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100 bandas para você conhecer do cenário hardcore de Santos

58 – White Frogs

O hardcore melódico no Brasil ainda não era muito forte no início dos anos 1990. Poucas eram as bandas que se arriscavam mostrar algo influenciado principalmente pelo cenário californiano. Em Santos, o White Frogs foi uma das primeiras. Surgiu em 1993, quando o baixista Joao Veloso Jr, ex-Abuso Sonoro reuniu alguns amigos para fazer um som diferente do qual vinha fazendo.

“Não havia um objetivo fixo. A ideia era tocar hardcore melódico. A primeira formação, que gravou a única demo tape, tinha o Vicente Godoy na guitarra – que morava na esquina da minha casa, o Luis “Batata” Carlos na bateria – que era vocal do Chemical Disaster e tocava bateria no KxOxVx, Mario no vocal e eu no baixo. Essa foi a primeira formação que se estabilizou e em setembro de 1993 lançamos a Too Much Noise“, explica Jr.

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A demo foi bem aceita pelo público. Foram mais de 400 cópias vendidas em três meses, segundo o baixista. O resultado influenciou em um acordo para lançar o primeiro vinil da banda, Trying to Find a Way…, pela Low Life Records pouco tempo depois. “Essa demo se perdeu. Há anos tento encontrar alguém que a possua, mas sem sucesso”, lamenta.

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A base de influência para o White Frogs eram as bandas Bad Religion, Fugazi, Minor Threat, 7 Seconds, Fugazi e Dag Nasty. Mas, o músico revela que nomes regionais foram mais fortes no desenvolvimento da banda. “O que realmente nos motivava e influenciava eram as bandas que a gente via shows quase toda semana: Safari Hamburguers, IHZ, Garage Fuzz e outras bandas de Santos”.

Em 11 anos de banda, o White Frogs contou com várias formações diferentes. Segundo Jr, não houve um motivo para as trocas. “Cada um vivia um momento e foi algo natural”, resume. Na lista de integrantes estão: Antonio “Mr. Atibaia” Carlos – guitarra (Safari Hamburguers), Matheus Florido – guitarra (Primal Therapy), Patrick Theodoro – guitarra, Dênis Trombino – guitarra (Overjoyed), Vicente Godói – guitarra, Gustavo Porto – vocal (Safari Hamburguers), Fábio Prandini – vocal (IHZ, Safari Hamburguers, Paura), Henrique Nardi – vocal, Luis Pacheco – bateria (Carnal Desire), Enrico Bagnato – bateria, Fred – bateria (Neofrenia, Sociedade Armada), Luis Carlos “batata” – bateria (K.O.V., Blind, Carnal Desire) e Paulo Ferramenta (No Sense).

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A trajetória do White Frogs é repleta de shows marcantes. Foram mais de 400 apresentações, boa parte acompanhada de grandes nomes como Bad Religion, NOFX, Millencolin, Down by Law, No Fun at All, Agent Orange, Man or Astro Man, Shelter, Rhythm Collision, Bambix, Ratos de Porão, Invasores de Cérebro, Garage Fuzz, Primal Therapy, No-Violence, Pinheads, Intense Manner of Living, Againe, Tube Screamers, Kangaroos in Tilt, Pulley, Mukeka de Rato, Dead Fish, Dezakato, BBS Paranoicos, The Goons, Ignorant Human Zoo (IHZ), Blind, Lagwagon, Submundo (Street Bulldogs), Inocentes, Agrotóxico, Paura, Flicts.

“Tocar com o Bad Religion, em Santos, foi especial. Foi a banda que me fez escutar hardcore depois de ouvir o Against the Grain na casa do Gustavo (Primal Therapy). Cancelaram nosso show por causa do blecaute, pois o Bad Religion precisava tocar rápido pra pegar um vôo ao próximo destino. O país inteiro ficou sem luz e, o show todo, inclusive o deles, foi cancelado logo depois. Rolou uma certa frustração quando a empresária deles na época veio ao nosso camarim e pediu pra gente subir no palco. A luz tinha voltado e o Bad Religion já estava no hotel. Tivemos de subir correndo enquanto eles eram avisados pra voltar”, recorda sobre o show de 1999.

