitarras, ou em violão, onde dedilhar e cantarolar são suas maiores fontes criativas. “Minhas inspirações e ideias não tem um método exclusivo, mas viso estar sempre buscando harmonia entre as melodias. Minha última música foi composta em menos de um dia”. “No dia da super-lua, fiquei olhando para ela no céu e realmente estava incrível. A partir dessa inspiração consegui compor de uma vez”, conta. Conciliando duas profissões Thiago também trabalha como mentor musical. E em tempos de pandemia, ser professor tem sido sua maior fonte de renda. “Sou filho de uma professora, então a música está presente em minha vida desde sempre. Trabalho como professor há 22 anos, e sempre considerei o ensino muito importante; quanto mais eu ensino, mais aprendo, então é sempre muito prazeroso”. “Atualmente tem sido de extrema importância, tem sido minha entrada principal de renda. Tenho ocupado meu tempo como mentor e dando aula; não tem sido complicado porque eu falo sobre o que vivo”. Thiago teve muitos projetos interrompidos devido a pandemia. Assim como ele, outros artistas não poderão seguir com a agenda profissional. “Muitos amigos meus também tiveram os compromissos interrompidos; foi um verdadeiro baque. Minha sorte é que eu dou aula há bastante tempo, e sempre investi nisso”. Dicas para novos artistas O músico deixou um recado para pessoas que sonham em viver de arte, mas que tem medo entrar nesse mundo: Manter a cabeça e o coração aberto é a primeira regra. Não há certo e nem errado, melhor ou pior. Quem hoje está se apresentando em grandes palcos, tem uma trajetória e uma história por trás. Não é fácil. Se você está começando, não olhe para algum artista achando que você vai conseguir ser igual. Admire, se inspire nele, e a partir disso crie seu próprio estilo. Nunca será possível copiar alguém; cada um tem sua essência. Respeite o próximo e o seu tempo. Vai dar certo! Thiago Espírito Santo Juntos pela Vila Gilda Thiago Espírito Santo é presença confirmada no Juntos Pela Vila Gilda, que ocorrerá neste fim de semana. Para ele, é fundamental ajudar as pessoas neste período de incertezas. “Vivo de música há mais de 26 anos; já estou dentro do mercado há muito tempo. Reconheço meus privilégios, mas infelizmente nem todos possuem oportunidades, deixando de ter acesso ao básico de higiene, alimentação, saúde. Muitas pessoas não conseguem acesso aos cuidados mínimos. É uma situação muito delicada”. “Todos os artistas devem se unir para ajudar as pessoas que vivem em uma realidade diferente. É uma honra poder contribuir com minha música e poder participar desse movimento que visa levar mais alegria pras pessoas”, conclui Thiago.
Entrevista | Wufologos – “Temos que fazer para os nossos!”
O grupo de rap Wufologos, da Baixada Santista, tem uma longa caminhada na cena. Criado em 1997, com 23 anos de estrada, conta na formação atual com Mysthério, 48 anos, Athayde Muñez, 27, e DJ Ice Boy, 44. Eles serão uma das atrações no Juntos Pela Vila Gilda, que acontece neste fim de semana. Mysthério, no entanto, é o único integrante da formação original do grupo. O artista conta como era fazer rap naquela época, quando as condições eram outras. “Quando começamos era tudo diferente. Não tinha internet, era mais complicado até para gravar, não tinha tanto estúdio igual tem hoje. Atualmente, as coisas são bem mais fáceis”. A voz do povo O grupo gosta de trazer retratos das desigualdades sociais, racismo e formas de preconceito em suas letras. Isso porque querem dizer o que o povo tem vontade de falar. “Queremos ser a voz do povo de verdade, o que eles gostariam de falar, mas não têm como. Então é como se estivessem falando por nós. Somos contra as coisas erradas do governo, do sistema que nos oprime. Escrevemos e transformamos isso em versos e rimas”, afirma Mysthério. Para seus próximos trabalhos, no entanto, o grupo cogita organizar uma produção com todas as parcerias internacionais que já fizeram. Os trabalhos já estão disponíveis no YouTube, mas eles pretendem fazer algo melhor com o material. Durante