Entrevista | Bruno Gouveia (Biquini Cavadão) – “Nós soubemos atravessar esses tempos”

A banda Biquini Cavadão, formada há 36 anos, lançou mais um álbum autoral. Através dos Tempos, disponível no streaming, conta com canções inéditas e produção de Paul Ralphes, que não trabalhava com a banda há 20 anos. Bruno Gouveia, Carlos Coelho, Miguel Flores e Álvaro Birita são os integrantes do Biquini. Portanto, trazem neste novo álbum uma mensagem de otimismo e esperança, de que tempos melhores virão. O Blog n’ Roll conversou com o vocalista Bruno Gouveia que contou um pouco sobre essa nova fase da banda. “Nós passamos por tantas coisas. Nós já passamos por inflação galopante, outras crises de saúde, por apagões, mudanças de moeda, e nós soubemos atravessar esses tempos. O que o Biquíni tem hoje nessa história toda são 36 anos ininterruptos em que a gente soube lidar com todas essas adversidades e seguir a diante” “Ou seja, é aquilo que a gente fala logo na primeira música, ‘nada é para sempre vamos superar tudo isso’, e era uma coisa que eu estava querendo. Quando comecei a conversar com a banda falei ‘cara eu vejo esse disco como um disco importante para gente mostrar para as pessoas, de que a gente tem um caminho a seguir, de que nós temos que olhar para frente. Claro passamos por perdas inacreditáveis mas que a gente vai ter que olhar para frente, seguir adiante e que vai dar tudo certo. Nós vamos ter dias melhores e um novo dia vai afastar essa escuridão toda’”, completou Gouveia. O novo álbum traz nove músicas. Sendo elas: Nada É Para Sempre, A Manhã, Através dos Tempos, Colhendo Flores, Me Sorria Com Seu Rosto Inteiro, Dois Polos, A Vida, A Gente É O Que É, e por fim, Eu Não Vou Recuar. Criação do álbum foi durante a pandemia O Biquini começou a criar Através dos Tempos no período da pandemia. Sendo assim, tudo foi feito de forma online, por videoconferência. A banda tem o costume de ir compondo e guardando. Então, quando surgiu a oportunidade de fazer o álbum, cada integrante apresentou as músicas que compôs nos últimos tempos. Não só o processo criativo, mas a gravação também foi feita à distância. Os integrantes não quiseram se encontrar, gravaram sozinhos e depois juntaram tudo. Por este motivo, as capas dos singles possuem fotos da banda, entretanto, nenhuma foi tirada com todos juntos. Além disso, o videoclipe também funcionou dessa forma. Inclusive, o produtor musical, Paul Ralphes, pediu para não se encontrarem, devido às regras de distanciamento da pandemia da covid-19. “Acho que é uma questão de respeito às normas, e acima de tudo respeito à relação que nós temos. Somos acima de tudo amigos, estamos unidos na banda, na amizade e separados momentaneamente. Mas isso foi durante esse período, já estamos nos encontrando um pouco mais, e claro estamos fazendo alguns shows”, explicou o vocalista do Biquini. Turnê do novo álbum do Biquini Cavadão Através dos Tempos ganhará uma turnê pelo Brasil, porém, a banda ainda não se sente 100% segura. “Os artistas em geral foram os primeiros a parar, e estamos sendo realmente os últimos a voltar. É muito duro para todos nós, para toda uma classe, porque nós somos realmente especialistas em aglomerar pessoas”. “Então, citando Cazuza, ‘quando a gente descobre que o meu prazer agora é risco de vida’, a gente tem que saber lidar com isso e a melhor forma de lidar é realmente se vacinando e aguardando que a gente possa superar esse momento. Ainda me sinto um pouco inseguro, mas acho que a gente está caminhando para sair desse problema e é por isso que decidimos finalmente lançar um álbum”, explicou Bruno Gouveia. O Biquini Cavadão já veio diversas vezes para a Baixada Santista, a última vez foi em 2007, com o disco As Voltas Que O Mundo Dá, e viria com Ilustre Guerreiro, mas não deu certo por conta da pandemia. De acordo com o vocalista, a banda vai se esforçar muito para vir para Santos com Através dos Tempos. “Todo o litoral tem uma energia muito boa”. Lembrança de Bruno Gouveia com Santos Por fim, Gouveia contou uma curiosidade da primeira história que ele lembra com a cidade de Santos, que aconteceu em 1992. “Fui fazer um show no litoral do Rio, e no dia seguinte era Santos. Então, a gente ia fazer um show no litoral do Rio, pegava o ônibus e seguia direto, era fácil. Só que resolvi comer um arroz de marisco e acabei me intoxicando, tive uma intoxicação alimentar violenta, passei muito mal. Só consegui fazer o primeiro show porque me deram uma injeção para poder ficar melhor”. Bruno Gouveia, vocalista do Biquini Cavadão “Fiz o show no desespero de acabar, quando acabou falei para eles ‘não sei se vou conseguir fazer esse show em Santos, não vou conseguir pegar essa estrada sinuosa até Santos do jeito que estou’. Acabei pegando um táxi para o Rio de Janeiro, a banda foi para Santos, consegui ser atendido de emergência com o meu médico, ele olhou para mim e tudo mais, e falou assim ‘acho que o pior já passou você pode ir’. Fui, peguei uma ponte aérea para São Paulo, desci as famosas curvas da estrada de Santos e cheguei bem a tempo para o show ser realizado, e o show foi maravilhoso. Então assim, não é uma história exatamente sobre Santos, mas sobre os percalços que a gente passa às vezes para poder chegar em uma cidade e fazer um show”, finalizou o vocalista, Bruno Gouveia. Confira o novo álbum Através dos Tempos abaixo:

Entrevista | IZA – “Meu próximo álbum é exatamente sobre dualidade”

Após o sucesso de Gueto, Iza traz uma estética diferente no seu novo single. Sem Filtro já está disponível em todos os streamings de música, acompanhado de um videoclipe futurístico, com direito a dançarina da Beyoncé e produção de Bollywood. Em resumo, a música, escrita por Luccas Carlos em parceria com Rafinha RSQ e Carolzinha, narra relacionamentos passageiros, de uma forma diferente do que Iza costuma fazer, trazendo um dos gêneros musicais preferidos da cantora, o R&B. “Eu gosto muito de R&B, acho que a cena só cresce, e poderia falar vários nomes, mas vou falar um só, que é muito especial para mim, e faz parte desse sonho comigo que é o Luccas Carlos. Escolhi o Luccas Carlos por achar que ele é a cara do R&B nacional, um artista que me inspira e é com o qual tenho planos”, contou Iza. Em entrevista coletiva, a cantora explicou que Sem Filtro é resultado da sua segurança para se expor e se arriscar. “Acho que consegui olhar com menos medo para coisas muito íntimas minhas. Foram essas músicas (Gueto, Dona de Mim, Pesadão…) que me apresentaram para muita gente, mas acho que nesse momento da minha carreira me sinto mais segura para me expor cada vez mais”. Audiovisual de Sem Filtro O videoclipe foi roteirizado pela própria cantora e dirigido por Felipe Sassi. O audiovisual foi criado a partir de uma observação criativa da Iza dos tempos que estamos vivendo, com diversas metáforas ao longo do vídeo. Para ser entregue a tempo, pessoas de todos os lugares do mundo foram envolvidas. À frente da coreografia, está a coreógrafa francesa, Laure Courtellemont, que também trabalhou no clipe do single Evapora, acompanhada de ótimas bailarinas do mundo todo, entre elas uma das bailarinas da Beyoncé. Com produção de Bollywood, uma cena que chama atenção é a de Iza no globo da morte, fazendo uma metáfora às ‘borboletas no estômago’, que os relacionamentos passageiros proporcionam. Iza quis trazer pessoas que admira para trazer uma essência mais sensual, já que, segundo ela, é mais difícil mostrar sensualidade para a câmera. Por este motivo, o homem que contracena com ela é seu marido e produtor musical, para a cantora ficar mais confortável. “Sem Filtro é super uma conquista. É um lado meu que ainda não tinha muita coragem para performar. É uma estética que sempre quis me ver, mas não costumava me ver muito nesse universo, apesar de achar incrível”. Novo álbum Após um tempo sem lançar um álbum, e com a cobrança dos fãs, Iza explicou que ‘não estava fazendo sentido’. Aliás, por este motivo não estava fazendo música. Entretanto, Sem Filtro marca o primeiro passo para o lançamento do seu novo álbum. “Ninguém aguenta mais, nem eu. O álbum vai vir no momento certo, e só quero dizer para os meus fãs que quero fazer uma coisa muito linda. Sem Filtro tem muito a ver com o que quero. Meu próximo álbum é exatamente sobre dualidade, tem muito a ver com a minha personalidade”, afirmou Iza. Confira o single acompanhado do videoclipe abaixo