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Entre os momentos mais inusitados com o White Frogs, Jr destaca dois. “Quando tocamos na Expo Alternative, em 1996, no Rio de Janeiro, o Atibaia sumiu do palco. Ele havia pulado e caído em um buraco. Mas não parou de tocar guitarra”, diverte-se.

“Quando tocamos em Washington (EUA), em 1999, Dave Smalley (All, Dag Nasty, DYS e Down by Law) e o Brian Baker (Minor Threat, Dag Nasty, Bad Religion) estavam no público. Foi divertido ver metade do Dag Nasty ali na nossa frente quando, na verdade, a gente queria estar no chão vendo eles no palco. Não era tão comum ter esse contato naquela época. Legal que ambos participaram do Twenty One Jay, disco que gravamos nos Estados Unidos na mesma viagem”.

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De fato, o contato com bandas internacionais não era tão comum nos anos 1990. Sem internet, os integrantes trocavam cartas. “Muitas vezes, pra descobrir bandas novas, a gente olhava lista de agradecimentos dos discos que a gente gostava e, quando encontrava um nome de banda, saía correndo atrás do material. Muitos dos contatos eram também feitos por fanizes, dos maiores como os americanos Maximum Rock and Roll e Flipside até os feitos em cópias de xerox”, lembra Jr.

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O ex-baixista do White Frogs revela que a banda chegou a receber mais de 200 cartas por mês em alguns momentos, de todos os lugares do mundo. “Entre vinil, CD, coletâneas e material oficial, foram mais de 30 discos lançados em 18 países. Tocar e gravar nos EUA e receber cartas de todo o mundo, de países como Mongólia, Israel e vários outros, onde o punk e o hardcore não eram tão populares, foram momentos bem especiais pra gente”.

Jr lembra que o White Frogs tocava poucos covers nos shows, mesmo tendo gravado alguns. “Músicas autorais marcaram diferentes momentos. Trying to Find a Way marcou muito o começo da banda. Logo depois, veio Rufino’s Song, que contava a história de um técnico de som do estúdio onde a gente trabalhava, com um final inventado pela gente depois que ele sumiu. Isso, na época do Gustavo Porto cantando. Já com o Fábio, acho que Wasting Time, Different Ways e Changes foram as que mais marcaram. Na época do Henrique, Reach Out teve também uma boa repercussão. Foi a última música que o White Frogs gravou”.

Com toda essa credencial, o White Frogs desperta interesse no público contemporâneo e nos mais novos. Uma reunião não está descartada por Jr. “Durante muito tempo, esta foi uma ideia descartada. Todos os bateristas do White Frogs moravam no exterior. Hoje, com a volta do Enrico pro Brasil, nada é impossível”, revela.

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Uma reunião quase ocorreu em 2013, mas com a mudança de Jr para o Rio de Janeiro, o projeto foi abortado. “Nossa antiga gravadora nos EUA também cogitou gravar algo por conta daquele momento. Mas, com a distância geográfica atual, não sabemos quando e se será possível. Há algum material novo que pode servir para isso ou para novos projetos. Nada é descartado neste momento. Há muita gente que ainda nos pede pra fazer shows, principalmente uma galera mais nova que nunca nos assistiu ao vivo. Quam sabe?”, finaliza.

Onde estão
Com tantos integrantes em sua longa jornada, Jr ajudou o Blog n’ Roll a mostrar onde estão todos os músicos do White Frogs…

· João Veloso Jr. – baixo – Tem um selo chamado Definite Choice Records e lança bandas que gosta em vinil. Trabalha com comunicação corporativa e mora no Rio de Janeiro.

· Antonio “Mr. Atibaia” Carlos – guitarra – trabalha com comunicação visual, toca no Safari Hamburguers
e mora em São Vicente.

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· Matheus Florido – guitarra – Mora em Santos, continua escrevendo músicas e trabalha em São Paulo.

· Patrick Theodoro – guitarra – Mora em Brasília.