a pandemia, o grupo preza pelos ensaios solos, lives, estudos sobre produções musicais e assuntos relacionados a outros trabalhos e ações. Mysthério, por exemplo, mantém o canal Hip Hop Information Zero13, no qual entrevista rappers da Baixada Santista e de outras regiões do Brasil. Como é fazer rap na Baixada? Mysthério fala sobre a questão da localidade. “O desafio que a gente enfrenta é fazer rap na Baixada Santista, porque onde se respira o rap mesmo é na Capital. E é muito prazeroso pra gente quando artistas de lá comentam sobre a gente, é sinal que estamos no caminho certo”. O DJ Ice Boy aponta para a falta de investimento e mídia para os grupos e artistas da região. “Cada local tem sua linha e forma de fazer rap. A Baixada Santista tem uma característica diferente, o que falta muito é investimento, rádio aberta, mídia, organização”. “O público daqui também precisa fazer mídia, pois precisamos sair da fase de começo e ir para uma fase mais profissional. Produzir clipes, shows e começar a desenvolver o trabalho, tirar dinheiro do que se faz”. “A maioria dos grupos em São Paulo, por exemplo, já viraram marcas. Os grupos daqui precisam partir para esse campo. É desenvolver o mercado da Baixada Santista e começar a sobreviver do que produz”, conclui. Athayde Muñez, de São Vicente, ressalta a falta de público: Fazer rap na Baixada Santista é um desafio; é complicado, escasso. O pessoal meio que se divide e ainda tem aquele preconceito. A maior dificuldade de fazer rap aqui é a falta de público. A maioria das pessoas nos eventos são aquelas que vão cantar, poucos são plateia. Às vezes, são 15 artistas e eles são a própria plateia, e isso atrapalha bastante. Athayde Muñez “Também há falta de recursos pra ficar indo pra outros lugares. Mesmo assim a gente não para por nada, isso faz parte da nossa vida!”, enfatiza. Wufologos no Juntos Pela Vila Gilda Os integrantes comentam a importância de sua participação no evento. O grupo se apresenta no primeiro dia de festival (25), portanto, acompanha outros rappers da região, o Facção Caiçara. É muito importante, eu tenho alguns conhecidos na Vila Gilda, só que nunca tive a oportunidade de participar de uma ação como essa. A Vila Gilda pode contar com o Wufologos quando precisar. É um povo guerreiro, batalhador, povo que trabalha, que luta. Temos que fazer para os nossos, isso é muito importante! Mysthério DJ Ice Boy comenta a necessidade de organização política. “Pessoalmente, não conheço a Vila Gilda, pois estou há dois anos aqui na região. Sei que é uma comunidade que passa pela carência do Estado e de políticas públicas, como a maioria das comunidades da Baixada Santista e São Paulo. Cabe a população se organizar, saber lutar pelos seus direitos e cobrar do poder público”, destaca.
Entrevista | Diego Alencikas – “A música salva!”
Diego Alencikas é um dos representantes do MPB na Baixada Santista. Autor do single Um Barraquinho, ele apresenta composições poéticas, capazes de encantar a todos os apreciadores de arte popular. O artista tem aproveitado a quarentena para compor ainda mais e continuar se apresentando por meio de lives. Em entrevista ao Blog n’ Roll, Diego comentou a cena do MPB na Baixada, os efeitos da pandemia e seus projetos futuros. Você é uma figura conhecida na cena musical santista. Como avalia o atual cenário do MPB? Diego Alencikas: Vejo gente muito boa, fazendo música brasileira, esse caldeirão, essa mistura de influências que chamamos de MPB. Porém, você dificilmente vai ouvir esses artistas nas rádios e/ou grandes mídias, e eles provavelmente terão números menores de visualizações, seguidores e “likes”, esses tão valorizados hoje em dia. Já pra quem valoriza a nossa riquíssima cultura, tem muita coisa boa sendo produzida sim. Como você tem apresentado seu trabalho nessa pandemia? Acredita que as plataformas de streaming estão fazendo a diferença? Diego Alencikas: Eu quis investir mais no audiovisual, que eu já vinha estudando e me aprimorando há alguns meses. Produzir bons vídeos, que antes