Hibalta mostra fases de um relacionamento em novo EP

Sobre Nós, primeiro grande trabalho da banda Hibalta, conta com cinco músicas autorais, sendo duas delas inéditas, que mostram as fases de um relacionamento. O EP chegou nesta sexta-feira (6) em todas as plataformas digitais. Segundo o integrante e compositor da banda, Matheus Rosa, as músicas foram escritas em momentos diferentes, apesar de conversarem bastante entre si, todas falam sobre relacionamentos. As músicas Te Ver Partir, O Que Sobrou de Nós e Remissão são inspiradas no rock nacional, como Fresno, que é uma das maiores inspirações da banda. Enquanto Dois em Um tem inspirações dos gêneros pop e folk. Por fim, Estro, que foi a última música a entrar no EP, fala sobre inspiração, como uma pessoa inspira a outra a ser alguém melhor. Além disso, será a única música de Sobre Nós que terá videoclipe. “O clipe mostra bem quem é a gente , embora algumas músicas sejam bem dramáticas, sobre fim de relacionamento. O clipe mostra bem quem é a Hibalta, a gente é sempre bem descontraído, costuma brincar bastante quando se encontra, e as pessoas podem esperar isso do clipe”, comentou Matheus Rosa. O compositor também contou sobre as suas inspirações para escrever, que vem de um pouco da sua vivência, mas também de tudo que ouve, e vê. Desde músicas, histórias de filmes, ou até mesmo uma conversa com alguém, tentando trazer sempre o cotidiano para dentro das músicas. Mesclando ideias e melodias distintas, a banda colocou um pouco de cada integrante para mostrar ao máximo quem é a Hibalta, já que é o primeiro grande trabalho autoral, como uma apresentação. “O EP é nosso primeiro grande trabalho. Então, é uma grande realização para nós, como banda e músicos. Estamos muito felizes por mostrar mais ainda o nosso trabalho”, refletiu o compositor. Processo da Hibalta durante a pandemia Pouco antes do isolamento social começar, a Hibalta estava fazendo diversos shows, e abrindo apresentações de grandes bandas, como Lagum e Fresno. Com a pandemia, a banda ficou sem fazer show, e consequentemente sem a sua fonte de renda, portanto tiveram que tirar do próprio bolso para conseguir fazer as gravações dos EP. Entretanto, Matheus conta que os principais desafios foram a pré-produção, a produção e as gravações, pois não podiam se encontrar para ensaiar, então tiveram que ir criando cada um na sua casa, e aos poucos foram conseguindo ajustar. A banda espera que tudo volte ao normal, pelo menos no começo do ano que vem, e que eles possam retornar de onde pararam, e não precisem dar um passo para trás. Expectativas e sonhos “As nossas expectativas são as melhores possíveis, a nossa principal ideia é voltar a fazer show, e também que as nossas músicas possam rodar bastante, que a gente consiga tocar na rádio, e quem sabe tocar na TV”, reflete Matheus Rosa. Os maiores sonhos da banda é daqui alguns anos conseguir viver de música, fazendo shows e podendo rodar pelo Brasil, tocando em grandes festivais junto com grandes bandas. Para um futuro próximo, a Hibalta já tem algumas músicas prontas que pretendem lançar daqui alguns meses, mas por enquanto o foco está no EP Sobre Nós.

