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História do Rock Santista

Memórias de um b(r)oqueiro 1

“Toquei no Madison Square Garden, em Nova Iorque, me apresentei em mais de 50 países, mas nada se compara com aquela atmosfera da Boca santista”.

A frase acima pertence ao baterista Raimundo Vigna, que iniciou a sua trajetória musical em 1964, na Boca de Santos. “Formado” nas boates do bairro do Paquetá, nos anos 1960, o músico só guarda boas lembranças da época em que tocava para marinheiros europeus e prostitutas.

Hoje, aos 63 anos, Vigna se apresenta com artistas populares, como Agnaldo Rayol e Moacir Franco, em turnês pelo mundo afora. No início dos anos 1990 alcançou destaque nacional ao compor e lançar o tema de abertura da novela Carrossel, exibida pelo SBT.

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“Essa parte da minha vida ficou tatuada na cabeça. Foi uma época muito legal. Eu tinha 15 anos de idade e quem não queria ter mulher, rock and roll, ser cabeludo e falar dane-se para tudo?”

Segundo Vigna, o quadrilátero do rock em Santos ficava entre as ruas General Câmara, João Otávio, Aguiar de Andrade e Travessa Dona Adelina. Essa área destoava do restante do Centro, que concentrava casas de samba e bolero.

Os principais locais com rock na época eram o Oslo Bar, Zanzibar, El Morroco, Bergen Bar,La Barca, Hamburg e Suomi Bar. Quase todos faziam referências às cidades européias no nome. O ponto mais quente para os roqueiros ficava na esquina da Rua General Câmara com a Rua João Otavio.

“Era proibido tocar música brasileira nesses espaços. Os donos, quase sempre portugueses, foram muitos culpados pela chegada do rockem Santos. Elesnão acreditavam nas bandas, mas no dinheiro sim”.

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O músico recorda que os músicos da praia (que se apresentavam nos clubes, em meio a onda da Beatlemania) frequentavam as boates para dar uma canja. Tocar na Boca era um grande negócio para os músicos que iniciavam a carreira por lá. “A grana que entrava era toda em dólar. Aproveitamos essa brecha para entrar. Tocávamos de segunda a segunda, no natal, ano novo, aniversário. Sempre tinha gringo lá”.

Os boêmios de Santos, no entanto, não tinham muita simpatia pelos “inferninhos”, como Vigna chamava as casas rock and roll. “Um dos lugares mais freqüentados no Centro era o Samba Dança, mas não rolava o nosso som lá”.

Para Vigna, o início dos anos 1960 foi a grande revolução musical que passou por Santos. “O lugar era de bolero, coisa de zona mesmo. Então nós chegamos com guitarra elétrica e o negócio foi assustador. As boates começaram a encher com essa onda nova e tocávamos para os gringos”.

O lema tradicional do gênero era quase, inteiramente, seguido a risca por Vigna. “Tínhamos mulher, rock and roll, mas drogas não rolavam. Eu nunca ouvi falar de cocaína lá, mas fumo tinha. Os gringos da África traziam uns troços doidos da terra deles”, recorda.

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(Para ler os outros textos da série acesse o link ‘História do Rock Santista’ em categorias, na lateral da página principal)

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3 Comments

3 Comments

  1. Vânia Augusto

    17 de fevereiro de 2012 at 02:04

    Adorei seu texto, Lucas! Muito bom!

  2. Vânia Augusto

    17 de fevereiro de 2012 at 02:06

    Muito bom este texto!

  3. ilider zanfolin (jonny guitar)

    7 de março de 2016 at 17:29

    oi galera eu fui musico guitarrista dessa epoca ,toquei no oslo bar e dei canja em outras casas de som era composto eu na guitar alemão no baixo arara na batera parecia i samy davis junior kkkkk e o guitarra base do jat blacks serginho canhoto ,no zanzibar tocava o meu amigo zito com sua bela guitar italiana nunca mais vi outra igual ,as bandas as vezes eram compstas de duas guitarras baixo batera e sax toquei com o fred rovella no bar grego da general camara ,e fasiamos bailinhos as vezes nos clubes da cidade tempinho bom pena que não volta mais se alguem quizer escrever esteja a vontade é tudo veridico ok? obrigado e até qualquer hora quem sabe tocarei um milionarios pra voces ou twist and shout kkkkk

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