poderia ser considerado como um diferencial, hoje se tornou algo fundamental para o artista. Primeiro eu lancei uma série de vídeos chamada #CadaUmNaSua, onde postava toda segunda-feira vídeos tocando versões de músicas. Cada músico gravou seu instrumento na sua casa, com seu celular, e eu fiquei responsável pelas edições. Depois realizei algumas lives através das minhas redes sociais e também de algumas casas parceiras, na mesma data em que tinha show marcado, sempre pensando na melhor maneira de entregar essas apresentações. Tive cuidado com o áudio, vídeo, cenário, iluminação, além do que sempre será o primordial e principal, a música. Atualmente, estou finalizando as gravações de três canções autorais que serão lançadas com videoclipe, tudo gravado dentro de casa, com as ideias e soluções criativas que o momento exige. As plataformas de streaming permitem a distribuição de todo esse material produzido. Com certeza estão tendo mais procura e auxiliando muitas pessoas nesse momento, tanto artistas quanto público. As pessoas consomem arte como uma forma de “remédio” e a música tem esse poder terapêutico, transformador. Quais são seus projetos futuros? No segundo semestre farei lançamentos de novas músicas autorais e videoclipes, tudo gravado dentro de casa. E assim que for seguro, pretendo realizar mais lives, porém com meus companheiros músicos participando, o que optei por não fazer até agora em respeito ao isolamento social. Juntos pela Vila Gilda O cantor Diego Alencikas é uma das atrações confirmadas no evento Juntos pela Vila Gilda, que acontece no dia 25 de julho. Diego já participou do arraial do Arte no Dique, e diz que sua participação é um pequeno ato, uma contribuição musical simples. Entretanto, quando somado a todos os outros artistas envolvidos, com certeza fará a diferença, além de ser um evento muito prazeroso. “Eu sempre me apresentei em outros eventos da comunidade e sempre fui muito bem recebido pelos moradores, tenho muito carinho por todos”. “Eventos como este mostram que a música salva! Que juntos somos capazes de fazer, pelo menos, uma pequena diferença na vida de pessoas que infelizmente estão passando necessidade devido aos efeitos da pandemia e de um problema ainda maior que é a desigualdade social do nosso país”, conclui.
Entrevista | Beline – “A música em prol de alguém, se torna algo muito maior”
O Juntos Pela Vila Gilda irá reunir diversos artistas em prol de uma única causa: ajudar o próximo. Entre eles, estão os caras da Beline. Nando (guitarra e vocal), Erick (baixo) e Matheus Oliveira (bateria), não carregam apenas o mesmo sobrenome, como também, a paixão pela música. O nome da banda faz referência ao renascentista Bellinni e isso não é em vão. Após um período sem tocar, decidiram se juntar em um projeto que seria para eles como uma forma de renascer. “A Beline veio como uma luz, trazendo à tona nossos sentimentos que foram avivados com tudo o que temos hoje”, diz Nando. Essa experiência faz com que a banda transmita ao público, através de seu trabalho, a mensagem de reinvenção e ressignificados, além do autoconhecimento que para eles não é algo efêmero, mas sim um processo. “Queremos que as pessoas se tornem cada vez melhores através deste processo. Que sejam mais felizes com o que fazem e com quem elas são”, comenta o vocalista. Beline no 16º Curta Santos Em outubro de 2018, a Beline conquistou o prêmio Videoclipe Caiçara no 16º Festival Curta Santos com seu clipe de estreia, Intangível. “Nós tínhamos gravado o nosso primeiro clipe e vimos a oportunidade de participar do evento”, relembra Nando. “Fizemos a inscrição e, de repente, recebemos a notícia de que estávamos entre os dez, então fomos a voto popular e acabamos ganhando”. Em síntese, o clipe dirigido por Matheus Correia e finalizado por Bruno Canuto levou o troféu com 1.500 votos. “Santos certamente é a casa de muitos artistas como nós e ficamos felizes pelo reconhecimento do nosso trabalho. E é claro, ver nosso clipe em uma tela de cinema foi muito legal”, brinca. O