Detonautas lança Álbum Laranja; Tico Santa Cruz comenta disco

Foi escrevendo crônicas do que estava acontecendo no Brasil a cada mês, que a banda Detonautas construiu o Álbum Laranja, disponível nas plataformas de streaming nesta sexta-feira (23). O novo disco traz oito músicas, sendo três delas inéditas, com diversos posicionamentos políticos e sociais. As músicas possuem sonoridades e abordagens distintas. Uma das faixas inéditas, Clareiras, não é mais um ataque frontal ao governo, como outras do álbum, ela remete a uma canção de resiliência e de esperança, para que as pessoas se sintam acolhidas neste momento difícil que estamos passando. “Mais da metade do oceano esperando que as vacinas comecem a chegar nos braços, e que também tragam a esperança da vida de novo para todo mundo”, explicou o vocalista, Tico Santa Cruz, que conversou com a Reportagem por telefone. Bandeira Brasileira é uma música que foi escrita em 2010, tendo então uma estética diferente das demais, Tico apenas fez uma adaptação atualizando o discurso contando as contradições do povo brasileiro. Por fim, Carta ao Futuro é uma versão acústica da primeira música que a banda Detonautas lançou. “A gente está dentro de uma estrutura, que no final das contas montou um quebra cabeça bem interessante, de crônicas sobre o Brasil”, concluiu o vocalista. Álbum Laranja faz alusão ao White Album (Álbum Branco), dos Beatles, e o Black Album (Álbum Preto), do Metallica. Entretanto, a escolha da cor é um trocadilho com o que está acontecendo no Brasil. Em resumo, a história dos laranjas no Governo Bolsonaro. O sétimo disco de estúdio da banda é formado por críticas sociais, e um pouco de esperança. Além disso, conta com participações de Gabriel, o Pensador e Gigante no Mic. Clareiras ganha videoclipe A chegada do novo álbum do Detonautas vem acompanhada de um videoclipe de Clareiras, uma das faixas inéditas do disco. “Foi um videoclipe lindíssimo, que ficou muito emocionante”, contou Tico Santa Cruz. Já Carta ao Futuro, terá um videoclipe mais alternativo. E em Bandeira Brasileira, a banda está tentando construir um lyric video. Por tanto, Detonautas acredita que haverá conteúdo audiovisual para as três músicas inéditas. Detonautas em processo durante a pandemia A partir do momento recluso por conta da pandemia, Tico começou a compor, e acabou compondo um disco inteiro entre março e junho de 2020. O disco em questão, estava sendo trabalhado pelo Detonautas e será lançado no final deste ano. Inicialmente escrevendo músicas relacionadas às angústias, fragilidades e vulnerabilidades da pandemia. O vocalista compôs Carta ao Futuro, e de madrugada publicou em seu Facebook, quando acordou tinha mais de 150 mil visualizações, mostrou para a banda, e decidiram produzir a faixa. No lançamento, a música chegou a alcançar 500 mil visualizações. “É um número bastante relevante para uma banda de rock, porque hoje o rock representa 3% do percentual de consumo das plataformas de streamings. O número de 500 mil acessos de visualizações em um vídeo, é um número bastante relevante.” A partir dessa música, os integrantes da banda Detonautas entenderam que as pessoas queriam ouvir músicas relacionadas às questões políticas e sociais. Tendo que se reinventar e mudar totalmente a dinâmica de produção, a banda Detonautas produziu todo o álbum a distância. “A gente nunca tinha feito, então deu uma velocidade e uma capacidade de síntese que às vezes a gente ficava horas no estúdio, que é bom também, mas é outro caminho, que a gente já experimentou por muitas vezes, mas esse caminho que nos deu agora, foi um caminho que mostrou para gente que é possível se trabalhar de outras maneiras”, esclareceu Tico sobre a experiência. Álbum Laranja e a nova fase do Detonautas O Detonautas sempre foi uma banda muito versátil, e no último ano passou a estruturar temas que já são tocados por eles há um tempo. Entretanto, antes, pautas políticas e sociais não tinham tanta atenção do público, porém, durante a pandemia despertou um maior interesse nas pessoas. “A gente não procurou uma ação reativa, de protesto, com uma linguagem pesada ou raivosa, buscamos abordar de forma mais sarcástica, mais irônica, isso foi muito bom, porque acabou chegando em um público que não escuta rock, uma garotada mais jovem, que está meio desconectada do rock”, explicou Tico Santa Cruz. “Eu acho que o Detonautas conseguiu abrir um diálogo com uma galera que há muito tempo não parava para ouvir música no rock, e que estava conectada com outros estilos”, completou. Após transitar em diversos estilos, o vocalista conta que agora a banda Detonautas ‘aprofundou mais ainda a questão da liberdade de conversar com vários gêneros, fazendo com que tenham uma carta na manga interessante, a liberdade de poder atuar livremente dentro do rock, sem perder a essência’. Álbum Laranja é engajado em pautas políticas Tico Santa Cruz é um dos artistas que mais demonstram as suas opiniões, sejam elas políticas ou sociais, com posicionamentos claramente expostos em suas redes sociais, desde o impeachment da Dilma, em 2014, no qual o artista se posicionou contra. O vocalista contou ao Santa Portal que sofreu muito ao se posicionar por uma questão de democracia, pois as pessoas confundiram com defesa de determinado partido político. “Quando eu estava naquela época defendendo a democracia, é por eu ter estudado ciências sociais e história, eu sempre entendi que movimentos que mexiam com a democracia, ainda mais uma democracia frágil como a do Brasil, desencadeiam situações muito perigosas”, ressaltou. Após todos os últimos acontecimentos do Brasil, Tico diz que muitas pessoas já o procuraram arrependidas, não só por ataques a ele, e sim a própria situação do Brasil. O Álbum Laranja traz músicas com análises cada vez mais críticas, Tico conta que ‘tem grupos bolsonaristas muito violentos, que atacam sistematicamente’, mas a banda já se preparou para poder se proteger, e seguem trabalhando. Ao ser perguntado sobre o fim do Ministério da Cultura, o vocalista afirma que ‘atacar a cultura é uma estratégia de governos autoritários, e foi isso que o Bolsonaro fez, porém a cultura também é muito forte, então quando você ataca a cultura,