Não havia completado um ano do término das atividades dos Ramones, quando três amigos resolveram prestar uma homenagem aos ícones do punk rock mundial. Foi assim que nasceu a Punk Hyenas, um dos principais nomes do punk rock santista no final dos anos 1990.
“Surgiu em 1997, quando convidei meus amigos de infância, Matheus (bateria) e Villarinho (baixo), para tocar músicas do Ramones. O nome Punk Hyenas apareceu logo no começo e foi dado por acharmos que a hiena era um bicho marginal, agressivo e ao mesmo tempo que vivia em bando, ou seja, um símbolo punk. Os primeiros ensaios foram no estúdio W&K (Canal 2), onde surgiram as primeiras músicas”, conta Carlos Marcondes, o Cabé, vocalista e guitarrista da banda.
Divertidos em algumas composições, os integrantes também gostavam de apontar tudo que achavam errado no mundo nas letras. “Triste é ver que a maioria ou todas as coisas que criticávamos nas nossas músicas continuam iguais”, diz Cabé.
Entre as mais pedidas pelo público estavam London London, uma homenagem à casa de shows que recebeu vários shows de punk rock e surf music, e Dig’s Party, sobre as festas dadas na casa do Dig (amigo da banda), local que hoje funciona o restaurante D’Boa, na Rua Conselheiro Lafayete, no Embaré.
Revolutionary Generation, Listen to Us, Shaved Heads (Brainless) também eram bem recebidas. “Philanthropy foi uma música que gravamos em 2001 com participação do Matheus Krempel (The Bombers) que costumávamos gostar bastante de tocar. Nesse mesmo EP tem uma outra participação do Kadu Abecassis em uma música acústica chamada Modern Times. Uma música meio Lado B que nunca lançamos e gostávamos muito de tocar era The Fat Man Always Walk Alone“, diz Bruno Siqueira, que entrou na banda em 1999 e ficou até o fim das atividades em 2002.
Quase todas as composições citadas acima foram distribuídas nos dois registrados lançados pela Punk Hyenas. “Gravamos a primeira demo em 1999, chamada Play Hard. Essa Demo foi bastante divulgada, por troca de cartas, nos shows e também na loja Sound Of Fish. Já a segunda gravação foi um EP, em 2001, que não foi tão divulgado porque a ideia era prensarmos. Chegamos a começar algumas negociações com selos, mas logo em seguida a banda acabou. Vale a pena conferir”, divulga Cabé.
O primeiro show da carreira da Punk Hyenas rolou no Biroska Bar, no Canal 2, junto com os amigos da Turn Away. Mas Cabé relembra também de outras apresentações. “Fizemos shows memoráveis no Bar do Gordo (Cubatão), no Biroska Bar, Ilhas Gregas (antecessor do Armazém 7). Tocamos também em Curitiba, em 1999, no Bar Beatnik, convidados pelo Julio, fundador do Pinheads e dono da Barulho Records. Tocamos com bandas como Negative Control, ACK, Turn Away, D-cups, The Bombers, Gritando HC, Hulk, Middlename, RubermadeDucks, entre outras”, diz Cabé.
Tal como os integrantes da Turn Away, os músicos da Punk Hyenas também frequentavam a Praça Rebouças, na Ponta da Praia, para andar de skate e ouvir punk rock. Outros lugares marcantes para Cabé são a Ilha de Conveniência e as casas Biroska, Ilhas Gregas e Armazém 7.
Hoje, os integrantes não estão mais na música. Cabé é médico, especialista em Reprodução Humana (fertilização in vitro), Villa é bioquímico e farmacêutico e Bruno virou diretor de arte e design gráfico. “O Matheus é um enigma”, brinca o vocalista.
Um revival não está descartado pelos integrantes. “Será um prazer reencontrar bons amigos e lembrar da melhor época de nossas vidas. Mas avisem com antecedência”, pede Cabé. “Várias músicas ficaram sem ser gravadas. Adoraríamos ensaiar isso de novo. Eu não lembro de quase nada”, finaliza Bruno.
Ouça abaixo todos os registros da Punk Hyenas
EP (2001)
Play Hard (DT – 1999)