encontro do ser no Elemento Sorte O EP Elemento Sorte (2019) veio como um complemento do EP Experimental (2018), que fala sobre o autoconhecimento através de erros e acertos. “Elemento Sorte é uma segunda etapa do processo de busca do autoconhecimento. É quando você vivencia algo que conquistou durante este trajeto”, explica Nando. O trabalho possui quatro faixas e entre elas está o single Somos Vidas, lançado em dezembro do ano passado. O clipe gravado no antiquário, em Santos, traz o encontro do passado com o presente, bem como a música que carrega consigo a mensagem deste encontro. “Somos Vida, é como olhar para o espelho e falar: ‘não desista dos seus sonhos e das suas convicções’, porque eu sou feito deles, e se eu não estou crente disso, eu trilho um caminho oposto ao que acredito e logo, deixo de viver”, diz Nando. “Afinal, para mim, ter vida é ser alegre, feliz, completo”. Se reinventando em meio ao coronavírus Que a pandemia causada pelo novo coronavírus afetou todo o cenário artístico, não é novidade. Com a Beline, não foi diferente. A banda tinha diversos projetos e lançamentos para este ano, que tiveram que ser replanejados, bem como shows adiados. Entretanto, Nando vê a situação como uma oportunidade para se reinventar, afinal, este é o lema da Beline. “Nós estamos exercendo a Beline e nos reinventando em meio a este caos. Vejo como um momento de reflexão, de planejamento, não só profissional, como também artístico”, diz. “Estamos aprendendo coisas novas, inovando e buscando a melhora do nosso trabalho”. Para Nando, é importante vermos o copo mais cheio do que vazio. Beline no Juntos pela Vila Gilda Para o evento, a Beline separou seus dois singles: Intangível e Somos Vida, que serão apresentados por Nando. A banda acredita na importância da mobilização das pessoas e que há uma aproximação com o público, mesmo que à distância. “No momento em que temos a oportunidade de usar nosso trabalho para ajudar as pessoas, tudo faz mais sentido. Tudo se torna mais especial e isso nos dá força pra continuar”, diz. “E quando você usa a música em prol de alguém, ela se torna algo muito maior”, conclui o vocalista.
Entrevista | Quarto: “A arte tem um papel fundamental nesse momento”
Aos cinco anos de carreira, a banda Quarto divulga seu MPB mineiro, misturado com elementos do rock, pop e folk. Como influências musicais, constam Caetano, Paulinho Moska, Chico, Guilherme Arantes, Djavan, Vander Lee, Chico César, Dorival Caimmi e Lenine. Inicialmente formado por quatro integrantes, hoje o grupo conta com: Zé Cotché (violão e voz), Pretto Ferreira (bateria), Tiago Timbrado (guitarra e voz), Lucas Ben (baixo e voz) e John Souza (teclado). Seus passos nasceram de um projeto solo de Zé. Ele convidou seu irmão Lucas, o primo Tiago e seu ex parceiro de banda Pretto para tocarem em um show no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. A química entre os membros foi muito forte e resolveram então formar a banda. John conheceu Tiago na igreja, onde tocavam juntos, se tornando o quinto elemento da Quarto durante as gravações do primeiro EP, em 2018. Onde Começa o Infinito No ano de 2017, após decidirem seguir a formação como uma banda, Pretto os inscreveu em um festival musical. A Quarto ainda não tinha público, portanto acabaram não vencendo. Isso fez com que a ideia de gravar um disco surgisse. Entraram no estúdio e de lá saiu o EP de estreia com oito faixas, Onde Começa o Infinito. Hora de se recompor Após uma pausa em 2019 para cuidar da saúde, a banda pretendia retornar aos palcos, mas foi impedida por conta da pandemia. Isso fez com que refletissem sobre o momento atual. Como resultado, em 31 de março lançaram o single Recompor, gravado durante o isolamento. Além disso, lançaram o clipe da faixa, recheado de vídeos de fãs que foram recolhidos por uma semana. No entanto, se você é uma pessoa chorona, separe os lenços antes de assisti-lo, é emocionante! Está cheio de imagens fofas, momentos do cotidiano e demonstrações de carinho. Ademais, confira a entrevista com