· Dênis Trombino – guitarra – Mora em Santos, está vendendo seus amplificadores e não montou outra banda.

· Vicente Godói – guitarra – Abandonou a música, virou pai e mora em Bragança Paulista.

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· Gustavo Porto – vocal – Mora em Santos e canta no Safari Hamburguers.

· Fábio Prandini – vocal – Mora em São Paulo e é vocalista do Paura.

· Henrique Nardi – vocal – Mora em São Paulo, canta de vez em quando em projetos pessoais e trabalha com design.

· Luis Pacheco – bateria – Casou e foi morar na Suíça onde trabalha com importação e exportação. Voltou a tocar bateria e tem feito alguns projetos.

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· Enrico Bagnato – bateria – Morou na Itália e voltou recentemente pra Santos, onde toca profissionalmente.

· Fred – bateria – Mora na Califórnia e trabalha com design.

· Luis Carlos “batata” – bateria – Mora em Santos e canta no Vulcano.

Choices Made 93-98

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Twenty One Jay

Discografia
Vinil
– Trying to Find a Way… › 7″EP › Low Life Records › Brasil (1994)
– Growing Youth › 7″EP › Alarma Records › EUA (1995)
– Still Without an Answer › split 7″EP com This Side Up (Itália) › Alarma Records (EUA) / Goodwill Records › Itália (1995)

CD
– Be Positive › 3-way split CD com Blind e Twin Puppets › Fast’n’loud Recs. › Portugal (1994)
– Urban Songs › CD › Definite Choice Records › Brasil (1995)
– Surprise Your Friends › Split CD com Ferd Mert (EUA) › F Records › Brasil (1998)
– Choices Made 93-98 › CD › Flytrap Records (EUA) e Barulho Records › Brasil (2000)
– Twenty One Jay › CD › Flytrap Records (EUA) e Tamborete Entertainment › Brasil (2001)
– Jigsaw › 4-way split com Pseudo Heroes (EUA), Closure (EUA) e Smalls › sHort Records › Brasil (2002)
– A-Side › split CD com Pinboys (Dinamarca) › Flytrap Records › EUA (2003)

Coletâneas
– Um Chute na Oreia! › CD › Fast’n’Loud Recs. › Portugal (1996)
– No time to Panic! › CD / LP + 7″EP › Panic Recs. › Itália (1996)
– No Fate 2 › CD duplo › H.G. Fact Recs. › Japão (1997)
– 100trifuga › CD › Short Recs. › Brasil (1997)
– Youth Against Policial Violence! The Real Hardcore Punx › CD › Deifer Recs. (Chile) e Xennon Records (Argentina) › (1998)
– T-Rex One – A Compilation with the Future Dinossaurs of Punk › CD › Traidores Recs. › Brasil (1998)
– Jurassic Punk › CD › Psycho Punk › EUA (1998)
– 70 Minutos Full Time Hardcore › CD › Tamborete Entertainment › Brasil (1999)
– Back to Rockaway Beach Vol. 3 › CD › AMP Recs. › Canadá (1999)
– Knufell Punk › CD › Plastic Bomb Magazine › Alemanha (1999)
– Here’s the Silver Tape › CD › Barulho Recs. › Brasil (2000)
– LT1 Punk Radio › CD › Bad Luck Recs. › Argentina (2000)
– Something, an Underground Compilation › CD › Alternative Buzz › Brasil (2000)
– Sub-Amerika en el Aire › CD › Mundano Recs. › Peru (2000)
– Apocalipse 2000 › CD › Tamborete Entertainment › Brasil (2001)
– Rip Curl Surf Sessions › CD promocional › Rip Curl › Brasil (2002)
– Suns of Thunder – Save the Roo › CD › Co-op Artists › EUA (2002)
– São Paulo Independente › CD › S2 Records › Brasil (2004)

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Vídeos
– Vídeo brasileiro de surf produzido por Guilherme Gross › (1998)
– Rip Curl Surf Sessions 2002 › Vídeo promocional editado pela marca de surfe Rip Curl › (2002)

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