a Quarto, com direito até a declaração de amor entre os integrantes. De onde veio o nome Quarto? Tiago Timbrado: Foi o Lucas Ben, ele sonhou… Inclusive sonhou com a logo. Mas o simbolismo do nome é o que mais tem a ver com a gente. Quarto é um lugar do seu íntimo, onde você é o que é, lugar de genuinidade, onde se ama, onde se chora, lugar do seu infinito particular. Zé Cotchê: Quarto simboliza muita coisa no nosso contexto. O quarto onde ensaiamos, o quarto que na época soava como quatro pessoas e de outros elementos. Em cinco anos de trajetória, quais as conquistas pessoais e profissionais da banda? Zé Cotchê: O nosso primeiro disco, parcerias musicais com referências, maturidade e dinamismo musical, e a recepção muito boa ao tocar em outros estados também. Tiago Timbrado: Além de ter a honra de dividir o palco com bandas incríveis como Plutão Já foi Planeta, The Baggios, Dingobells… Uma coisa que veio como uma conquista enorme é que o convívio com o Zé Cotché me transformou, inspirou e me impulsionou como compositor. Eu já tinha algumas composições escritas e confesso que tinha vergonha de expor. Depois que comecei a conviver e vivenciar de perto, de dentro e até mesmo compondo em parceria com ele, eu me transformei. Te amo cara! E obrigado! Zé Cotchê: Da mesma forma fui reinventado pelo Tiago, inclusive a canção é em parceria com ele. Também amo você. O Tiago já citou uma, mas em quem vocês se inspiram quando compõem as letras e melodias? Zé Cotchê: Eu me baseio nas referências que me moldaram de certa forma. Inclusive, o Lucas foi um cara que me aplicou muita coisa que hoje é a base do meu jeito de escrever e compor no violão. Beatles, Pink Floyd, Música Popular Brasileira, etc. Aqui em casa a maioria toca violão. Então meu irmão Tuka trouxe uma bagagem muito forte, que vem por parte de pai e mãe também. Tiago Timbrado: Falando mais na lata de referências que eu curto, eu amo e reverencio a musicalidade mineira do clube da esquina, em especial Milton Nascimento. Além dele soy loco também pelos Los Hermanos. Acho que foram ponto fora da curva das bandas brasileiras… Isso tudo com uma pitada de bandas gringas como a multiplicidade dos Beatles, a complexidade de Muse e a tranquilidade de Kings of Leon. Isso me guia. Qual a importância de se recompor em tempos de isolamento? Zé Cotchê: Eu acho que recompor nesses tempos de isolamento remete a uma ação necessária pra se ter um recomeço mais equilibrado e com consciência coletiva. Apesar da ação de se recompor ser feita em sua singularidade e subjetividade, creio que é uma maneira de auto enxergar e se adaptar ao novo. Além dos shows, a quarentena trouxe dificuldades e empecilhos para a Quarto? Tiago Timbrado: Sim, a locomoção… Como atualmente moro em Vitória-ES e o restante da banda mora em BH, ficou impossível a gente dar sequência nos ensaios. Isso atrapalha muito a produção e montagem de arranjos de novas composições. Quando acabar a quarentena, você continuará morando em outro estado? Tiago Timbrado: Não foi por conta da quarentena, eu já estava morando aqui. Mas tenho planos pra voltar a morar em BH. Assim que isso tudo passar. Quais os próximos planos para a banda? Terão mais novidades neste ano? Pretto Ferreira: Estamos em processo de gravação de duas músicas para serem lançadas ainda esse ano. Tiago Timbrado: Entrar numa terapia pra controlar minha ansiedade pra lançar as próximas canções (risos). A Quarto irá participar do Juntos Pela Vila Gilda. Qual a importância de projetos beneficentes em tempos de pandemia e quais as expectativas da banda para o evento? Zé Cotchê: Acho extremamente importante projetos como esses pois a gente sabe que nem todos possuem condições socioeconômicas de se manter em casa com todos os requisitos exigidos pelos órgãos responsáveis. Acho que podemos colaborar da forma mais aberta e afetuosa. A arte tem um papel fundamental nesse momento e precisamos dar esse suporte. As expectativas são boas, devido a quantidade de pessoas envolvidas no projeto, e será um prazer mostrar nossas